Um filme que não toma partido nessa incessante discussão entre religião x ciência. Ao mesmo tempo em que sim, critica o extremismo religioso que levou o líder terrorista a explodir o equipamento, cometendo um genocídio, mostra, ao final, a cientista de Jodie Foster, que era tão niilista em seus princípios, defendendo sua experiência usando como argumento, afinal, nada menos do que a fé. Porém, não a fé em um ser onipresente/potente e afins, e sim na humanidade.
E mesmo com uma mensagem utópica dessas, não cai no melodrama de nos sair beijando e abraçando qualquer cidadão na rua, pois deixa bem claro como os líderes mundiais logo trataram uma descoberta que poderia mudar os valores universais em um jogo de poder e influência. É uma abordagem que fica claro quando a consciência na forma do pai de Jodie clama a peculiaridade de nosso comportamento, capaz de tão maravilhosos sonhos e igualmente terríveis pesadelos. Há beleza nas pessoas, mas também há o contrário.
A frase que resume bem o longa é " Poesia. Deviam ter mandado um poeta.". O mundo é belo demais, carece de sensibilidade e ternura. Não é um cientista - ou um teólogo - quem irá esmiuçar o 42.
Carl Sagan era, como é sabido, um defensor das leis da física, um agnóstico, mas jamais pretendeu afirmar sobre a existência ou não de Deus como uma verdade absoluta, mesmo em todo seu amplo conhecimento. Creio que nisso, Zemeckis, mesmo que tenha incluído muito de seus próprio valores na história, tenha mantido o pensamento de seu real realizador.
Em seu término, estamos extenuados e sufocados, mas não por sua extensão, e sim pelo poder da imersão e atmosfera pesada proporcionada por seus realizadores, assim como o cineasta havia feito em Amores Brutos. Uma obra vertiginosa e estonteante, um desses filmes que surgem raramente, mas que quando o fazem, deixam sua marca.
Apesar de arranhar diversos temas como o sistema policial coreano(já criticado na obra-prima "Memórias de um Assassino", do mesmo diretor), o despreparo da sociedade para lidar com pessoas mentalmente debilitadas e o papel de uma mãe na criação moral de sua prole, creio que a abordagem mais contundente e desenvolvida neste brilhante longa foi a natureza egoísta humana, em variadas formas.
O egoísmo dos professores, que atropelam um jovem, fogem do local e vão jogar golf como os burgueses egocêntricos que são. E após isso, ainda exigem o pagamento dos danos causados ao espelho do carro, desvirtuando totalmente o ato covarde qual fizeram, como se fosse irrelevante.
O egoísmo de seu amigo, que transfere a culpa do dano causado no retrovisor ao amigo, e após ser erroneamente denunciada pela mãe, exige dinheiro como recompensa pelo transtorno, sem jamais levar em conta que a atitude da mulher teve início em suas mentiras. Não obstante, após oferecer auxílio para elucidar o caso, o faz novamente após receber uma quantia considerável de dinheiro - quantia que o possibilitou comprar um carro de luxo, algo improvável para alguém que vivia em condições tão miseráveis quanto a retratada em sua casa.
O egoísmo dos policiais, ávidos para dar fim a mais um caso e iniciar o próximo, de maneira fria e nada profissional, como se fosse algo simples. Encerram o caso sem maiores indícios do verdadeiro culpado, indiferentes ao fato de estarem lidando com pessoas detentoras de sentimentos.
O egoísmo dos estudantes, que se aproveitam da situação precária em que a jovem garota vivia para saciarem seus desejos carnais, e após isso, ainda maliciavam a menina de cicatriz no rosto tentando extinguir qualquer prova do delito. Uma cena sútil e extremamente perturbadora é quando ambos satirizam o fato dela receber o pagamento em arroz, e não dinheiro, exibindo uma falta de caráter e sensibilidade notáveis em muitas gerações de jovens contemporâneos, que vivem isolados em seu universo sem tomar nota do que acontece ao redor.
E por fim, o egoísmo da mãe, que em sua obsessão com o filho, muito como penitência pela ação que tentará tomar na infância do mesmo, busca sempre eximir a culpa do rapaz, mesmo após averiguar os fatos e chegar em uma conclusão definitiva. Inclusive, praticando atos tão hediondos quanto seu herdeiro, já que possui uma consciência mais sensata do que estava a fazer. O momento em que encara JP, que acaba sendo considerado o assassino, é intenso e deprimente. Apesar do excelente final, acho que se o filme acabasse nesta cena, seria mais impactante.
Um filmaço sobre perseverança, coragem e independência. Acompanho Saoirse Ronan desde 2009, por ""The Lovely Bones", e vivi frustrado pelo caminho que sua carreira estava tomando: negligenciada pela indústria e muitas vezes preterida em bons filmes por atrizes inferiores. É revigorante ver a guinada que irá sofrer após uma atuação poderosa dessas.
Daisy Ridley - a Rey - atualiza a jornada do herói e revoluciona o gênero, talvez até o cinema. 2015 é o ano das mulheres, meus caros, começou com Furiosa e termina agora com essa Jedi que já é potencial concorrente a melhor personagem do ano.
Uma primeira metade fantástica. Muito sensível, interessante, divertida e apoiada na química e carisma dos personagens.
Infelizmente, o 2º emula aquilo que o cinema do gênero tem de pior: a apelação ao melodrama, frustrando qualquer expectativa de levar o tema abordado além. E poderia ser levado bem além.
Apesar de tudo, mais uma baita atuação de Han Hyo-joo.
Sou fã de Messi, qual acho infinitamente superior a Ronaldo, mas seria infantilidade não reconhecer algumas virtudes desse documentário.
Logo no começo, Cristiano diz saber que enquanto muitas pessoas o amam, outras o odeiam, considerando-o "vaidoso e arrogante". Baseado nesse auto-conhecimento, poderia usar o filme para manipular e passar outra imagem para o espectador, alguém mais dócil e de fácil aceitação. Felizmente, não é o que faz.
Em seus 100 minutos de duração, o português jamais esconde sua verdadeira personalidade, a de que possui uma estima e visão própria dignas de rei, são várias as cenas do filme em que deixa claro se achar o melhor, e inclusive o desejo de deixar isso claro: A cena da garagem, ao falar para seu filho que era mais forte do que o "homem alto", ouvir radialistas o elogiarem no carro. Enfim, sua facetas conhecidas são apenas confirmadas.
Ronaldo é confiante o suficiente para não se deixar abalar pelo que dizem de si, não tentando alterar suas características para aumentar o número de fãs. O filme se sai bem também ao mostrar um outro lado do jogar, sua família, seu altruísmo e a conhecida determinação para atingir seus objetivos. Algo que nem mesmo quem não simpatiza consigo possa negar.
Igualmente louvável é a coragem de expor enfermos pesados, como o alcoolismo do pai e o fato de ser um filho "indesejado". Pela 1ª vez, vemos um lado frágil dessa figura tão imponente, um lado humano.
Ronaldo - o documentário - não me fará idolatrar seu protagonista, mas certamente saí com uma concepção diferente, e um grande respeito.
Um clássico do gênero. Além de eficiente na criação da atmosfera sinistra, através da floresta fechada, quase sempre retratada de forma claustrofóbica, escura e enevoada, traça um interessante paralelo com doenças mentais e como a ignorância e teimosia das pessoas em levá-las a sério é um problema tão sério quanto a desordem mental em si.
Não é um longa pessimista e nem otimista, ele apenas assume que a responsabilidade para o decorrer de nossas vidas é dependente a nós mesmos, a forma como agiremos e olharemos para o mundo.
Isso é bem retratado nas duas cenas em que o protagonista canta a canção "Gondola No Uta". Na 1ª vez, sua voz é gutural e melancólica, além da postura cabisbaixa e deprimida. Da 2ª vez, é notória a modificação do tom, mais alegre e afinada, assim como o olhar e postura de Watanabe, de alguém que finalmente parece ter feito algo benéfico e memorável em sua vida.
O mesmo serve para seu substituto no trabalho, que apesar de ter demonstrado admiração para com as ações de Kanji, deu segmento ao estilo de vida burocrático e monótono de chefe de departamento, se mostrando pouco propício a mesma determinação de ajudar as pessoas.
Nesta mesma cena, vemos um dos funcionários que mais apoiava Watanabe se levantar da cadeira, indignado, e no próximo corte, o mesmo é mostrado contemplando o parque(com um figurino muito semelhante, como o chapéu), dando assim a ideia de que dará continuidade as ações do mesmo.
