De uma beleza incrível, tanto no aspecto visual - a fotografia e a direção de arte já encantam na primeiríssima cena - como na história em si. O modo como o Guillermo del Toro trabalha a fantasia é realmente muito único e, consequentemente, muito admirável. Acho que o início da relação do casal poderia ter sido mais detalhada, foi um pouco apressado demais. O elenco todo está fantástico.
Ansiei durante o filme todo pela cena mostrada no pôster e com certeza isso não foi em vão, visto que ela é realmente sensacional, causando surpresa, angústia e admiração, tudo em conjunto. Simboliza perfeitamente a questão da arte experimental sobre a qual o longa trata em diversas oportunidades. Também é o momento em que uma das principais características positivas de The Square, a criação do desconforto - vista tanto de formas mais secundárias, como com o bebê ou a interação na fila para o banheiro, quanto principais -, alcança seu ponto mais alto.
Todas as críticas sociais e reflexões podem ter se perdido um pouco no decorrer graças ao fato do filme seguir um personagem, mas ainda assim conseguem ser bastante efetivas.
Um filme, indubitavelmente, carregado por uma atuação primorosa de Gary Oldman, o que eu já havia imaginado desde que ele foi anunciado no papel, por volta de 2 anos atrás. A maquiagem, favorita para o Oscar, é sensacional e apenas complementa o trabalho do ator de uma forma incrível. No entanto, eu senti muitos problemas com o restante: o filme não causou em mim o impacto que parecia pretender causar. Embora a cena final, com o famigerado discurso, seja realmente uma das melhores do filme - com luzes e enquadramentos que simbolizaram a importância do momento de uma forma que ainda não decidi se foi muito bacana ou muito pouco sutil -, ela, ainda assim, não conseguiu me empolgar como vi que empolgou a muitos.
Ademais, o filme muitas vezes embarca em momentos que me pareceram de uma artificialidade prejudicial. A comparação - um tanto quanto óbvia - que rapidamente surgiu pelas minhas sinapses foi com The Crown. A série - embora com tenha um foco diferente, nem tão político - tem cenas que são muito mais realistas e palpáveis, o que me agrada mais. E o ápice da irrealidade desse filme é a cena do metrô, que até se inicia de uma forma interessante, mas que decai em um sentimentalismo surpreendentemente exagerado, cafona e forçado.
Ótimo filme com ótimas atuações de Margot Robbie e Allison Janney. Uma biografia com um ótimo ritmo e boa direção que merece ser vista e, mais que isso, merecia ter sido indicada ao prêmio principal no Oscar 2018. O estilo de "documentário", com os personagens em um ponto do futuro comentando sobre a história, é muito bacana e, provavelmente, foi o principal fator que rendeu a indicação a Melhor Montagem.
Eu, Tonya também merece estar na lista de filmes do ano com os personagens mais odiáveis - os personagens de Allison Janney, Sebastian Stan e Paul Walter Hauser são detestáveis e insuportáveis. Pobre Tonya.
É importante ressaltar que, na maioria das versões encontradas para download na internet hoje - e, em praticamente todas as versões em mídia física -, a trilogia original está em uma versão "atualizada": os efeitos foram melhorados - e alguns até adicionados - no início da primeira década de século XXI. Ou seja, haviam efeitos inovadores quando o filme foi lançado, mas não são esses que vemos atualmente. Achei válido comentar isso depois de ver algumas pessoas em outras redes sociais impressionadas com o CGI que encontraram ao assistir o episódio IV.
Um filme bem bacana de se assistir sem estar esperando muita coisa. Dá pra dar boas risadas e passar o tempo. A trilha sonora, bem pegada no country, é muito boa e o trio principal - Channing Tatum, Adam Driver e Daniel Craig - está ótimo.
O filme poderia ter se tornado um clichê fraquíssimo se não tivesse sido conduzido da forma que foi. Não procurou inventar muito, tem uma trama simples que é carregada de um modo também simples e que, assim, acaba bem fechadinho. Vince Vaughn lidera de uma forma surpreendentemente incrível, muitas vezes é possível compreender o que se passa na cabeça do personagem apenas pelo olhar e, é claro, pela forma como ele é construído - toda uma dualidade sempre muito bacana de ver.
As cenas de ação algumas vezes não tem as melhores das coreografias, sem falar na violência extrema - que, confesso, me fez virar o rosto para longe da tela em alguns momentos. No entanto, ainda assim é competente, mesmo que não seja o ponto alto. Única coisa que me incomodou bastante foi a fotografia. A iluminação e o filtro que passaram na imagem, muitas vezes, fez com que o filme parecesse uma série de tv B, o que não era necessário. Isso acontece principalmente no início, mas conforme os ambientes vão se tornando menores e mais claustrofóbicos, a coisa vai melhorando.
Confesso que, tirando o visual impecável, a animação não havia me conquistado no início. O ponto de mudança foi quando o velhinho no mundo dos mortos - que acabo de descobrir, estupefato, que é dublado originalmente por Edward James Olmos -desaparece por ter sido completamente esquecido. Não sei exatamente o que a cena despertou em mim - além da emoção, é claro -, mas, a partir dali, meus olhos mudaram para Viva: A Vida é uma Festa - título nacional ridículo, inclusive. Só sei que, ao final, como não podia deixar de ser, chorei, me emocionei e me encantei com a última cena, de uma beleza espetacular.
Um dos óbvios pontos altos da animação é, sem dúvidas, a representação das tradições mexicanas de Dia dos Mortos. Como eu já disse - e, na verdade, vinha dizendo desde o primeiro trailer -, o visual é deslumbrante e uma representação perfeita do tema: o Mundo dos Mortos é simplesmente perfeito. Não só isso, também há o uso dos diversos conceitos de uma forma excelente e muito proveitosa para a trama. A musicalidade também é utilizada de uma forma incrível, sendo todos os momentos musicais muito bons de assistir, o que é mérito tanto do estilo melódico mexicano quanto do roteiro.
Talvez o filme conseguisse conquistar a minha avaliação de 4,5 estrelas - que dou para filmes que considero excelentes - se eu tivesse sido surpreendido pelo plot twist. Porém, para a minha surpresa, e juro que é verdade, eu o previ bem anteriormente - na cena que mencionei no primeiro parágrafo - e até mesmo comentei a minha teoria para meu irmão, que assistia comigo.
Desde o início, eu imaginei que Ernesto de la Cruz não seria uma boa pessoa e, tendo isso em mente, logo percebi que ele não devia ser o tataravô do protagonista. Afinal, a história se encaminhava obviamente para uma reconciliação entre a família e a música, o que deveria acontecer pela justificação dos atos do parente distante que parecia ter abandonado esposa e filha. Então, quando deparei-me com o fato que Hector tinha um grande talento musical, fechei o raciocínio e fiz minha aposta, que foi, satisfatoriamente, confirmada posteriormente.
