Algumas pessoas aqui estão em dúvida se o filme é uma crítica social contra o machismo por mostrar homens escrotos sem filtros ou se ele faz algum tipo de apologia ao pensamento machista. No meu entendimento, os elementos técnicos de direção e roteiro entregam um filme que é um verdadeiro culto ao machismo.
Começa pela fotografia. Quando Tony Manero vai dançar com Annette, a câmera faz contra-plongée no personagem masculino (indicando superioridade, imponência, grandeza). Quando a câmera mostra Annette, a moça é mostrada em Plongée (indicando inferioridade, fraqueza, pequenez). Antes e depois dessa cena, o roteiro ainda se presta a dar falas de desprezo por parte de Tony contra Annette. Ela porém segue encantada pelo rapaz.
Quando Tony encontra Stephanie ensaiando, ela está com a ponta dos seios marcando na roupa. Provavelmente uma decisão do diretor para dar um teor sensual à moça, já que normalmente as mulheres usam sutiã e isso disfarça esse tipo de exposição.
Depois temos as decisões de roteiro. Geralmente quando algum personagem faz algo errado, em qualquer filme, ele é punido de uma forma ou de outra. Em Saturday Night Fever podemos citar apenas duas pessoas que foram punidas pelos seus atos. Bobby C flerta com a ideia de aborto ao saber que engravidou uma menina. Como sabemos, o aborto é uma pauta feminista. Acaba que Bobby morre ao cair da ponte. Annette é uma personagem que propõe sexo a Tony e acaba estuprada pelos amigos dele. Porém, em nenhum momento os meninos estupradores são denunciados ou criticados pelo personagem principal. No momento em que Tony decide conversar com ela sobre o que aconteceu, ele deixa claro que a "culpa" é dela.
Tudo isso funciona como uma mensagem conservadora e machista de que se a mulher se comportar como uma "vadia", será estuprada e isso é culpa dela. Se o homem simpatizar com ideias como aborto, também pagará o seu preço de alguma forma ou de outra.
Ou seja, não passa de um filme machista, com coreografias bonitinhas e músicas legais. De resto, é puro esgoto.
Considerando que foi feito em 1975, é um dos filmes mais ousados e transgressores que eu já vi. Tim Curry absolutamente perfeito no papel de Frank N Furter.
The Rocky Horror Picture Show é obra de arte atemporal. Imperdível!
Em condições normais de temperatura e ambiente na política nacional, esse Especial de Natal passaria despercebido pelo grande público. Teve a audiência que teve pela tentativa de censura dos ditos cristãos.
Minha teoria é que o ator que atrai a polêmica aqui é o Gregório Duvivier. É o que, na vida real, mais se expõe com política, o que declara voto, que faz campanha, o mais ativista, portanto o mais visado pelo campo direitista. Tanto que ele não escreve o roteiro, apenas atua, e mesmo assim torna-se o foco do repúdio conservador. Porchat é o autor da peça toda, porém como raramente ele opina sobre a política nacional acaba passando despercebido pelo grande público.
Por isso acredito que esse Especial só virou a polêmica que virou devido à efervescência do debate político nacional. A direita acredita que precisa combater ativistas de esquerda, artistas e intelectuais. Como o Duvivier entra nessa lista, eles partiram para cima. De outra maneira, os cristãos sequer dariam atenção para esta peça humorística.
A melhor coisa do filme é a mensagem de empoderamento feminino da personagem. Em vários momentos, vemos Carol Denvers sendo desestimulada e orientada a não utilizar os seus poderes. Até que determinado momento ela entende quem ela é e decide usar a sua força para fazer o que é certo. Uma mensagem obviamente feminista que deve inspirar muitas meninas ao redor do mundo a encontrarem sua força interior para enfrentar seus problemas cotidianos.
Entretanto, o que me parece mais notório aqui é que a Capitã Marvel é uma personagem criada sem objetificar a mulher. As comparações com Mulher Maravilha, nesse ponto, são inevitáveis. Enquanto Denvers usa um traje de aviadora que cobre todo o seu corpo, a heroína de DC vai à guerra praticamente seminua. Isso porque a MM foi criada não para ser uma heroína que iria inspirar as mulheres pelo mundo, mas sim como um objeto de desejo masculino. Por isso que vários fãs reclamaram da escolha de Gal Gadot na época da sua escalação, pois a atriz israelense era muito "magra" e os nerds leitores de quadrinhos achavam que a personagem só poderia ser interpretada por uma mulher "peituda" e "gostosa" (A série The Boys tem uma crítica muito perspicaz sobre isso no arco da personagem Starlight. Vale a pena conferir). Felizmente, Mulher Maravilha foi dirigida por uma diretora consciente da função social que a guerreira precisava ter nos dias atuais e evitou a objetificação da heroína. Utilizou um traje com mesmo conceito do original das HQs, mas em momento algum as câmeras focaram as coxas ou seios da atriz.