Hirokazu Koreeda, para muitos o sucessor do cinema de Yasujirô Ozu, é, sem duvidas, um dos grandes cineastas atuais, provavelmente o maior expoente do cinema japonês moderno, e compará-lo com uma lenda como Ozu é injusto, pois Koreeda já deixou sua marca na 7ª arte e merece ser lembrado por seu próprio talento. Poucos diretores tiveram tamanho êxito e esmero ao elaborar, através de seus filmes, narrativas tão contundentes que discutem e desconstroem as relações familiares.
Em Nobody Knows(Dare mo shiranai), o diretor mostra, da maneira singela, silenciosa e lenta que apenas os filmes orientais conseguem, a história de 4 irmãos, que sem pai e abandonados pela mãe, tem de viver sozinhos em um pequeno apartamento, independente de sua idade e inaptidão para lidar com o cruel mundo qual vivem. Cabe a Akira(Yûya Yagira), o mais velho, a responsabilidade de alimentar e proteger seus irmãos.
Um dos principais acertos da narrativa de Koreeda foi a construção da mãe das crianças, que apesar da situação absurda e revoltante qual envolve os pequenos, é desenvolvida de uma maneira a evitar o maniqueísmo, tornando até difícil sentir a ojeriza natural decorrente de sua ação, bônus para a atuação de You. Enquanto em tela, a personagem soa afetuosa, brincalhona, dedicada e amorosa para com seus filhos, claro que isso não inibe todas as falhas de sua personalidade(4 crianças de pais diferentes, os horários em que chegava e casa, o fato de não colocar os mesmos na escola). Porém, de maneira alguma se assemelha ao comportamento de uma mulher que abandonaria-os ao acaso, uma atitude fria e egoísta, o completo oposto de sua personalidade calorosa.
Apesar do início envolvente, é a partir do segundo ato, após o abandono, que Koreeda brilha e nos brinda com uma obra memorável e sensível. O diretor não poupa o espectador, já que o filme, através de suas cenas, trilha sonora e silêncio, choca muito mais do que qualquer Jogos Mortais por aí, sendo extremamente cru ao relatar a degradação que Akira e seus irmãos vão enfrentando conforme o tempo passa, quando já não possuem dinheiro para pagar o gás, luz ou água, e os meios por quais usam para defrontar todas as adversidades.
O cineasta, afinal, não precisa de dilacerações ou explosões para chocar e surpreender, a história faz isso por si mesma,já que são crianças em tela, crianças enfrentando problemas de adultos, um garoto de 12 anos procurando emprego para sustentar 3 irmãos. Crianças sem acesso a educação, alimentação e higiene, obrigados a uma independência precoce, destruindo assim a infância, fase essencial para o amadurecimento completo do ser humano.
E como podemos nós julgar os pequenos delitos de Akira para sustentar os mais novos? Crescendo sem ir a escola, sem amigos, sem um alicerce moral, sem afeto, sem carinho, sem o amor dos pais. Será justo julgar crianças que não possuem base de integridade nenhuma, que cometem erros pela simples falta de possibilidades e bases em sua vida? Será que o certo é mesmo confinar alguém assim em uma prisão, ao invés de providenciar ensino e uma boa qualidade de vida? Apesar de se passar no Japão, essas questões mostram a universalidade do longa, como sua realidade pode transcender o oriente, sendo possível relacionar com uma situação ocorrida mais de 10 anos após seu lançamento, e no outro lado do mundo.
A sociedade japonesa, apesar da imagem desenvolvida e imaculada que passa ao resto do mundo, têm justamente a severidade e rigidez como trata os jovens discutida na película. O princípio que acompanha o crescimento dos mesmos, de obter sucesso financeiro, de dívida para com o país, forçando a uma maturação precoce, interrompendo uma fase de brincadeiras e sorrisos. Também é discutida a irresponsabilidade e negligência de muitos ao terem filhos quando não possuem conhecimento e estrutura nenhuma para isso, um problema contextual, já que as taxas de abandono infantil no país nipônico são alarmantes - e é claro, acobertados por mídia e governo, a fim de manter a imagem de integridade da terra do sol nascente.
Aliás, uma cena de brincadeiras e sorrisos é justamente uma das mais marcantes do filme, onde os irmãos finalmente são libertos do confinamento do apartamento, e apesar de todas os infortúnios e limitações quais vivem, têm um pequeno momento para desfrutar de sua ingenuidade e energia, qual Koreeda filma de maneira quase estática, utilizando apenas de uma trilha sonora infantil para nos mostrar o sentimento das crianças. É o diretor ditando o ritmo, não tornando-se maior do que a obra em si.
A construção das personagens é muito apoiada pela atuação magistral dos pequenos atores: Yagiravenceu merecidamente o troféu em Cannes por sua interpretação de Akira, sendo até hoje o ganhador mais jovem do prêmio. Momoko Shimizu também entrega uma melancólica e brutal atuação, mostrando, através de minuciosos detalhes e olhares, a dor e consternação que Yuki sente conforme o tempo passa e a mãe não volta, além do sacrifício de desistir de seu sonho em prol dos irmãos, papel que deveria ser de sua figura materna.
Nobody Knows é, acima de tudo, um exemplo do verdadeiro poder do cinema e tudo que ele pode representar. Ao final dos mais de 140 minutos de projeção, ocorre um conflito de sensações, pois o que foi nos mostrado em tela é cruel e perturbador, além do golpe de ver exposta uma atitude tão mesquinha de nossa própria raça, uma atitude tão nojenta, e que mesmo assim se repete cada vez mais - porém, o cinema minimalista de Koreeda consegue, através da inocência e beleza dos jovens, nos fazer sorrir, uma habilidade única de um mestre subestimado.
Apesar de saber que o combustível dos estúdios de cinema é o dinheiro, e não a arte, é sempre triste e surpreendente quando nos deparamos com um filme como esse. Afinal, o dinheiro vale mesmo tanto assim, a ponto de liberarem um roteiro vergonhoso como este? Não seria mais vantajoso esperar um pouco mais, porém lançar algo bem realizado, o que certamente alavancaria a carreira dos envolvidos, além de trazer boa imagem para o estúdio, possibilitando aos executivos enveredarem por mais obras arriscadas. Porém, infelizmente, não é o que se vê.
Attack On Titan, o filme, é um longa constrangedor, que pouco ou minimamente lembra o anime homônimo que estourou no mundo todo em 2013. Não sou fã xiita, sei contemplar obras de um mesmo material de acordo com a mídia abordada, mas nada justifica as escolhas que os realizadores desta película fizeram, pois mesmo ignorando o material original, cinematograficamente, Attack on Titan é fraco, ruim, por vezes até amador.
O desenvolvido dos personagens é nulo, a forte relação de amizade mostrada no anime entre Eren-Mikasa-Armin é jogada no lixo, os personagens mal trocam palavras, não apresentam química nenhuma, a relação é inverossímil. As cenas em que mostrar Eren tentando proteger Mikasa são forçadas e excessivamente expositivas, nem culpo tanto Miura(que possui atuações boas em sua carreira), que apesar de oferecer uma atuação medíocre, não têm nada com o que trabalhar, assim como os outros. As personagens não tem carisma algum, e aliado ao falho roteiro, torna-se impossível mostrar alguma preocupação ou afeição para com os mesmos, gerando apenas uma indiferença com seu destino.
Se os personagens principais são mal construídos, o que dizer dos coadjuvantes? Nada, simplesmente nada, tirando os que servem(de maneira ridícula) como alívio cômico, os outros são todos rostos na multidão, tornando difícil seu reconhecimento até mesmo para quem tem algum contato com a história em outras mídias.
"Ah, mas é filme de ação, não de drama". O longa falha nesse quesito também,pois as coreografias são chatas, os efeitos são toscos, muito toscos, talvez até por isso pouquíssimas cenas aéreas tenham sido mostradas. O treinamento, um ponto alto do anime/mangá é cortado, Eren vira um mestre do manejo das armas subitamente, algo sem sentido e inconcebível para um filme que tente se levar a sério.
O que dizer dos titãs? Tirando uns 2 ou 3, que realmente eram bizarros, e assim como no anime, temíveis justamente por isso, a grande maioria é simplesmente uma versão aumentada de pessoas normais, figurantes com rostos como de seu vizinho, o padeiro da esquina, e logo, toda e morbidade dos mesmos foi perdida, e o longa falhando em mais um aspecto.
O único quesito razoavelmente elogiável da obra é a violência, principalmente na invasão da 1ª muralha, o sangue jorra solto, assim como partes humanas. Um gore muito divertido de se ver. Só que até nisso a película acaba falhando, dessa vez por excesso, parecendo que o orçamento foi todo gasto em partes específicas do longa, e quando foram filmar seu final, estava escasso, pois TODAS as cenas em que os titãs morriam eram toscas, com um CGI horrendo e vergonhoso.
