Realmente é incrível o que Jon Favreau e Robert Downey Jr. conseguiram fazer com o Homem de Ferro e quão bem sucederam em estabelecer as bases do Universo Cinematográfico da Marvel. A introdução e desenvolvimento do personagem são incríveis e consolidam a interpretação do ator como uma das melhores - se não a melhor - da franquia. O roteiro também tem grande êxito com humor, que é, provavelmente, o mais acertado de todos os filmes, visto que faz todo sentido com a história e com o personagem, não é bobo e nem tira a seriedade de momentos mais dramáticos. Um aspecto também positivo e que achei notável revendo o filme é o seu tom sério e maduro. Não como algo sombrio ou denso, mas isso é visível quando, nos primeiros 15 minutos, já há mortes, sangue - em maior quantidade que em Thor: Ragnarok ou Pantera Negra inteiros -, e sexo. E, embora esteja interpretando um vilão esquecível e sem grande desenvolvimento, Jeff Bridges está ótimo no papel de Obadiah Stane, sendo - além de um dos maiores nomes a já participarem do universo - um dos coadjuvantes com melhor atuação.
Citaria como meus momentos favoritos do filme o início e toda a introdução do Tony Stark, estabelecendo-o já perfeitamente; a relação do personagem com Yinsen e a sensacional primeira aparição da Mark I, uma homenagem excelente à estreia do herói nos quadrinhos; todo o treinamento e a primeira utilização em batalha da Mark III; a primeira utilização da armadura Monge de Ferro pelo Obadiah, em uma cena excelente contra os agentes da SHIELD e a perseguição da Pepper; e, finalmente, a icônica e incrível cena final.
Embora conhecesse um dos trabalhos do diretor e roteirista Armando Iannucci, não posso dizer que o conhecia. No entanto, após assistir A Morte de Stalin, surgiu em mim um grande interesse por ele. É incrível como o roteiro trata do contexto histórico e, principalmente, das tramoias e conspirações políticas envolvendo a sucessão de Stalin - que, vale mencionar, está caracterizado visualmente de forma incrível aqui -, gerando um grande interesse pelos acontecimentos, mesmo que se saiba qual o final. Além disso, o humor é simplesmente excelentes, com momentos realmente hilários e inteligentes. Esses méritos são importantes porque acredito que conseguem deixar o filme agradável até mesmo por aqueles que não tem tanto interesse em questões históricas ou políticas. Não poderia deixar de também elogiar o grande elenco, que é incrível ao todo, mas cujos destaques são Simon Russell Beale, Jeffrey Tambor e Steve Buscemi.
Embora tenha alguns problemas de roteiro, acho que o filme é um retrato histórico bem bacana e competente - embora, de certa forma, incompleto - de uma época deplorável pra história alemã e mundial, mesmo que com um recorte mais específico. Apesar das ótimas atuações de Jason Clarke e Rosamund Pike, a construção da dualidade de Heydrich não atinge um potencial total, embora não seja um desperdício.
É necessário, no entanto, reconhecer um grande mérito do filme: o diretor é extremamente competente conduzindo cenas de ação. A virada da trama para acompanhar a Operação Antropoide trouxe oportunidade de vermos cenas realmente bem empolgantes, filmadas com grande mérito e que tem o tom bastante acertado. Considero o final, inclusive, realmente ótimo.
Não sei se estou perdendo o tato com filmes de super-heróis, mas não achei Pantera Negra tudo isso, o que é uma pena. Fato é que onde ele acerta, ele acerta. O filme tem uma identidade própria que provavelmente é a mais única do Universo Cinematográfico Marvel desde Guardiões da Galáxia. O estilo, que busca dezenas de incríveis inspirações de sociedades africanas, é simplesmente incrível e algo deslumbrante de se ver, tanto no aspecto visual, através da ótima direção de arte e fotografia, no figurino primoroso - que espero que seja lembrado no Oscar 2019 - quanto em detalhes como as danças ritualísticas e outros.
Resumidamente, Wakanda e seu universo, no geral, foram apresentados de forma bem próxima da perfeição, e poderia servir, sozinha, como inspiração para uma franquia própria. Fiquei feliz em ver muitos aspectos importantes e interessantíssimos dos quadrinhos: o ritual de combate para a tentativa de alcançar o posto do rei; a importância do vibranium e sua localização; as diferentes tribos e a diferenciação delas para a do gorila branco, liderada por M'Kabu - um personagem que, apesar de parecer ter duas personalidades diferentes, foi bem interessante e é bem promissor para o futuro; e, principalmente, a narração da origem de Wakanda e de suas tradições, feita já no início do filme através de uma animação bem bacana. Um fator que acho que é bem bacana e que poderia ter sido mais aprofundado são as Dora Milaje, que possuem todo um conceito e tradição por trás, o que pode ser visto, por exemplo, na HQ O Mundo de Wakanda, que recomendo a quem se interesse pelo grupo.
Gosto dos personagens em geral, temos aqui uma importantíssima presença feminina que é muito interessante de se ver. Okoye, Shuri e Nakia são memoráveis e possuem excelentes momentos, embora eu não ache que possuem realmente um grande arco e um desenvolvimento perfeito, como vi muitos apontando. O vilão também é um diferencial por se distanciar do aspecto raso dos demais do MCU - embora se afaste um tanto do material fonte -, possuindo uma motivação bem bacana e trazendo discussões filosóficas e sociais também de grande importância.
O seu final é excelente e a reflexão proposta é poderosíssima: "meus ancestrais que eram carregados em barcos pulavam ao mar e à morte, pois sabiam que ela era melhor que a prisão", ou algo do tipo.
Mesmo assim, ainda acho um pouco exagerado coloca-lo no patamar do Coringa do Heath Ledger, visto que seus efeitos nocivos e o prejuízo que ele deveria levar a Wakanda não são mostrados, o que é um ponto fraquíssimo. Gosto também do Garra Sônica, que, embora esteja um tanto quanto mais histérico que nas HQs, foi um personagem interessante, interpretado com grande mérito pelo sempre ótimo Andy Serkis.
Só achei um GIGANTESCO desperdício terem o matado já aqui, visto que, além de ser provavelmente o maior nêmesis do protagonista nos quadrinhos, possuía um grande potencial e, como já mencionado, era interpretado por um grande ator. Fiquei realmente chateado com isso.
Nesse quesito, os pontos fracos são o personagem do Forest Whitaker,
e do Martin Freeman, esse último parecendo totalmente perdido no filme e utilizado apenas para gerar um alívio cômico aqui ou ali e para estabelecer conexões com o restante do MCU. Espero que seja melhor aproveitado no futuro.
Não consigo encontrar um fator específico que tenha me incomodado em nível absurdo e feito eu não ter adorado o filme, apenas não me diverti e me conectei tanto quanto eu esperava. Talvez uma reassistida mude esse quadro. Agora, eu considero inaceitável a Marvel, que já foi indicada ao Oscar de efeitos especiais diversas vezes - inclusive nesse ano -, deixar passar os efeitos péssimos de Pantera Negra. Temos, aqui, personagens de CGI totalmente artificiais e irreais, no nível de Matrix, personagens extremamente destacados do fundo graças a um mal trabalho no chroma key, efeitos secundários, no geral, fraquíssimos, entre outras coisas. E isso é uma pena pois prejudica demais a excelente direção de arte, que, muitas vezes, embora deslumbrante, não passa um realismo necessário para uma melhor imersão no universo de Wakanda. Além disso, torna ainda pior um dos fatores mais fracos do filme: as cenas de ação. Não temos nenhum momento muito memorável ou grandioso, o que não gera empolgação ou animação, tanto por uma coreografia de qualidade talvez duvidável quanto pelos já mencionados efeitos, que parecem querer deixar claro que grande parte do que é visto na tela foi feito em computador. Até tem um pequeno plano-sequência bacana, embora a parte mais bacana dele seja as transições entre os personagens e não a ação em si.
