É mais do que um filme; é realmente uma obra-prima e uma aula de interpretação. Tudo na medida certa, sem exageros, sem dramalhões, mas incrivelmente carregado de emoção e de sensibilidade. Filme pra quem curte cinema mesmo.
Normalmente não gosto de histórias entrecortadas, mas esse filme é uma feliz exceção! Infância, juventude, idade adulta e velhice foram apresentadas de uma forma bastante verossímil, cada uma com suas peculiaridades. Nem sei dizer de qual das 4 histórias eu gostei mais, mas acho que a do escritor é a mais profunda - e a menos compreendida dessa bela produção. Na história do escritor, a grande sacada é o "não-dito"; é a que deixa mais espaço para o expectador explorar e perceber o que não é despejado na tela. De toda forma, todas as histórias são excelentes e o filme passa voando! Destaque também para a excelente trilha sonora, ao som de "I know you", interpretada por The Passersby.
Embora o argumento seja bastante surreal, o filme tem lá seus encantos, em que pese a interpretação de Blake Lively, que parece ser quase uma unanimidade entre as avaliações aqui. Acho que o pessoal tá pegando meio pesado nas críticas: o filme não é nenhuma obra-prima, mas também não é um desastre. Filme ideal para um fim de tarde de domingo, que suscita uma interessante discussão sobre as reais vantagens de ser imune ao tempo, quando todos os outros não são. O tema foi tratado de forma rasa, ainda assim é bem melhor do que assistir a uma comédia romântica.
S-U-R-P-R-E-E-N-D-E-N-T-E-M-E-N-T-E F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O!!! Primeiramente acho importante dizer que há muita gente (sobretudo dentre aqueles que dizem ter gostado do filme) que está tendo uma visão simplista demais sobre essa obra. Termos como "fofo", "lindinho", "gostoso" e "simples" estão longe de descrever com justiça o valor dessa incrível produção. Podem ter certeza: esse filme não tem nada de "simples"; é preciso muito talento, dedicação e sensibilidade para produzir um filme que seja capaz de encantar desde os adolescentes até os mais exigentes cinéfilos. A aparente "simplicidade" é o resultado final de um trabalho exaustivo e extremamente competente. "Simples" é um filme como Mad Max, isso, sim, é um filme bem simples: coloque um monte de carros sendo destruídos, uma boa dose de violência e mande para os cinemas... Pronto! Temos um filme simples! Dizer que Flipped é um filme simples é como dizer que uma formiga é um ser simples, embora você não seja capaz, sequer, de desenhar uma formiga, que dirá fazê-la... Mas vamos à obra: uma das grandes sacadas desse filme é contar os mesmos fatos sob 2 perspectivas distintas - e mostrar, assim, o quanto as coisas podem ter significados completamente diferentes para diferentes pessoas (simplesmente genial!). Outro aspecto interessante, embora apenas sutilmente explorado, é mostrar que todas as pessoas, até mesmo as mais intragáveis, carregam, cada uma, a sua dor - e a dor parece nos moldar mais do que imaginamos... E se tem uma coisa que ninguém pode dizer é que esse filme é clichê - e os minutos finais são a maior prova disso. Conseguir contar uma história de amor, sem cair nos velhos clichês, é uma demonstração de talento e criatividade. E as virtudes dessa obra não param por aí: roteiro perfeito, fotografia linda, trilha sonora de primeira, personagens muito bem construídos e interpretações impecáveis. Está pronto o caldeirão para produzir um filme cujo único predicado justo é: perfeito. A despeito da infeliz escolha do título brasileiro (que já dá um indicativo errado para expectadores incautos), Flipped é muito mais do que um romance adolescente ou um filme fofo; é uma das melhores produções dos últimos anos. Ironicamente o filme guarda traços de semelhança com muitas outras obras das quais gostei muito: um narrador-personagem, como se vê em Três Formas de Amar; a música de abertura de Dirty Dancing; o clima nostálgico de A Vida Secreta das Abelhas; a psiqué infanto-juvenil que se vê em Conta Comigo e uma personagem pungente, vívida, radiante, idealista, como se vê em Ensina-me a Viver. Uma curiosidade: repararam no quanto Callan McAuliffe é parecido com Robert Redford? Enfim, comecei a assistir sem esperar muito e mais uma vez fui traído pelo meu preconceito. O filme é excelente, feito para quem, ao assistir a um filme, espera ver mais do que carros sendo destruídos, mas que, no entanto, compreende que um filme não precisa ser pretensioso para ser cult e que para ser cinéfilo não é preciso gostar apenas de esquisitices: está ok ser cinéfilo e humano ao mesmo tempo.
Misturar documentário com ficção é uma escolha ousada e que foi muito bem conduzida nessa produção. É um enfoque bastante inusitado para o tema e o idioma alemão deixa tudo naturalmente mais denso. Os depoimentos ajudam a dar naturalidade para a situação e nos fazem lembrar que, no fim das contas, todos os seres humanos querem exatamente a mesma coisa. Talvez um dos aspectos mais interessantes seja justamente mostrar os efeitos do tempo sobre as convenções sociais e sobre as próprias pessoas, inclusive no que tange à sua aparência. A despeito dos grilhões que a vida em sociedade nos impõe, o fato é que vivemos num mundo em que, cada vez mais, ainda que lentamente, as pessoas se voltam para essa busca pessoal da felicidade, deixando de lado a vigilância da vida alheia. Quem sabe, num futuro não muito distante, o mundo será um lugar onde ser feliz não será mais visto como um pecado.