Enfim, estou realmente decepcionado, a adaptação falha como drama, ação, suspense e em todos os quesitos possíveis. Resta aguardar o Dorama(o qual espero ainda menos) e finalmente, a 2ª temporada do anime.
Na série Entourage, quando uma certa produtora lança um longa nos cinemas, tanto o astro principal quanto o diretor falaram que a obra que o público iria ver, não é a obra em seu conteúdo artístico original e genuíno, mas sim a versão picotada pelo estúdio.
E esse é o pensamento mais positivo que se pode ter sobre Quarteto Fantástico, após o término de sua sessão, pois qualquer qualidade sua parece ínfima quando em comparação com os intermináveis e constrangedores defeitos.
Eu não acompanho os quadrinhos do quarteto, e mesmo se o fizesse, não comprometeria meu julgamento baseado na cor de um personagem, quanto mais um ator talentoso quanto Michael B. Jordan, e de qualquer forma, consigo avaliar os meios de entretenimento de acordo com sua abordagem.
E avaliando cinematograficamente, o início do longa é deveras divertido e promissor, e alterando ou não a origem dos personagens, o modo como o foi feito foi muito interessante, uma pena terem focado apenas em Reed e Ben. A química do elenco também é muito boa, e com alguma ressalva quanto a Jamie Bell(ator que considero competente, mas não tem um roteiro com o qual trabalhar, entretanto, suas expressões não ajudam a apreciar o personagem), o resto do elenco de sai bem, com destaque para Kate Mara.
Comentar os efeitos seria redundante, 10 anos após o desastroso longa de Tim Story, o mínimo a se esperar seria uma melhora visual, principalmente no do "Coisa". Apesar de alguns deslizes e jamais surpreender, o CGI convence de forma satisfatória.
Infelizmente, todas essas qualidades somem comparadas ao roteiro, principalmente após a troca de dimensões que envolve alguns personagens. Os acontecimentos são absurdos, e não com fatos irrelevantes, sendo o surgimento do dom de uma personagem principal inexplicável. Tudo ocorre de maneira ridícula, entrando em uma galhofa involuntária constrangedora.
E quando eu já estava quase tapando o rosto para me poupar da vergonha alheia, surge o Dr. Destino, com um visual embaraçoso, tornando impossível tornar o personagem interessante ou temível, coisa que o roteiro jamais tenta construir. Todas as ações envolvendo o personagem foram erráticas, mal desenvolvidas e explicadas de uma maneira preguiçosa, gerando a luta final mais anticlimática e sem emoção que vivenciei no cinema, instigando mais sono do que vibração.
Passados os 99 minutos, eu apenas lamento o "destino" cruel que sempre acomete os filmes do quarteto. Fico triste pelo promissor elenco, e assumindo as declarações do diretor como verdadeiras, o que poderia ser um bom longa.
Apesar de ser um grande fã dos filmes coreanos como um todo, é fato assumir que os dramas românticos seguem um certo padrão. Isso não é uma crítica negativa, mas após ter um contato prolongado com este cinema, tornamo-nos familiarizados e capazes de reconhecer este padrão, e logo, torna-se mais difícil para a película envolver e emocionar de uma forma como ocorria no início. E é aí que este "Always" tem seu trunfo, pois mesmo seguindo este padrão, utiliza artifícios que acabam emocionando mesmo quem já viu vários filmes do gênero.
Muito se deve a atuação do casal protagonista, que além de oferecerem atuações muito competentes, possuem uma química invejável, uma das mais críveis e orgânicas que já vi. Difícil pensar que não formam um casal na vida real, e é o amor que parecem nutrir um para o outro que nos envolve de forma arrebatadora. Durante a projeção, me peguei várias vezes torcendo para o personagem de So Ji Sub, me apaixonei pela de Han Hyo-Joo e ficava com um sorriso bobo quando o casal dividia a tela.
Fiquei tão envolvido e perdido na narrativa, que esqueci completamente o padrão do gênero, e ao final, estava agonizando para Han Hyo-Joo reconhecer logo o personagem de So Ji Sub, quase aterrorizado pela possibilidade de não ocorrer um final feliz. Logo eu, que tanto reclamo sobre esses finais felizes.
Enfim, "Always" é um filme lindo, que apesar de eficiente em todas as áreas cinematográficas, conquista principalmente pela química do casal principal. É daqueles longas para sofrer, sorrir e chorar junto. Recomendadíssimo.
Só leia o comentário a seguir caso tenha visto o filme. Nele, tento esclarecer sobre os papeis colados na face dos monges em cenas específicas do longa:
Na legenda em inglês, apareceu "Shut", ou seja, fechar/bloquear. Pesquisando um pouco sobre o budismo, creio que ambos quiseram bloquear seus sentidos, parando assim seu fluxo de consciência para alcançar a "iluminação", sem deixar o mundo exterior interferir em sua mente e corpo.
Kumiko: The Treasure Hunter é um filme precioso, uma obra singela e instrospectiva que fala, em minha opinião, sobre tristeza, solidão, depressão e sentimentos afins. A personagem, magnificamente construída pela talentosa Rinko Kikuchi(em sua melhor atuação desde Babel), se sente deslocado no mundo, de postura curvada, expondo sua fragilidade em relação a tudo que a cerca.
Kumiko não mantém relação íntima com nenhuma pessoa, não se sente confortável na presença de ninguém, despreza seu trabalho, vive vazia, sem objetivos e sonhos, atormentada pela sua solidão, algo evidenciado na tocante cena em que toda animada, liga para sua mãe em busca de um diálogo caloroso, porém, está apenas se mostra preocupada em saber se ela encontrou um marido, totalmente indiferente a felicidade de sua filha, e o olhar de Kumiko, que começara com um semblante sorridente, vai voltando a melancolia habitual.
Tudo muda quando encontra uma fita cassete antiga de Fargo, clássico americano dos anos 90, e após ficar fissurada no longa, decide embarcar para os EUA repentinamente, atrás do tesouro enterrado pelo personagem de Steve Buscemi na fita dos Coen. Apesar de parecer uma plot absurda(mesmo baseada em fatos verídicos), acho relevante salientar que a protagonista não foi apenas atrás do tesouro, ela estava desgastada de sua vida, sua rotina vazia e monótona, a ida a América foi uma fuga de si mesma, em busca de um sonho e objetivo.
E durante a viagem, qual ela buscava novos ares e encontrar um rumo, sua frustração apenas aumenta devido aos contatos que encontra em sua jornada, onde Kumiko realmente percebe o quão deslocada está no mundo.
E quando nada parece ter sentido e viver se torna um fardo, a morte torna-se um sonho, e é isso que acontece com Kumiko, que apenas no fim de sua vida encontra a felicidade, seu objetivo realizado e o reencontro com a única criatura com a qual tenha tido alguma relação carinhosa(o fofo coelho), e assim, através da única maneira possível, enfim sente a alegria e “vida” que tanto almejou.
Sempre tive Carros em grande estima, considero um belo e essencial filme, achava que de uma forma geral, as pessoas tinham a mesma impressão que eu sobre a película. Porém, de uns dias pra cá, vi muita gente comentando que é o maior erro da Pixar, um filme sem propósito, com personagens ruins e uma mensagem pobre.
Fico realmente triste com quem pensa assim, pode até ser que a pessoa não gostou do longa artisticamente, mas acho difícil chegar a está conclusão, quando entende-se o que Lasseter quis passar através de seus 117 minutos.
Nos extras do dvd/blu-ray, John comenta sobre como teve a ideia em uma viagem com a família, ao perceber como não aproveitava-se mais a viagem e tudo que poderia ser desfrutado pelo caminho, os novos lugares e pessoas, conhecimentos e cultura que são perdidos pela pressa de se chegar ao destino. Mas muito além disso, e corroborado pela incrível e melancólica música "Find Yourself", de Brad Painsley, Carros fala sobre autodescoberta e humildade.
McQueen tinha como objetivo a copa pistão, vivia cercado de Glamour, esnobava seus patrocinadores, que considerava serem inferiores. Porém, vivia vazio e solitariamente, como evidenciado pelo tocante momento em que seu empresário o mando convidar amigos para uma festa, e o protagonista não tem nenhum nome para dar. McQueen quer o poder, a glória, buscando aprovação de quem está no topo, mas sem possuir nenhuma relação pessoal com os mesmos.
Radiator Springs serve como ponto de mudança, e apesar de ser forçado a ficar no início, relâmpago vai criando laços com vários carros do tipo que outrora ele desprezará, como Mate, a reconhecer o verdadeiro valor de uma relação, e ver o quão positiva e agradável a simplicidade pode ser, deixando sua arrogância e preconceito de lado. Claro que a obra não mostra isso de forma explícita e monotóna, mas é justamente nisso que reside a genialidade do estúdio, como visto no recente Inside Out: passar mensagens complexas sem atrapalhar a narrativa ou a diversão dos pequenos.