É um exemplo de filme cuja narrativa otimista e leve demais pra realidade não incomoda tanto graças ao fato de seu tema ser tão bem trabalhado, principalmente no aspecto sensível. Os personagens principais são adoráveis, principalmente o protagonista, interpretado pelo tão promissor Jacob Tremblay, a conexão sensível é estabelecida perfeitamente, o que faz as lágrimas caírem em realmente muitos momentos. Além disso, aborda de maneira justa - ainda que talvez um pouco utópica - um tema importantíssimo, transmitindo, assim, uma mensagem muito bacana.
Como um fã de mistério e do estilo Agatha Christie, muito ansiei por esse filme e não consegui conter minhas expectativas. Infelizmente, o filme não é excelente como eu gostaria, mas de maneira nenhuma é ruim. O visual é deslumbrante, um ponto muito positivo, tendo alguns enquadramentos realmente incríveis. Com certeza algo a ser apreciado. Também gostei muito da introdução do Hercule Poirot, sua excentricidade e habilidade demonstradas antes da trama principal. Na verdade, acho que isso foi fundamental porque, na realidade, a genialidade do personagem me parece não muito bem demonstrada no decorrer. Apesar disso, é inegável a qualidade da atuação de Kenneth Brannagh, muito bem no papel principal tanto nos momentos mais característicos quanto nos emocionais. Inclusive, a questão do maniqueísmo - presente também na obra original - é tratada de uma forma bacana aqui, o que me faz gostar bastante do final e da carga dramática presente nele. Ademais, o elenco é absurdamente sensacional, como já era óbvio antes de assistir. Porém, mesmo já estando preparado pra presença dos atores, é ainda assim incrível vê-los aparecendo um a um e depois vê-los juntos em um só lugar. Além do protagonista, eu destacaria as atuções de Judi Dench - sempre incrível -, Derek Jacobi, Josh Gad e Willem Dafoe. O restante também não fica atrás, mas esses se destacaram pra mim.
É óbvio que em histórias do tipo "Whodunnit" é sempre uma dificuldade estabelecer todos os suspeitos com a mesma profundidade e mesmo desenvolvimento. São muitos personagens, e isso é inevitável. Porém, mesmo assim, acho que esse filme falhou nessa parte, principalmente graças a um outro fator negativo: o crime, aqui, também não está desenvolvido da melhor maneira. O mistério não alcança todo seu potencial de gerar interesse, e a investigação, inegavelmente bacana, não chega ao nível que poderia alcançar. Dessa forma, os personagens suspeitos também são deixados de lado mais do que seria aceitável, o que é uma pena. Não só isso, esse pecado no desenvolvimento do mistério faz com que muitos acontecimentos, após sabermos a resolução, tornem-se um tanto quanto duvidáveis ou controversos. Creio que uns 20, 30 minutos a mais poderiam corrigir esse problema e ainda assim manter o ritmo bem bacana. Outra coisa que me chamou a atenção é que o filme possui algumas caricaturas do gênero detetivesco e do tipo mencionado acima, e devo confessar que não tenho certeza se gosto ou não disso.
De modo geral, Assassinato no Expresso do Oriente é um começo competente para um novo universo de Agatha Christie no cinema, agora já totalmente confirmado. O visual caprichado e o elenco de ponta são características que espero que as sequências mantenham, pois são atrações secundárias mas que fazem a diferença. Ademais, esse filme aqui já provou a capacidade de ter tudo isso com um orçamento bem razoável. PORÉM, como nem tudo é perfeito, acho que esse filme tem uma falha - que me incomodou bastante - por ter ficado muito afoito na hora de criar o gancho para a sequência. No final, nosso queridíssimo Poirot é informado que houve um assassinato no Nilo, tema da trama da sequência. Acontece que, originalmente, o crime acontece com o detetive já presente, o que, na realidade, é fundamental nas investigações. Então, com esse gancho apressado e exagerado, criou-se um problema, que pode ser: 1- a história da sequência vai ser alterada de uma forma um tanto quanto prejudicial; 2- a coesão do universo vai ser prejudicada caso apenas escolham ignorar esse gancho e adaptem a história da forma mais precisa: com Poirot estando presente no momento da realização do assassinato; e 3- vão bolar alguma desculpa, provavelmente não muito crível ou só muito oportuna, para explicar esse pequeno e problemático gancho. De qualquer forma, minha ansiedade para novembro de 2019 já está alta: que venha Morte no Nilo!
Infelizmente vi o remake americano primeiro que o original, há tempos. Então, mesmo não sabendo da relação entre ambos - apesar de ter desconfiado -, já fui percebendo boa parte da trama e as viradas nem foram tão surpreendentes - e, portanto, menos agradáveis - assim. No entanto, a qualidade do filme é inegável, e acho o começo bem interessante, estabelece um tom de mistério e suspense bem bacana. Isso, é claro, com o auxílio da fotografia e direção de arte, ambas belíssimas. O final é realmente incrível. Mesmo que não seja explicadinho, com um pequeno esforço pós-filme é possível captar tudo, afinal, todas as pistas haviam sido dadas, consolidando um roteiro bem fechadinho.
A introdução e o desenvolvimento inicial da personalidade do personagem principal são ótimos, criando uma rápida afeição ao protagonista, graças, também, à atuação ótima de Denzel Washington. Isso ficou claro pra mim quando, no momento de sua - duvidável, de fato - virada moral, eu não conseguia saber ao certo se ficava triste pelo desmanche de sua persona fascinante ou feliz por essa figura singular estar, finalmente, tendo algum tipo de felicidade. Mas o fato é que, a partir daí, o filme se perde um pouco por parecer não saber ao certo o quer mostrar, ignorando diversos aspectos que seriam interessantíssimos de ver ou pelo menos saber - o passado de Roman, exemplos de seu ativismo, entre outros. Ademais, o roteiro faz umas decisões que são demasiadamente oportunas ou apenas não palpáveis, desperdiçando um elemento presente com mérito no trabalho anterior do diretor Dan Gilroy - O Abutre - e que elevaria o nível deste aqui: o realismo.
O grande mérito do filme - além do visual bucólico encantador, providenciado por uma fotografia incrível - pra mim foi o êxito em conseguir gerar um envolvimento emocional. Talvez o fato de esses personagens terem sido parte integrante da minha infância tenha ajudado um pouco, mas a verdade é que me emocionei em diversos momentos, chegando a chorar em alguns. Temos aqui muitas cenas fofas e de aquecer o coração, contando com muito boas atuações de Domhnall Gleeson, Kelly Macdonald e Margot Robbie - apesar da personagem dessa última ser insuportável em 90% do filme.
Apesar disso, é inegável que o filme tem alguns problemas de ritmo e de roteiro. Muitos diálogos são, no mínimo, estranhos - o menino tem algumas falas que parecem ser destinadas a alguém de idade mais avançada - e algumas coisas parecem contraditórias pelo modo que o filme as realiza - por exemplo, o fato do pai ter ajudado o CR a se alistar mesmo quando é mostrado repetidamente o seu trauma. E eu não lembro de ter visto um filme cuja edição seja mais bizarra ou que tenha me incomodado tanto como esse, principalmente no início.
O ritmo é bem bacana e o filme consegue aproximar a família - unida, porém caótica de uma forma notável - do público com grande sucesso, criando uma simpatia - bem curiosa - grande com um banco e com o caso da defesa. Também interessante como vemos entrevistas e argumentos de ambos os lados da questão, embora, é claro, favoreça a parte do banco.
Uma coisa que achei interessantíssima é o fato do aqui protagonista, o simpático dono do banco, ter uma calma e uma atitude zen tão grande que ele nem mesmo precisa mover os lábios para falar.