Típico filme Sessão da Tarde: roteiro previsível, tratamento leve, tudo como tem de ser. Não surpreende, mas também não decepciona; simplesmente cumpre o seu papel - e isso também tem seu valor. Ainda assim, acho que 4 estrelas é um pouco de exagero, mas vá lá... E eu não poderia deixar de destacar a incrível beleza andrógina de Genevieve Buechner, que acaba de entrar para o meu rol de atrizes lindas.
Estava indo muito bem: boas interpretações, trilha sonora legal, flashback funcionando perfeitamente para prender a atenção do expectador, ótima fotografia (e esses pontos positivos até neutralizavam as pequenas falhas, tipo o Dawson ter ficado com os olhos azuis depois de mais velho, de estar usando sempre a mesma regata e tals...). Tem aqueles clichês aqui e ali, mas isso não é um mal do filme; isso é um mal do amor. Entretanto, a parte final é realmente muito forçada. O filme vai na mesma linha de Diário de uma paixão, mas pega mais pesado no drama e isso compromete bastante o resultado final. Já tava pronto pra dar 5 estrelas e favoritar, mas em 10 minutos o filme despencou no meu conceito. De toda forma, não estou dizendo que seja um filme ruim; pelo contrário: é um excelente romance, mas pecou pelo excesso.
Embora a história como um todo seja pouco convincente, sobretudo pela velocidade com que a coisa toda se desenrola, o filme levanta uma discussão interessantíssima sobre os movimentos fascistas, o radicalismo, o vazio existencial, a necessidade de se sentir parte de algo e sobre como o grupo a que pertencemos é capaz de influenciar o nosso comportamento. Numa época em que as pessoas estão cada vez mais solitárias e que vivem suas vidas no piloto automático, qualquer um que seja capaz de dar algum sentido para tudo isso é capaz de arrastar multidões. Somos a geração das redes sociais, da comunicação em massa, a geração em que todos têm uma opinião para dar a respeito de tudo, numa época em que é extremamente fácil se fazer ouvir. Diz o ditado que um tolo sempre tem outro tolo que o admira. Acontece que hoje um tolo pode ser admirado não por um, mas por milhões de outros tolos - e isso é um perigo para a sociedade. Filme provocativo, com excelente atuação de Jürgen Vogel e ideal para servir como mote para trabalhos acadêmicos e escolares.
A exemplo do que se viu em About Time, mais uma vez os britânicos surpreendem, com um filme leve e divertido. Apesar de todos os clichês típicos do gênero Comédia Romântica e de percebermos a presença de algumas personas que já foram desenhadas em Um lugar chamado Notting Hill ou no icônico Quatro casamentos e um funeral, ainda assim esse filme nos brinda com uma visão menos fatalista da vida e ajuda a manter vivo o sonho de que tudo o que acontece acontece por um bom motivo. Cumpre o papel de ser um filme para o fim do domingo. Destaque para a cena da primeira
Este é um daqueles filmes, com um roteiro simples, mas extremamente eficiente. Personagens magistralmente construídos (que me lembram os de O Mágico de Oz), trilha sonora perfeita, fotografia naturalmente linda, maravilhoso trabalho de montagem e Martin Sheen soberano em sua atuação. Embora eu temesse que o filme fosse ter um apelo excessivamente espiritual, isso é o que menos se vê nessa produção singela e despretensiosa, que nos lembra de que todos carregam uma dor, ainda que seja a dor de não ter dor nenhuma. Acho que poucas obras foram capazes de capturar com tamanha sensibilidade a essência da jornada humana. Filme excelente. Então, keep walking e bon camino!
Como entretenimento, o filme cumpre o seu papel: tem muita ação, efeitos convincentes e uma trama simples, na mesma esteira (e do mesmo nível) de 2012. Ideal para quando você está com preguiça de pensar.
A-V-A-S-S-A-L-A-D-O-R. Não consigo pensar numa palavra que melhor descreva esse filme. Atuações fantásticas, com destaque para Matt Bomer, no papel de Felix. Muitos outros filmes já foram muito bem-sucedidos ao abordar a questão da AIDS, tais como "Meu querido companheiro", "Filadélfia" e "Clube de compras de Dallas", mas The Normal Heart consegue trazer uma abordagem mais social da doença, sem descuidar de toda a dramaticidade inerente ao tema. Hoje é Dia das Mães, uma data triste pra mim, já que essa é a primeira vez que passo essa data sem minha mãe, que faleceu no ano passado. E, ao assistir esse filme, compreendi o motivo pelo qual consideramos o amor de mãe tão especial: porque "amor" é, sobretudo, cuidado. Sim, mais do que romance e flores pela manhã, o amor é limpar a diarreia da pessoa que você ama, aparar seu vômito e enxugar seu pranto. E é disso que esse filme fala: de gente que ama, de gente que cuida, quando o resto do mundo dá de ombros para a sua tragédia. The Normal Heart é um filme cujo pano de fundo é a AIDS, mas o verdadeiro tema é o amor. Simplesmente perfeito.
Fraquíssimo. O roteiro não tem pé nem cabeça, as atitudes dos personagens não têm a menor conexão com a realidade. Filme chato, metido a cult. A parte técnica é outro desastre: nalguns momentos eu gostaria que houvesse legendas das falas em português, porque o áudio é péssimo. Muitas cenas escuras e outras tantas gravadas na contra-luz. Talvez tenha sido uma tentativa de criar uma fotografia "cult", mas, na prática, deixou um efeito de filme caseiro, de produção amadora mesmo. O própria Wagner Moura não está lá essas coisas. Não perca seu tempo.