Nas manchetes de sites que falavam sobre Inside Out, dizia-se, muitas vezes: “Pixar vence a crise”. Que crise? Carros 2 pode ter sido fraco, mas Valente, apesar de diferente de tudo que o estúdio havia feito até então, é um belo filme, assim como Universidade Monstros, que a despeito de ser um prequel, algo tão usado por estúdios para fazer dinheiro fácil em suas franquias, é um filme leve, divertido e com a alma da Pixar. Eu diria que essa crise foi uma rotulação criada pela insaciável mídia, sempre em busca de frases de efeito para sensacionalizar. Rotular, aliás, é um tema debatido de forma não expositiva em Divertidamente. Por que a alegria/euforia é vendida como sendo obrigatória para todos? Seria este o único estado em que uma pessoa conseguiria viver?
Claro que é preferível viver “feliz” do que “triste”. Porém, o filme, corretamente descrito como o mais ousado e maduro da Pixar em anos, se não do estúdio como um todo, foca sua narrativa na complexidade de emoções que uma pessoa possui, e como todas elas(tristeza, felicidade, raiva...) são necessárias para o desenvolvimento da personalidade e caráter de um ser consciente. A personagem Riley é retratada na época mais áurea de sua vida, uma idade de inocência e ingenuidade, predominada pela alegria, devido a incapacidade e inexperiencia para reconhecer e encarar os problemas da vida. A menina é, quase todo o tempo, alguém alegre e extrovertida, com uma relação carinhosa com os pais, amigos e enfim, o mundo ao seu redor. Em contraponto a isso, inteligentemente, é mostrado como a emoção “chefe” de sua mãe é uma tímida tristeza, enquanto do pai é a raiva. E como podemos ver em todo decorrer da obra, nenhum dos dois está todo o tempo neste estado, é a mutualidade dos sentimentos que os compõem, assim como a todos nós.
E a partir daí, a Pixar mostra o toque de gênio que tanto acostumamos a ver em seus filmes, e baseado numa premissa instigante, constrói uma narrativa muitas vezes metafórica, que apesar de divertida para o público infantil, transmite mensagens muito mais complexas para a platéia, conteúdos inacessíveis para as inocentes crianças, assim como sua protagonista.
Ao se deparar com uma mudança radical em sua vida, a menina perde o chão, toda aquela euforia e fugor que sempre transmitia, é trocada por uma melancolia ímpar, ao paço que suas “emoções base” vão desmoronando. Porém, ao contrário do que se propaga mundialmente, a tristeza pode nos fortalecer, sendo necessária para nosso amadurecimento, e também gerar sentimentos bons, como a nostalgia, e até a saudade, que posteiormente, proporciona a alegria de encontrar o que tanto esperamos.
A forma como a película nos leva por este “road movie” psicológico sobre o crescimento mental de uma pessoa, é um deleite, um primor. A antropomorfização das personalidades é hilária, não sei sobre a dublagem original, mas a nacional foi deveras eficiente em retratar as caras e bocas que viamos em tela. A trilha sonora de Michael Giacchino, um parceiro fiel do estúdio, é linda, principalmente nas cenas melancólicas, emocionando sem soar apelativo.
Já o desing de produção merecia ser indicado a prêmios(pena esse preconceito da indústria para indicar animações para categorias mais técnicas, como a primorosa fotografia de Wall-E), e usando as palavras do crítico Thiago Siqueira, a urbanização da mente da criança é um das sacadas mais criativas que já vi, assim como a retratação dos sonhos e pesadelos.
Ao final da sessão, eu, com meus 19 anos, saí com aquele sorriso meio bobo, com uma mescla de sentimenos proporcionados a mim nos últimos 94 minutos, mais uma vez maravilhado com o que um simples estúdio me proporcionou, não apenas um belo filme de animação, mas uma bela metáfora sobre nossa vida.
Eu cresci vendo Jurassic Park, toda a trilogia, é verdade, mas o clássico original foi o único presente em toda minha vida até aqui, um de meus filmes/livros favoritos, além de ser um dos responsáveis por minha paixão a 7ª arte. Dito isso, não pude conter minha ansiedade a apreensão. Eu não queria apenas um filme melhor que o 2º e 3º, eu queria um filme realmente bom(não mais que o insuperável 1º), queria me divertir, porém, com conteúdo. 2 horas após a projeção, digo que é, sim, divertido e deveras emocionante pra fãs do original, mas também digo que, infelizmente, ele sofre com essa megalomania que tem estado tão presente em blockbusters Hollywoodianos ultimamente.
O início é lindo e empolgante, impossível não se emocionar com a trilha sonora de John Williams enquanto vemos o parque se abrindo, o sonho de John Hammond realizado. O desenvolvimento da trama é rápido, logo somos apresentados a todos os personagens relevantes, além da vilã que vai mover o longa, indominus Rex. As referências não param por aí, aparecem como dinossauros holográficos, prédios do original, personagens, carros, camisas e até em certos enquadramentos, tudo de forma orgânica, sem prejudicar a fluidez de Jurassic World.
Apesar de todos quererem ver dinossauros, personagens humanos bem desenvolvidos seriam algo necessário para segurar os 124 minutos de projeção, e felizmente, Chris Pratt e Bryce Dallas Howard se saem eficientes, mais por sua carisma e competência do que devido as virtudes do roteiro.. Pratt se confirma como um dos mais promissores atores da atualidade, equilibrando muito bem cenas cômicas com outras de intensidade dramática surpreendente, já Bryce consegue ir nos conquistado conforme os minutos passam, devido a uma redenção bem Spielbergiana(o diretor, aliás, tem vários “dedos” no projeto). Porém, o mesmo não pode ser dito do restante do elenco, são apenas caricaturas, como o vilão militar de Vincent D’Onofrio e as crianças em perigo(lembra algo do original?!) com uma traminha muito clichê, tornando muito difícil alguma identificação com os mesmos.
E os dinossauros? A duvidosa ideia de criar um vilão híbrido é acertada, muito pelo design intimidante e original, porém não artificial da indominus Rex, já as outras criaturas são meros coadjuvantes(não sei vocês, mas eu queria ter me maravilhado mais ao ver seres pré-históricos), com exceção, talvez, dos raptores, de longe os mais interessantes da história. O CGI está competente, mas óbvio, e o efeito prático do original continua magnânimo(mais de 20 anos depois, e vale lembrar a notória diferença do Apatossauro, único animatrônico de World...), nada vai superar os raptores e o T-Rex criados pelo gênio Stan Winston, que eram simples, entretanto, mais sinistros e orgânicos.
O maior problema da obra, porém, reside no roteiro, que muitas vezes se perde em sua megalomania, subestimando o público, flertando com o clichê e empurrando mais e mais cenas de ação na tela, como se fosse tudo que desejássemos. Um erro estranho, levando em consideração que o original investe muito mais na tensão e mistério para cativar e envolver a platéia.
No geral, Jurassic World é isso, um filme de ação, mas ver os dinossauros e o parque aberto, além da trilha de Williams, fazem valer o ingresso, principalmente pra quem, como eu, assistiu o de 93 tantas vezes. É uma boa película, mas enquanto a memória da fita de Spielberg estiver presente em nossas vidas, qualquer história de dinossauros contada no cinema, virá com pressão e expectativa enorme, e será preciso muito esmero para atendê-las.
Obs: No finalzinho, como ficou f*da o T-Rex, à lá rei, rugindo do alto do edifício, afinal, não importa quantos dinossauros se criem, a maior ameaça continua sendo ele.
Contato
4.1 804 Assista AgoraUm filme que não toma partido nessa incessante discussão entre religião x ciência. Ao mesmo tempo em que sim, critica o extremismo religioso que levou o líder terrorista a explodir o equipamento, cometendo um genocídio, mostra, ao final, a cientista de Jodie Foster, que era tão niilista em seus princípios, defendendo sua experiência usando como argumento, afinal, nada menos do que a fé. Porém, não a fé em um ser onipresente/potente e afins, e sim na humanidade.
E mesmo com uma mensagem utópica dessas, não cai no melodrama de nos sair beijando e abraçando qualquer cidadão na rua, pois deixa bem claro como os líderes mundiais logo trataram uma descoberta que poderia mudar os valores universais em um jogo de poder e influência. É uma abordagem que fica claro quando a consciência na forma do pai de Jodie clama a peculiaridade de nosso comportamento, capaz de tão maravilhosos sonhos e igualmente terríveis pesadelos. Há beleza nas pessoas, mas também há o contrário.