Aqui em Capitã Marvel, esse esforço de não objetificar ou sensualizar nem pareceu necessário. O que já é um ponto a mais para obra em si. E, talvez, esse seja o motivo pelo qual muitos leitores de quadrinhos não gostaram do filme. Eles esperavam que a heroína suprisse as expectativas dos meninos, mas a escolha foi focar nas expectativas das meninas.
Capitã Marvel é um bom filme, sim, um bom passa-tempo, e tem uma mensagem bacana antenada nas discussões contemporâneas sobre o papel das mulheres na sociedade. Pessoalmente, eu ainda acho Mulher Maravilha mais virtuoso como cinema, porém a Marvel fez um bom trabalho aqui.
O filme dá um certo medinho porque no ápice da sua loucura o personagem oferece muita lógica ao espectador, com boas doses de humor negro. A gente fica chocado por achar que tudo aquilo faz algum sentido. 🤔
A sereia vem para o mundo da superfície e a primeira coisa que ela aprende é sexo. Em segundo lugar, compras. Só depois disso tudo é que ela aprende a se comunicar.
Isso diz muito sobre a visão dos cineastas a respeito da relação entre mulheres e homens no mundo capitalista dos anos 80. Rá!
Ja vi outros filmes dos anos 80 depois de adulto e nunca tive problemas com as obras da época. Mas esse era uma gritaria de crianças do início ao fim com um monte de vilões bobos. Sofri para chegar até o final.
A cena em que o psiquiatra explica a mente de Norman Bates e a cena seguinte dele na cela pensando com a voz da mãe deve ter explodido a cabeça das platéias dos anos 60.
É divertido e emocionante ao mesmo tempo. No entanto, parece que algumas pessoas não entenderam que Toy Story é uma "História de Brinquedo". É um filme infantil antes de qualquer coisa. Vejo que alguns adultos não gostaram dos novos personagens, enquanto as crianças amaram. Mas esse é o ponto fundamental. De que adianta agradar adultos que cresceram vendo as aventuras de Woody, Buzz e Cia e não conseguir falar com as crianças atuais?
Dito isso, podemos considerar então que Toy Story 4 traz uma das tramas mais complexas entre todos da franquia. O primeiro longa, de 1995, é uma história inocente sobre os brinquedos de um menino chamado Andy. Os filmes seguintes vão ganhando contornos mais dramáticos até chegarmos nesse quarto episódio, onde os brinquedos vivem a dicotomia propósito da existência x ser descartável.
Todos os brinquedos lidam com esse dilema de formas diferentes e em alguns momentos você vê a sua própria vida na tela. Quem não ficou tocado quando a Gabbi Gabbi finalmente consegue ser notada pela Harmony e é descartada no minuto seguinte? É como se eu visse eu, na minha própria vida, lutando com todas as forças para atingir meus objetivos pessoais e profissionais, mas as coisas simplesmente dão errado e a única coisa que a gente pode fazer é seguir em frente e tentar mais uma vez.
Enquanto uns brinquedos só querem uma criança para fazer feliz, outros vivem o lado triste de tê-las visto crescer e terem ido para o lixo. Porém, Woody é o herói capaz de inspirá-los e lembrar a todos a importância deles na vida das crianças.
Terminar com a separação de Woody do grupo de amigos que o acompanham por décadas nas telas do cinema foi a decisão mais ousada da franquia até agora. Se choramos muito quando o Andy deu seus brinquedos a Bonnie, imagine o que não deve ter sido para as pessoas ver nossos heróis de brinquedo se separarem.
Como alguém disse nos comentários, eu quero um Toy Story 5 para ver o reencontro de Woody e Andy, na velhice, lembrando com carinho daqueles seus amigos inseparáveis de infância. Por favor, Pixar, Just do it!
Um filme leve, fácil de assistir, suave. Porém, a impressão que fica é de que havia um material incrível a ser explorado, mas eles preferiram fazer um filmezinho de comédia genérico.
A Liga da Justiça merecia um filme melhor, com roteiro mais elaborado, com um vilão com argumento de verdade. Quando eu assistia às animações da DC na minha infância, as tramas políticas da Liga da Justiça pareciam bem mais complexas do que nesse filme.
Se forem mesmo fazer uma sequência, espero que melhorem. Desse jeito a DC vai acabar se afundando mesmo tempo um material original mais interessante do que a Marvel.