E esse meu 100º comentário aqui no Filmow não poderia ser sobre um filme mais especial do que esse! Que atuação esplendorosa de Julianne Moore, certamente uma das atuações mais impressionantes que eu já vi na vida. E Kristen Stewart se superou, mostrando uma interpretação madura e impecável também. Filme excelente, que mostra a questão do Alzheimer de forma sensível e inteligente. Filmaço para quem curte roteiros sóbrios e atuações perfeitas. Tudo na medida certa, sem os exageros típicos desse tipo de drama, mas nem por isso um filme superficial ou frio; pelo contrário: cada detalhe, cada olhar, cada imagem e cada música são carregados de significados. E a polêmica cena das pílulas foi tratada de forma extremamente elegante e inteligente, revelando uma personagem que perdeu a si mesma, mas que, de certa forma, refez-se em outra. Se somos feitos de memórias, que melhor forma de nos reinventarmos, senão perdendo-as todas? E se, ao termos nossas memórias forçosamente resetadas, deixamos de ser um e passamos a ser outro, que direito teria o primeiro de decidir sobre a vida do segundo? Grande filme, para expectadores exigentes. Pode acreditar: vale cada segundo!
Um grande filme, que conseguiu não ceder à tentação de ser excessivamente melodramático, embora a história de Stephen Hawking tenha tudo para render um dramalhão. Emoções na medida certa, grandes interpretações e um filme que encanta contando a história de um dos seres humanos mais fantásticos que já viveu. Uma verdadeira lição de vida sobre não ter limites.
Há 7 meses eu não via um filme que me impressionasse... Que atuações, que direção, que construção de personagens! É de filmes com esse nível de qualidade que o cinema precisa.
A história é uma mistura de A Metamorfose, Twin Peaks e mais alguma coisa a la Johnny Depp... Na verdade, o argumento é muito legal, mas o roteiro ficou oscilando entre o drama, o fantástico e o humor negro, então faltou que decidissem, afinal de contas, que tipo de filme queriam fazer. Já a atuação de Daniel Radcliffe não foi das melhores. Ele é um bom ator, mas se sai melhor em papéis que não exijam uma dramaticidade mais pungente. É o tipo de ator que fica melhor em papéis mais comedidos, como o que ele encarnou em A mulher de preto. Na verdade, acho que o papel ideal para o Daniel Radcliffe seria interpretar Geraldo Alckmin numa cinebiografia chamada "Picolé de chuchu"....kkkkk. Mas o filme é entretenimento garantido, ideal para um domingo preguiçoso.
Tenho de ser humilde: este é mais um filme que vai para o rol de filmes que eu terei de ver uma 2ª vez para ver se compreendo melhor. Ao lado de filmes como Na natureza selvagem, Pulp Fiction, Noordzee Texas, Lost in translation, 2001, dentre tantos outros, esse é mais um filme cuja minha reação final foi: "hein?". Por experiência, quando revejo filmes do tipo "hein?", a tendência é eu gostar menos ainda e acabar confirmando minha impressão inicial de que o filme foi bajulado por alguns críticos e acabou gerando um efeito manada, a exemplo do que penso, até hoje, sobre Laranja Mecânica - um filme que é apenas bom, mas não é isso tudo que pessoal costuma dizer. Vi boas atuações, um mote interessante sobre os bastidores do teatro, algumas cenas muito legais e também muita coisa nonsense. Gostei do clima não-glamouroso, mas não vi ali um filme digno de Oscar. Gostaria de lembrar do nome de um filme bem antigo a que assisti, sobre um ator em fim de carreira, que uma última vez interpretará Rei Lear, do qual gostei muito, mas minha memória me trai...
Tenho uma teoria sobre o flashback: esse recurso funciona quando ele se liga à história no tempo presente completando lacunas do enredo propriamente dito. Quando é usado simplesmente como uma memória visual do personagem, lembrando de seus próprios dramas, torna-se enfadonho. É o que se viu em Wild: quem assiste a esse filme está interessado mais na jornada solitária da personagem, do que nos recalques que a levaram a isso. O uso excessivo do flashback quebra o ritmo do filme em seus melhores momentos. Teria sido melhor se tivessem dedicado o primeiro quarto ou quinto do filme para contar a história da personagem e depois mantivessem o foco na jornada, que é o grande apelo da produção, a exemplo do que se vê em Thelma e Louise e Somente Elas, sem todos esses flashbacks. A falha foi na montagem e isso prejudicou bastante o resultado final. No mais, o filme garante um bom entretenimento, sem maiores surpresas. Pra quem espera um filme com alto teor filosófico, busca pelo autoconhecimento, descoberta de um novo eu etc, lamento dizer que dificilmente essa produção atenderá esse tipo de expectativa. Pra quem curte essa pira de jornada solitária e se aventura pela literatura, sugiro o excelente "Os vagabundos iluminados", de Jack Kerouac, que também escreveu o clássico On the road, que já foi adaptado para as telas.
Fraquíssimo. A narrativa é arrastada e desnecessariamente longa. Toda a parte que envolve o trabalho dela como "cobradora", incluindo a interação com P. é absolutamente desnecessária e fora de propósito. O filme ficaria muito mais dinâmico se não fosse dividido em 2 partes. 120 minutos é tempo mais do que suficiente para contar essa história. Essa montagem, tentando contar o filme em forma de livro, deixa tudo mais chato ainda. Há várias cenas de sexo real que são de um INCRÍVEL MAU GOSTO, sempre mostrando o sexo de uma forma suja e grotesca, desde o início. Seria muito mais convincente, se se assemelhasse ao processo real de adicção: o vício começa com o prazer - e só depois vai se tornando decadente e envolvendo o dependente numa espiral de autodestruição (algo muito bem retratado em Christiane F. e no remake Aos 13, por exemplo). Sei que a proposta do filme não é ser erótico, mas mostrar a patologia, só que não convence, não convence nem um pouco. Leva 2 estrelinhas pelo único mérito que vejo nessa produção: a honestidade de mostrar a excitação masculina em seu aspecto mais contumaz: a ereção. Fico doido com esses filmes que mostram cenas de sexo em que o homem deveria estar no maior tesão e, de repente, a câmera mostra, en passant, aquele pinto mole! Não sei de onde tiraram esse absurdo de que a ereção masculina é algo feio e agressivo de se mostrar. Daí ficam mostrando bundas e pintos moles... Ora, se não têm coragem de retratar a verdade, porque se metem a fazer cenas pretensamente eróticas? A não ser que o cara tenha uma disfunção erétil, a ereção é a consequência natural da excitação masculina e eu não vejo - e acho que a maioria das mulheres também não vê - nada de feio ou agressivo nisso. Até onde eu saiba, uma mulher se sente muito mais ultrajada por um pinto mole do que por uma ereção sadia. Pena que o filme mostra isso num contexto doentio e asqueroso, dando-lhe ares de uma pornochanchada e reforçando ainda mais esse tabu. E, pra quem curte filmes sobre transtornos sexuais, uma opção bem melhor é o francês La Pianiste.