A frase que resume bem o longa é " Poesia. Deviam ter mandado um poeta.". O mundo é belo demais, carece de sensibilidade e ternura. Não é um cientista - ou um teólogo - quem irá esmiuçar o 42.
Carl Sagan era, como é sabido, um defensor das leis da física, um agnóstico, mas jamais pretendeu afirmar sobre a existência ou não de Deus como uma verdade absoluta, mesmo em todo seu amplo conhecimento. Creio que nisso, Zemeckis, mesmo que tenha incluído muito de seus próprio valores na história, tenha mantido o pensamento de seu real realizador.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraEm seu término, estamos extenuados e sufocados, mas não por sua extensão, e sim pelo poder da imersão e atmosfera pesada proporcionada por seus realizadores, assim como o cineasta havia feito em Amores Brutos. Uma obra vertiginosa e estonteante, um desses filmes que surgem raramente, mas que quando o fazem, deixam sua marca.
Mother - A Busca Pela Verdade
4.1 279Apesar de arranhar diversos temas como o sistema policial coreano(já criticado na obra-prima "Memórias de um Assassino", do mesmo diretor), o despreparo da sociedade para lidar com pessoas mentalmente debilitadas e o papel de uma mãe na criação moral de sua prole, creio que a abordagem mais contundente e desenvolvida neste brilhante longa foi a natureza egoísta humana, em variadas formas.
O egoísmo dos professores, que atropelam um jovem, fogem do local e vão jogar golf como os burgueses egocêntricos que são. E após isso, ainda exigem o pagamento dos danos causados ao espelho do carro, desvirtuando totalmente o ato covarde qual fizeram, como se fosse irrelevante.
O egoísmo de seu amigo, que transfere a culpa do dano causado no retrovisor ao amigo, e após ser erroneamente denunciada pela mãe, exige dinheiro como recompensa pelo transtorno, sem jamais levar em conta que a atitude da mulher teve início em suas mentiras. Não obstante, após oferecer auxílio para elucidar o caso, o faz novamente após receber uma quantia considerável de dinheiro - quantia que o possibilitou comprar um carro de luxo, algo improvável para alguém que vivia em condições tão miseráveis quanto a retratada em sua casa.
O egoísmo dos policiais, ávidos para dar fim a mais um caso e iniciar o próximo, de maneira fria e nada profissional, como se fosse algo simples. Encerram o caso sem maiores indícios do verdadeiro culpado, indiferentes ao fato de estarem lidando com pessoas detentoras de sentimentos.
O egoísmo dos estudantes, que se aproveitam da situação precária em que a jovem garota vivia para saciarem seus desejos carnais, e após isso, ainda maliciavam a menina de cicatriz no rosto tentando extinguir qualquer prova do delito. Uma cena sútil e extremamente perturbadora é quando ambos satirizam o fato dela receber o pagamento em arroz, e não dinheiro, exibindo uma falta de caráter e sensibilidade notáveis em muitas gerações de jovens contemporâneos, que vivem isolados em seu universo sem tomar nota do que acontece ao redor.
E por fim, o egoísmo da mãe, que em sua obsessão com o filho, muito como penitência pela ação que tentará tomar na infância do mesmo, busca sempre eximir a culpa do rapaz, mesmo após averiguar os fatos e chegar em uma conclusão definitiva. Inclusive, praticando atos tão hediondos quanto seu herdeiro, já que possui uma consciência mais sensata do que estava a fazer. O momento em que encara JP, que acaba sendo considerado o assassino, é intenso e deprimente. Apesar do excelente final, acho que se o filme acabasse nesta cena, seria mais impactante.
Obrigado aos leitores ;)
Sherlock: A Abominável Noiva
4.4 190 Assista AgoraA sugestão de Moriarty para eles: "why don’t you both just elope already?" deveria ser seriamente pensada.
Brooklin
3.8 1,1KUm filmaço sobre perseverança, coragem e independência. Acompanho Saoirse Ronan desde 2009, por ""The Lovely Bones", e vivi frustrado pelo caminho que sua carreira estava tomando: negligenciada pela indústria e muitas vezes preterida em bons filmes por atrizes inferiores. É revigorante ver a guinada que irá sofrer após uma atuação poderosa dessas.
Star Wars, Episódio VII: O Despertar da Força
4.3 3,1K Assista AgoraDaisy Ridley - a Rey - atualiza a jornada do herói e revoluciona o gênero, talvez até o cinema. 2015 é o ano das mulheres, meus caros, começou com Furiosa e termina agora com essa Jedi que já é potencial concorrente a melhor personagem do ano.
Todo Dia uma Vida
4.1 53 Assista AgoraUma primeira metade fantástica. Muito sensível, interessante, divertida e apoiada na química e carisma dos personagens.
Infelizmente, o 2º emula aquilo que o cinema do gênero tem de pior: a apelação ao melodrama, frustrando qualquer expectativa de levar o tema abordado além. E poderia ser levado bem além.
Apesar de tudo, mais uma baita atuação de Han Hyo-joo.
Ronaldo
3.5 51 Assista AgoraSou fã de Messi, qual acho infinitamente superior a Ronaldo, mas seria infantilidade não reconhecer algumas virtudes desse documentário.
Logo no começo, Cristiano diz saber que enquanto muitas pessoas o amam, outras o odeiam, considerando-o "vaidoso e arrogante". Baseado nesse auto-conhecimento, poderia usar o filme para manipular e passar outra imagem para o espectador, alguém mais dócil e de fácil aceitação. Felizmente, não é o que faz.
Em seus 100 minutos de duração, o português jamais esconde sua verdadeira personalidade, a de que possui uma estima e visão própria dignas de rei, são várias as cenas do filme em que deixa claro se achar o melhor, e inclusive o desejo de deixar isso claro: A cena da garagem, ao falar para seu filho que era mais forte do que o "homem alto", ouvir radialistas o elogiarem no carro. Enfim, sua facetas conhecidas são apenas confirmadas.
Ronaldo é confiante o suficiente para não se deixar abalar pelo que dizem de si, não tentando alterar suas características para aumentar o número de fãs. O filme se sai bem também ao mostrar um outro lado do jogar, sua família, seu altruísmo e a conhecida determinação para atingir seus objetivos. Algo que nem mesmo quem não simpatiza consigo possa negar.
Igualmente louvável é a coragem de expor enfermos pesados, como o alcoolismo do pai e o fato de ser um filho "indesejado". Pela 1ª vez, vemos um lado frágil dessa figura tão imponente, um lado humano.
Ronaldo - o documentário - não me fará idolatrar seu protagonista, mas certamente saí com uma concepção diferente, e um grande respeito.
Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer
4.0 888 Assista AgoraUma mistura de Vantagens de ser Invisível com Culpa é das Estrelas e uma pitada de Klaus Kinski.
Grito de Horror
3.3 190 Assista AgoraUm clássico do gênero. Além de eficiente na criação da atmosfera sinistra, através da floresta fechada, quase sempre retratada de forma claustrofóbica, escura e enevoada, traça um interessante paralelo com doenças mentais e como a ignorância e teimosia das pessoas em levá-las a sério é um problema tão sério quanto a desordem mental em si.
Bata Antes de Entrar
2.3 991 Assista AgoraQuando Keanu fala:
Vocês tiveram pizza grátis
Confesso que me emocionei.
Perdido em Marte
4.0 2,3K Assista AgoraDuas cenas:
1 - A referência a Senhor dos Anéis
2 - Toda a passagem tocando Starman ~completa.
Que filme!
Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível
3.2 738 Assista AgoraÉ irônico que as críticas e bilheteria do longa tenham sido péssimas, é quase como se o personagem de Hugh Laurie tivesse razão em sua teoria.
Viver
4.4 165 Assista AgoraNão é um longa pessimista e nem otimista, ele apenas assume que a responsabilidade para o decorrer de nossas vidas é dependente a nós mesmos, a forma como agiremos e olharemos para o mundo.
Isso é bem retratado nas duas cenas em que o protagonista canta a canção "Gondola No Uta". Na 1ª vez, sua voz é gutural e melancólica, além da postura cabisbaixa e deprimida. Da 2ª vez, é notória a modificação do tom, mais alegre e afinada, assim como o olhar e postura de Watanabe, de alguém que finalmente parece ter feito algo benéfico e memorável em sua vida.
O mesmo serve para seu substituto no trabalho, que apesar de ter demonstrado admiração para com as ações de Kanji, deu segmento ao estilo de vida burocrático e monótono de chefe de departamento, se mostrando pouco propício a mesma determinação de ajudar as pessoas.