Eu sempre tenho seríssimas resistências com tramas cuja a solução de um problema seja a volta no tempo. De filmes com essa temática, eu acho que gostei apenas de "Em Algum Lugar do Passado" e "De volta para o futuro" porque são construções bastante consistentes. São histórias que existem em função da viagem no tempo e não como uma solução que aparece em momento conveniente para algum problema posto no enredo. Essas obras até são citadas em "Avengers: End Game". Não gosto desse tipo de solução porque abre precedente para que sempre que algo muito sério acontecer no Universo Marvel, alguém volte no tempo e corrija. Voltar no tempo me parece sempre a solução mais fácil e simplista.
Apesar disso, eu gostei do filme de um modo geral. Os irmãos Russo tiveram o cuidado de fechar o arco de cada personagem de forma adequada. Contudo não vi uma obra prima como muitos disseram. O filme em nenhum momento me fez refletir sobre qualquer questão da vida. Em "Guerra Infinita", tínhamos um Thanos muito mais compreensível do que este pois era um vilão com motivação filosófica interessante, com base na teoria malthusiana. Em End Game, Thanos parece um brutamontes genérico completamente diferente da figura apresentada no primeiro filme.
Enfim, durante o filme senti que estávamos diante do fechamento de um ciclo do cinema. Entendi a importância deste último ato pois fecha o projeto cinematográfico mais ambicioso já elaborado na história da sétima arte. Contudo, não senti como se fosse mais do que um filme de sessão da tarde. Gostei de ver, mas não sei se pararia três horas da minha vida para ver de novo.
O documentário mostra mais os aspectos da vida das pessoas que acreditam na Terra Plana. Pode-se dizer que o filme não tem foco na Ciência. Em alguns momentos, senti que a narrativa estava enfadonha porque não me acrescentava em conhecimento. A proposta parece ser contemplar algumas maluquices humanas como teorias de conspiração, crenças, sentir-se parte de um grupo, ser reconhecido por algo, etc.
Quem pretende ver esse documentário, não pode esperar algo com foco na Ciência, como Cosmos. Mas sim um filme com objetivo de demonstrar certos comportamentos humanos.
"Carlos Marighella era um terrorista assassino" (direita) "Carlos Alberto Brilhante Ustra era um torturador assassino" (esquerda) "Ustra foi um herói que salvou o Brasil do Comunismo" (direita) "Marighella foi um herói que lutou contra a Ditadura" (esquerda)
"Heróis matam" (General Hamilton Mourão)
Estamos 2019 e tem gente que ainda não entendeu o que aconteceu no período 1964 - 1985 e não é capaz de olhar para esse momento histórico sem estar contaminado pelas emoções do que aconteceu na época.
Um filme importante para compreender que mesmo pessoas com grandes talentos podem se sabotar se estiverem com o psicológico fodido e mesmo que tenham grande carga de conhecimento intelectual podem ter dificuldade para cuidar de seus problemas emocionais.
No entanto, eu retirei uma estrelinha porque o autodidatismo em matemática vai até por ali. Achei um tanto quanto exagerado por parte do roteiro propor que um rapaz que nunca estudou em uma universidade pudesse saber mais que professores experientes no assunto. Isso me tirou um pouco da experiência do filme. Acho que não precisava ter apelado tanto. A cena em que ele queima a folha com o cálculo cortou a minha suspensão da descrença.
Mas, no geral, é um excelente filme. Robin Williams está sensacional aqui.
A DC estava tentando fazer filmes de super herói numa pegada sombria e até "cult" às vezes. Não rendeu o lucro que eles esperavam. Então, eles aparentemente toparam seguir a receita de bolo da Marvel. O resultado é esse filme do Aquaman com uma típica história de blockbuster e visual impressionante. Não vi no cinema, mas imagino que o 3D deva ter sido maravilhoso. Para mim, não é o filme mais memorável da DC, mas garante uma boa diversão nível sessão da tarde.
A cena do batismo na Klu Klux Klan em contraste com a reunião dos estudantes negros é arrebatadora. Ao mesmo tempo que você sente o tom pesado do relato de uma vítima da Klan, você vê a euforia dos brancos em matar negros. Spike Lee foi muito feliz em mostrar o relato de uma vítima que foi midiatizada para virar filme para os racistas. Quando me dei conta que estava vendo as cenas do filme O Nascimento de Uma Nação e ouvindo a história das pessoas que foram mortas para aparecer naquele filme, minha sensação foi de choque e medo pelas loucuras que o ser humano é capaz de fazer.
Depois disso, tivemos aquele final maravilhoso. Você fica com o coração na mão achando que os supremacistas brancos conseguiriam atingir seus objetivos. Mas por ironia do destino, o racismo implícito dos policiais acaba sendo um tiro pela culatra.