Acabo de liberar 4GB de espaço no meu HD.... Que filme ruim! Essa 1ª parte é tão excitante, que cheguei a cochilar 2 vezes assistindo a esse troço. Assisti à parte 2 também, então faço uma análise mais detalhada lá.
Ok, vamos lá: lamento dizer que, quem só vê pontos positivos nesse filme - e acha que está diante de uma obra-prima, está errado. Da mesma forma, tem muita gente dizendo que adorou o filme e, no entanto, não consegue ir além dos elogios às atuações da dupla central e à trilha sonora. Bem, amigos, esse filme é mais do que isso, sem, no entanto, ser tudo o que alguns estão dizendo. Dentre os aspectos positivos, podemos destacar, obviamente, as atuações de J. K. Simmons e Miles Teller, que são realmente excelentes. Da mesma forma, além da ótima trilha sonora, temos também uma fotografia muito bonita e algumas cenas muito impactantes. Em termos de riqueza de diálogos, as melhores cenas são a do jantar em família e a conversa memorável entre Fletcher e Andrew no bar. Um aspecto que não vi nenhum usuário perceber foi o quanto o roteiro se assemelha à dissonância característica do jazz (e é por isso que é tão difícil aprender a apreciar o jazz). No jazz, a gente espera uma nota, e vem outra! Para quem não é habituado com o estilo, parece até que o músico desafinou! Essa é a riqueza do jazz! O roteiro do filme tenta fazer a mesma coisa (e aposto que não é coincidência) e, em alguns momentos, até consegue: a gente espera que os personagens reajam de uma maneira e eles reagem de outra; a gente espera que aconteça uma coisa e acontece outra. Foi uma sacada genial, que acho que poucas pessoas perceberam. Entretanto, nem tudo nesse filme é tão perfeito... A construção dos personagens é débil: embora o Fletcher seja um personagem fortíssimo, faltou-lhe identidade. Às vezes ele é o gênio excêntrico, às vezes um sentimental que se culpa (e por isso mente) por uma morte, às vezes ele é apenas um sádico psicopata. O roteiro também se perde, estavam indo bem, na medida em que o Andrew, gradativamente, começava a absorver traços da personalidade do Fletcher (vejam a forma como ele trata a namorada, as coisas que ele diz no jantar em família...), deixando de ser o garoto sonhador para se transformar numa espécie de gênio torturado. Mas faltou foco do roteiro, faltou construir os personagens de maneira mais convincente e mais verossímil, porque, às vezes, menos é mais. Sempre fiz uma distinção entre os gêneros "terror" e "horror": os filmes de terror mexem com a nossa cabeça, com nosso imaginário, com nossos medos soterrados pelo racionalismo. Já os filmes de horror nos assustam pelo choque, pelo grotesco, pelo susto mesmo. Ou seja: os filmes de horror usam e abusam de cenas impactantes para encobrir um roteiro vazio. Foi isso o que eu vi em Whiplash: uma sequência de cenas de impacto (muito bem feitas aliás), que maquiam um roteiro que, essencialmente, não diz muita coisa. E parece que funcionou, porque o pessoal se deixou seduzir pelas "cenas incríveis", mas, afinal de contas, qual é a história? Whiplash é uma versão dark de Glee, que usa uma fórmula conhecida, JOVEM + FAMÍLIA HUMILDE + SONHOS + CARREIRA ARTÍSTICA + DIFICULDADES + MELHOR ESCOLA DO MUNDO (que é sempre nos EUA né...). A gente já viu isso em dezenas de filmes, embora, reconheço, Whiplash tenha ousado - e muito - ao focar na bateria do jazz. O baterista já é um relegado por natureza (a gente tem que ser muito fã de uma banda pra saber o nome do baterista...kkkk), imagina um baterista de jazz, estilo célebre pelos instrumentos de sopro. Whiplash é uma versão dark de Glee, para quem consegue assistir a essa filme sem o olhar tendenciosa de tiete. Nem por isso é tempo perdido. O filme é bom, só não é isso tudo.
Spare Parts
3.9 22Daqueles filmes que parece ser bem sessão da tarde, mas que vai te ganhando silenciosamente e, quando você se dá conta, já foi fisgado. Edificante.
O Mordomo da Casa Branca
4.0 595 Assista AgoraÉ mais do que um filme; é realmente uma obra-prima e uma aula de interpretação. Tudo na medida certa, sem exageros, sem dramalhões, mas incrivelmente carregado de emoção e de sensibilidade. Filme pra quem curte cinema mesmo.
