Pra quem curte filmes de suspense e mistério, é uma boa pedida. Trama bem escrita, embora o ritmo do filme, cheio de flashbacks, torne-o um pouco cansativo.
Parece que existe muito preconceito contra atores que se tornam célebres por causa de um único personagem, sobretudo se esse personagem for de uma franquia, mas o fato é que muitos deles têm conseguido mostrar o seu talento como atores e superar o brilho ofuscante de seus personagens de estreia. Este é o caso de Daniel Radcliffe (que se saiu muito bem em "A mulher de preto"), de Emma Watson, (que arrasou em "As vantagens de ser invisível") e do próprio Robert Pattinson, que se saiu bem nesse filme estilo Sessão da Tarde, embora sua atuação em "Água para elefantes" seja melhor. Ainda vai levar um tempo para que ele se liberte do estereótipo de galã melancólico e introspectivo, mas acho que ele está no caminho certo. Penso que seu próximo desafio devesse ser o de encarnar um vilão, mas boto fé no cara. "Remember me" é um filme "legalzinho", apesar do fim ridículo e forçadíssimo. Ainda assim, vale como entretenimento.
O filme retrata algo repugnante, ou que, pelo menos, nos ensinam ser repugnante. Também liquida com a ideia de amor romântico e com os estereótipos das relações entre homens e mulheres, entre mães e filhos, entre professores e alunos, entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. Nesse sentido, é uma obra-prima, extremamente provocadora, cujo resultado final deve-se muito ao brilhantismo das atuações do trio central. Acho que apenas um grupo muito seleto de atores e atrizes seria capaz de dar vida a personagens tão densamente construídos e tais atuações podem facilmente figurar numa lista top 5 da história do cinema. Parece que existe quase uma unanimidade em relação aos aspectos técnicos do filme e a polêmica parece mesmo girar em torno do tema, que envolve não apenas as perversões sexuais, mas quase todo tipo de transtorno comportamental que um ser humano possa ter. Provavelmente é um prato cheio para o pessoal da área e não me espantaria saber que ele faz parte de muitos currículos de psicologia e psiquiatria. Em se tratando do tema, acho que podemos dividir a discussão em 2 partes: o tratamento artístico dado ao tema e a natureza dos sentimentos retratados:
1) Tratamento artístico:
Lembro-me de uma professora de artes cênicas que um dia nos explicou o segredo das boas atuações no palco: o exagero. Segundo ela, num palco, todos ficam pequenos e por isso o público é incapaz de perceber as emoções dos artistas, a não ser que eles exagerem. Isso me remete àquelas imagens de ópera, em que os cantores usam maquiagens carregadíssimas e fazem caras e bocas que, fora do palco, seriam caricatas, mas que, naquele contexto, parecem muito naturais. Na verdade, esse exagero permeia toda forma de arte: a arte precisa intensificar tudo, para chamar a atenção para aquilo que, no dia a dia, passa despercebido. Esse exagero pode se dar de duas formas: por mostrar demais ou por mostrar "de menos". Assim sendo, nas boas obras de arte, se tivermos um olhar atento, sempre vamos perceber uma dessas duas formas de exagero. Com "La Pianiste" é isso o que acontece: as coisas são exageradas, para chamar nossa atenção para questões que achamos que estão resolvidas - mas não estão. Todo mundo diz coisas do tipo "eu não me importo com a vida de ninguém", "cada um deve cuidar da sua vida", "cada um deve ser feliz do jeito que quiser" etc, mas há um detalhe que todos nós ocultamos: somos tolerantes apenas com aquilo que está de acordo com nossa própria visão de mundo. No fundo, todo mundo pode fazer o que quiser... desde que todos façam do nosso jeito...
2) Natureza dos sentimentos retratados:
a) Relação com os pais: taí um assunto para o qual quase todos temos respostas politicamente corretas, mas que, não raro, passam longe da realidade. A verdade é que essas relações são muito complicadas, mesmo quando parecem ser tranquilas. Os pais sempre vão projetar, pelo menos um pouco, de seus valores e frustrações nos filhos, por mais que gostem de dizer o contrário; e os filhos sempre terão medo de decepcionarem seus pais. Nessas relações, existe muito amor, mas também existe muita opressão, medo, recalque e até mesmo ódio. Se tem uma pessoa que você teme que descubra suas ka-gadas nessa vida, essa pessoa é seu pai ou sua mãe. A maioria de nós tem mais medo dos pais do que da polícia - e chegar à idade adulta não muda nada.