Já o fechamento do filme é algo que merece uma discussão atenta. Spike Lee, que sempre foi tido como um cineasta chato e polêmico por afirmar que brancos não deveriam dirigir filmes sobre negros, deixa claro que não tem nada contra os brancos ao mostrar Heather Heyer, que foi morta em um protesto contra supremacistas brancos em Charlottesvile, 2017. Heyer era uma mulher branca que morreu ao apoiar movimentos antiracistas. Lee se solidariza com a vítima e indica que aceita o apoio de pessoas brancas em defesa dos negros ao trazer a frase "Não há espaço para o ódio".
Todavia, ele não esconde a revolta com o seu país ao mostrar a bandeira dos EUA de ponta cabeça, o que pode soar como uma ofensa aos patriotas de plantão. Quem acompanha a indústria cultural norte americana sabe que a bandeira dos EUA é objeto de adoração e de orgulho dos norte-americanos. Quando Lee a mostra invertida na tela, ele questiona todo esse ufanismo de um país marcadamente racista. Um ato corajoso que pode e vai ser interpretado negativamente por muitos dos seus compatriotas. Para se ter uma ideia, o jogador de Futebol Americano, Colin Kaepernick está sendo durante perseguido nos EUA por fazer um protesto semelhante.
Esse pequeno detalhe pode fazer o filme não ganhar o Oscar. Mas, com certeza, só de chegar a uma indicação já é uma mostra de reconhecimento das manifestações que tem acontecido nos EUA ultimamente. Lee deixa implicitamente a pergunta: "Por que devemos ter orgulho de um país que mata negros e protege os racistas?"
Uma mensagem forte que, dependendo do grau de preconceito, muitos não entenderão.
Em determinado ponto, fiquei aflito pela equipe de trabalho. Estava na cara que o Festival seria um desastre e mesmo assim o pessoal deu tudo si para tentar dar certo. Mas o que me deixou para baixo mesmo foi a tia do restaurante. Os ricos fizeram a lambança e quem se fodeu mesmo foi o povo das Bahamas. Por isso, esse final com equipe falando que Billy tinha algo de genial, apesar de tudo que aconteceu, foi horrível. Sabendo do estrago que ele fez na vida de tantas pessoas, isso chegou a me parecer ofensivo com os personagens que tomaram calote. Se eu fosse o documentarista, com certeza cortaria essa visão.
Inicialmente, você é levado a crer que comanda a história. Vai decidindo e dando rumo ao que o personagem vive. Entretanto, você vai perdendo o controle à medida que o personagem vai enlouquecendo. Você vai voltando como se estivesse em jogo, mas quando se depara com as mesmas situações, as circunstâncias mudaram e o jogo segue novos rumos. Você se questiona se tem mesmo o controle da coisa toda quando então um personagem afirma que sabe que você está vendo todas as possibilidades. Ao reviver as mesmas cenas, você sente o gostinho de loucura de um personagem que vive várias vezes as mesmas coisas como se fosse um pacman tentando encontrar uma saída quando enfim percebe que está preso em um labirinto.
Essa é a sacada genial deste episódio: te fazer crer que está no controle e te tirar tudo isso para te imergir na maluquice do protagonista.
Repleto de clichês e soluções fáceis. As motivações do vilão chegam a ser ridículas. Por isso não empolga tanto quanto os dois primeiros. Os pontos fortes se resumem ao aspecto visual e bom humor do filme. Nada mais.
Em determinado momento, o filme questiona o espectador o que é Alan Turing: uma pessoa ou uma máquina? O personagem age como se fosse uma máquina, sempre sendo lógico e até insensível. Mas quando se descobre o porquê do nome da Máquina de Turing, revela-se que por trás daquela dureza lógica e matemática existe um ser humano dos mais incríveis e complexos possíveis.
Ao final da película, a gente sente que o mundo foi cruel demais com Alan Turing. O mundo não estava preparado para receber um ser tão incrível como ele.
Os Embalos de Sábado à Noite
3.4 663 Assista AgoraAlgumas pessoas aqui estão em dúvida se o filme é uma crítica social contra o machismo por mostrar homens escrotos sem filtros ou se ele faz algum tipo de apologia ao pensamento machista. No meu entendimento, os elementos técnicos de direção e roteiro entregam um filme que é um verdadeiro culto ao machismo.
Começa pela fotografia. Quando Tony Manero vai dançar com Annette, a câmera faz contra-plongée no personagem masculino (indicando superioridade, imponência, grandeza). Quando a câmera mostra Annette, a moça é mostrada em Plongée (indicando inferioridade, fraqueza, pequenez). Antes e depois dessa cena, o roteiro ainda se presta a dar falas de desprezo por parte de Tony contra Annette. Ela porém segue encantada pelo rapaz.