4 Luas
3.8 287Normalmente não gosto de histórias entrecortadas, mas esse filme é uma feliz exceção! Infância, juventude, idade adulta e velhice foram apresentadas de uma forma bastante verossímil, cada uma com suas peculiaridades. Nem sei dizer de qual das 4 histórias eu gostei mais, mas acho que a do escritor é a mais profunda - e a menos compreendida dessa bela produção. Na história do escritor, a grande sacada é o "não-dito"; é a que deixa mais espaço para o expectador explorar e perceber o que não é despejado na tela. De toda forma, todas as histórias são excelentes e o filme passa voando! Destaque também para a excelente trilha sonora, ao som de "I know you", interpretada por The Passersby.
A Incrível História de Adaline
3.7 1,5K Assista AgoraEmbora o argumento seja bastante surreal, o filme tem lá seus encantos, em que pese a interpretação de Blake Lively, que parece ser quase uma unanimidade entre as avaliações aqui. Acho que o pessoal tá pegando meio pesado nas críticas: o filme não é nenhuma obra-prima, mas também não é um desastre. Filme ideal para um fim de tarde de domingo, que suscita uma interessante discussão sobre as reais vantagens de ser imune ao tempo, quando todos os outros não são. O tema foi tratado de forma rasa, ainda assim é bem melhor do que assistir a uma comédia romântica.
O Primeiro Amor
4.1 1,3K Assista AgoraS-U-R-P-R-E-E-N-D-E-N-T-E-M-E-N-T-E F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O!!! Primeiramente acho importante dizer que há muita gente (sobretudo dentre aqueles que dizem ter gostado do filme) que está tendo uma visão simplista demais sobre essa obra. Termos como "fofo", "lindinho", "gostoso" e "simples" estão longe de descrever com justiça o valor dessa incrível produção. Podem ter certeza: esse filme não tem nada de "simples"; é preciso muito talento, dedicação e sensibilidade para produzir um filme que seja capaz de encantar desde os adolescentes até os mais exigentes cinéfilos. A aparente "simplicidade" é o resultado final de um trabalho exaustivo e extremamente competente. "Simples" é um filme como Mad Max, isso, sim, é um filme bem simples: coloque um monte de carros sendo destruídos, uma boa dose de violência e mande para os cinemas... Pronto! Temos um filme simples! Dizer que Flipped é um filme simples é como dizer que uma formiga é um ser simples, embora você não seja capaz, sequer, de desenhar uma formiga, que dirá fazê-la... Mas vamos à obra: uma das grandes sacadas desse filme é contar os mesmos fatos sob 2 perspectivas distintas - e mostrar, assim, o quanto as coisas podem ter significados completamente diferentes para diferentes pessoas (simplesmente genial!). Outro aspecto interessante, embora apenas sutilmente explorado, é mostrar que todas as pessoas, até mesmo as mais intragáveis, carregam, cada uma, a sua dor - e a dor parece nos moldar mais do que imaginamos... E se tem uma coisa que ninguém pode dizer é que esse filme é clichê - e os minutos finais são a maior prova disso. Conseguir contar uma história de amor, sem cair nos velhos clichês, é uma demonstração de talento e criatividade. E as virtudes dessa obra não param por aí: roteiro perfeito, fotografia linda, trilha sonora de primeira, personagens muito bem construídos e interpretações impecáveis. Está pronto o caldeirão para produzir um filme cujo único predicado justo é: perfeito. A despeito da infeliz escolha do título brasileiro (que já dá um indicativo errado para expectadores incautos), Flipped é muito mais do que um romance adolescente ou um filme fofo; é uma das melhores produções dos últimos anos. Ironicamente o filme guarda traços de semelhança com muitas outras obras das quais gostei muito: um narrador-personagem, como se vê em Três Formas de Amar; a música de abertura de Dirty Dancing; o clima nostálgico de A Vida Secreta das Abelhas; a psiqué infanto-juvenil que se vê em Conta Comigo e uma personagem pungente, vívida, radiante, idealista, como se vê em Ensina-me a Viver. Uma curiosidade: repararam no quanto Callan McAuliffe é parecido com Robert Redford? Enfim, comecei a assistir sem esperar muito e mais uma vez fui traído pelo meu preconceito. O filme é excelente, feito para quem, ao assistir a um filme, espera ver mais do que carros sendo destruídos, mas que, no entanto, compreende que um filme não precisa ser pretensioso para ser cult e que para ser cinéfilo não é preciso gostar apenas de esquisitices: está ok ser cinéfilo e humano ao mesmo tempo.
O Círculo
4.1 42Misturar documentário com ficção é uma escolha ousada e que foi muito bem conduzida nessa produção. É um enfoque bastante inusitado para o tema e o idioma alemão deixa tudo naturalmente mais denso. Os depoimentos ajudam a dar naturalidade para a situação e nos fazem lembrar que, no fim das contas, todos os seres humanos querem exatamente a mesma coisa. Talvez um dos aspectos mais interessantes seja justamente mostrar os efeitos do tempo sobre as convenções sociais e sobre as próprias pessoas, inclusive no que tange à sua aparência. A despeito dos grilhões que a vida em sociedade nos impõe, o fato é que vivemos num mundo em que, cada vez mais, ainda que lentamente, as pessoas se voltam para essa busca pessoal da felicidade, deixando de lado a vigilância da vida alheia. Quem sabe, num futuro não muito distante, o mundo será um lugar onde ser feliz não será mais visto como um pecado.
Se Eu Tivesse Asas
3.5 33Típico filme Sessão da Tarde: roteiro previsível, tratamento leve, tudo como tem de ser. Não surpreende, mas também não decepciona; simplesmente cumpre o seu papel - e isso também tem seu valor. Ainda assim, acho que 4 estrelas é um pouco de exagero, mas vá lá... E eu não poderia deixar de destacar a incrível beleza andrógina de Genevieve Buechner, que acaba de entrar para o meu rol de atrizes lindas.