b) Desejos sexuais: parece que todo mundo é capaz de dizer que tem fantasias sexuais, mas que quase ninguém é capaz de admitir quais são....kkkkk. E não estou me referindo a admitir publicamente, que isso não teria o menor cabimento, mas, mesmo na intimidade, muitos de nós temos extrema dificuldade de verbalizar nossos mais secretos desejos (e veja bem: o fato de serem secretos não significa que sejam perversos. Acho até que as fantasias sexuais da maioria das pessoas são bem mais básicas do que o imaginário popular supõe...). Curiosamente, quando alguém nos confessa uma fantasia sexual pouco convencional (mesmo que seja num filme), ainda que tal fantasia nos excite, estamos automaticamente programados para repudiá-la de pronto. Quantos de nós, não apenas no sexo, mas também em situações análogas, já dissemos "não", quando, no fundo, gostaríamos de ter dito "SIM!!!!"? Eu realmente tenho alguma dificuldade para compreender o prazer que algumas pessoas obtêm da dor, da humilhação, da submissão, mas acho que dar vazão aos nossos reais desejos deve ser uma experiência libertadora. Particularmente não tenho fantasias sádicas ou masoquistas, mas tenho de admitir que a ideia de ter um ser humano completamente à minha mercê não deixa de ser sedutora...Mas não façamos disso um confessionário....kkkkk
Bem, se você acha que filmes como Atração fatal, 9 e 1/2 semanas de amor, Crash e Instinto selvagem foram filmes fortes, então assista "La pianiste"...
KKKKKK, e eu continuo às voltas com o overemotional cinema francês...kkkkk. Tudo é sempre levado aos recantos mais obscuros da alma humana...kkkkk, porque parece que, para ser bom, tem de ser trágico....kkkkk. Mas não me entendam mal; eu gostei do filme. Volta e meia os franceses fazem um filme leve, como o excelente "Intocáveis", mesmo abordando um tema que poderia ser trágico. Entretanto, parece mesmo que a vertente principal dos caras é a tragédia, é a coisa teatral, gutural e grave - e esse filme é um exemplo disso.
O filme tem uma montagem interessantíssima, mas que, nalguns momentos, acaba tornando o filme um pouco confuso. Eles usam um recurso que não é exatamente um flashback, já que a história fica voltando sempre ao mesmo ponto e achei isso surpreendente...a gente acha que a cena acabou e, de repente, o filme volta a ela e a cena continua! Muito legal, mas não dá para desgrudar o olho da tela nem um segundo!
A fotografia é excelente, com grandes sacadas (adorei a porta vermelha gigante) e apresenta uma ideia muito bacana que, um dia, espero poder usar em minha própria casa: um jogo de sombras na parede, sobre o qual não vou dar maiores detalhes, para não estragar a surpresa de quem ainda não assistiu.
A cena que empresta sua imagem ao poster do filme é muito surreal, pouco crível, apesar de bonita (ninguém faria um negócio daqueles...kkkk).
Os diálogos são inteligentes, mas, às vezes, soam pretensiosos, filosóficos demais. Trilha sonora bonita e boas atuações. A questão da homossexualidade é tão sutil, que é quase nula, tudo bem comportado. Enfim, é cinema-arte, coisa para cinéfilo mesmo.
O filme é uma produção caprichada, com uma atuação impecável de Sean Penn, mas realmente não é tão espetacular quanto muitos têm alardeado. É um retrato histórico de uma época em que estavam sendo construídas as bases para todas as lutas pelos direitos que hoje parecem ser tão elementares para cada um nós.
Não apenas os homossexuais, mas também os negros e as mulheres tiveram de conquistar seu lugar de direito numa sociedade que era branca, machista, pseudoreligiosa e elitista. E mesmo que, à época, muitos fossem incapazes de perceber isso, o fato é que toda vez que alguém compactua com qualquer forma de injustiça, esse alguém está se colocando na fila, para ser a próxima vítima, porque o mal contamina a sociedade inteira e, mais ou mais tarde, bate na porta de cada um nós. A criança pedindo esmola na esquina, um dia será o pai irresponsável de um jovem delinquente...
Não há dúvida de que ainda há um longo caminho a percorrer até que possamos dizer que somos uma sociedade verdadeiramente livre, que respeita os direitos individuais, sem ferir os interesses coletivos. Entretanto, se hoje é possível dizer isso sem receber uma porrada da polícia (e olhe lá...) é graças a esses pioneiros, que tiveram a coragem de erguer a sua voz em meio à toda a opressão, abrindo um precedente importante para cada ser humano deste mundo, que tiver seus direitos desrespeitados.
A despeito de tudo isso, o personagem em si não é tão carismático assim, e o filme chega a ser enfadonho em certos momentos. Vale mais como uma aula de história do que como arte propriamente dita.