Quando Tony encontra Stephanie ensaiando, ela está com a ponta dos seios marcando na roupa. Provavelmente uma decisão do diretor para dar um teor sensual à moça, já que normalmente as mulheres usam sutiã e isso disfarça esse tipo de exposição.
Depois temos as decisões de roteiro. Geralmente quando algum personagem faz algo errado, em qualquer filme, ele é punido de uma forma ou de outra. Em Saturday Night Fever podemos citar apenas duas pessoas que foram punidas pelos seus atos. Bobby C flerta com a ideia de aborto ao saber que engravidou uma menina. Como sabemos, o aborto é uma pauta feminista. Acaba que Bobby morre ao cair da ponte. Annette é uma personagem que propõe sexo a Tony e acaba estuprada pelos amigos dele. Porém, em nenhum momento os meninos estupradores são denunciados ou criticados pelo personagem principal. No momento em que Tony decide conversar com ela sobre o que aconteceu, ele deixa claro que a "culpa" é dela.
Tudo isso funciona como uma mensagem conservadora e machista de que se a mulher se comportar como uma "vadia", será estuprada e isso é culpa dela. Se o homem simpatizar com ideias como aborto, também pagará o seu preço de alguma forma ou de outra.
Ou seja, não passa de um filme machista, com coreografias bonitinhas e músicas legais. De resto, é puro esgoto.
The Rocky Horror Picture Show
4.1 1,3K Assista AgoraConsiderando que foi feito em 1975, é um dos filmes mais ousados e transgressores que eu já vi. Tim Curry absolutamente perfeito no papel de Frank N Furter.
The Rocky Horror Picture Show é obra de arte atemporal. Imperdível!
A Primeira Tentação de Cristo
3.0 345Em condições normais de temperatura e ambiente na política nacional, esse Especial de Natal passaria despercebido pelo grande público. Teve a audiência que teve pela tentativa de censura dos ditos cristãos.
Minha teoria é que o ator que atrai a polêmica aqui é o Gregório Duvivier. É o que, na vida real, mais se expõe com política, o que declara voto, que faz campanha, o mais ativista, portanto o mais visado pelo campo direitista. Tanto que ele não escreve o roteiro, apenas atua, e mesmo assim torna-se o foco do repúdio conservador. Porchat é o autor da peça toda, porém como raramente ele opina sobre a política nacional acaba passando despercebido pelo grande público.
Por isso acredito que esse Especial só virou a polêmica que virou devido à efervescência do debate político nacional. A direita acredita que precisa combater ativistas de esquerda, artistas e intelectuais. Como o Duvivier entra nessa lista, eles partiram para cima. De outra maneira, os cristãos sequer dariam atenção para esta peça humorística.
Capitã Marvel
3.7 1,9K Assista AgoraA melhor coisa do filme é a mensagem de empoderamento feminino da personagem. Em vários momentos, vemos Carol Denvers sendo desestimulada e orientada a não utilizar os seus poderes. Até que determinado momento ela entende quem ela é e decide usar a sua força para fazer o que é certo. Uma mensagem obviamente feminista que deve inspirar muitas meninas ao redor do mundo a encontrarem sua força interior para enfrentar seus problemas cotidianos.
Entretanto, o que me parece mais notório aqui é que a Capitã Marvel é uma personagem criada sem objetificar a mulher. As comparações com Mulher Maravilha, nesse ponto, são inevitáveis. Enquanto Denvers usa um traje de aviadora que cobre todo o seu corpo, a heroína de DC vai à guerra praticamente seminua. Isso porque a MM foi criada não para ser uma heroína que iria inspirar as mulheres pelo mundo, mas sim como um objeto de desejo masculino. Por isso que vários fãs reclamaram da escolha de Gal Gadot na época da sua escalação, pois a atriz israelense era muito "magra" e os nerds leitores de quadrinhos achavam que a personagem só poderia ser interpretada por uma mulher "peituda" e "gostosa" (A série The Boys tem uma crítica muito perspicaz sobre isso no arco da personagem Starlight. Vale a pena conferir). Felizmente, Mulher Maravilha foi dirigida por uma diretora consciente da função social que a guerreira precisava ter nos dias atuais e evitou a objetificação da heroína. Utilizou um traje com mesmo conceito do original das HQs, mas em momento algum as câmeras focaram as coxas ou seios da atriz.
Aqui em Capitã Marvel, esse esforço de não objetificar ou sensualizar nem pareceu necessário. O que já é um ponto a mais para obra em si. E, talvez, esse seja o motivo pelo qual muitos leitores de quadrinhos não gostaram do filme. Eles esperavam que a heroína suprisse as expectativas dos meninos, mas a escolha foi focar nas expectativas das meninas.