Após assistir o filme, fica a impressão que a única coisa cativante e positiva é a ótima atuação de Liam Neeson - uma ótima escolha visto que o ator parece transmitir autoridade e poder só de estar presente. E isso é uma pena, pois tratando-se de um dos momentos mais conturbados - e, assim, interessantes - da política americana, o filme parece achar que todos os espectadores já irão assisti-lo sabendo de tudo. Dessa forma, uma trama que tem um potencial inigualável para um thriller político de espionagem, perde-se não só no tom, mas também no roteiro confuso e bagunçado, com cenas um tanto quanto bizarras e desnecessárias, no qual o escândalo de Watergate parece tornar-se mais incompreensível do que antes do filme ser assistido. Não me surpreenderia se muitos acabassem a sessão sem ter a menor ideia do evento histórico do qual o filme trata.
Ao contrário de muitos, achei o ritmo do filme bem bacana. Consegui ficar ligado à tela o tempo todo, mesmo com os momentos em que muitas informações são passadas de uma forma muito acelerada e de difícil compreensão. Somado a isso, um roteiro realmente ótimo e atuações incríveis de Jessica Chastain - sempre maravilhosa - e Idris Elba tornaram A Grande Jogada um ótimo filme.
Por incrível que pareça, as duas horas e meia passaram voando. Não consegui me desprender da tela ou me desligar da história em momento nenhum graças ao tom de mistério muito bem acertado. Não sei o quanto do vilarejo é real e quanto foi construído e moldado para o filme, mas, sendo qualquer um dos dois, ou foi um excelente trabalho de direção de arte ou um achado perfeito, porque o lugarzinho é, por si só, macabro e deprimente o suficiente pra gerar arrepios. A trama, afinal, não é de grande complexidade ou novidade, mas é trabalhada muito bem através da construção de tensão e mistério. Também temos aqui algumas cenas realmente excelentes, como a sequência dos rituais - que, descobri lendo no IMDb, foi filmada de uma só vez.
Confesso que me senti culpado em alguns momentos por dar risadas em cenas nas quais eu não deveria ter rido.
Fiquei tão fascinado por essa história e pelo trio que senti uma grande tristeza ao ler que a neta do Marston rejeitou qualquer sugestão feita pelo filme e que não apoia uma "obra de ficção" desse tipo. Não sei ao certo a veracidade dessa afirmação ou os motivos por trás dela, mas o filme conduz o romance entre os três de uma forma tão incrível que é dificílimo não ficar seduzido. O ritmo também é incrível, tomando o tempo necessário para demonstrar as inspirações para a Mulher-Maravilha, sem focar apenas na criação da personagem, mas ainda assim demonstrando-a de forma muito competente. Não poderia deixar de elogiar a ótima atuação de Rebecca Hall, que é a melhor dentre os três.
Única coisa que me incomodou aqui foi o fato de que a parte da psicologia, e principalmente a teoria do Marston, tem uma importância pairante tanto na relação dele com as mulheres quanto na criação da Mulher-Maravilha e isso parece ficar meio confuso no filme. Não que eu preferisse que o filme caísse em um didatismo sobre os efeitos mentais da submissão, controle e etc, mas acho que esse fator poderia ser um pouco mais desenvolvido. Caso fosse, eu provavelmente não teria achado tão bizarro a demonstração da presença desses elementos nas primeiras HQs da personagem ou as cenas com o trio envolvendo essa questão - que, apesar disso, são belíssimas. O que quero dizer, em suma, é que o filme apresenta isso como "submissão e controle são partes fundamentais da mente humana e são muito presentes nas relações amorosas e importantes para o papel que essa HQ pode desempenhar", mas faltou o "por que é importante? Como isso afeta diretamente?" e etc.
O modo como esse filme parece ter sido vendido é curioso. O próprio nome parecia apontar Marshall como um filme biográfico ou que, pelo menos, tivesse como figura totalmente central o advogado Thurgood Marshall. No entanto, o personagem não está tão em destaque assim, e acaba dividindo bem as atenções com Sam Friedman de modo que um título como "Marshall e Friedman" pareça mais apropriado. Obviamente o personagem-título tem uma importância fundamental e também é bem representado em tela. Muito bacanas são, por exemplo, as demonstrações de alguns macetes - o uso da tinta no copo d'água para demonstrar a quantidade de dúvida razoável - e habilidades - a percepção de personalidades - do advogado. No entanto, o foco aqui não é sua vida ou carreira, mas sim um importante momento de ambas - um caso em que, curiosamente, ele não podia se manifestar.
Dito isso, resta apenas ressaltar que o filme é, na verdade, um drama de tribunal. E, bom, com Marshall, confirmo minhas suspeitas e concluo que sou um grande admirador desse subgênero. Compreendo perfeitamente quem não é muito amigável a ele, e que, por isso, não apreciou tanto. No entanto, embora nem tão inteligente ou surpreendente como outros exemplares, gostei demais. O ritmo pra mim foi ótimo, nunca deixando ser desinteressante acompanhar as argumentações, as artimanhas, as reviravoltas e o processo, no geral. Também precisava destacar as ótimas atuações de Josh Gad e Sterling K. Brown, que, nesse quesito, foram os grandes destaques na minha opinião.
Costumo gostar muito de filmes como esse, que não possuem uma trama definida, mas são meio que um estudo da vida, do cotidiano, de certos indivíduos ou lugares. No entanto, para eu ter esse apreço, preciso gostar do que é estudado "despretensiosamente". Porém, aqui, já na primeira cena, fiquei incomodadíssimo com os personagens principais, e, no decorrer, continuei os achando insuportáveis, irritantes. Os coadjuvantes, principalmente o gerente interpretado pelo Dafoe, me pareceram bem mais interessantes - e suportáveis. É claro, tenho ciência que a intenção é exatamente mostrar essas pessoas complicadas que são esquecidas e deixadas de lado por estarem escondidas sob a magia das "maravilhas" e belezas da cidade de Orlando. E esse contraste é bem bacana e um tema muito interessante a ser abordado, porém realmente fiquei irritado em grande parte do filme.
Apesar disso, é inegável o talento do Sean Baker na direção. O filme é cru, "artesanal" - como disseram abaixo - no melhor sentido da palavra, o que contribui para manter o tom realista e crível do que é visto. Além disso, o visual é incrível, as cores do hotel e da cidade são muito bem aproveitados em enquadramentos de uma beleza notável.
Thriller jornalístico é um subgênero que me agrada bastante, e embora esse não seja o melhor que já assisti, ainda continua sendo um ótimo exemplo. A abordagem da pauta liberdade de imprensa é muito interessante e tem um espaço maior do que eu esperava. Se por um lado isso é bom, senti que, por conta disso, muitos detalhes históricos e uma maior explicação do que exatamente foram os Pentagon Papers foram deixados de lado. As informações vazadas que movimentam a trama são abordadas bem rasamente - muitas vezes apenas através das manchetes que aparecem rapidamente - e um prévio conhecimento histórico é necessário para uma melhor compreensão. Obviamente, o foco do filme não é nesses fatos, mas sim no processo jornalístico que os trouxe à tona, mas creio que a maior exposição deles seria um ponto positivo.
O início tem alguns probleminhas: a linguagem é bem complicada, tratando-se de nomes e ações que são, ainda, desconhecidas do público, o que causa certa confusão; o tom é meio monótono e demora um pouco para engatar e realmente gerar interesse. No entanto, quando engata, o filme realmente não se perde e mantém um bom ritmo até o final. Não achei a Meryl Streep tão sensacional - está ótima, como sempre, mas não sensacional -, embora sua personagem seja interessantíssima e tenha alguns momentos bem bacanas. Tom Hanks está ótimo em um personagem deveras carismático, enquanto os coadjuvantes também não deixam a desejar.
Queria destacar também alguns fatores e cenas que achei muito bacanas. As aparições de Nixon - como se vistas realmente através de uma lente curiosa de jornalista - são feitas de uma forma sensacional, contando, até mesmo, com as gravações de áudio REAIS. Embora bem curtas e rápidas, as cenas em que são mostradas partes da linha de produção através da qual os jornais eram impressos, realmente me fascinaram. Em diversos momentos, há várias demonstrações críticas - algumas mais sutis, outras mais explícitas - bem interessantes da opressão de gênero.