Não tive contato com o material fonte, então apenas posso falar sobre o filme. A ação e a violência são, realmente, os maiores atrativos. Os personagens - e as relações entre eles, principalmente entre o protagonista e a menina - não são bem desenvolvidos, e a única coisa que acaba se tornando interessante neles são suas habilidades. As próprias cenas de violência, embora saciem o prazer primitivo, não são excepcionais e desperdiçam potencial ao serem todas bem parecidas. Temos aqui diversos antagonistas com armas e estilos de luta diferentes, o que poderia ter gerado uma maior diversidade nos momentos de batalha, mas isso, infelizmente, não ocorreu.
O aspecto visual também é um ponto alto: diversos enquadramentos muito belos e bacanas e um bom uso das cores, principalmente no referente ao figurino e direção de arte.
Pelo fato do início ser um pouco apressado e não apresentar bem os personagens ou suas motivações, a história parece, por uma boa parte do tempo, sem propósito. Parece que estamos apenas acompanhando duas crianças em um dia aventuresco. Isso não seria um problema se o mistério e os objetivos dos protagonistas gerassem curiosidade e interesse, o que, infelizmente, não acontece. Os minutos passam e vemos cenas bonitinhas ou que causam alguma - pequena - reação emotiva, mas nada a mais que isso. Soma-se a isso sequências demasiadamente longas - um crítico disse algo como "um filme com boas intenções, mas que talvez perca tempo demais com cenas de crianças correndo por corredores de um museu - e resoluções convenientes.
Na maior parte do longa, a surdez parece não fazer a menor diferença para a narrativa, o que significa um potencial desperdiçado. Dá a impressão que serve apenas para que, tecnicamente, crie-se algo diferenciado no decorrer da trama. E, de fato, existem momentos em que o silêncio dos personagens é harmonizado de forma muito bacana com efeitos sonoros. Além disso, a identidade visual é bem bela e a sequência com as maquetes, no final, é interessante.
Consegue juntar perfeitamente o tom dos demais filmes animados do Scooby-Doo com o da série Batman: Os Bravos e Destemidos - mais leve e divertida e, por isso, a escolha perfeita para esse cressover. Estão presentes as principais características de ambas as fontes, que são bem balanceadas e possuem um tempo de tela bem proporcional, o que é bem bacana.
Muito interessante ver a Warner aproveitando o potencial de seus materiais, mesmo que esses já estejam "esquecidos" - a série Batman: Bravos e Destemidos terminou há 7 anos! Além disso, achei curiosíssimo como a animação aqui nesse filme está ótima, os movimentos e os traços dos personagens estão bem fluídos, o que apenas deixa mais legal de assistir, diferentemente do incômodo que a maioria - se não todas - das animações da DC causam.
Em suma, uma maneira divertidíssima de passar o tempo.
Como apontado por muitos, o roteiro tem alguns pequenos problemas, o que atrapalha o filme em ser tão inteligente e reflexivo como poderia ter sido. Algumas situações parecem muito irreais e oportunas, os personagens às vezes parecem tomar decisões sem muitas justificativas, alguns conflitos e questões parecem ser um tanto quanto sem propósito, entre outros fatores. Pode ter sido alguma falha de interpretação minha ou eu apenas tenho uma capacidade inferior, mas os caminhos de reflexão que o filme propõe me pareceram um pouco confusos.
No decorrer de quase o filme inteiro, os personagens criticam em grande quantidade a guerra, as instituições e o pensamento militar, buscando realizar um enterro que deixasse de lado essas características. No entanto, no final, acaba que não só enterram o rapaz com o seu uniforme, como os personagens do Cranston e Fishburne repetem aspectos cerimoniais militares. Confesso que, apesar disso ter me incomodado um pouco, eu chorei nessa cena, e nem sei o porquê.
Além disso, embora eu saiba que não é sempre necessário histórias terem desfechos que expliquem tudo, senti falta aqui de saber o que acontece com os personagens posteriormente.
Mesmo com esses e outros problemas, o filme me agradou de uma forma que eu realmente não esperava. Esse fato é devido, principalmente, a uma coisa que um crítico da Rolling Stones disse: é simplesmente ótimo passar um tempo com os personagens de Cranston, Carell e Fishburne, e, consequentemente, com seus atores. As interações entre eles são realmente muito boas, o que fez com que eu tenha pensado, em alguns momentos, que eu poderia assistir esses caras simplesmente conversando em uma mesa de bar ou passeando por Nova York. A cena na qual os três, mais o personagem do J. Quinton Johnson, interagem no trem é incrível, além de muito engraçada.
Não sei se é meu fanatismo pelo ator, mas achei que essa foi mais uma ótima atuação da carreira de Cranston, que interpreta o melhor personagem, usando da melhor maneira todo o seu carisma. Contudo, senti que poderiam ter consolidado uma camada mais profunda ao personagem, algo que parece ter sido sugerido em alguns momentos - como uma grande solidão - e que, caso fosse desenvolvido melhor, apenas o tornaria mais interessante. Dos três protagonistas, Steve Carell é o que parece menos apto a um papel pesado e depressivo, porém consegue realiza-lo de uma forma também ótima. De mesmo modo são os momentos em que o personagem deixa um pouco de lado a melancolia, que poderiam ter sido bem artificiais caso ele se entregasse a uma personalidade cômica típica do ator, mas isso, felizmente, não acontece. Laurence Fishburne também está muito bem, e vale o destaque para a pequena participação de Cicely Tyson.
Algo que me chamou a atenção no decorrer do filme foi a importância que o silêncio aqui assume. Sempre apoiado na boa atuação de Daniela Vega - que em nenhum instante falha em demonstrar, sutilmente, o tormento que decai sobre sua personagem -, ele expõe os preconceitos desprezíveis e a repulsa que nem sempre são mostrados por falas e ações explícitas. Cria tensão e suspense em momentos que são, curiosamente, extremamente angustiantes - como é a cena do exame físico. Enfim, configura um grande ponto positivo para esse filme, que trata de um assunto importantíssimo com grande sensibilidade e, em grande parte do tempo, uma crível sutileza.
Tem realmente diversos problemas no seu decorrer: ritmo, situações e personagens sem propósito, humor desbalanceado, entre outros. No entanto, os 30 minutos finais do filme são uma das melhores coisas já vistas na franquia Star Wars. É épico, é bonito visualmente, é emocionante.
Resisti muito para assistir, porém fui surpreendido por quanto me agradou. A protagonista é interessantíssima - apesar de talvez parecer muito romantizada e perfeita e muito bem interpretada por Emma Stone, sua trajetória é muito bacana e o roteiro consegue contar a história de uma forma que consegue se manter interessante e não ficar cansativo. Gosto de como o filme trabalha pra humanizar - isso é, tornar mais complexo, mostrando diferentes aspectos - o lado oposto da batalha, interpretado pelo sempre carismático e ótimo Steve Carell, sem que em nenhum momento crie dúvidas para que lado o espectador deve torcer. Os coadjuvantes são também muito bons - temos atuações bem bacanas de Andrea Riseborough, Sarah Silverman e Bill Pulman - e, embora não tenham grande profundidade, conseguem cumprir seus papéis. Outro ponto a ser destacado são as cenas das partidas de tênis, que além de serem coreografas de forma excelente e extremamente realistas, conseguem ser muito interessantes.