Capitã Marvel é um bom filme, sim, um bom passa-tempo, e tem uma mensagem bacana antenada nas discussões contemporâneas sobre o papel das mulheres na sociedade. Pessoalmente, eu ainda acho Mulher Maravilha mais virtuoso como cinema, porém a Marvel fez um bom trabalho aqui.
Turma da Mônica: Laços
3.6 607 Assista AgoraFofinho. ❤
Já estou até imaginando uma sequência como "Turma da Mônica Jovem".
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraO filme dá um certo medinho porque no ápice da sua loucura o personagem oferece muita lógica ao espectador, com boas doses de humor negro. A gente fica chocado por achar que tudo aquilo faz algum sentido. 🤔
Splash: Uma Sereia em Minha Vida
2.8 338 Assista AgoraAchei divertido de modo geral. Mas algo me chamou atenção:
A sereia vem para o mundo da superfície e a primeira coisa que ela aprende é sexo. Em segundo lugar, compras. Só depois disso tudo é que ela aprende a se comunicar.
Isso diz muito sobre a visão dos cineastas a respeito da relação entre mulheres e homens no mundo capitalista dos anos 80. Rá!
Os Goonies
4.1 1,3K Assista AgoraJa vi outros filmes dos anos 80 depois de adulto e nunca tive problemas com as obras da época. Mas esse era uma gritaria de crianças do início ao fim com um monte de vilões bobos. Sofri para chegar até o final.
Psicose
4.4 2,5K Assista AgoraUm filme inteligentíssimo.
A cena em que o psiquiatra explica a mente de Norman Bates e a cena seguinte dele na cela pensando com a voz da mãe deve ter explodido a cabeça das platéias dos anos 60.
Psicose é memorável. Um marco do cinema.
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KParece um textão de Facebook que virou documentário. Sequer abre o espaço para o contraditório.
Toy Story 4
4.1 1,4K Assista AgoraQue filme maravilhoso!
É divertido e emocionante ao mesmo tempo. No entanto, parece que algumas pessoas não entenderam que Toy Story é uma "História de Brinquedo". É um filme infantil antes de qualquer coisa. Vejo que alguns adultos não gostaram dos novos personagens, enquanto as crianças amaram. Mas esse é o ponto fundamental. De que adianta agradar adultos que cresceram vendo as aventuras de Woody, Buzz e Cia e não conseguir falar com as crianças atuais?
Dito isso, podemos considerar então que Toy Story 4 traz uma das tramas mais complexas entre todos da franquia. O primeiro longa, de 1995, é uma história inocente sobre os brinquedos de um menino chamado Andy. Os filmes seguintes vão ganhando contornos mais dramáticos até chegarmos nesse quarto episódio, onde os brinquedos vivem a dicotomia propósito da existência x ser descartável.
Todos os brinquedos lidam com esse dilema de formas diferentes e em alguns momentos você vê a sua própria vida na tela. Quem não ficou tocado quando a Gabbi Gabbi finalmente consegue ser notada pela Harmony e é descartada no minuto seguinte? É como se eu visse eu, na minha própria vida, lutando com todas as forças para atingir meus objetivos pessoais e profissionais, mas as coisas simplesmente dão errado e a única coisa que a gente pode fazer é seguir em frente e tentar mais uma vez.
Enquanto uns brinquedos só querem uma criança para fazer feliz, outros vivem o lado triste de tê-las visto crescer e terem ido para o lixo. Porém, Woody é o herói capaz de inspirá-los e lembrar a todos a importância deles na vida das crianças.
Terminar com a separação de Woody do grupo de amigos que o acompanham por décadas nas telas do cinema foi a decisão mais ousada da franquia até agora. Se choramos muito quando o Andy deu seus brinquedos a Bonnie, imagine o que não deve ter sido para as pessoas ver nossos heróis de brinquedo se separarem.
Como alguém disse nos comentários, eu quero um Toy Story 5 para ver o reencontro de Woody e Andy, na velhice, lembrando com carinho daqueles seus amigos inseparáveis de infância. Por favor, Pixar, Just do it!
Homem-Formiga
3.7 2,0K Assista AgoraUm filme leve, fácil de assistir, suave. Porém, a impressão que fica é de que havia um material incrível a ser explorado, mas eles preferiram fazer um filmezinho de comédia genérico.
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista AgoraA Liga da Justiça merecia um filme melhor, com roteiro mais elaborado, com um vilão com argumento de verdade. Quando eu assistia às animações da DC na minha infância, as tramas políticas da Liga da Justiça pareciam bem mais complexas do que nesse filme.
Se forem mesmo fazer uma sequência, espero que melhorem. Desse jeito a DC vai acabar se afundando mesmo tempo um material original mais interessante do que a Marvel.