Levando em conta o aspecto aventura, Kong: A Ilha da Caveira é um prato cheio. É divertidíssimo de assistir e não perde tanto o ritmo, embora realmente a duração pudesse ser um pouco menor. O monstro aqui está incrível, protagonizando diversas cenas realmente grandiosas - a chegada dos humanos na ilha e a batalha final são sensacionais. A qualidade desse fator é auxiliado por um ótimo visual, que é difícil não se obter quando o verde florestal é o que preenche a tela. A fotografia é de uma beleza muito grande, gerando enquadramentos realmente incríveis que funcionam perfeitamente como plano de fundo de qualquer lugar. Os efeitos especiais são, em sua grande maioria, ótimos, o que justifica realmente a indicação ao Oscar. No entanto, muitas vezes, os efeitos secundários me incomodaram por parecerem não estar, ao todo, finalizados. Em diversos momentos os personagens aparentam estar destacados do fundo graças a um - é o que parece - medíocre trabalho com a famigerada tela verde.
No entanto, o grande problema aqui é, realmente, o roteiro. Embora o ambiente da ilha seja interessante, principalmente, graças às suas criaturas, não é fácil lembrar, após assistir, o porquê dela se chamar "ilha das caveiras". Além disso, os personagens são extremamente rasos e possuem quase nenhum desenvolvimento, sendo o apreço por eles derivado apenas de uma possível afeição pelos seus atores. Apesar disso, é muito divertido ver diversos deles - inclusive alguns dos que talvez possamos chamar de "principais" - morrerem, embora jamais seja possível sentir algum tipo de emoção que não seja o prazer primitivo pela violência.
Enfim, mesmo tendo em vista o grande problema, o tom de aventura e o visual de uma beleza grandiosa me mantiveram entretido durante o filme. Então, não acharia justo não dar uma avaliação positiva.
Pelo que li, esse filme é apenas levemente inspirado na HQ de mesmo nome, visto que a história segue um rumo completamente diferente, com diversos personagens existentes na HQ não aparecendo aqui e vice-versa. Me parece, então, que souberam aproveitar bem essa inspiração, visto que a ambientação é muito bacana e resgata diversos elementos da mitologia Batman original - a que não se passa nos Elseworlds - de uma forma também bem competente. Talvez tenha faltado um maior aprofundamento do personagem principal - embora todo mundo já saiba a origem, o modus operandis e etc do herói, acho que seria interessante ver mais disso nessa história. Outro ponto positivo é toda a virada em relação ao vilão, que subverte algumas noções do universo de formas que não estamos acostumados a ver.
Obviamente, o ponto principal disso é termos James Gordon como o vilão, apesar de ter achado sua motivação e todo seu discurso no final um tanto quanto... nhe.
Somado à história e à ambientação, outro fator que torna esse filme superior aos outros lançamentos recentes da DC - que estão, no geral, bem medíocres - é a animação. Aqui, em Gotham by Gaslight, não posso reclamar como tenho feito em 100% dos outros longas. Os movimentos dos personagens estão, agora sim, fluidos - o que aprimora demais as cenas de ação - e não mais há o incômodo com aqueles momentos em que parece que conseguimos ver claramente a transição entre os frames, nos quais os personagens parecem paralisar por pequenos instantes.
Perplexidade é tudo que consegui sentir após assistir esse filme. É uma loucura se deparar com uma história como essa e perceber que ela é real. Mesmo se dermos crédito à dúvida não razoável e considerarmos toda a trama como resquícios do tipo primário de esquizofrenia de Grigory, ainda assim seria uma coisa muito cinematográfica para ser crível. E, no entanto, é a realidade. Como alguns disseram abaixo, se essa história fosse a trama de um filme de ficção, ele seria criticado por sua irrealidade e inverossimilhança. O processo da troca dos frascos de urina poderia facilmente ser dirigido por Steven Sodebergh.
Realmente abre a cabeça para reflexões - e, principalmente, paranoias, até mesmo para os menos conspiracionistas - sobre até onde e em que setores a corrupção se emaranha ao redor do mundo e como coisas que parecem tão simples podem ter uma grande trama perversa por trás.
Durante grande parte do filme, eu fiquei simplesmente incrédulo de pensar que é tudo baseado em uma história real. Tommy Wiseau é uma figura - como dito aqui - única e misteriosa e Artista do Desastre consegue contar sua história e retratá-lo de uma forma incrível. James Franco está sensacional no papel e mereceria grande prestígio e uma indicação ao Oscar se não fosse por suas atitudes. Também gosto muito da atuação de seu irmão, Dave Franco.
Um ponto muito positivo do filme ao trabalhar o seu protagonista é o misto de reações que consegue causar. A curiosidade por essa figura tão singular - cuja idade realmente é um mistério, visto que uma rápida pesquisa na internet entrega duas diferentes - toma a forma de uma certa afeição por sua personalidade sonhadora, uma espécie de desprezo por suas ações controversas no set de filmagem e uma grande condolência em diversos momentos - ou foi só eu? Além disso, o tom leve bem-humorado ainda consegue fazer um retrato do backstage, de como os filmes são produzidos e todo o aparato por trás deles - ainda que através de um exemplar não tão formidável.
Realmente gostei muito, um dos melhores filmes dessa temporada de premiações na minha opinião.
De uma beleza realmente grandiosa. O contraste entre o ambiente em que o sentimento surge e o próprio sentimento é muito curioso. O filme trabalha a relação dos personagens e uma forma bem calma e lenta - além de utilizar muito do silêncio -, o que pode afastar algumas pessoas. A personagem Mária é interessantíssima e todo o seu comportamento afastado e singular é mostrado de uma forma excelente e com uma naturalidade admirável - algo que poderia ter ficado de uma artificialidade tamanha não fosse o conjunto entre direção, atuação e roteiro. Fiquei realmente fascinado pela personagem, tanto que confesso que fiquei torcendo para que, de alguma forma, o filme mostrasse parte do seu passado e, quem sabe, motivos ou explicações para seu modo de ser - não fica claro se é algum transtorno ou algo relacionado a um passado traumático, embora várias cenas possam dar certas pistas.
Como, surpreendentemente, a minha interpretação do encerramento foi uma versão otimista, só tive um certo probleminha com o final. Acho que, se uns 2 minutinhos fossem cortados, o final seria perfeito.
Meu pensamento foi: a cena final, da floresta desaparecendo, poderia ter seguido o take da Maria fechando os olhos. Assim, a parte que se passa na manhã seguinte não existiria.
Realmente incrível. A longa duração do filme faz todo sentido quando visualizamos como a relação dos dois personagens é desenvolvida - muito mais que ambos individualmente, inclusive, o que, nesse caso, não é um problema - de forma gradual e em um crescendo muito bacana. Não há uma viva alma que possa dizer que os sentimentos foram forçados ou que os fatos foram acelerados a ponto de se tornarem inverossímeis.
É notável, também, como Luca Guadagnino conduz com uma sensibilidade e uma naturalidade admiráveis. Tudo isso apoiado em uma bela fotografia e em ótimas atuações de todo o elenco. O final do filme é de uma beleza extraordinária tanto graças ao monólogo aqui tão mencionado quanto aos créditos finais. Para os mais sensíveis - ou até mesmo para aqueles nem tão assim, como eu -, esses momentos podem gerar reflexões muito interessantes e um tanto quanto pesadas em relação a experiências próprias.