Lucifer (1ª Temporada)
4.0 427 Assista AgoraTem potencial, mas to com medo que seja apenas mais uma versão de séries como Psych e White Collar.
O Melhor de Mim
3.5 769 Assista AgoraEstava indo muito bem: boas interpretações, trilha sonora legal, flashback funcionando perfeitamente para prender a atenção do expectador, ótima fotografia (e esses pontos positivos até neutralizavam as pequenas falhas, tipo o Dawson ter ficado com os olhos azuis depois de mais velho, de estar usando sempre a mesma regata e tals...). Tem aqueles clichês aqui e ali, mas isso não é um mal do filme; isso é um mal do amor. Entretanto, a parte final é realmente muito forçada. O filme vai na mesma linha de Diário de uma paixão, mas pega mais pesado no drama e isso compromete bastante o resultado final. Já tava pronto pra dar 5 estrelas e favoritar, mas em 10 minutos o filme despencou no meu conceito. De toda forma, não estou dizendo que seja um filme ruim; pelo contrário: é um excelente romance, mas pecou pelo excesso.
A Onda
4.2 1,9KEmbora a história como um todo seja pouco convincente, sobretudo pela velocidade com que a coisa toda se desenrola, o filme levanta uma discussão interessantíssima sobre os movimentos fascistas, o radicalismo, o vazio existencial, a necessidade de se sentir parte de algo e sobre como o grupo a que pertencemos é capaz de influenciar o nosso comportamento. Numa época em que as pessoas estão cada vez mais solitárias e que vivem suas vidas no piloto automático, qualquer um que seja capaz de dar algum sentido para tudo isso é capaz de arrastar multidões. Somos a geração das redes sociais, da comunicação em massa, a geração em que todos têm uma opinião para dar a respeito de tudo, numa época em que é extremamente fácil se fazer ouvir. Diz o ditado que um tolo sempre tem outro tolo que o admira. Acontece que hoje um tolo pode ser admirado não por um, mas por milhões de outros tolos - e isso é um perigo para a sociedade. Filme provocativo, com excelente atuação de Jürgen Vogel e ideal para servir como mote para trabalhos acadêmicos e escolares.
Simplesmente Acontece
3.8 1,8K Assista AgoraA exemplo do que se viu em About Time, mais uma vez os britânicos surpreendem, com um filme leve e divertido. Apesar de todos os clichês típicos do gênero Comédia Romântica e de percebermos a presença de algumas personas que já foram desenhadas em Um lugar chamado Notting Hill ou no icônico Quatro casamentos e um funeral, ainda assim esse filme nos brinda com uma visão menos fatalista da vida e ajuda a manter vivo o sonho de que tudo o que acontece acontece por um bom motivo. Cumpre o papel de ser um filme para o fim do domingo. Destaque para a cena da primeira
despedida no aeroporto, que mostra o mais bonito beijo não-dado
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O Caminho
3.9 138 Assista AgoraEste é um daqueles filmes, com um roteiro simples, mas extremamente eficiente. Personagens magistralmente construídos (que me lembram os de O Mágico de Oz), trilha sonora perfeita, fotografia naturalmente linda, maravilhoso trabalho de montagem e Martin Sheen soberano em sua atuação. Embora eu temesse que o filme fosse ter um apelo excessivamente espiritual, isso é o que menos se vê nessa produção singela e despretensiosa, que nos lembra de que todos carregam uma dor, ainda que seja a dor de não ter dor nenhuma. Acho que poucas obras foram capazes de capturar com tamanha sensibilidade a essência da jornada humana. Filme excelente. Então, keep walking e bon camino!
Terremoto: A Falha de San Andreas
3.0 1,0K Assista AgoraComo entretenimento, o filme cumpre o seu papel: tem muita ação, efeitos convincentes e uma trama simples, na mesma esteira (e do mesmo nível) de 2012. Ideal para quando você está com preguiça de pensar.
The Normal Heart
4.3 1,0K Assista AgoraA-V-A-S-S-A-L-A-D-O-R. Não consigo pensar numa palavra que melhor descreva esse filme. Atuações fantásticas, com destaque para Matt Bomer, no papel de Felix. Muitos outros filmes já foram muito bem-sucedidos ao abordar a questão da AIDS, tais como "Meu querido companheiro", "Filadélfia" e "Clube de compras de Dallas", mas The Normal Heart consegue trazer uma abordagem mais social da doença, sem descuidar de toda a dramaticidade inerente ao tema. Hoje é Dia das Mães, uma data triste pra mim, já que essa é a primeira vez que passo essa data sem minha mãe, que faleceu no ano passado. E, ao assistir esse filme, compreendi o motivo pelo qual consideramos o amor de mãe tão especial: porque "amor" é, sobretudo, cuidado. Sim, mais do que romance e flores pela manhã, o amor é limpar a diarreia da pessoa que você ama, aparar seu vômito e enxugar seu pranto. E é disso que esse filme fala: de gente que ama, de gente que cuida, quando o resto do mundo dá de ombros para a sua tragédia. The Normal Heart é um filme cujo pano de fundo é a AIDS, mas o verdadeiro tema é o amor. Simplesmente perfeito.
Praia do Futuro
3.4 935 Assista AgoraFraquíssimo. O roteiro não tem pé nem cabeça, as atitudes dos personagens não têm a menor conexão com a realidade. Filme chato, metido a cult. A parte técnica é outro desastre: nalguns momentos eu gostaria que houvesse legendas das falas em português, porque o áudio é péssimo. Muitas cenas escuras e outras tantas gravadas na contra-luz. Talvez tenha sido uma tentativa de criar uma fotografia "cult", mas, na prática, deixou um efeito de filme caseiro, de produção amadora mesmo. O própria Wagner Moura não está lá essas coisas. Não perca seu tempo.