O maior problema aqui é a questão de foco. No início, o filme parece que vai se encaminhar por um determinado caminho, dando destaque à jornada de Billie Jean em seu corajoso torneio e toda a sua luta. Aqui temos a introdução da importantíssima questão social de igualdade, que inicialmente parece que vai guiar o filme junto com aspectos do esporte. Contudo, quando entra em cena o romance - que, vale dizer, é desenvolvido de uma forma ótima e é um dos pontos altos do filme -, todo o aspecto anterior fica estranhamente para terceiro plano, o que gera certa confusão e até mesmo um certo penar, visto o potencial. E, novamente, em seguida, muda-se o foco, e agora, finalmente, para a batalha do título, que subitamente ganha uma importância que parecia ausente anteriormente. Volta-se, então, o destaque para a questão social, que é, nesse momento, o ponto alto do filme, com a presença de situações que geram revolta e expõem como tal fator é, de fato, fundamental. A questão é que, felizmente, todos os aspectos em que o filme foca são muito bem realizados - eu arriscaria até dizer que todos são ótimos -, o que oculta um pouco essa questão, que não deixa, no entanto, de ser problemática, pois impede o desenvolvimento total dos potenciais de cada parte.
É muito interessante como o filme trata o romance de Kumail e Emily de uma forma natural e real, conseguindo relacioná-lo com diferenças culturais e pessoais de uma maneira muito bacana. Falando nisso, o filme aborda questões de cultura, preconceito e diversidade, de uma forma humorada e que funcionam realmente muito bem. As cenas do "nós odiamos terroristas" e do "9/11" são simplesmente hilárias e realizam uma crítica de um modo ótimo, posto que não assemelham-se a uma lição de moral ou coisa do tipo, mas entregam a importantíssima mensagem da mesma forma.
Outro grande mérito é o ótimo balanceamento entre tons de drama e comédia. São diversos os momentos realmente engraçados, em que é possível dar boas gargalhadas, e que, mesmo assim, não tiram o peso das partes mais pesadas - e elas realmente existem - e dramáticas. É curioso como um filme cujo principal gênero é, de fato, comédia, consegue realizar esse equilíbrio de uma forma tão competente, ainda mais quando temos diversos exemplos atuais de longas que não são predominantemente de um gênero ou de outro - drama ou comédia -, mas que fazem uma grande bagunça ao possuir aspectos de ambos. Em suma, Doentes de Amor é tão competente ao fazer rir quanto ao fazer chorar - como e chorei.
Gosto bastante das atuações de Kumail Nanjiani - só tenho problema em uma certa cena, onde o personagem perde o controle e o ator não me pareceu corresponder a isso - e de Zoe Kazan. No entanto, o destaque mesmo fica com a sempre ótima Holly Hunter. Os momentos com a sua personagem - e todo o desenvolvimento da sua conturbada relação com o marido - são realmente um grande ponto positivo do filme.
Confesso que esse é o meu segundo filme favorito da trilogia original, ficando à frente de Uma Nova Esperança. Porém, acredito que, com uma direção melhor - gostaria muito que o diretor tivesse sido o mesmo de O Império Contra-Ataca, Irvin Kershner -, O Retorno de Jedi conseguiria ser mil vezes superior. Eu não sou um dos muitos que odeiam os Ewoks e acham a pior coisa de Star Wars, mas acho que houve sim alguns problemas no modo como as cenas em que eles aparecem foram realizadas: muitas vezes, tive a impressão que ficaram não intencionalmente cômicas ou simplesmente bobas.
Gostaria de aproveitar também e dizer como o Anthony Daniels faz um trabalho de voice acting excelente. É incrível como somos capazes de captar absolutamente TODAS as emoções e intenções do C-3PO apenas pela voz do personagem, mesmo que esse possua simplesmente uma face estática.
Se o segundo filme da trilogia prequel repete os erros do primeiro, esse aqui eleva todas às qualidades do seu antecessor a um nível muito alto. Império Contra-Ataca desenvolve o universo criado pelo filme anterior porém com muito mais segurança e competência, graças ao sucesso do primeiro. A direção é bem melhor, temos uma fotografia bem bacana que sabe aproveitar de uma forma excelente a direção de arte, que aqui é melhor e mais segura. Os atores já parecem entender mais seus papéis e, por isso, entregam interpretações superiores. As cenas de batalha estão bem mais empolgantes e muito melhor realizadas. Ademais, é aqui, afinal, que temos a introdução do Mestre Yoda, que, embora com pouco tempo de tela, é simplesmente excelente!
Indubitavelmente o melhor filme da franquia, incrível.
Assisti novamente, e, assim como Raul Seixas em Ouro de Tolo, eu confesso abestalhado que estou decepcionado...
Ok, exagerei apenas para valer a referência. Porém, realmente não consegui ficar tão empolgado como imaginei que ficaria ao assistir, mas tenho fé que a Força estará comigo e que isso mudará com o filme seguinte.
Um dos fatores mais admiráveis do filme é o modo como o roteiro foge do maniqueísmo simplista. E acredito que esse seja o motivo principal dos diversos comentários que pude observar durante a noite do Globo de Ouro, acusando o filme de ser machista, racista, reacionário, entre outros adjetivos negativos. O que vemos, atualmente, é a divisão do mundo entre o bem e o mal por ambos os lados do espectro político, que utilizam tal separação quando lhes é mais conveniente. Aqui na tela, no entanto, os personagens, muito bem escritos e desenvolvidos, são complexos, e, por isso, mais realistas e palpáveis. A protagonista nos comove durante todo o filme - às vezes só conseguimos pensar coisas como "isso aí, quebra essa merda toda", "mete a porrada nesse filho da mãe", entre outras demonstrações da racionalidade uniforme no ser humano -, mas, ainda assim, vemos suas faces desagradáveis e somos capazes de perceber que ela nem sempre tem razão ou justificativas razoáveis para suas ações. Ademais, os indivíduos cujas primeiras características apresentadas para o espectador são as ruins mostram-se mais que simples seres com valores e qualidades ausentes. Isso é visto até mesmo das formas mais sutis pelos personagens menores:
o personagem do Peter Dinklage, embora pareça ser um cara bacana, possui problemas com bebida e acaba mentindo para defender Mildred de forma precipitada e duvidável; o Sargento da delegacia parece desaprovar o comportamento e as ações do Dixon, mas se mostra também meio racista e problemático; entre outros exemplos.
Outro elemento que me agradou bastante no roteiro é o seu caráter ácido e sarcástico. Temos diversos ótimos diálogos que carregam uma carga de ironia, que eu - grande utilizador do recurso, segundo os que me rodeiam - acho genial. É, na verdade, o meu tipo preferido de humor, quando bem realizado, como aqui, claramente. Não foram poucas as risadas que dei - com grande satisfação - em diversos momentos do filme, graças ao jogo de palavras e ideias que é feito através dos comentários, respostas e contra respostas, ácidos ditos pelos personagens. É um modo de comédia - na falta de uma palavra melhor - que não necessariamente torna cenas mais leves - e nem deveria, pelo menos nesse caso -, mas as preenche com ótimos momentos de assistir, que apenas se tornam melhor se contarem com boas atuações.