Homem de Ferro
3.9 1,5K Assista AgoraRealmente é incrível o que Jon Favreau e Robert Downey Jr. conseguiram fazer com o Homem de Ferro e quão bem sucederam em estabelecer as bases do Universo Cinematográfico da Marvel. A introdução e desenvolvimento do personagem são incríveis e consolidam a interpretação do ator como uma das melhores - se não a melhor - da franquia. O roteiro também tem grande êxito com humor, que é, provavelmente, o mais acertado de todos os filmes, visto que faz todo sentido com a história e com o personagem, não é bobo e nem tira a seriedade de momentos mais dramáticos. Um aspecto também positivo e que achei notável revendo o filme é o seu tom sério e maduro. Não como algo sombrio ou denso, mas isso é visível quando, nos primeiros 15 minutos, já há mortes, sangue - em maior quantidade que em Thor: Ragnarok ou Pantera Negra inteiros -, e sexo. E, embora esteja interpretando um vilão esquecível e sem grande desenvolvimento, Jeff Bridges está ótimo no papel de Obadiah Stane, sendo - além de um dos maiores nomes a já participarem do universo - um dos coadjuvantes com melhor atuação.
Citaria como meus momentos favoritos do filme o início e toda a introdução do Tony Stark, estabelecendo-o já perfeitamente; a relação do personagem com Yinsen e a sensacional primeira aparição da Mark I, uma homenagem excelente à estreia do herói nos quadrinhos; todo o treinamento e a primeira utilização em batalha da Mark III; a primeira utilização da armadura Monge de Ferro pelo Obadiah, em uma cena excelente contra os agentes da SHIELD e a perseguição da Pepper; e, finalmente, a icônica e incrível cena final.
A Morte de Stalin
3.6 134 Assista AgoraEmbora conhecesse um dos trabalhos do diretor e roteirista Armando Iannucci, não posso dizer que o conhecia. No entanto, após assistir A Morte de Stalin, surgiu em mim um grande interesse por ele. É incrível como o roteiro trata do contexto histórico e, principalmente, das tramoias e conspirações políticas envolvendo a sucessão de Stalin - que, vale mencionar, está caracterizado visualmente de forma incrível aqui -, gerando um grande interesse pelos acontecimentos, mesmo que se saiba qual o final. Além disso, o humor é simplesmente excelentes, com momentos realmente hilários e inteligentes. Esses méritos são importantes porque acredito que conseguem deixar o filme agradável até mesmo por aqueles que não tem tanto interesse em questões históricas ou políticas. Não poderia deixar de também elogiar o grande elenco, que é incrível ao todo, mas cujos destaques são Simon Russell Beale, Jeffrey Tambor e Steve Buscemi.
The Man With the Iron Heart
3.4 37Embora tenha alguns problemas de roteiro, acho que o filme é um retrato histórico bem bacana e competente - embora, de certa forma, incompleto - de uma época deplorável pra história alemã e mundial, mesmo que com um recorte mais específico. Apesar das ótimas atuações de Jason Clarke e Rosamund Pike, a construção da dualidade de Heydrich não atinge um potencial total, embora não seja um desperdício.
É necessário, no entanto, reconhecer um grande mérito do filme: o diretor é extremamente competente conduzindo cenas de ação. A virada da trama para acompanhar a Operação Antropoide trouxe oportunidade de vermos cenas realmente bem empolgantes, filmadas com grande mérito e que tem o tom bastante acertado. Considero o final, inclusive, realmente ótimo.
Pantera Negra
4.2 2,3K Assista AgoraNão sei se estou perdendo o tato com filmes de super-heróis, mas não achei Pantera Negra tudo isso, o que é uma pena. Fato é que onde ele acerta, ele acerta. O filme tem uma identidade própria que provavelmente é a mais única do Universo Cinematográfico Marvel desde Guardiões da Galáxia. O estilo, que busca dezenas de incríveis inspirações de sociedades africanas, é simplesmente incrível e algo deslumbrante de se ver, tanto no aspecto visual, através da ótima direção de arte e fotografia, no figurino primoroso - que espero que seja lembrado no Oscar 2019 - quanto em detalhes como as danças ritualísticas e outros.
Resumidamente, Wakanda e seu universo, no geral, foram apresentados de forma bem próxima da perfeição, e poderia servir, sozinha, como inspiração para uma franquia própria. Fiquei feliz em ver muitos aspectos importantes e interessantíssimos dos quadrinhos: o ritual de combate para a tentativa de alcançar o posto do rei; a importância do vibranium e sua localização; as diferentes tribos e a diferenciação delas para a do gorila branco, liderada por M'Kabu - um personagem que, apesar de parecer ter duas personalidades diferentes, foi bem interessante e é bem promissor para o futuro; e, principalmente, a narração da origem de Wakanda e de suas tradições, feita já no início do filme através de uma animação bem bacana. Um fator que acho que é bem bacana e que poderia ter sido mais aprofundado são as Dora Milaje, que possuem todo um conceito e tradição por trás, o que pode ser visto, por exemplo, na HQ O Mundo de Wakanda, que recomendo a quem se interesse pelo grupo.
Gosto dos personagens em geral, temos aqui uma importantíssima presença feminina que é muito interessante de se ver. Okoye, Shuri e Nakia são memoráveis e possuem excelentes momentos, embora eu não ache que possuem realmente um grande arco e um desenvolvimento perfeito, como vi muitos apontando. O vilão também é um diferencial por se distanciar do aspecto raso dos demais do MCU - embora se afaste um tanto do material fonte -, possuindo uma motivação bem bacana e trazendo discussões filosóficas e sociais também de grande importância.
O seu final é excelente e a reflexão proposta é poderosíssima: "meus ancestrais que eram carregados em barcos pulavam ao mar e à morte, pois sabiam que ela era melhor que a prisão", ou algo do tipo.
Só achei um GIGANTESCO desperdício terem o matado já aqui, visto que, além de ser provavelmente o maior nêmesis do protagonista nos quadrinhos, possuía um grande potencial e, como já mencionado, era interpretado por um grande ator. Fiquei realmente chateado com isso.
usado e descartado de forma bem esquecível
Não consigo encontrar um fator específico que tenha me incomodado em nível absurdo e feito eu não ter adorado o filme, apenas não me diverti e me conectei tanto quanto eu esperava. Talvez uma reassistida mude esse quadro. Agora, eu considero inaceitável a Marvel, que já foi indicada ao Oscar de efeitos especiais diversas vezes - inclusive nesse ano -, deixar passar os efeitos péssimos de Pantera Negra. Temos, aqui, personagens de CGI totalmente artificiais e irreais, no nível de Matrix, personagens extremamente destacados do fundo graças a um mal trabalho no chroma key, efeitos secundários, no geral, fraquíssimos, entre outras coisas. E isso é uma pena pois prejudica demais a excelente direção de arte, que, muitas vezes, embora deslumbrante, não passa um realismo necessário para uma melhor imersão no universo de Wakanda. Além disso, torna ainda pior um dos fatores mais fracos do filme: as cenas de ação. Não temos nenhum momento muito memorável ou grandioso, o que não gera empolgação ou animação, tanto por uma coreografia de qualidade talvez duvidável quanto pelos já mencionados efeitos, que parecem querer deixar claro que grande parte do que é visto na tela foi feito em computador. Até tem um pequeno plano-sequência bacana, embora a parte mais bacana dele seja as transições entre os personagens e não a ação em si.
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraÉ um exemplo de filme cuja narrativa otimista e leve demais pra realidade não incomoda tanto graças ao fato de seu tema ser tão bem trabalhado, principalmente no aspecto sensível. Os personagens principais são adoráveis, principalmente o protagonista, interpretado pelo tão promissor Jacob Tremblay, a conexão sensível é estabelecida perfeitamente, o que faz as lágrimas caírem em realmente muitos momentos. Além disso, aborda de maneira justa - ainda que talvez um pouco utópica - um tema importantíssimo, transmitindo, assim, uma mensagem muito bacana.