Para Sempre Alice
4.1 2,3K Assista AgoraE esse meu 100º comentário aqui no Filmow não poderia ser sobre um filme mais especial do que esse! Que atuação esplendorosa de Julianne Moore, certamente uma das atuações mais impressionantes que eu já vi na vida. E Kristen Stewart se superou, mostrando uma interpretação madura e impecável também. Filme excelente, que mostra a questão do Alzheimer de forma sensível e inteligente. Filmaço para quem curte roteiros sóbrios e atuações perfeitas. Tudo na medida certa, sem os exageros típicos desse tipo de drama, mas nem por isso um filme superficial ou frio; pelo contrário: cada detalhe, cada olhar, cada imagem e cada música são carregados de significados. E a polêmica cena das pílulas foi tratada de forma extremamente elegante e inteligente, revelando uma personagem que perdeu a si mesma, mas que, de certa forma, refez-se em outra. Se somos feitos de memórias, que melhor forma de nos reinventarmos, senão perdendo-as todas? E se, ao termos nossas memórias forçosamente resetadas, deixamos de ser um e passamos a ser outro, que direito teria o primeiro de decidir sobre a vida do segundo? Grande filme, para expectadores exigentes. Pode acreditar: vale cada segundo!
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraUm grande filme, que conseguiu não ceder à tentação de ser excessivamente melodramático, embora a história de Stephen Hawking tenha tudo para render um dramalhão. Emoções na medida certa, grandes interpretações e um filme que encanta contando a história de um dos seres humanos mais fantásticos que já viveu. Uma verdadeira lição de vida sobre não ter limites.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraHá 7 meses eu não via um filme que me impressionasse... Que atuações, que direção, que construção de personagens! É de filmes com esse nível de qualidade que o cinema precisa.
Amaldiçoado
3.0 1,2K Assista AgoraA história é uma mistura de A Metamorfose, Twin Peaks e mais alguma coisa a la Johnny Depp... Na verdade, o argumento é muito legal, mas o roteiro ficou oscilando entre o drama, o fantástico e o humor negro, então faltou que decidissem, afinal de contas, que tipo de filme queriam fazer. Já a atuação de Daniel Radcliffe não foi das melhores. Ele é um bom ator, mas se sai melhor em papéis que não exijam uma dramaticidade mais pungente. É o tipo de ator que fica melhor em papéis mais comedidos, como o que ele encarnou em A mulher de preto. Na verdade, acho que o papel ideal para o Daniel Radcliffe seria interpretar Geraldo Alckmin numa cinebiografia chamada "Picolé de chuchu"....kkkkk. Mas o filme é entretenimento garantido, ideal para um domingo preguiçoso.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraTenho de ser humilde: este é mais um filme que vai para o rol de filmes que eu terei de ver uma 2ª vez para ver se compreendo melhor. Ao lado de filmes como Na natureza selvagem, Pulp Fiction, Noordzee Texas, Lost in translation, 2001, dentre tantos outros, esse é mais um filme cuja minha reação final foi: "hein?". Por experiência, quando revejo filmes do tipo "hein?", a tendência é eu gostar menos ainda e acabar confirmando minha impressão inicial de que o filme foi bajulado por alguns críticos e acabou gerando um efeito manada, a exemplo do que penso, até hoje, sobre Laranja Mecânica - um filme que é apenas bom, mas não é isso tudo que pessoal costuma dizer. Vi boas atuações, um mote interessante sobre os bastidores do teatro, algumas cenas muito legais e também muita coisa nonsense. Gostei do clima não-glamouroso, mas não vi ali um filme digno de Oscar. Gostaria de lembrar do nome de um filme bem antigo a que assisti, sobre um ator em fim de carreira, que uma última vez interpretará Rei Lear, do qual gostei muito, mas minha memória me trai...
Livre
3.8 1,2K Assista AgoraTenho uma teoria sobre o flashback: esse recurso funciona quando ele se liga à história no tempo presente completando lacunas do enredo propriamente dito. Quando é usado simplesmente como uma memória visual do personagem, lembrando de seus próprios dramas, torna-se enfadonho. É o que se viu em Wild: quem assiste a esse filme está interessado mais na jornada solitária da personagem, do que nos recalques que a levaram a isso. O uso excessivo do flashback quebra o ritmo do filme em seus melhores momentos. Teria sido melhor se tivessem dedicado o primeiro quarto ou quinto do filme para contar a história da personagem e depois mantivessem o foco na jornada, que é o grande apelo da produção, a exemplo do que se vê em Thelma e Louise e Somente Elas, sem todos esses flashbacks. A falha foi na montagem e isso prejudicou bastante o resultado final. No mais, o filme garante um bom entretenimento, sem maiores surpresas. Pra quem espera um filme com alto teor filosófico, busca pelo autoconhecimento, descoberta de um novo eu etc, lamento dizer que dificilmente essa produção atenderá esse tipo de expectativa. Pra quem curte essa pira de jornada solitária e se aventura pela literatura, sugiro o excelente "Os vagabundos iluminados", de Jack Kerouac, que também escreveu o clássico On the road, que já foi adaptado para as telas.