Falando nisso, de boas atuações esse filme está cheio. Frances McDormand está incrível e consegue apresentar de forma magistral a complexidade já mencionada acima, alternando a ira com a acidez, com a ternura e com a tristeza. Não posso dizer ainda se é minha favorita para o Oscar, mas sua vitória seria mais que merecida - tal como foi seu prêmio Globo de Ouro. Sam Rockwell também é o outro grande nome, também entregando uma atuação digna dos prêmios que já recebeu e dos prêmios que tem chance de ganhar. Seu personagem tem um arco muito interessante, que embora não nos leve da raiva para o amor, consegue, pelo menos, atenuar esse ódio. Woody Harrelson está em uma papel que me parece bem confortável pra ele, mas ainda assim o faz de forma bem competente, criando também um personagem interessantíssimo. Lucas Hedges pode não ter se destacado esse ano como no ano passado, mas certamente o garoto sabe fazer escolhas na sua carreira. Por último, mas não menos importante, eu não sei dizer se é todo o apreço de fã que tenho por ele, mas Peter Dinklage consegue me conquistar sempre, mesmo com uma participação tão pequena.
O filme repete muitos dos erros do anterior: diálogos ruins, cenas bobas e desinteressantes, efeitos especiais torturantes para a vista, Anakin como um personagem insuportável sendo interpretado por um mal ator, entre outros. No entanto, ainda podemos incluir aqui um romance PATÉTICO, com cenas patéticas, diálogos patéticos e personagens patéticos e sem muita consistência - o Anakin admite para a Padmé que MASSACROU mulheres e crianças e ela simplesmente dá um abraço nele e bola pra frente: patético.
Devo admitir, no entanto, que gosto de algumas pequenas coisas, como o aprofundamento de universo - especialmente na explicação da criação dos clones e da participação do Jango e Boba Fett, embora tenham sido bem pequenas. Além disso, prefiro o final deste ao anterior, gosto das lutas - entre Obi-Wan e Yoda contra Dookan - e gosto de ver outros jedis - mesmo que figurantes e sem falas - com diversos outros visuais. No entanto, ainda assim prefiro o primeiro filme, que acho um pouquinho mais interessante e divertido de assistir.
Não é horrível, mas também não é bom. A parte que me agrada é a aprofundada que o filme dá em alguns aspectos, e a parte política e econômica - que não achei tão cansativamente presente como muitos apontam - são até interessantes. Porém, o roteiro é bem fraco, com diálogos risíveis e cenas demasiadamente toscas. É quase clichê falar mal do Jar Jar Binks, mas é inevitável: não serve como alívio cômico, ou melhor, não serve para nada. É visível como as cenas do personagem parecem soltas e conseguem ser, quase ao todo, inúteis. Falando em personagem ruim, é INACREDITÁVEL o desperdício de um personagem que podia ser tão interessante como o Darth Maul. O "grande" vilão do filme tem apenas 3 falas e não aparece por mais que 10 minutos, participando de uma batalha que não é das melhores - sem tom definido e sem emoção - e é posta pra baixo se em comparação com o fim do episódio seguinte. As cenas de ação são obviamente melhores que da trilogia original - difícil não ser -, embora também não sejam a melhor coisa da galáxia - ainda mais quando atores de verdade lutam contra robôs de CGI. Falando nele... os efeitos especiais desse filme são MEDONHOS. Eu não esperava encontrar nada à altura de hoje, obviamente, mas é fácil achar filmes da década de 70 ou 80 com efeitos que incomodem menos que esses.
Anakin Skywalker é interpretado pelo pior ator mirim da história dos atores mirins - que não é assistido muito pela intérprete da sua mãe - e consegue também se tornar um personagem quase insuportável, tendo algumas cenas mais pro final do filme que são bem toscas. Aliás, o único personagem novo que realmente me agradou nesse filme foi o Qui-Gon Jinn, embora eu tenha minhas suspeitas que isso se deve exclusivamente ao fato d'ele ter sido interpretado pelo meu ídolo, Liam Neeson.
Não esperava que o filme abordasse as ideias e conceitos de Marx com uma profundidade grandiosa, pois, assim, seria provável que acontecesse uma de duas consequências ruins: o filme só seria compreensível para aqueles que já possui um conhecimento grande do pensador ou cairia em um didatismo dificilmente suportável. No entanto, acredito que era possível representar a teoria marxista de forma melhor na tela, principalmente porque, em diversos momentos, ela faz a diferença para compreender o que se passa no filme. É difícil entender, no longa, por exemplo, o motivo da oposição de Marx a Proudhon e a Weitlings simplesmente porque a diferença entre eles está na base teórica, que não nos é apresentada - com exceção de rápidos comentários que expõe que Marx é materialista, e eles não.
E se o argumento contrário ao exposto acima for que o filme não era sobre as ideias de Marx, mas sim sobre sua pessoa, também temos aqui problemas. Embora a atuação do protagonista seja realmente boa, o personagem não parece muitas vezes verídico e real por ser retratado como um simples herói, desafiador e perfeito. O filme não consegue criar um ritmo que torne a trama interessante, e possui muitas cenas que não parecem reais ou críveis. A amizade entre Marx e Engels é também construída de uma forma um tanto quanto estranha, o que não melhorava muito com a atuação de Stefan Konarske, que a todo momento me fazia achar que o seu personagem não possuía muito controle de suas faculdades mentais. E para não apenas criticar, tanto a cena inicial quanto o evento que dá final ao filme - o lançamento do Manifesto Comunista - são realmente muito bacanas.
Para finalizar, infelizmente não poderia deixar de comentar sobre o estado lamentável e enojador desse espaço de comentários aqui no Filmow. Discussões infelizes e infantis, argumentos ridículos e superficiais de ambas as partes, destilações de utopias difíceis de acreditar. Realmente assustador.
A Forma da Água
3.9 2,7KDe uma beleza incrível, tanto no aspecto visual - a fotografia e a direção de arte já encantam na primeiríssima cena - como na história em si. O modo como o Guillermo del Toro trabalha a fantasia é realmente muito único e, consequentemente, muito admirável. Acho que o início da relação do casal poderia ter sido mais detalhada, foi um pouco apressado demais. O elenco todo está fantástico.
The Square - A Arte da Discórdia
3.6 318 Assista AgoraAnsiei durante o filme todo pela cena mostrada no pôster e com certeza isso não foi em vão, visto que ela é realmente sensacional, causando surpresa, angústia e admiração, tudo em conjunto. Simboliza perfeitamente a questão da arte experimental sobre a qual o longa trata em diversas oportunidades. Também é o momento em que uma das principais características positivas de The Square, a criação do desconforto - vista tanto de formas mais secundárias, como com o bebê ou a interação na fila para o banheiro, quanto principais -, alcança seu ponto mais alto.