Assassinato no Expresso do Oriente
3.4 938 Assista AgoraComo um fã de mistério e do estilo Agatha Christie, muito ansiei por esse filme e não consegui conter minhas expectativas. Infelizmente, o filme não é excelente como eu gostaria, mas de maneira nenhuma é ruim. O visual é deslumbrante, um ponto muito positivo, tendo alguns enquadramentos realmente incríveis. Com certeza algo a ser apreciado. Também gostei muito da introdução do Hercule Poirot, sua excentricidade e habilidade demonstradas antes da trama principal. Na verdade, acho que isso foi fundamental porque, na realidade, a genialidade do personagem me parece não muito bem demonstrada no decorrer. Apesar disso, é inegável a qualidade da atuação de Kenneth Brannagh, muito bem no papel principal tanto nos momentos mais característicos quanto nos emocionais. Inclusive, a questão do maniqueísmo - presente também na obra original - é tratada de uma forma bacana aqui, o que me faz gostar bastante do final e da carga dramática presente nele. Ademais, o elenco é absurdamente sensacional, como já era óbvio antes de assistir. Porém, mesmo já estando preparado pra presença dos atores, é ainda assim incrível vê-los aparecendo um a um e depois vê-los juntos em um só lugar. Além do protagonista, eu destacaria as atuções de Judi Dench - sempre incrível -, Derek Jacobi, Josh Gad e Willem Dafoe. O restante também não fica atrás, mas esses se destacaram pra mim.
É óbvio que em histórias do tipo "Whodunnit" é sempre uma dificuldade estabelecer todos os suspeitos com a mesma profundidade e mesmo desenvolvimento. São muitos personagens, e isso é inevitável. Porém, mesmo assim, acho que esse filme falhou nessa parte, principalmente graças a um outro fator negativo: o crime, aqui, também não está desenvolvido da melhor maneira. O mistério não alcança todo seu potencial de gerar interesse, e a investigação, inegavelmente bacana, não chega ao nível que poderia alcançar. Dessa forma, os personagens suspeitos também são deixados de lado mais do que seria aceitável, o que é uma pena. Não só isso, esse pecado no desenvolvimento do mistério faz com que muitos acontecimentos, após sabermos a resolução, tornem-se um tanto quanto duvidáveis ou controversos. Creio que uns 20, 30 minutos a mais poderiam corrigir esse problema e ainda assim manter o ritmo bem bacana. Outra coisa que me chamou a atenção é que o filme possui algumas caricaturas do gênero detetivesco e do tipo mencionado acima, e devo confessar que não tenho certeza se gosto ou não disso.
De modo geral, Assassinato no Expresso do Oriente é um começo competente para um novo universo de Agatha Christie no cinema, agora já totalmente confirmado. O visual caprichado e o elenco de ponta são características que espero que as sequências mantenham, pois são atrações secundárias mas que fazem a diferença. Ademais, esse filme aqui já provou a capacidade de ter tudo isso com um orçamento bem razoável. PORÉM, como nem tudo é perfeito, acho que esse filme tem uma falha - que me incomodou bastante - por ter ficado muito afoito na hora de criar o gancho para a sequência. No final, nosso queridíssimo Poirot é informado que houve um assassinato no Nilo, tema da trama da sequência. Acontece que, originalmente, o crime acontece com o detetive já presente, o que, na realidade, é fundamental nas investigações. Então, com esse gancho apressado e exagerado, criou-se um problema, que pode ser: 1- a história da sequência vai ser alterada de uma forma um tanto quanto prejudicial; 2- a coesão do universo vai ser prejudicada caso apenas escolham ignorar esse gancho e adaptem a história da forma mais precisa: com Poirot estando presente no momento da realização do assassinato; e 3- vão bolar alguma desculpa, provavelmente não muito crível ou só muito oportuna, para explicar esse pequeno e problemático gancho. De qualquer forma, minha ansiedade para novembro de 2019 já está alta: que venha Morte no Nilo!
Medo
3.5 421 Assista AgoraInfelizmente vi o remake americano primeiro que o original, há tempos. Então, mesmo não sabendo da relação entre ambos - apesar de ter desconfiado -, já fui percebendo boa parte da trama e as viradas nem foram tão surpreendentes - e, portanto, menos agradáveis - assim. No entanto, a qualidade do filme é inegável, e acho o começo bem interessante, estabelece um tom de mistério e suspense bem bacana. Isso, é claro, com o auxílio da fotografia e direção de arte, ambas belíssimas. O final é realmente incrível. Mesmo que não seja explicadinho, com um pequeno esforço pós-filme é possível captar tudo, afinal, todas as pistas haviam sido dadas, consolidando um roteiro bem fechadinho.
Roman J. Israel
3.2 209 Assista AgoraA introdução e o desenvolvimento inicial da personalidade do personagem principal são ótimos, criando uma rápida afeição ao protagonista, graças, também, à atuação ótima de Denzel Washington. Isso ficou claro pra mim quando, no momento de sua - duvidável, de fato - virada moral, eu não conseguia saber ao certo se ficava triste pelo desmanche de sua persona fascinante ou feliz por essa figura singular estar, finalmente, tendo algum tipo de felicidade. Mas o fato é que, a partir daí, o filme se perde um pouco por parecer não saber ao certo o quer mostrar, ignorando diversos aspectos que seriam interessantíssimos de ver ou pelo menos saber - o passado de Roman, exemplos de seu ativismo, entre outros. Ademais, o roteiro faz umas decisões que são demasiadamente oportunas ou apenas não palpáveis, desperdiçando um elemento presente com mérito no trabalho anterior do diretor Dan Gilroy - O Abutre - e que elevaria o nível deste aqui: o realismo.
Adeus, Christopher Robin
3.7 129 Assista AgoraO grande mérito do filme - além do visual bucólico encantador, providenciado por uma fotografia incrível - pra mim foi o êxito em conseguir gerar um envolvimento emocional. Talvez o fato de esses personagens terem sido parte integrante da minha infância tenha ajudado um pouco, mas a verdade é que me emocionei em diversos momentos, chegando a chorar em alguns. Temos aqui muitas cenas fofas e de aquecer o coração, contando com muito boas atuações de Domhnall Gleeson, Kelly Macdonald e Margot Robbie - apesar da personagem dessa última ser insuportável em 90% do filme.
Apesar disso, é inegável que o filme tem alguns problemas de ritmo e de roteiro. Muitos diálogos são, no mínimo, estranhos - o menino tem algumas falas que parecem ser destinadas a alguém de idade mais avançada - e algumas coisas parecem contraditórias pelo modo que o filme as realiza - por exemplo, o fato do pai ter ajudado o CR a se alistar mesmo quando é mostrado repetidamente o seu trauma. E eu não lembro de ter visto um filme cuja edição seja mais bizarra ou que tenha me incomodado tanto como esse, principalmente no início.
Abacus: Pequeno o Bastante para Condenar
3.3 22O ritmo é bem bacana e o filme consegue aproximar a família - unida, porém caótica de uma forma notável - do público com grande sucesso, criando uma simpatia - bem curiosa - grande com um banco e com o caso da defesa. Também interessante como vemos entrevistas e argumentos de ambos os lados da questão, embora, é claro, favoreça a parte do banco.
Uma coisa que achei interessantíssima é o fato do aqui protagonista, o simpático dono do banco, ter uma calma e uma atitude zen tão grande que ele nem mesmo precisa mover os lábios para falar.
Mark Felt: O Homem que Derrubou a Casa Branca
3.2 36 Assista AgoraApós assistir o filme, fica a impressão que a única coisa cativante e positiva é a ótima atuação de Liam Neeson - uma ótima escolha visto que o ator parece transmitir autoridade e poder só de estar presente. E isso é uma pena, pois tratando-se de um dos momentos mais conturbados - e, assim, interessantes - da política americana, o filme parece achar que todos os espectadores já irão assisti-lo sabendo de tudo. Dessa forma, uma trama que tem um potencial inigualável para um thriller político de espionagem, perde-se não só no tom, mas também no roteiro confuso e bagunçado, com cenas um tanto quanto bizarras e desnecessárias, no qual o escândalo de Watergate parece tornar-se mais incompreensível do que antes do filme ser assistido. Não me surpreenderia se muitos acabassem a sessão sem ter a menor ideia do evento histórico do qual o filme trata.