Nesta mesma cena, vemos um dos funcionários que mais apoiava Watanabe se levantar da cadeira, indignado, e no próximo corte, o mesmo é mostrado contemplando o parque(com um figurino muito semelhante, como o chapéu), dando assim a ideia de que dará continuidade as ações do mesmo.
Um obra prima de Kurosawa.
Ninguém Pode Saber
4.3 227Hirokazu Koreeda, para muitos o sucessor do cinema de Yasujirô Ozu, é, sem duvidas, um dos grandes cineastas atuais, provavelmente o maior expoente do cinema japonês moderno, e compará-lo com uma lenda como Ozu é injusto, pois Koreeda já deixou sua marca na 7ª arte e merece ser lembrado por seu próprio talento. Poucos diretores tiveram tamanho êxito e esmero ao elaborar, através de seus filmes, narrativas tão contundentes que discutem e desconstroem as relações familiares.
Em Nobody Knows(Dare mo shiranai), o diretor mostra, da maneira singela, silenciosa e lenta que apenas os filmes orientais conseguem, a história de 4 irmãos, que sem pai e abandonados pela mãe, tem de viver sozinhos em um pequeno apartamento, independente de sua idade e inaptidão para lidar com o cruel mundo qual vivem. Cabe a Akira(Yûya Yagira), o mais velho, a responsabilidade de alimentar e proteger seus irmãos.
Um dos principais acertos da narrativa de Koreeda foi a construção da mãe das crianças, que apesar da situação absurda e revoltante qual envolve os pequenos, é desenvolvida de uma maneira a evitar o maniqueísmo, tornando até difícil sentir a ojeriza natural decorrente de sua ação, bônus para a atuação de You. Enquanto em tela, a personagem soa afetuosa, brincalhona, dedicada e amorosa para com seus filhos, claro que isso não inibe todas as falhas de sua personalidade(4 crianças de pais diferentes, os horários em que chegava e casa, o fato de não colocar os mesmos na escola). Porém, de maneira alguma se assemelha ao comportamento de uma mulher que abandonaria-os ao acaso, uma atitude fria e egoísta, o completo oposto de sua personalidade calorosa.
Apesar do início envolvente, é a partir do segundo ato, após o abandono, que Koreeda brilha e nos brinda com uma obra memorável e sensível. O diretor não poupa o espectador, já que o filme, através de suas cenas, trilha sonora e silêncio, choca muito mais do que qualquer Jogos Mortais por aí, sendo extremamente cru ao relatar a degradação que Akira e seus irmãos vão enfrentando conforme o tempo passa, quando já não possuem dinheiro para pagar o gás, luz ou água, e os meios por quais usam para defrontar todas as adversidades.
O cineasta, afinal, não precisa de dilacerações ou explosões para chocar e surpreender, a história faz isso por si mesma,já que são crianças em tela, crianças enfrentando problemas de adultos, um garoto de 12 anos procurando emprego para sustentar 3 irmãos. Crianças sem acesso a educação, alimentação e higiene, obrigados a uma independência precoce, destruindo assim a infância, fase essencial para o amadurecimento completo do ser humano.
E como podemos nós julgar os pequenos delitos de Akira para sustentar os mais novos? Crescendo sem ir a escola, sem amigos, sem um alicerce moral, sem afeto, sem carinho, sem o amor dos pais. Será justo julgar crianças que não possuem base de integridade nenhuma, que cometem erros pela simples falta de possibilidades e bases em sua vida? Será que o certo é mesmo confinar alguém assim em uma prisão, ao invés de providenciar ensino e uma boa qualidade de vida? Apesar de se passar no Japão, essas questões mostram a universalidade do longa, como sua realidade pode transcender o oriente, sendo possível relacionar com uma situação ocorrida mais de 10 anos após seu lançamento, e no outro lado do mundo.
A sociedade japonesa, apesar da imagem desenvolvida e imaculada que passa ao resto do mundo, têm justamente a severidade e rigidez como trata os jovens discutida na película. O princípio que acompanha o crescimento dos mesmos, de obter sucesso financeiro, de dívida para com o país, forçando a uma maturação precoce, interrompendo uma fase de brincadeiras e sorrisos. Também é discutida a irresponsabilidade e negligência de muitos ao terem filhos quando não possuem conhecimento e estrutura nenhuma para isso, um problema contextual, já que as taxas de abandono infantil no país nipônico são alarmantes - e é claro, acobertados por mídia e governo, a fim de manter a imagem de integridade da terra do sol nascente.
Aliás, uma cena de brincadeiras e sorrisos é justamente uma das mais marcantes do filme, onde os irmãos finalmente são libertos do confinamento do apartamento, e apesar de todas os infortúnios e limitações quais vivem, têm um pequeno momento para desfrutar de sua ingenuidade e energia, qual Koreeda filma de maneira quase estática, utilizando apenas de uma trilha sonora infantil para nos mostrar o sentimento das crianças. É o diretor ditando o ritmo, não tornando-se maior do que a obra em si.
A construção das personagens é muito apoiada pela atuação magistral dos pequenos atores: Yagiravenceu merecidamente o troféu em Cannes por sua interpretação de Akira, sendo até hoje o ganhador mais jovem do prêmio. Momoko Shimizu também entrega uma melancólica e brutal atuação, mostrando, através de minuciosos detalhes e olhares, a dor e consternação que Yuki sente conforme o tempo passa e a mãe não volta, além do sacrifício de desistir de seu sonho em prol dos irmãos, papel que deveria ser de sua figura materna.
Nobody Knows é, acima de tudo, um exemplo do verdadeiro poder do cinema e tudo que ele pode representar. Ao final dos mais de 140 minutos de projeção, ocorre um conflito de sensações, pois o que foi nos mostrado em tela é cruel e perturbador, além do golpe de ver exposta uma atitude tão mesquinha de nossa própria raça, uma atitude tão nojenta, e que mesmo assim se repete cada vez mais - porém, o cinema minimalista de Koreeda consegue, através da inocência e beleza dos jovens, nos fazer sorrir, uma habilidade única de um mestre subestimado.
Ataque dos Titãs: Parte 1
2.5 213 Assista AgoraApesar de saber que o combustível dos estúdios de cinema é o dinheiro, e não a arte, é sempre triste e surpreendente quando nos deparamos com um filme como esse. Afinal, o dinheiro vale mesmo tanto assim, a ponto de liberarem um roteiro vergonhoso como este? Não seria mais vantajoso esperar um pouco mais, porém lançar algo bem realizado, o que certamente alavancaria a carreira dos envolvidos, além de trazer boa imagem para o estúdio, possibilitando aos executivos enveredarem por mais obras arriscadas. Porém, infelizmente, não é o que se vê.
Attack On Titan, o filme, é um longa constrangedor, que pouco ou minimamente lembra o anime homônimo que estourou no mundo todo em 2013. Não sou fã xiita, sei contemplar obras de um mesmo material de acordo com a mídia abordada, mas nada justifica as escolhas que os realizadores desta película fizeram, pois mesmo ignorando o material original, cinematograficamente, Attack on Titan é fraco, ruim, por vezes até amador.
O desenvolvido dos personagens é nulo, a forte relação de amizade mostrada no anime entre Eren-Mikasa-Armin é jogada no lixo, os personagens mal trocam palavras, não apresentam química nenhuma, a relação é inverossímil. As cenas em que mostrar Eren tentando proteger Mikasa são forçadas e excessivamente expositivas, nem culpo tanto Miura(que possui atuações boas em sua carreira), que apesar de oferecer uma atuação medíocre, não têm nada com o que trabalhar, assim como os outros. As personagens não tem carisma algum, e aliado ao falho roteiro, torna-se impossível mostrar alguma preocupação ou afeição para com os mesmos, gerando apenas uma indiferença com seu destino.
Se os personagens principais são mal construídos, o que dizer dos coadjuvantes? Nada, simplesmente nada, tirando os que servem(de maneira ridícula) como alívio cômico, os outros são todos rostos na multidão, tornando difícil seu reconhecimento até mesmo para quem tem algum contato com a história em outras mídias.
"Ah, mas é filme de ação, não de drama". O longa falha nesse quesito também,pois as coreografias são chatas, os efeitos são toscos, muito toscos, talvez até por isso pouquíssimas cenas aéreas tenham sido mostradas. O treinamento, um ponto alto do anime/mangá é cortado, Eren vira um mestre do manejo das armas subitamente, algo sem sentido e inconcebível para um filme que tente se levar a sério.
O que dizer dos titãs? Tirando uns 2 ou 3, que realmente eram bizarros, e assim como no anime, temíveis justamente por isso, a grande maioria é simplesmente uma versão aumentada de pessoas normais, figurantes com rostos como de seu vizinho, o padeiro da esquina, e logo, toda e morbidade dos mesmos foi perdida, e o longa falhando em mais um aspecto.