Todas as críticas sociais e reflexões podem ter se perdido um pouco no decorrer graças ao fato do filme seguir um personagem, mas ainda assim conseguem ser bastante efetivas.
O Destino de Uma Nação
3.7 723 Assista AgoraUm filme, indubitavelmente, carregado por uma atuação primorosa de Gary Oldman, o que eu já havia imaginado desde que ele foi anunciado no papel, por volta de 2 anos atrás. A maquiagem, favorita para o Oscar, é sensacional e apenas complementa o trabalho do ator de uma forma incrível. No entanto, eu senti muitos problemas com o restante: o filme não causou em mim o impacto que parecia pretender causar. Embora a cena final, com o famigerado discurso, seja realmente uma das melhores do filme - com luzes e enquadramentos que simbolizaram a importância do momento de uma forma que ainda não decidi se foi muito bacana ou muito pouco sutil -, ela, ainda assim, não conseguiu me empolgar como vi que empolgou a muitos.
Ademais, o filme muitas vezes embarca em momentos que me pareceram de uma artificialidade prejudicial. A comparação - um tanto quanto óbvia - que rapidamente surgiu pelas minhas sinapses foi com The Crown. A série - embora com tenha um foco diferente, nem tão político - tem cenas que são muito mais realistas e palpáveis, o que me agrada mais. E o ápice da irrealidade desse filme é a cena do metrô, que até se inicia de uma forma interessante, mas que decai em um sentimentalismo surpreendentemente exagerado, cafona e forçado.
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraÓtimo filme com ótimas atuações de Margot Robbie e Allison Janney. Uma biografia com um ótimo ritmo e boa direção que merece ser vista e, mais que isso, merecia ter sido indicada ao prêmio principal no Oscar 2018. O estilo de "documentário", com os personagens em um ponto do futuro comentando sobre a história, é muito bacana e, provavelmente, foi o principal fator que rendeu a indicação a Melhor Montagem.
Eu, Tonya também merece estar na lista de filmes do ano com os personagens mais odiáveis - os personagens de Allison Janney, Sebastian Stan e Paul Walter Hauser são detestáveis e insuportáveis. Pobre Tonya.
Star Wars, Episódio IV: Uma Nova Esperança
4.3 1,2K Assista AgoraÉ importante ressaltar que, na maioria das versões encontradas para download na internet hoje - e, em praticamente todas as versões em mídia física -, a trilogia original está em uma versão "atualizada": os efeitos foram melhorados - e alguns até adicionados - no início da primeira década de século XXI. Ou seja, haviam efeitos inovadores quando o filme foi lançado, mas não são esses que vemos atualmente. Achei válido comentar isso depois de ver algumas pessoas em outras redes sociais impressionadas com o CGI que encontraram ao assistir o episódio IV.
Logan Lucky: Roubo em Família
3.4 254 Assista AgoraUm filme bem bacana de se assistir sem estar esperando muita coisa. Dá pra dar boas risadas e passar o tempo. A trilha sonora, bem pegada no country, é muito boa e o trio principal - Channing Tatum, Adam Driver e Daniel Craig - está ótimo.
Confronto no Pavilhão 99
3.7 217 Assista AgoraO filme poderia ter se tornado um clichê fraquíssimo se não tivesse sido conduzido da forma que foi. Não procurou inventar muito, tem uma trama simples que é carregada de um modo também simples e que, assim, acaba bem fechadinho. Vince Vaughn lidera de uma forma surpreendentemente incrível, muitas vezes é possível compreender o que se passa na cabeça do personagem apenas pelo olhar e, é claro, pela forma como ele é construído - toda uma dualidade sempre muito bacana de ver.
As cenas de ação algumas vezes não tem as melhores das coreografias, sem falar na violência extrema - que, confesso, me fez virar o rosto para longe da tela em alguns momentos. No entanto, ainda assim é competente, mesmo que não seja o ponto alto. Única coisa que me incomodou bastante foi a fotografia. A iluminação e o filtro que passaram na imagem, muitas vezes, fez com que o filme parecesse uma série de tv B, o que não era necessário. Isso acontece principalmente no início, mas conforme os ambientes vão se tornando menores e mais claustrofóbicos, a coisa vai melhorando.
Viva: A Vida é Uma Festa
4.5 2,5K Assista AgoraConfesso que, tirando o visual impecável, a animação não havia me conquistado no início. O ponto de mudança foi quando o velhinho no mundo dos mortos - que acabo de descobrir, estupefato, que é dublado originalmente por Edward James Olmos -desaparece por ter sido completamente esquecido. Não sei exatamente o que a cena despertou em mim - além da emoção, é claro -, mas, a partir dali, meus olhos mudaram para Viva: A Vida é uma Festa - título nacional ridículo, inclusive. Só sei que, ao final, como não podia deixar de ser, chorei, me emocionei e me encantei com a última cena, de uma beleza espetacular.
Um dos óbvios pontos altos da animação é, sem dúvidas, a representação das tradições mexicanas de Dia dos Mortos. Como eu já disse - e, na verdade, vinha dizendo desde o primeiro trailer -, o visual é deslumbrante e uma representação perfeita do tema: o Mundo dos Mortos é simplesmente perfeito. Não só isso, também há o uso dos diversos conceitos de uma forma excelente e muito proveitosa para a trama. A musicalidade também é utilizada de uma forma incrível, sendo todos os momentos musicais muito bons de assistir, o que é mérito tanto do estilo melódico mexicano quanto do roteiro.
Talvez o filme conseguisse conquistar a minha avaliação de 4,5 estrelas - que dou para filmes que considero excelentes - se eu tivesse sido surpreendido pelo plot twist. Porém, para a minha surpresa, e juro que é verdade, eu o previ bem anteriormente - na cena que mencionei no primeiro parágrafo - e até mesmo comentei a minha teoria para meu irmão, que assistia comigo.
Desde o início, eu imaginei que Ernesto de la Cruz não seria uma boa pessoa e, tendo isso em mente, logo percebi que ele não devia ser o tataravô do protagonista. Afinal, a história se encaminhava obviamente para uma reconciliação entre a família e a música, o que deveria acontecer pela justificação dos atos do parente distante que parecia ter abandonado esposa e filha. Então, quando deparei-me com o fato que Hector tinha um grande talento musical, fechei o raciocínio e fiz minha aposta, que foi, satisfatoriamente, confirmada posteriormente.
A Espada do Imortal
3.3 90Não tive contato com o material fonte, então apenas posso falar sobre o filme. A ação e a violência são, realmente, os maiores atrativos. Os personagens - e as relações entre eles, principalmente entre o protagonista e a menina - não são bem desenvolvidos, e a única coisa que acaba se tornando interessante neles são suas habilidades. As próprias cenas de violência, embora saciem o prazer primitivo, não são excepcionais e desperdiçam potencial ao serem todas bem parecidas. Temos aqui diversos antagonistas com armas e estilos de luta diferentes, o que poderia ter gerado uma maior diversidade nos momentos de batalha, mas isso, infelizmente, não ocorreu.