A Grande Jogada
3.7 342 Assista AgoraAo contrário de muitos, achei o ritmo do filme bem bacana. Consegui ficar ligado à tela o tempo todo, mesmo com os momentos em que muitas informações são passadas de uma forma muito acelerada e de difícil compreensão. Somado a isso, um roteiro realmente ótimo e atuações incríveis de Jessica Chastain - sempre maravilhosa - e Idris Elba tornaram A Grande Jogada um ótimo filme.
O Lamento
3.9 431 Assista AgoraPor incrível que pareça, as duas horas e meia passaram voando. Não consegui me desprender da tela ou me desligar da história em momento nenhum graças ao tom de mistério muito bem acertado. Não sei o quanto do vilarejo é real e quanto foi construído e moldado para o filme, mas, sendo qualquer um dos dois, ou foi um excelente trabalho de direção de arte ou um achado perfeito, porque o lugarzinho é, por si só, macabro e deprimente o suficiente pra gerar arrepios. A trama, afinal, não é de grande complexidade ou novidade, mas é trabalhada muito bem através da construção de tensão e mistério. Também temos aqui algumas cenas realmente excelentes, como a sequência dos rituais - que, descobri lendo no IMDb, foi filmada de uma só vez.
Confesso que me senti culpado em alguns momentos por dar risadas em cenas nas quais eu não deveria ter rido.
The Wailing
3.0 3Hmmmmm, sei não, hein...
Professor Marston e as Mulheres Maravilhas
3.9 168 Assista AgoraFiquei tão fascinado por essa história e pelo trio que senti uma grande tristeza ao ler que a neta do Marston rejeitou qualquer sugestão feita pelo filme e que não apoia uma "obra de ficção" desse tipo. Não sei ao certo a veracidade dessa afirmação ou os motivos por trás dela, mas o filme conduz o romance entre os três de uma forma tão incrível que é dificílimo não ficar seduzido. O ritmo também é incrível, tomando o tempo necessário para demonstrar as inspirações para a Mulher-Maravilha, sem focar apenas na criação da personagem, mas ainda assim demonstrando-a de forma muito competente. Não poderia deixar de elogiar a ótima atuação de Rebecca Hall, que é a melhor dentre os três.
Única coisa que me incomodou aqui foi o fato de que a parte da psicologia, e principalmente a teoria do Marston, tem uma importância pairante tanto na relação dele com as mulheres quanto na criação da Mulher-Maravilha e isso parece ficar meio confuso no filme. Não que eu preferisse que o filme caísse em um didatismo sobre os efeitos mentais da submissão, controle e etc, mas acho que esse fator poderia ser um pouco mais desenvolvido. Caso fosse, eu provavelmente não teria achado tão bizarro a demonstração da presença desses elementos nas primeiras HQs da personagem ou as cenas com o trio envolvendo essa questão - que, apesar disso, são belíssimas. O que quero dizer, em suma, é que o filme apresenta isso como "submissão e controle são partes fundamentais da mente humana e são muito presentes nas relações amorosas e importantes para o papel que essa HQ pode desempenhar", mas faltou o "por que é importante? Como isso afeta diretamente?" e etc.
Marshall: Igualdade e Justiça
3.8 130 Assista AgoraO modo como esse filme parece ter sido vendido é curioso. O próprio nome parecia apontar Marshall como um filme biográfico ou que, pelo menos, tivesse como figura totalmente central o advogado Thurgood Marshall. No entanto, o personagem não está tão em destaque assim, e acaba dividindo bem as atenções com Sam Friedman de modo que um título como "Marshall e Friedman" pareça mais apropriado. Obviamente o personagem-título tem uma importância fundamental e também é bem representado em tela. Muito bacanas são, por exemplo, as demonstrações de alguns macetes - o uso da tinta no copo d'água para demonstrar a quantidade de dúvida razoável - e habilidades - a percepção de personalidades - do advogado. No entanto, o foco aqui não é sua vida ou carreira, mas sim um importante momento de ambas - um caso em que, curiosamente, ele não podia se manifestar.
Dito isso, resta apenas ressaltar que o filme é, na verdade, um drama de tribunal. E, bom, com Marshall, confirmo minhas suspeitas e concluo que sou um grande admirador desse subgênero. Compreendo perfeitamente quem não é muito amigável a ele, e que, por isso, não apreciou tanto. No entanto, embora nem tão inteligente ou surpreendente como outros exemplares, gostei demais. O ritmo pra mim foi ótimo, nunca deixando ser desinteressante acompanhar as argumentações, as artimanhas, as reviravoltas e o processo, no geral. Também precisava destacar as ótimas atuações de Josh Gad e Sterling K. Brown, que, nesse quesito, foram os grandes destaques na minha opinião.
Projeto Flórida
4.1 1,0KCostumo gostar muito de filmes como esse, que não possuem uma trama definida, mas são meio que um estudo da vida, do cotidiano, de certos indivíduos ou lugares. No entanto, para eu ter esse apreço, preciso gostar do que é estudado "despretensiosamente". Porém, aqui, já na primeira cena, fiquei incomodadíssimo com os personagens principais, e, no decorrer, continuei os achando insuportáveis, irritantes. Os coadjuvantes, principalmente o gerente interpretado pelo Dafoe, me pareceram bem mais interessantes - e suportáveis. É claro, tenho ciência que a intenção é exatamente mostrar essas pessoas complicadas que são esquecidas e deixadas de lado por estarem escondidas sob a magia das "maravilhas" e belezas da cidade de Orlando. E esse contraste é bem bacana e um tema muito interessante a ser abordado, porém realmente fiquei irritado em grande parte do filme.
Apesar disso, é inegável o talento do Sean Baker na direção. O filme é cru, "artesanal" - como disseram abaixo - no melhor sentido da palavra, o que contribui para manter o tom realista e crível do que é visto. Além disso, o visual é incrível, as cores do hotel e da cidade são muito bem aproveitados em enquadramentos de uma beleza notável.
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista AgoraThriller jornalístico é um subgênero que me agrada bastante, e embora esse não seja o melhor que já assisti, ainda continua sendo um ótimo exemplo. A abordagem da pauta liberdade de imprensa é muito interessante e tem um espaço maior do que eu esperava. Se por um lado isso é bom, senti que, por conta disso, muitos detalhes históricos e uma maior explicação do que exatamente foram os Pentagon Papers foram deixados de lado. As informações vazadas que movimentam a trama são abordadas bem rasamente - muitas vezes apenas através das manchetes que aparecem rapidamente - e um prévio conhecimento histórico é necessário para uma melhor compreensão. Obviamente, o foco do filme não é nesses fatos, mas sim no processo jornalístico que os trouxe à tona, mas creio que a maior exposição deles seria um ponto positivo.
O início tem alguns probleminhas: a linguagem é bem complicada, tratando-se de nomes e ações que são, ainda, desconhecidas do público, o que causa certa confusão; o tom é meio monótono e demora um pouco para engatar e realmente gerar interesse. No entanto, quando engata, o filme realmente não se perde e mantém um bom ritmo até o final. Não achei a Meryl Streep tão sensacional - está ótima, como sempre, mas não sensacional -, embora sua personagem seja interessantíssima e tenha alguns momentos bem bacanas. Tom Hanks está ótimo em um personagem deveras carismático, enquanto os coadjuvantes também não deixam a desejar.
Queria destacar também alguns fatores e cenas que achei muito bacanas. As aparições de Nixon - como se vistas realmente através de uma lente curiosa de jornalista - são feitas de uma forma sensacional, contando, até mesmo, com as gravações de áudio REAIS. Embora bem curtas e rápidas, as cenas em que são mostradas partes da linha de produção através da qual os jornais eram impressos, realmente me fascinaram. Em diversos momentos, há várias demonstrações críticas - algumas mais sutis, outras mais explícitas - bem interessantes da opressão de gênero.