O único quesito razoavelmente elogiável da obra é a violência, principalmente na invasão da 1ª muralha, o sangue jorra solto, assim como partes humanas. Um gore muito divertido de se ver. Só que até nisso a película acaba falhando, dessa vez por excesso, parecendo que o orçamento foi todo gasto em partes específicas do longa, e quando foram filmar seu final, estava escasso, pois TODAS as cenas em que os titãs morriam eram toscas, com um CGI horrendo e vergonhoso.
Enfim, estou realmente decepcionado, a adaptação falha como drama, ação, suspense e em todos os quesitos possíveis. Resta aguardar o Dorama(o qual espero ainda menos) e finalmente, a 2ª temporada do anime.
Missão: Impossível 2
3.1 491 Assista AgoraNo final, achei que o Tom Cruise ia tirar a máscara e aparecer o Jackie Chan.
Quarteto Fantástico
2.2 1,7K Assista AgoraNa série Entourage, quando uma certa produtora lança um longa nos cinemas, tanto o astro principal quanto o diretor falaram que a obra que o público iria ver, não é a obra em seu conteúdo artístico original e genuíno, mas sim a versão picotada pelo estúdio.
E esse é o pensamento mais positivo que se pode ter sobre Quarteto Fantástico, após o término de sua sessão, pois qualquer qualidade sua parece ínfima quando em comparação com os intermináveis e constrangedores defeitos.
Eu não acompanho os quadrinhos do quarteto, e mesmo se o fizesse, não comprometeria meu julgamento baseado na cor de um personagem, quanto mais um ator talentoso quanto Michael B. Jordan, e de qualquer forma, consigo avaliar os meios de entretenimento de acordo com sua abordagem.
E avaliando cinematograficamente, o início do longa é deveras divertido e promissor, e alterando ou não a origem dos personagens, o modo como o foi feito foi muito interessante, uma pena terem focado apenas em Reed e Ben. A química do elenco também é muito boa, e com alguma ressalva quanto a Jamie Bell(ator que considero competente, mas não tem um roteiro com o qual trabalhar, entretanto, suas expressões não ajudam a apreciar o personagem), o resto do elenco de sai bem, com destaque para Kate Mara.
Comentar os efeitos seria redundante, 10 anos após o desastroso longa de Tim Story, o mínimo a se esperar seria uma melhora visual, principalmente no do "Coisa". Apesar de alguns deslizes e jamais surpreender, o CGI convence de forma satisfatória.
Infelizmente, todas essas qualidades somem comparadas ao roteiro, principalmente após a troca de dimensões que envolve alguns personagens. Os acontecimentos são absurdos, e não com fatos irrelevantes, sendo o surgimento do dom de uma personagem principal inexplicável. Tudo ocorre de maneira ridícula, entrando em uma galhofa involuntária constrangedora.
E quando eu já estava quase tapando o rosto para me poupar da vergonha alheia, surge o Dr. Destino, com um visual embaraçoso, tornando impossível tornar o personagem interessante ou temível, coisa que o roteiro jamais tenta construir. Todas as ações envolvendo o personagem foram erráticas, mal desenvolvidas e explicadas de uma maneira preguiçosa, gerando a luta final mais anticlimática e sem emoção que vivenciei no cinema, instigando mais sono do que vibração.
Passados os 99 minutos, eu apenas lamento o "destino" cruel que sempre acomete os filmes do quarteto. Fico triste pelo promissor elenco, e assumindo as declarações do diretor como verdadeiras, o que poderia ser um bom longa.
Sempre, Só Você
4.4 130Apesar de ser um grande fã dos filmes coreanos como um todo, é fato assumir que os dramas românticos seguem um certo padrão. Isso não é uma crítica negativa, mas após ter um contato prolongado com este cinema, tornamo-nos familiarizados e capazes de reconhecer este padrão, e logo, torna-se mais difícil para a película envolver e emocionar de uma forma como ocorria no início. E é aí que este "Always" tem seu trunfo, pois mesmo seguindo este padrão, utiliza artifícios que acabam emocionando mesmo quem já viu vários filmes do gênero.
Muito se deve a atuação do casal protagonista, que além de oferecerem atuações muito competentes, possuem uma química invejável, uma das mais críveis e orgânicas que já vi. Difícil pensar que não formam um casal na vida real, e é o amor que parecem nutrir um para o outro que nos envolve de forma arrebatadora. Durante a projeção, me peguei várias vezes torcendo para o personagem de So Ji Sub, me apaixonei pela de Han Hyo-Joo e ficava com um sorriso bobo quando o casal dividia a tela.
Fiquei tão envolvido e perdido na narrativa, que esqueci completamente o padrão do gênero, e ao final, estava agonizando para Han Hyo-Joo reconhecer logo o personagem de So Ji Sub, quase aterrorizado pela possibilidade de não ocorrer um final feliz. Logo eu, que tanto reclamo sobre esses finais felizes.
Enfim, "Always" é um filme lindo, que apesar de eficiente em todas as áreas cinematográficas, conquista principalmente pela química do casal principal. É daqueles longas para sofrer, sorrir e chorar junto. Recomendadíssimo.
Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera
4.3 377Só leia o comentário a seguir caso tenha visto o filme. Nele, tento esclarecer sobre os papeis colados na face dos monges em cenas específicas do longa:
Na legenda em inglês, apareceu "Shut", ou seja, fechar/bloquear. Pesquisando um pouco sobre o budismo, creio que ambos quiseram bloquear seus sentidos, parando assim seu fluxo de consciência para alcançar a "iluminação", sem deixar o mundo exterior interferir em sua mente e corpo.
Kumiko, a Caçadora de Tesouros
3.6 62Kumiko: The Treasure Hunter é um filme precioso, uma obra singela e instrospectiva que fala, em minha opinião, sobre tristeza, solidão, depressão e sentimentos afins. A personagem, magnificamente construída pela talentosa Rinko Kikuchi(em sua melhor atuação desde Babel), se sente deslocado no mundo, de postura curvada, expondo sua fragilidade em relação a tudo que a cerca.
Kumiko não mantém relação íntima com nenhuma pessoa, não se sente confortável na presença de ninguém, despreza seu trabalho, vive vazia, sem objetivos e sonhos, atormentada pela sua solidão, algo evidenciado na tocante cena em que toda animada, liga para sua mãe em busca de um diálogo caloroso, porém, está apenas se mostra preocupada em saber se ela encontrou um marido, totalmente indiferente a felicidade de sua filha, e o olhar de Kumiko, que começara com um semblante sorridente, vai voltando a melancolia habitual.
Tudo muda quando encontra uma fita cassete antiga de Fargo, clássico americano dos anos 90, e após ficar fissurada no longa, decide embarcar para os EUA repentinamente, atrás do tesouro enterrado pelo personagem de Steve Buscemi na fita dos Coen. Apesar de parecer uma plot absurda(mesmo baseada em fatos verídicos), acho relevante salientar que a protagonista não foi apenas atrás do tesouro, ela estava desgastada de sua vida, sua rotina vazia e monótona, a ida a América foi uma fuga de si mesma, em busca de um sonho e objetivo.
E durante a viagem, qual ela buscava novos ares e encontrar um rumo, sua frustração apenas aumenta devido aos contatos que encontra em sua jornada, onde Kumiko realmente percebe o quão deslocada está no mundo.
E quando nada parece ter sentido e viver se torna um fardo, a morte torna-se um sonho, e é isso que acontece com Kumiko, que apenas no fim de sua vida encontra a felicidade, seu objetivo realizado e o reencontro com a única criatura com a qual tenha tido alguma relação carinhosa(o fofo coelho), e assim, através da única maneira possível, enfim sente a alegria e “vida” que tanto almejou.
Carros
3.4 727 Assista AgoraSempre tive Carros em grande estima, considero um belo e essencial filme, achava que de uma forma geral, as pessoas tinham a mesma impressão que eu sobre a película. Porém, de uns dias pra cá, vi muita gente comentando que é o maior erro da Pixar, um filme sem propósito, com personagens ruins e uma mensagem pobre.
Fico realmente triste com quem pensa assim, pode até ser que a pessoa não gostou do longa artisticamente, mas acho difícil chegar a está conclusão, quando entende-se o que Lasseter quis passar através de seus 117 minutos.
Nos extras do dvd/blu-ray, John comenta sobre como teve a ideia em uma viagem com a família, ao perceber como não aproveitava-se mais a viagem e tudo que poderia ser desfrutado pelo caminho, os novos lugares e pessoas, conhecimentos e cultura que são perdidos pela pressa de se chegar ao destino. Mas muito além disso, e corroborado pela incrível e melancólica música "Find Yourself", de Brad Painsley, Carros fala sobre autodescoberta e humildade.