O aspecto visual também é um ponto alto: diversos enquadramentos muito belos e bacanas e um bom uso das cores, principalmente no referente ao figurino e direção de arte.
Sem Fôlego
3.0 76 Assista AgoraPelo fato do início ser um pouco apressado e não apresentar bem os personagens ou suas motivações, a história parece, por uma boa parte do tempo, sem propósito. Parece que estamos apenas acompanhando duas crianças em um dia aventuresco. Isso não seria um problema se o mistério e os objetivos dos protagonistas gerassem curiosidade e interesse, o que, infelizmente, não acontece. Os minutos passam e vemos cenas bonitinhas ou que causam alguma - pequena - reação emotiva, mas nada a mais que isso. Soma-se a isso sequências demasiadamente longas - um crítico disse algo como "um filme com boas intenções, mas que talvez perca tempo demais com cenas de crianças correndo por corredores de um museu - e resoluções convenientes.
Na maior parte do longa, a surdez parece não fazer a menor diferença para a narrativa, o que significa um potencial desperdiçado. Dá a impressão que serve apenas para que, tecnicamente, crie-se algo diferenciado no decorrer da trama. E, de fato, existem momentos em que o silêncio dos personagens é harmonizado de forma muito bacana com efeitos sonoros. Além disso, a identidade visual é bem bela e a sequência com as maquetes, no final, é interessante.
Rogue One: Uma História Star Wars
4.2 1,7K Assista AgoraTerceira vez que assisto - segunda no período de um mês - e simplesmente não decai: continua incrível.
Junto com The Last Jedi, o filme da saga Star Wars com o melhor visual.
Scooby-Doo! & Batman - Os Bravos e Destemidos
3.5 36 Assista AgoraConsegue juntar perfeitamente o tom dos demais filmes animados do Scooby-Doo com o da série Batman: Os Bravos e Destemidos - mais leve e divertida e, por isso, a escolha perfeita para esse cressover. Estão presentes as principais características de ambas as fontes, que são bem balanceadas e possuem um tempo de tela bem proporcional, o que é bem bacana.
Muito interessante ver a Warner aproveitando o potencial de seus materiais, mesmo que esses já estejam "esquecidos" - a série Batman: Bravos e Destemidos terminou há 7 anos! Além disso, achei curiosíssimo como a animação aqui nesse filme está ótima, os movimentos e os traços dos personagens estão bem fluídos, o que apenas deixa mais legal de assistir, diferentemente do incômodo que a maioria - se não todas - das animações da DC causam.
Em suma, uma maneira divertidíssima de passar o tempo.
A Melhor Escolha
3.4 101 Assista AgoraComo apontado por muitos, o roteiro tem alguns pequenos problemas, o que atrapalha o filme em ser tão inteligente e reflexivo como poderia ter sido. Algumas situações parecem muito irreais e oportunas, os personagens às vezes parecem tomar decisões sem muitas justificativas, alguns conflitos e questões parecem ser um tanto quanto sem propósito, entre outros fatores. Pode ter sido alguma falha de interpretação minha ou eu apenas tenho uma capacidade inferior, mas os caminhos de reflexão que o filme propõe me pareceram um pouco confusos.
No decorrer de quase o filme inteiro, os personagens criticam em grande quantidade a guerra, as instituições e o pensamento militar, buscando realizar um enterro que deixasse de lado essas características. No entanto, no final, acaba que não só enterram o rapaz com o seu uniforme, como os personagens do Cranston e Fishburne repetem aspectos cerimoniais militares. Confesso que, apesar disso ter me incomodado um pouco, eu chorei nessa cena, e nem sei o porquê.
Mesmo com esses e outros problemas, o filme me agradou de uma forma que eu realmente não esperava. Esse fato é devido, principalmente, a uma coisa que um crítico da Rolling Stones disse: é simplesmente ótimo passar um tempo com os personagens de Cranston, Carell e Fishburne, e, consequentemente, com seus atores. As interações entre eles são realmente muito boas, o que fez com que eu tenha pensado, em alguns momentos, que eu poderia assistir esses caras simplesmente conversando em uma mesa de bar ou passeando por Nova York. A cena na qual os três, mais o personagem do J. Quinton Johnson, interagem no trem é incrível, além de muito engraçada.
Não sei se é meu fanatismo pelo ator, mas achei que essa foi mais uma ótima atuação da carreira de Cranston, que interpreta o melhor personagem, usando da melhor maneira todo o seu carisma. Contudo, senti que poderiam ter consolidado uma camada mais profunda ao personagem, algo que parece ter sido sugerido em alguns momentos - como uma grande solidão - e que, caso fosse desenvolvido melhor, apenas o tornaria mais interessante. Dos três protagonistas, Steve Carell é o que parece menos apto a um papel pesado e depressivo, porém consegue realiza-lo de uma forma também ótima. De mesmo modo são os momentos em que o personagem deixa um pouco de lado a melancolia, que poderiam ter sido bem artificiais caso ele se entregasse a uma personalidade cômica típica do ator, mas isso, felizmente, não acontece. Laurence Fishburne também está muito bem, e vale o destaque para a pequena participação de Cicely Tyson.
Uma Mulher Fantástica
4.1 422 Assista AgoraAlgo que me chamou a atenção no decorrer do filme foi a importância que o silêncio aqui assume. Sempre apoiado na boa atuação de Daniela Vega - que em nenhum instante falha em demonstrar, sutilmente, o tormento que decai sobre sua personagem -, ele expõe os preconceitos desprezíveis e a repulsa que nem sempre são mostrados por falas e ações explícitas. Cria tensão e suspense em momentos que são, curiosamente, extremamente angustiantes - como é a cena do exame físico. Enfim, configura um grande ponto positivo para esse filme, que trata de um assunto importantíssimo com grande sensibilidade e, em grande parte do tempo, uma crível sutileza.
Star Wars, Episódio VIII: Os Últimos Jedi
4.1 1,6K Assista AgoraTem realmente diversos problemas no seu decorrer: ritmo, situações e personagens sem propósito, humor desbalanceado, entre outros. No entanto, os 30 minutos finais do filme são uma das melhores coisas já vistas na franquia Star Wars. É épico, é bonito visualmente, é emocionante.
A Guerra dos Sexos
3.7 316 Assista AgoraResisti muito para assistir, porém fui surpreendido por quanto me agradou. A protagonista é interessantíssima - apesar de talvez parecer muito romantizada e perfeita e muito bem interpretada por Emma Stone, sua trajetória é muito bacana e o roteiro consegue contar a história de uma forma que consegue se manter interessante e não ficar cansativo. Gosto de como o filme trabalha pra humanizar - isso é, tornar mais complexo, mostrando diferentes aspectos - o lado oposto da batalha, interpretado pelo sempre carismático e ótimo Steve Carell, sem que em nenhum momento crie dúvidas para que lado o espectador deve torcer. Os coadjuvantes são também muito bons - temos atuações bem bacanas de Andrea Riseborough, Sarah Silverman e Bill Pulman - e, embora não tenham grande profundidade, conseguem cumprir seus papéis. Outro ponto a ser destacado são as cenas das partidas de tênis, que além de serem coreografas de forma excelente e extremamente realistas, conseguem ser muito interessantes.