Kong: A Ilha da Caveira
3.3 1,2K Assista AgoraLevando em conta o aspecto aventura, Kong: A Ilha da Caveira é um prato cheio. É divertidíssimo de assistir e não perde tanto o ritmo, embora realmente a duração pudesse ser um pouco menor. O monstro aqui está incrível, protagonizando diversas cenas realmente grandiosas - a chegada dos humanos na ilha e a batalha final são sensacionais. A qualidade desse fator é auxiliado por um ótimo visual, que é difícil não se obter quando o verde florestal é o que preenche a tela. A fotografia é de uma beleza muito grande, gerando enquadramentos realmente incríveis que funcionam perfeitamente como plano de fundo de qualquer lugar. Os efeitos especiais são, em sua grande maioria, ótimos, o que justifica realmente a indicação ao Oscar. No entanto, muitas vezes, os efeitos secundários me incomodaram por parecerem não estar, ao todo, finalizados. Em diversos momentos os personagens aparentam estar destacados do fundo graças a um - é o que parece - medíocre trabalho com a famigerada tela verde.
No entanto, o grande problema aqui é, realmente, o roteiro. Embora o ambiente da ilha seja interessante, principalmente, graças às suas criaturas, não é fácil lembrar, após assistir, o porquê dela se chamar "ilha das caveiras". Além disso, os personagens são extremamente rasos e possuem quase nenhum desenvolvimento, sendo o apreço por eles derivado apenas de uma possível afeição pelos seus atores. Apesar disso, é muito divertido ver diversos deles - inclusive alguns dos que talvez possamos chamar de "principais" - morrerem, embora jamais seja possível sentir algum tipo de emoção que não seja o prazer primitivo pela violência.
Enfim, mesmo tendo em vista o grande problema, o tom de aventura e o visual de uma beleza grandiosa me mantiveram entretido durante o filme. Então, não acharia justo não dar uma avaliação positiva.
Um Conto de Batman: Gotham City 1889
3.6 104Pelo que li, esse filme é apenas levemente inspirado na HQ de mesmo nome, visto que a história segue um rumo completamente diferente, com diversos personagens existentes na HQ não aparecendo aqui e vice-versa. Me parece, então, que souberam aproveitar bem essa inspiração, visto que a ambientação é muito bacana e resgata diversos elementos da mitologia Batman original - a que não se passa nos Elseworlds - de uma forma também bem competente. Talvez tenha faltado um maior aprofundamento do personagem principal - embora todo mundo já saiba a origem, o modus operandis e etc do herói, acho que seria interessante ver mais disso nessa história. Outro ponto positivo é toda a virada em relação ao vilão, que subverte algumas noções do universo de formas que não estamos acostumados a ver.
Obviamente, o ponto principal disso é termos James Gordon como o vilão, apesar de ter achado sua motivação e todo seu discurso no final um tanto quanto... nhe.
Somado à história e à ambientação, outro fator que torna esse filme superior aos outros lançamentos recentes da DC - que estão, no geral, bem medíocres - é a animação. Aqui, em Gotham by Gaslight, não posso reclamar como tenho feito em 100% dos outros longas. Os movimentos dos personagens estão, agora sim, fluidos - o que aprimora demais as cenas de ação - e não mais há o incômodo com aqueles momentos em que parece que conseguimos ver claramente a transição entre os frames, nos quais os personagens parecem paralisar por pequenos instantes.
Ícaro
4.0 125 Assista AgoraPerplexidade é tudo que consegui sentir após assistir esse filme. É uma loucura se deparar com uma história como essa e perceber que ela é real. Mesmo se dermos crédito à dúvida não razoável e considerarmos toda a trama como resquícios do tipo primário de esquizofrenia de Grigory, ainda assim seria uma coisa muito cinematográfica para ser crível. E, no entanto, é a realidade. Como alguns disseram abaixo, se essa história fosse a trama de um filme de ficção, ele seria criticado por sua irrealidade e inverossimilhança. O processo da troca dos frascos de urina poderia facilmente ser dirigido por Steven Sodebergh.
Realmente abre a cabeça para reflexões - e, principalmente, paranoias, até mesmo para os menos conspiracionistas - sobre até onde e em que setores a corrupção se emaranha ao redor do mundo e como coisas que parecem tão simples podem ter uma grande trama perversa por trás.
Artista do Desastre
3.8 554 Assista AgoraDurante grande parte do filme, eu fiquei simplesmente incrédulo de pensar que é tudo baseado em uma história real. Tommy Wiseau é uma figura - como dito aqui - única e misteriosa e Artista do Desastre consegue contar sua história e retratá-lo de uma forma incrível. James Franco está sensacional no papel e mereceria grande prestígio e uma indicação ao Oscar se não fosse por suas atitudes. Também gosto muito da atuação de seu irmão, Dave Franco.
Um ponto muito positivo do filme ao trabalhar o seu protagonista é o misto de reações que consegue causar. A curiosidade por essa figura tão singular - cuja idade realmente é um mistério, visto que uma rápida pesquisa na internet entrega duas diferentes - toma a forma de uma certa afeição por sua personalidade sonhadora, uma espécie de desprezo por suas ações controversas no set de filmagem e uma grande condolência em diversos momentos - ou foi só eu? Além disso, o tom leve bem-humorado ainda consegue fazer um retrato do backstage, de como os filmes são produzidos e todo o aparato por trás deles - ainda que através de um exemplar não tão formidável.
Realmente gostei muito, um dos melhores filmes dessa temporada de premiações na minha opinião.
Corpo e Alma
3.6 222 Assista AgoraDe uma beleza realmente grandiosa. O contraste entre o ambiente em que o sentimento surge e o próprio sentimento é muito curioso. O filme trabalha a relação dos personagens e uma forma bem calma e lenta - além de utilizar muito do silêncio -, o que pode afastar algumas pessoas. A personagem Mária é interessantíssima e todo o seu comportamento afastado e singular é mostrado de uma forma excelente e com uma naturalidade admirável - algo que poderia ter ficado de uma artificialidade tamanha não fosse o conjunto entre direção, atuação e roteiro. Fiquei realmente fascinado pela personagem, tanto que confesso que fiquei torcendo para que, de alguma forma, o filme mostrasse parte do seu passado e, quem sabe, motivos ou explicações para seu modo de ser - não fica claro se é algum transtorno ou algo relacionado a um passado traumático, embora várias cenas possam dar certas pistas.
Como, surpreendentemente, a minha interpretação do encerramento foi uma versão otimista, só tive um certo probleminha com o final. Acho que, se uns 2 minutinhos fossem cortados, o final seria perfeito.
Meu pensamento foi: a cena final, da floresta desaparecendo, poderia ter seguido o take da Maria fechando os olhos. Assim, a parte que se passa na manhã seguinte não existiria.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraRealmente incrível. A longa duração do filme faz todo sentido quando visualizamos como a relação dos dois personagens é desenvolvida - muito mais que ambos individualmente, inclusive, o que, nesse caso, não é um problema - de forma gradual e em um crescendo muito bacana. Não há uma viva alma que possa dizer que os sentimentos foram forçados ou que os fatos foram acelerados a ponto de se tornarem inverossímeis.
É notável, também, como Luca Guadagnino conduz com uma sensibilidade e uma naturalidade admiráveis. Tudo isso apoiado em uma bela fotografia e em ótimas atuações de todo o elenco. O final do filme é de uma beleza extraordinária tanto graças ao monólogo aqui tão mencionado quanto aos créditos finais. Para os mais sensíveis - ou até mesmo para aqueles nem tão assim, como eu -, esses momentos podem gerar reflexões muito interessantes e um tanto quanto pesadas em relação a experiências próprias.