Simplicidade e talento. Um filme sem diálogos profundos ou pretensa filosofia; apenas um retrato bastante convincente do dia a dia de um grupo de meninos num colégio interno durante o período mais horrendo da história da humanidade. Acho que o grande destaque do filme é a atuação impecável de Gaspard Manesse (Julien), cuja carreira como ator, infelizmente, parece não ter vingado. É impressionante que alguém tão jovem tenha sido capaz de incorporar um personagem de forma tão intensa e absoluta. Embora o filme não explicite a violência tipicamente retratada em outras obras que giram em torno da questão do nazismo, ele nos joga na cara um aspecto ainda mais perturbador por trás dessa "filosofia", que seduziu uma nação inteira e que até hoje tem admiradores dementes pelo mundo afora: a covardia que essa monstruosidade representou. Covardia de quem perseguiu implacavelmente pessoas indefesas, sem poupar nem mesmo a inocência das crianças. Covardia de tantos que, para salvar a própria pele, permitiram que tamanha bestialidade fosse cometida, bem debaixo de seus narizes, porque quem cala, consente. Para esses, acho - e espero - que vida há de ser um castigo pior do que a morte. Em tempos em que os fervores religiosos parecem estar sendo reacendidos, em que bruxas e demônios voltam à roda, em que as pessoas continuam sendo discriminadas por sua fé (ou pela falta dela), por sua cor, seu gênero, sua sexualidade, sua condição sócio-econômica e até mesmo por seu time de futebol, assistir a um filme como esse é fundamental para nos trazer à lembrança a estupidez e a covardia que qualquer forma de discriminação representa.
Quase. Na verdade o filme é uma coleção de altos e baixos, intercalando cenas bem boladas, com algumas situações incrivelmente toscas...kkkkk. Geralmente, quando o pessoal comenta um filme dizendo "adorei o silêncio", eu já pulo fora, porque tem tudo pra não prestar...kkkkk. Entretanto, nesse caso, o ritmo do filme, de fato, é interessante: é lento, mas não é monótono; é apenas na velocidade da vida das pessoas comuns, na velocidade da vida de 99,9% de nós... O argumento central é uma ideia muito boa, mas que foi desenvolvida de forma quase amadora, estilo filme de universitário que tá estudando cinema. O filme empresta elementos de "Tensão sexual", do mesmo diretor e até consegue criar algum erotismo, mas escorrega em diversos trechos. A trilha sonora é sonolenta, mas acho que, no fim das contas, o aspecto mais interessante é a construção de um universo particular, onde os personagens se isolam do mundo exterior. Enfim, é realmente uma ideia muito boa, que poderia ter sido desenvolvida de uma forma melhor, mas que não chega a ser um desastre. Filme muito focado nos homossexuais e que dificilmente irá agradar ao grande público. Merece um remake.
A última produção francesa que tinha conseguido arrancar de mim umas boas risadas foi "O sopro do coração"... de 1971!!! Já estava mais do que na hora de os franceses deixarem de lado sua pretensão e voltarem a fazer filmes sensíveis e inteligentes, sem sobrecarrega-los com aquele clima depressivo, que parece permear quase todas as produções francesas dos últimos anos. Putz, os caras parecem que só querem fazer filmes pesados, introspectivos, melodramáticos e, sobretudo, chatos. Finalmente surge uma obra leve, inteligente e com um humor refinadíssimo, sem precisar lançar mão do caricato, diferentemente de outras pretensas comédias francesas.
A fotografia é linda, a trilha sonora é bacana e as atuações, puxa, as atuações são realmente excepcionais!!! Eu ainda não estou acreditando que eu consegui rir de verdade com um filme francês!!!! E é claro que também me emocionei, embora, confesso, estivesse esperando muito mais melodrama... que bom que não teve....kkkk
Esse filme é a prova de que uma obra não precisa ser densa para ser profunda. E aquele sorriso do Driss espanta qualquer tristeza! Eu ria só de ver o cara rindo...kkkk
Muito legal assistir a um filme francês e depois não ficar pensando em suicídio...kkkkk
De todos os filmes aos quais assisti e que abordam a viagem no tempo, este é, sem dúvida, O MAIS INSPIRADOR. Ao trazer uma abordagem que, de certa forma, propõe que todos já somos viajantes do tempo, o filme conseguiu oferecer uma visão inovadora sobre um tema que já foi amplamente explorado - e esse é o seu maior mérito e o motivo desta obra despertar tantas paixões, a despeito de alguns furos teóricos do roteiro.