O maior problema aqui é a questão de foco. No início, o filme parece que vai se encaminhar por um determinado caminho, dando destaque à jornada de Billie Jean em seu corajoso torneio e toda a sua luta. Aqui temos a introdução da importantíssima questão social de igualdade, que inicialmente parece que vai guiar o filme junto com aspectos do esporte. Contudo, quando entra em cena o romance - que, vale dizer, é desenvolvido de uma forma ótima e é um dos pontos altos do filme -, todo o aspecto anterior fica estranhamente para terceiro plano, o que gera certa confusão e até mesmo um certo penar, visto o potencial. E, novamente, em seguida, muda-se o foco, e agora, finalmente, para a batalha do título, que subitamente ganha uma importância que parecia ausente anteriormente. Volta-se, então, o destaque para a questão social, que é, nesse momento, o ponto alto do filme, com a presença de situações que geram revolta e expõem como tal fator é, de fato, fundamental. A questão é que, felizmente, todos os aspectos em que o filme foca são muito bem realizados - eu arriscaria até dizer que todos são ótimos -, o que oculta um pouco essa questão, que não deixa, no entanto, de ser problemática, pois impede o desenvolvimento total dos potenciais de cada parte.
Doentes de Amor
3.7 379 Assista AgoraÉ muito interessante como o filme trata o romance de Kumail e Emily de uma forma natural e real, conseguindo relacioná-lo com diferenças culturais e pessoais de uma maneira muito bacana. Falando nisso, o filme aborda questões de cultura, preconceito e diversidade, de uma forma humorada e que funcionam realmente muito bem. As cenas do "nós odiamos terroristas" e do "9/11" são simplesmente hilárias e realizam uma crítica de um modo ótimo, posto que não assemelham-se a uma lição de moral ou coisa do tipo, mas entregam a importantíssima mensagem da mesma forma.
Outro grande mérito é o ótimo balanceamento entre tons de drama e comédia. São diversos os momentos realmente engraçados, em que é possível dar boas gargalhadas, e que, mesmo assim, não tiram o peso das partes mais pesadas - e elas realmente existem - e dramáticas. É curioso como um filme cujo principal gênero é, de fato, comédia, consegue realizar esse equilíbrio de uma forma tão competente, ainda mais quando temos diversos exemplos atuais de longas que não são predominantemente de um gênero ou de outro - drama ou comédia -, mas que fazem uma grande bagunça ao possuir aspectos de ambos. Em suma, Doentes de Amor é tão competente ao fazer rir quanto ao fazer chorar - como e chorei.
Gosto bastante das atuações de Kumail Nanjiani - só tenho problema em uma certa cena, onde o personagem perde o controle e o ator não me pareceu corresponder a isso - e de Zoe Kazan. No entanto, o destaque mesmo fica com a sempre ótima Holly Hunter. Os momentos com a sua personagem - e todo o desenvolvimento da sua conturbada relação com o marido - são realmente um grande ponto positivo do filme.
Star Wars, Episódio VI: O Retorno do Jedi
4.3 915 Assista AgoraConfesso que esse é o meu segundo filme favorito da trilogia original, ficando à frente de Uma Nova Esperança. Porém, acredito que, com uma direção melhor - gostaria muito que o diretor tivesse sido o mesmo de O Império Contra-Ataca, Irvin Kershner -, O Retorno de Jedi conseguiria ser mil vezes superior. Eu não sou um dos muitos que odeiam os Ewoks e acham a pior coisa de Star Wars, mas acho que houve sim alguns problemas no modo como as cenas em que eles aparecem foram realizadas: muitas vezes, tive a impressão que ficaram não intencionalmente cômicas ou simplesmente bobas.
Gostaria de aproveitar também e dizer como o Anthony Daniels faz um trabalho de voice acting excelente. É incrível como somos capazes de captar absolutamente TODAS as emoções e intenções do C-3PO apenas pela voz do personagem, mesmo que esse possua simplesmente uma face estática.
Star Wars, Episódio V: O Império Contra-Ataca
4.4 1,0K Assista AgoraSe o segundo filme da trilogia prequel repete os erros do primeiro, esse aqui eleva todas às qualidades do seu antecessor a um nível muito alto. Império Contra-Ataca desenvolve o universo criado pelo filme anterior porém com muito mais segurança e competência, graças ao sucesso do primeiro. A direção é bem melhor, temos uma fotografia bem bacana que sabe aproveitar de uma forma excelente a direção de arte, que aqui é melhor e mais segura. Os atores já parecem entender mais seus papéis e, por isso, entregam interpretações superiores. As cenas de batalha estão bem mais empolgantes e muito melhor realizadas. Ademais, é aqui, afinal, que temos a introdução do Mestre Yoda, que, embora com pouco tempo de tela, é simplesmente excelente!
Indubitavelmente o melhor filme da franquia, incrível.
Star Wars, Episódio IV: Uma Nova Esperança
4.3 1,2K Assista AgoraAssisti novamente, e, assim como Raul Seixas em Ouro de Tolo, eu confesso abestalhado que estou decepcionado...
Ok, exagerei apenas para valer a referência. Porém, realmente não consegui ficar tão empolgado como imaginei que ficaria ao assistir, mas tenho fé que a Força estará comigo e que isso mudará com o filme seguinte.
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraUm dos fatores mais admiráveis do filme é o modo como o roteiro foge do maniqueísmo simplista. E acredito que esse seja o motivo principal dos diversos comentários que pude observar durante a noite do Globo de Ouro, acusando o filme de ser machista, racista, reacionário, entre outros adjetivos negativos. O que vemos, atualmente, é a divisão do mundo entre o bem e o mal por ambos os lados do espectro político, que utilizam tal separação quando lhes é mais conveniente. Aqui na tela, no entanto, os personagens, muito bem escritos e desenvolvidos, são complexos, e, por isso, mais realistas e palpáveis. A protagonista nos comove durante todo o filme - às vezes só conseguimos pensar coisas como "isso aí, quebra essa merda toda", "mete a porrada nesse filho da mãe", entre outras demonstrações da racionalidade uniforme no ser humano -, mas, ainda assim, vemos suas faces desagradáveis e somos capazes de perceber que ela nem sempre tem razão ou justificativas razoáveis para suas ações. Ademais, os indivíduos cujas primeiras características apresentadas para o espectador são as ruins mostram-se mais que simples seres com valores e qualidades ausentes. Isso é visto até mesmo das formas mais sutis pelos personagens menores:
o personagem do Peter Dinklage, embora pareça ser um cara bacana, possui problemas com bebida e acaba mentindo para defender Mildred de forma precipitada e duvidável; o Sargento da delegacia parece desaprovar o comportamento e as ações do Dixon, mas se mostra também meio racista e problemático; entre outros exemplos.