Vingadores: Ultimato
4.3 2,6K Assista AgoraEu sempre tenho seríssimas resistências com tramas cuja a solução de um problema seja a volta no tempo. De filmes com essa temática, eu acho que gostei apenas de "Em Algum Lugar do Passado" e "De volta para o futuro" porque são construções bastante consistentes. São histórias que existem em função da viagem no tempo e não como uma solução que aparece em momento conveniente para algum problema posto no enredo. Essas obras até são citadas em "Avengers: End Game". Não gosto desse tipo de solução porque abre precedente para que sempre que algo muito sério acontecer no Universo Marvel, alguém volte no tempo e corrija. Voltar no tempo me parece sempre a solução mais fácil e simplista.
Apesar disso, eu gostei do filme de um modo geral. Os irmãos Russo tiveram o cuidado de fechar o arco de cada personagem de forma adequada. Contudo não vi uma obra prima como muitos disseram. O filme em nenhum momento me fez refletir sobre qualquer questão da vida. Em "Guerra Infinita", tínhamos um Thanos muito mais compreensível do que este pois era um vilão com motivação filosófica interessante, com base na teoria malthusiana. Em End Game, Thanos parece um brutamontes genérico completamente diferente da figura apresentada no primeiro filme.
Enfim, durante o filme senti que estávamos diante do fechamento de um ciclo do cinema. Entendi a importância deste último ato pois fecha o projeto cinematográfico mais ambicioso já elaborado na história da sétima arte. Contudo, não senti como se fosse mais do que um filme de sessão da tarde. Gostei de ver, mas não sei se pararia três horas da minha vida para ver de novo.
A Terra é Plana
3.5 196O documentário mostra mais os aspectos da vida das pessoas que acreditam na Terra Plana. Pode-se dizer que o filme não tem foco na Ciência. Em alguns momentos, senti que a narrativa estava enfadonha porque não me acrescentava em conhecimento. A proposta parece ser contemplar algumas maluquices humanas como teorias de conspiração, crenças, sentir-se parte de um grupo, ser reconhecido por algo, etc.
Quem pretende ver esse documentário, não pode esperar algo com foco na Ciência, como Cosmos. Mas sim um filme com objetivo de demonstrar certos comportamentos humanos.
Marighella
3.9 1,1K Assista Agora"Carlos Marighella era um terrorista assassino" (direita)
"Carlos Alberto Brilhante Ustra era um torturador assassino" (esquerda)
"Ustra foi um herói que salvou o Brasil do Comunismo" (direita)
"Marighella foi um herói que lutou contra a Ditadura" (esquerda)
"Heróis matam" (General Hamilton Mourão)
Estamos 2019 e tem gente que ainda não entendeu o que aconteceu no período 1964 - 1985 e não é capaz de olhar para esse momento histórico sem estar contaminado pelas emoções do que aconteceu na época.
OBS: não avalio filme sem tê-lo visto.
Gênio Indomável
4.2 1,3K Assista AgoraUm filme importante para compreender que mesmo pessoas com grandes talentos podem se sabotar se estiverem com o psicológico fodido e mesmo que tenham grande carga de conhecimento intelectual podem ter dificuldade para cuidar de seus problemas emocionais.
No entanto, eu retirei uma estrelinha porque o autodidatismo em matemática vai até por ali. Achei um tanto quanto exagerado por parte do roteiro propor que um rapaz que nunca estudou em uma universidade pudesse saber mais que professores experientes no assunto. Isso me tirou um pouco da experiência do filme. Acho que não precisava ter apelado tanto. A cena em que ele queima a folha com o cálculo cortou a minha suspensão da descrença.
Mas, no geral, é um excelente filme. Robin Williams está sensacional aqui.
Aquaman
3.7 1,7K Assista AgoraA DC estava tentando fazer filmes de super herói numa pegada sombria e até "cult" às vezes. Não rendeu o lucro que eles esperavam. Então, eles aparentemente toparam seguir a receita de bolo da Marvel. O resultado é esse filme do Aquaman com uma típica história de blockbuster e visual impressionante. Não vi no cinema, mas imagino que o 3D deva ter sido maravilhoso. Para mim, não é o filme mais memorável da DC, mas garante uma boa diversão nível sessão da tarde.
Infiltrado na Klan
4.3 1,9K Assista AgoraQue filme, senhoras e senhores!
A cena do batismo na Klu Klux Klan em contraste com a reunião dos estudantes negros é arrebatadora. Ao mesmo tempo que você sente o tom pesado do relato de uma vítima da Klan, você vê a euforia dos brancos em matar negros. Spike Lee foi muito feliz em mostrar o relato de uma vítima que foi midiatizada para virar filme para os racistas. Quando me dei conta que estava vendo as cenas do filme O Nascimento de Uma Nação e ouvindo a história das pessoas que foram mortas para aparecer naquele filme, minha sensação foi de choque e medo pelas loucuras que o ser humano é capaz de fazer.