McQueen tinha como objetivo a copa pistão, vivia cercado de Glamour, esnobava seus patrocinadores, que considerava serem inferiores. Porém, vivia vazio e solitariamente, como evidenciado pelo tocante momento em que seu empresário o mando convidar amigos para uma festa, e o protagonista não tem nenhum nome para dar. McQueen quer o poder, a glória, buscando aprovação de quem está no topo, mas sem possuir nenhuma relação pessoal com os mesmos.
Radiator Springs serve como ponto de mudança, e apesar de ser forçado a ficar no início, relâmpago vai criando laços com vários carros do tipo que outrora ele desprezará, como Mate, a reconhecer o verdadeiro valor de uma relação, e ver o quão positiva e agradável a simplicidade pode ser, deixando sua arrogância e preconceito de lado. Claro que a obra não mostra isso de forma explícita e monotóna, mas é justamente nisso que reside a genialidade do estúdio, como visto no recente Inside Out: passar mensagens complexas sem atrapalhar a narrativa ou a diversão dos pequenos.
Divertida Mente
4.3 3,2K Assista AgoraNas manchetes de sites que falavam sobre Inside Out, dizia-se, muitas vezes: “Pixar vence a crise”. Que crise? Carros 2 pode ter sido fraco, mas Valente, apesar de diferente de tudo que o estúdio havia feito até então, é um belo filme, assim como Universidade Monstros, que a despeito de ser um prequel, algo tão usado por estúdios para fazer dinheiro fácil em suas franquias, é um filme leve, divertido e com a alma da Pixar. Eu diria que essa crise foi uma rotulação criada pela insaciável mídia, sempre em busca de frases de efeito para sensacionalizar. Rotular, aliás, é um tema debatido de forma não expositiva em Divertidamente. Por que a alegria/euforia é vendida como sendo obrigatória para todos? Seria este o único estado em que uma pessoa conseguiria viver?
Claro que é preferível viver “feliz” do que “triste”. Porém, o filme, corretamente descrito como o mais ousado e maduro da Pixar em anos, se não do estúdio como um todo, foca sua narrativa na complexidade de emoções que uma pessoa possui, e como todas elas(tristeza, felicidade, raiva...) são necessárias para o desenvolvimento da personalidade e caráter de um ser consciente. A personagem Riley é retratada na época mais áurea de sua vida, uma idade de inocência e ingenuidade, predominada pela alegria, devido a incapacidade e inexperiencia para reconhecer e encarar os problemas da vida. A menina é, quase todo o tempo, alguém alegre e extrovertida, com uma relação carinhosa com os pais, amigos e enfim, o mundo ao seu redor. Em contraponto a isso, inteligentemente, é mostrado como a emoção “chefe” de sua mãe é uma tímida tristeza, enquanto do pai é a raiva. E como podemos ver em todo decorrer da obra, nenhum dos dois está todo o tempo neste estado, é a mutualidade dos sentimentos que os compõem, assim como a todos nós.
E a partir daí, a Pixar mostra o toque de gênio que tanto acostumamos a ver em seus filmes, e baseado numa premissa instigante, constrói uma narrativa muitas vezes metafórica, que apesar de divertida para o público infantil, transmite mensagens muito mais complexas para a platéia, conteúdos inacessíveis para as inocentes crianças, assim como sua protagonista.
Ao se deparar com uma mudança radical em sua vida, a menina perde o chão, toda aquela euforia e fugor que sempre transmitia, é trocada por uma melancolia ímpar, ao paço que suas “emoções base” vão desmoronando. Porém, ao contrário do que se propaga mundialmente, a tristeza pode nos fortalecer, sendo necessária para nosso amadurecimento, e também gerar sentimentos bons, como a nostalgia, e até a saudade, que posteiormente, proporciona a alegria de encontrar o que tanto esperamos.
A forma como a película nos leva por este “road movie” psicológico sobre o crescimento mental de uma pessoa, é um deleite, um primor. A antropomorfização das personalidades é hilária, não sei sobre a dublagem original, mas a nacional foi deveras eficiente em retratar as caras e bocas que viamos em tela. A trilha sonora de Michael Giacchino, um parceiro fiel do estúdio, é linda, principalmente nas cenas melancólicas, emocionando sem soar apelativo.
Já o desing de produção merecia ser indicado a prêmios(pena esse preconceito da indústria para indicar animações para categorias mais técnicas, como a primorosa fotografia de Wall-E), e usando as palavras do crítico Thiago Siqueira, a urbanização da mente da criança é um das sacadas mais criativas que já vi, assim como a retratação dos sonhos e pesadelos.
Ao final da sessão, eu, com meus 19 anos, saí com aquele sorriso meio bobo, com uma mescla de sentimenos proporcionados a mim nos últimos 94 minutos, mais uma vez maravilhado com o que um simples estúdio me proporcionou, não apenas um belo filme de animação, mas uma bela metáfora sobre nossa vida.
Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros
3.6 3,0K Assista AgoraEu cresci vendo Jurassic Park, toda a trilogia, é verdade, mas o clássico original foi o único presente em toda minha vida até aqui, um de meus filmes/livros favoritos, além de ser um dos responsáveis por minha paixão a 7ª arte. Dito isso, não pude conter minha ansiedade a apreensão. Eu não queria apenas um filme melhor que o 2º e 3º, eu queria um filme realmente bom(não mais que o insuperável 1º), queria me divertir, porém, com conteúdo. 2 horas após a projeção, digo que é, sim, divertido e deveras emocionante pra fãs do original, mas também digo que, infelizmente, ele sofre com essa megalomania que tem estado tão presente em blockbusters Hollywoodianos ultimamente.
O início é lindo e empolgante, impossível não se emocionar com a trilha sonora de John Williams enquanto vemos o parque se abrindo, o sonho de John Hammond realizado. O desenvolvimento da trama é rápido, logo somos apresentados a todos os personagens relevantes, além da vilã que vai mover o longa, indominus Rex. As referências não param por aí, aparecem como dinossauros holográficos, prédios do original, personagens, carros, camisas e até em certos enquadramentos, tudo de forma orgânica, sem prejudicar a fluidez de Jurassic World.
Apesar de todos quererem ver dinossauros, personagens humanos bem desenvolvidos seriam algo necessário para segurar os 124 minutos de projeção, e felizmente, Chris Pratt e Bryce Dallas Howard se saem eficientes, mais por sua carisma e competência do que devido as virtudes do roteiro.. Pratt se confirma como um dos mais promissores atores da atualidade, equilibrando muito bem cenas cômicas com outras de intensidade dramática surpreendente, já Bryce consegue ir nos conquistado conforme os minutos passam, devido a uma redenção bem Spielbergiana(o diretor, aliás, tem vários “dedos” no projeto). Porém, o mesmo não pode ser dito do restante do elenco, são apenas caricaturas, como o vilão militar de Vincent D’Onofrio e as crianças em perigo(lembra algo do original?!) com uma traminha muito clichê, tornando muito difícil alguma identificação com os mesmos.
E os dinossauros? A duvidosa ideia de criar um vilão híbrido é acertada, muito pelo design intimidante e original, porém não artificial da indominus Rex, já as outras criaturas são meros coadjuvantes(não sei vocês, mas eu queria ter me maravilhado mais ao ver seres pré-históricos), com exceção, talvez, dos raptores, de longe os mais interessantes da história. O CGI está competente, mas óbvio, e o efeito prático do original continua magnânimo(mais de 20 anos depois, e vale lembrar a notória diferença do Apatossauro, único animatrônico de World...), nada vai superar os raptores e o T-Rex criados pelo gênio Stan Winston, que eram simples, entretanto, mais sinistros e orgânicos.
O maior problema da obra, porém, reside no roteiro, que muitas vezes se perde em sua megalomania, subestimando o público, flertando com o clichê e empurrando mais e mais cenas de ação na tela, como se fosse tudo que desejássemos. Um erro estranho, levando em consideração que o original investe muito mais na tensão e mistério para cativar e envolver a platéia.
No geral, Jurassic World é isso, um filme de ação, mas ver os dinossauros e o parque aberto, além da trilha de Williams, fazem valer o ingresso, principalmente pra quem, como eu, assistiu o de 93 tantas vezes. É uma boa película, mas enquanto a memória da fita de Spielberg estiver presente em nossas vidas, qualquer história de dinossauros contada no cinema, virá com pressão e expectativa enorme, e será preciso muito esmero para atendê-las.
Obs: No finalzinho, como ficou f*da o T-Rex, à lá rei, rugindo do alto do edifício, afinal, não importa quantos dinossauros se criem, a maior ameaça continua sendo ele.