Outro elemento que me agradou bastante no roteiro é o seu caráter ácido e sarcástico. Temos diversos ótimos diálogos que carregam uma carga de ironia, que eu - grande utilizador do recurso, segundo os que me rodeiam - acho genial. É, na verdade, o meu tipo preferido de humor, quando bem realizado, como aqui, claramente. Não foram poucas as risadas que dei - com grande satisfação - em diversos momentos do filme, graças ao jogo de palavras e ideias que é feito através dos comentários, respostas e contra respostas, ácidos ditos pelos personagens. É um modo de comédia - na falta de uma palavra melhor - que não necessariamente torna cenas mais leves - e nem deveria, pelo menos nesse caso -, mas as preenche com ótimos momentos de assistir, que apenas se tornam melhor se contarem com boas atuações.
Falando nisso, de boas atuações esse filme está cheio. Frances McDormand está incrível e consegue apresentar de forma magistral a complexidade já mencionada acima, alternando a ira com a acidez, com a ternura e com a tristeza. Não posso dizer ainda se é minha favorita para o Oscar, mas sua vitória seria mais que merecida - tal como foi seu prêmio Globo de Ouro. Sam Rockwell também é o outro grande nome, também entregando uma atuação digna dos prêmios que já recebeu e dos prêmios que tem chance de ganhar. Seu personagem tem um arco muito interessante, que embora não nos leve da raiva para o amor, consegue, pelo menos, atenuar esse ódio. Woody Harrelson está em uma papel que me parece bem confortável pra ele, mas ainda assim o faz de forma bem competente, criando também um personagem interessantíssimo. Lucas Hedges pode não ter se destacado esse ano como no ano passado, mas certamente o garoto sabe fazer escolhas na sua carreira. Por último, mas não menos importante, eu não sei dizer se é todo o apreço de fã que tenho por ele, mas Peter Dinklage consegue me conquistar sempre, mesmo com uma participação tão pequena.
Star Wars, Episódio II: Ataque dos Clones
3.7 774 Assista AgoraO filme repete muitos dos erros do anterior: diálogos ruins, cenas bobas e desinteressantes, efeitos especiais torturantes para a vista, Anakin como um personagem insuportável sendo interpretado por um mal ator, entre outros. No entanto, ainda podemos incluir aqui um romance PATÉTICO, com cenas patéticas, diálogos patéticos e personagens patéticos e sem muita consistência - o Anakin admite para a Padmé que MASSACROU mulheres e crianças e ela simplesmente dá um abraço nele e bola pra frente: patético.
Devo admitir, no entanto, que gosto de algumas pequenas coisas, como o aprofundamento de universo - especialmente na explicação da criação dos clones e da participação do Jango e Boba Fett, embora tenham sido bem pequenas. Além disso, prefiro o final deste ao anterior, gosto das lutas - entre Obi-Wan e Yoda contra Dookan - e gosto de ver outros jedis - mesmo que figurantes e sem falas - com diversos outros visuais. No entanto, ainda assim prefiro o primeiro filme, que acho um pouquinho mais interessante e divertido de assistir.
Star Wars, Episódio I: A Ameaça Fantasma
3.6 1,2K Assista AgoraNão é horrível, mas também não é bom. A parte que me agrada é a aprofundada que o filme dá em alguns aspectos, e a parte política e econômica - que não achei tão cansativamente presente como muitos apontam - são até interessantes. Porém, o roteiro é bem fraco, com diálogos risíveis e cenas demasiadamente toscas. É quase clichê falar mal do Jar Jar Binks, mas é inevitável: não serve como alívio cômico, ou melhor, não serve para nada. É visível como as cenas do personagem parecem soltas e conseguem ser, quase ao todo, inúteis. Falando em personagem ruim, é INACREDITÁVEL o desperdício de um personagem que podia ser tão interessante como o Darth Maul. O "grande" vilão do filme tem apenas 3 falas e não aparece por mais que 10 minutos, participando de uma batalha que não é das melhores - sem tom definido e sem emoção - e é posta pra baixo se em comparação com o fim do episódio seguinte. As cenas de ação são obviamente melhores que da trilogia original - difícil não ser -, embora também não sejam a melhor coisa da galáxia - ainda mais quando atores de verdade lutam contra robôs de CGI. Falando nele... os efeitos especiais desse filme são MEDONHOS. Eu não esperava encontrar nada à altura de hoje, obviamente, mas é fácil achar filmes da década de 70 ou 80 com efeitos que incomodem menos que esses.
Anakin Skywalker é interpretado pelo pior ator mirim da história dos atores mirins - que não é assistido muito pela intérprete da sua mãe - e consegue também se tornar um personagem quase insuportável, tendo algumas cenas mais pro final do filme que são bem toscas. Aliás, o único personagem novo que realmente me agradou nesse filme foi o Qui-Gon Jinn, embora eu tenha minhas suspeitas que isso se deve exclusivamente ao fato d'ele ter sido interpretado pelo meu ídolo, Liam Neeson.
O Jovem Karl Marx
3.6 272 Assista AgoraNão esperava que o filme abordasse as ideias e conceitos de Marx com uma profundidade grandiosa, pois, assim, seria provável que acontecesse uma de duas consequências ruins: o filme só seria compreensível para aqueles que já possui um conhecimento grande do pensador ou cairia em um didatismo dificilmente suportável. No entanto, acredito que era possível representar a teoria marxista de forma melhor na tela, principalmente porque, em diversos momentos, ela faz a diferença para compreender o que se passa no filme. É difícil entender, no longa, por exemplo, o motivo da oposição de Marx a Proudhon e a Weitlings simplesmente porque a diferença entre eles está na base teórica, que não nos é apresentada - com exceção de rápidos comentários que expõe que Marx é materialista, e eles não.
E se o argumento contrário ao exposto acima for que o filme não era sobre as ideias de Marx, mas sim sobre sua pessoa, também temos aqui problemas. Embora a atuação do protagonista seja realmente boa, o personagem não parece muitas vezes verídico e real por ser retratado como um simples herói, desafiador e perfeito. O filme não consegue criar um ritmo que torne a trama interessante, e possui muitas cenas que não parecem reais ou críveis. A amizade entre Marx e Engels é também construída de uma forma um tanto quanto estranha, o que não melhorava muito com a atuação de Stefan Konarske, que a todo momento me fazia achar que o seu personagem não possuía muito controle de suas faculdades mentais. E para não apenas criticar, tanto a cena inicial quanto o evento que dá final ao filme - o lançamento do Manifesto Comunista - são realmente muito bacanas.
Para finalizar, infelizmente não poderia deixar de comentar sobre o estado lamentável e enojador desse espaço de comentários aqui no Filmow. Discussões infelizes e infantis, argumentos ridículos e superficiais de ambas as partes, destilações de utopias difíceis de acreditar. Realmente assustador.