Penso que a proposta principal desse filme, ao contrário do clássico "Efeito Borboleta", não é sobre a possibilidade de viajar no tempo e suas implicações, mas justamente sobre a nossa obsessão por querer voltar no tempo e corrigir as coisas. Nesse sentido, o filme não se preocupa muito em explicar a viagem no tempo, focando-se mais nos motivos por trás desse desejo humano. E faz isso muito bem.
Grande trilha sonora, boas atuações e alguns personagens muito curiosos. É uma excelente pedida para quem curte o gênero dramédia ou está cansado da velha fórmula "rapaz-encontra-garota", que permeia praticamente todas as comédias românticas produzidas nos últimos anos.
Apenas senti falta de um roteiro um pouco mais conciso, porque fiquei com a impressão de que o filme demorou para achar o seu rumo. Não se deixe decepcionar pelos primeiros momentos "About time", porque a última meia hora já é uma obra-prima à parte.
Aqui não é o espaço apropriado para propor discussões sobre viagens no tempo e suas implicações filosóficas, por isso vou propor esse debate no nosso grupo de discussão no Facebook. Quem quiser participar, sinta-se convidado!
Típico filme que se propõe a ser "cult" - e, até certo ponto, consegue. Não há dúvida de que é um filme pretensioso e intelectualmente elitista, talvez por ser uma adaptação de uma peça de teatro. O filme guarda muitas semelhanças com o clássico "Sociedade dos poetas mortos", embora traga uma visão mais intimista do que aquele. The history boys vai mais fundo na subjetividade, com um roteiro menos previsível e até mesmo confuso em certos pontos. O filme usa uma receita conhecida (escola tradicional + alunos inquietos + professor subversivo), adicionando-lhe ingredientes surreais, como as relações nada convencionais entre alunos e professores, ou, até mesmo, entre alunos e alunos. Talvez esse seja o grande mérito desse filme: o aspecto fantasioso com que retrata as relações humanas, usando a arte para sua principal função: extrapolar a realidade, para evidenciar o que deveria ser óbvio. O filme está muito fundamentado na língua, na arte e no sistema educacional da Inglaterra, o que pode empobrecê-lo para o público não-britânico, já que poesia traduzida deixa de ser poesia e o sistema educacional deles não se assemelha em nada com o nosso (embora eu ache que nenhum sistema educacional do mundo se assemelhe ao nosso...). Ainda assim, é um filme bem feito, de muito bom gosto, com excelentes atuações e uma trilha sonora oitentista muito interessante. Para quem curte filmes com temática LGBT pode acabar sendo decepcionante, já que apresenta um aspecto menos glamoroso da homossexualidade. Filme nostálgico, para quem curte refletir sobre questões existenciais e não exige ideias que já venham muito trituradas.
Filme chato, insosso. Só não dei uma nota mais baixa, porque eu não quero me deixar influenciar pelo fato de não ir muito com a cara do Joseph Gordon-Levitt e não suportar o Seth Rogen. Conseguiram reunir, num filme sem graça, dois dos atores com quem eu mais antipatizo... E o pior é que eu nem sei por quê. Enfim, acho que tem gente que gostou bastante, mas, pra mim, não rolou.
Esse é um daqueles filmes que eu assisti até o fim, só pra poder falar mal...kkkk... Me senti como se estivesse assistindo a um seriado dos anos 80, tipo Flipper. O filme é extremamente amador, as tensões e conflitos saem do nada: do nada, alguém se apaixona; do nada, alguém está com tesão; do nada, alguém está com dúvida...kkk...tudo forçado para criar situações que não são nada convincentes. O tempo todo eu fiquei com a sensação de que, a qualquer momento, o Flipper iria aparecer na piscina....kkkkkk.... o filme é muito tosco. Eu estava esperando questionamentos sobre a fé e a moralidade, mas que nada...kkkkk....Barrados no Baile tinha mais conteúdo do que essa droga de filme. Putz, foi um usuário do Filmow que me recomendou e eu embarquei...kkkk. Que dica furada! Nem percam seu tempo!
Assim como em On the road, Kristen Stewart mostra-se muito mais à vontade fazendo papeis de vadias do que tentando interpretar a virginal Bella....kkkkk. O destaque do filme é mesmo a atuação dela. No mais, o filme é chocho: sai do nada e chega a lugar nenhum.