Depois disso, tivemos aquele final maravilhoso. Você fica com o coração na mão achando que os supremacistas brancos conseguiriam atingir seus objetivos. Mas por ironia do destino, o racismo implícito dos policiais acaba sendo um tiro pela culatra.
Já o fechamento do filme é algo que merece uma discussão atenta. Spike Lee, que sempre foi tido como um cineasta chato e polêmico por afirmar que brancos não deveriam dirigir filmes sobre negros, deixa claro que não tem nada contra os brancos ao mostrar Heather Heyer, que foi morta em um protesto contra supremacistas brancos em Charlottesvile, 2017. Heyer era uma mulher branca que morreu ao apoiar movimentos antiracistas. Lee se solidariza com a vítima e indica que aceita o apoio de pessoas brancas em defesa dos negros ao trazer a frase "Não há espaço para o ódio".
Todavia, ele não esconde a revolta com o seu país ao mostrar a bandeira dos EUA de ponta cabeça, o que pode soar como uma ofensa aos patriotas de plantão. Quem acompanha a indústria cultural norte americana sabe que a bandeira dos EUA é objeto de adoração e de orgulho dos norte-americanos. Quando Lee a mostra invertida na tela, ele questiona todo esse ufanismo de um país marcadamente racista. Um ato corajoso que pode e vai ser interpretado negativamente por muitos dos seus compatriotas. Para se ter uma ideia, o jogador de Futebol Americano, Colin Kaepernick está sendo durante perseguido nos EUA por fazer um protesto semelhante.
Esse pequeno detalhe pode fazer o filme não ganhar o Oscar. Mas, com certeza, só de chegar a uma indicação já é uma mostra de reconhecimento das manifestações que tem acontecido nos EUA ultimamente. Lee deixa implicitamente a pergunta: "Por que devemos ter orgulho de um país que mata negros e protege os racistas?"
Uma mensagem forte que, dependendo do grau de preconceito, muitos não entenderão.
FYRE Festival: Fiasco no Caribe
3.6 227Em determinado ponto, fiquei aflito pela equipe de trabalho. Estava na cara que o Festival seria um desastre e mesmo assim o pessoal deu tudo si para tentar dar certo. Mas o que me deixou para baixo mesmo foi a tia do restaurante. Os ricos fizeram a lambança e quem se fodeu mesmo foi o povo das Bahamas. Por isso, esse final com equipe falando que Billy tinha algo de genial, apesar de tudo que aconteceu, foi horrível. Sabendo do estrago que ele fez na vida de tantas pessoas, isso chegou a me parecer ofensivo com os personagens que tomaram calote. Se eu fosse o documentarista, com certeza cortaria essa visão.
Black Mirror: Bandersnatch
3.5 1,4KA experiência é digna de Black Mirror.
Inicialmente, você é levado a crer que comanda a história. Vai decidindo e dando rumo ao que o personagem vive. Entretanto, você vai perdendo o controle à medida que o personagem vai enlouquecendo. Você vai voltando como se estivesse em jogo, mas quando se depara com as mesmas situações, as circunstâncias mudaram e o jogo segue novos rumos. Você se questiona se tem mesmo o controle da coisa toda quando então um personagem afirma que sabe que você está vendo todas as possibilidades. Ao reviver as mesmas cenas, você sente o gostinho de loucura de um personagem que vive várias vezes as mesmas coisas como se fosse um pacman tentando encontrar uma saída quando enfim percebe que está preso em um labirinto.
Essa é a sacada genial deste episódio: te fazer crer que está no controle e te tirar tudo isso para te imergir na maluquice do protagonista.
Amadeus
4.4 1,1KA atuação de F. Murray Abraham é incrível, detalhista, emocionante, assustadora...
Que filme esplêndido!
Star Trek: Sem Fronteiras
3.8 566 Assista AgoraRepleto de clichês e soluções fáceis. As motivações do vilão chegam a ser ridículas. Por isso não empolga tanto quanto os dois primeiros. Os pontos fortes se resumem ao aspecto visual e bom humor do filme. Nada mais.
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraO roteiro é tão primoroso que torna a obra perfeita, no meu ponto de vista.
Em determinado momento, o filme questiona o espectador o que é Alan Turing: uma pessoa ou uma máquina? O personagem age como se fosse uma máquina, sempre sendo lógico e até insensível. Mas quando se descobre o porquê do nome da Máquina de Turing, revela-se que por trás daquela dureza lógica e matemática existe um ser humano dos mais incríveis e complexos possíveis.
Ao final da película, a gente sente que o mundo foi cruel demais com Alan Turing. O mundo não estava preparado para receber um ser tão incrível como ele.