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6K Assista AgoraFraquíssimo. A narrativa é arrastada e desnecessariamente longa. Toda a parte que envolve o trabalho dela como "cobradora", incluindo a interação com P. é absolutamente desnecessária e fora de propósito. O filme ficaria muito mais dinâmico se não fosse dividido em 2 partes. 120 minutos é tempo mais do que suficiente para contar essa história. Essa montagem, tentando contar o filme em forma de livro, deixa tudo mais chato ainda. Há várias cenas de sexo real que são de um INCRÍVEL MAU GOSTO, sempre mostrando o sexo de uma forma suja e grotesca, desde o início. Seria muito mais convincente, se se assemelhasse ao processo real de adicção: o vício começa com o prazer - e só depois vai se tornando decadente e envolvendo o dependente numa espiral de autodestruição (algo muito bem retratado em Christiane F. e no remake Aos 13, por exemplo). Sei que a proposta do filme não é ser erótico, mas mostrar a patologia, só que não convence, não convence nem um pouco. Leva 2 estrelinhas pelo único mérito que vejo nessa produção: a honestidade de mostrar a excitação masculina em seu aspecto mais contumaz: a ereção. Fico doido com esses filmes que mostram cenas de sexo em que o homem deveria estar no maior tesão e, de repente, a câmera mostra, en passant, aquele pinto mole! Não sei de onde tiraram esse absurdo de que a ereção masculina é algo feio e agressivo de se mostrar. Daí ficam mostrando bundas e pintos moles... Ora, se não têm coragem de retratar a verdade, porque se metem a fazer cenas pretensamente eróticas? A não ser que o cara tenha uma disfunção erétil, a ereção é a consequência natural da excitação masculina e eu não vejo - e acho que a maioria das mulheres também não vê - nada de feio ou agressivo nisso. Até onde eu saiba, uma mulher se sente muito mais ultrajada por um pinto mole do que por uma ereção sadia. Pena que o filme mostra isso num contexto doentio e asqueroso, dando-lhe ares de uma pornochanchada e reforçando ainda mais esse tabu. E, pra quem curte filmes sobre transtornos sexuais, uma opção bem melhor é o francês La Pianiste.
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraAcabo de liberar 4GB de espaço no meu HD.... Que filme ruim! Essa 1ª parte é tão excitante, que cheguei a cochilar 2 vezes assistindo a esse troço. Assisti à parte 2 também, então faço uma análise mais detalhada lá.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraOk, vamos lá: lamento dizer que, quem só vê pontos positivos nesse filme - e acha que está diante de uma obra-prima, está errado. Da mesma forma, tem muita gente dizendo que adorou o filme e, no entanto, não consegue ir além dos elogios às atuações da dupla central e à trilha sonora. Bem, amigos, esse filme é mais do que isso, sem, no entanto, ser tudo o que alguns estão dizendo. Dentre os aspectos positivos, podemos destacar, obviamente, as atuações de J. K. Simmons e Miles Teller, que são realmente excelentes. Da mesma forma, além da ótima trilha sonora, temos também uma fotografia muito bonita e algumas cenas muito impactantes. Em termos de riqueza de diálogos, as melhores cenas são a do jantar em família e a conversa memorável entre Fletcher e Andrew no bar. Um aspecto que não vi nenhum usuário perceber foi o quanto o roteiro se assemelha à dissonância característica do jazz (e é por isso que é tão difícil aprender a apreciar o jazz). No jazz, a gente espera uma nota, e vem outra! Para quem não é habituado com o estilo, parece até que o músico desafinou! Essa é a riqueza do jazz! O roteiro do filme tenta fazer a mesma coisa (e aposto que não é coincidência) e, em alguns momentos, até consegue: a gente espera que os personagens reajam de uma maneira e eles reagem de outra; a gente espera que aconteça uma coisa e acontece outra. Foi uma sacada genial, que acho que poucas pessoas perceberam. Entretanto, nem tudo nesse filme é tão perfeito... A construção dos personagens é débil: embora o Fletcher seja um personagem fortíssimo, faltou-lhe identidade. Às vezes ele é o gênio excêntrico, às vezes um sentimental que se culpa (e por isso mente) por uma morte, às vezes ele é apenas um sádico psicopata. O roteiro também se perde, estavam indo bem, na medida em que o Andrew, gradativamente, começava a absorver traços da personalidade do Fletcher (vejam a forma como ele trata a namorada, as coisas que ele diz no jantar em família...), deixando de ser o garoto sonhador para se transformar numa espécie de gênio torturado. Mas faltou foco do roteiro, faltou construir os personagens de maneira mais convincente e mais verossímil, porque, às vezes, menos é mais. Sempre fiz uma distinção entre os gêneros "terror" e "horror": os filmes de terror mexem com a nossa cabeça, com nosso imaginário, com nossos medos soterrados pelo racionalismo. Já os filmes de horror nos assustam pelo choque, pelo grotesco, pelo susto mesmo. Ou seja: os filmes de horror usam e abusam de cenas impactantes para encobrir um roteiro vazio. Foi isso o que eu vi em Whiplash: uma sequência de cenas de impacto (muito bem feitas aliás), que maquiam um roteiro que, essencialmente, não diz muita coisa. E parece que funcionou, porque o pessoal se deixou seduzir pelas "cenas incríveis", mas, afinal de contas, qual é a história? Whiplash é uma versão dark de Glee, que usa uma fórmula conhecida, JOVEM + FAMÍLIA HUMILDE + SONHOS + CARREIRA ARTÍSTICA + DIFICULDADES + MELHOR ESCOLA DO MUNDO (que é sempre nos EUA né...). A gente já viu isso em dezenas de filmes, embora, reconheço, Whiplash tenha ousado - e muito - ao focar na bateria do jazz. O baterista já é um relegado por natureza (a gente tem que ser muito fã de uma banda pra saber o nome do baterista...kkkk), imagina um baterista de jazz, estilo célebre pelos instrumentos de sopro. Whiplash é uma versão dark de Glee, para quem consegue assistir a essa filme sem o olhar tendenciosa de tiete. Nem por isso é tempo perdido. O filme é bom, só não é isso tudo.