Não tenho dúvida de que a grande questão que esse filme nos apresenta é sobre o quanto nós somos capazes de ignorar os defeitos e o passado de uma pessoa, em nome do amor que sentimos por ela. Será que somos capazes de amar alguém que nosso senso de moral nos diz ser uma pessoa maligna? Dizem que "a quem ama, o feio bonito lhe parece", mas realmente é uma questão intrigante e esse é um dos grandes méritos desse filme. As atuações de Kate Winslet e de David Kross são impecáveis. As cenas íntimas são de muito bom gosto. Recentemente propus, no Gente Estranha, grupo de discussão do qual participo no Facebook, um debate sobre a nudez masculina no cinema e sobre o quanto o cinema insiste em fazer isso de uma forma tosca. Casualmente, esse filme foi uma exceção. Embora eu tenha gostado realmente desse filme, tenho de ser imparcial e reconhecer que ele apresenta algumas falhas, quais sejam:
1) Como boa parte do filme gira em torno da questão do letramento e o filme é ambientado na Alemanha, o fato de ele ser falado e escrito em inglês acaba sendo uma incongruência. O ideal seria mesmo que ele fosse todo falado em alemão, o que faria dessa obra uma produção ainda mais memorável;
2) A caracterização dos personagens / trabalho de maquiagem realmente não é convincente, já que o jovem Michael não passaria por um garoto de 15, nem na China... A aparência dele aos 15 e depois aos vinte e poucos, já na faculdade, é exatamente a mesma: a de um cara de vinte e poucos anos de idade.... Embora a atuação de David Kross seja perfeita, a escolha de Ralph Fiennes para representá-lo na idade adulta não foi das mais felizes, já que eles não se parecem nem um pouco.
3) O argumento central é um tanto forçado, e eu realmente duvido muito que alguém se permitisse punir daquela forma, apenas para não revelar esse tal "segredo", que não é nada tão grave assim, sobretudo quando comparado aos demais segredos do passado de Hanna.
Ainda assim, é um grande filme, com momentos muito emocionantes e que propõe uma discussão muito válida. E para quem curte "amores estranhos" e romances improváveis, recomendo o belíssimo "Amor sem pecado" e "Verão de 42", que pretendo rever nos próximos dias.
Quase. O filme apresenta alguns aspectos muito positivos, em que pese um raríssimo retrato não-afetado da homossexualidade, a exemplo do que se vê em Beautiful Thing e também em Shelter. Traz boas interpretações e apresenta o personagem Elder Smith de forma muito digna, sobretudo considerando as atitudes dele diante de Randy, do pai e do presidente da igreja. O filme também tem cenas de extremo bom gosto, em especial em relação à forma como é mostrada a relação dos rapazes, permeada por uma sexualidade carinhosa, ao invés dos habituais estereótipos de ninfomaníacos promíscuos. Infelizmente, o roteiro se enrola demais na primeira metade do filme, concentrando-se em coisas menos relevantes para a história ao invés de tentar construir uma gradual atração entre eles. Daí, de repente, o filme dá uma guinada que acaba ficando estranha demais. Também poderiam ter ousado um pouco mais nos questionamentos dos dogmas de fé (e não da fé em si), mas parece que quiseram evitar a polêmica... Ainda assim, acho que os mórmons devem ter odiado esse filme, embora eu duvide muito que eles sejam autorizados a assisti-lo....kkkkk. Destaque para o personagem Randy (o soldado aposentado), que passou a ser um dos meus preferidos do cinema!
Se esse filme tivesse sido produzido nos anos 80, certamente teria se tornado um clássico. Entretanto, no contexto atual, chega a ser patético. Quer dizer, os caras chegaram uns 30 anos atrasados! É um falso retrato da realidade homossexual, romantizado nuns momentos e vitimizado nos outros. Nenhuma conexão com a realidade. Só teria algum valor, se fosse um filme de vanguarda, algo inovador, provocativo...mas, para isso, teria de ter sido lançado há uns 30 anos, pelo menos. Para os atuais padrões sociais, não há outra palavra para descrevê-lo, senão, patético. O título foi criativo, mas invariavelmente nos remete para o clássico "Clube dos cinco", e aí acaba gerando expectativa - que não é (nem de longe) atendida. Pra quem curte filmes que retratam a a vida escolar, Clube dos Cinco, Curtindo a vida adoidado, O clube do imperador ou Sociedade dos poetas mortos são opções muito melhores. Para quem quer um filme com temática homossexual juvenil, sugeriria "Beautiful Thing".
Bem, essa será outra longa resenha...então, mãos à obra!
Um preâmbulo:
Primeiramente, é importante esclarecer que a sinopse desse filme, aqui no Filmow, é uma das mais mal escritas que já vi na vida. Não consegue chamar a atenção de quem ainda não viu o filme, apesar de estar cheia de malditos spoilers. Diga-se, de passagem, muitas sinopses do Filmow são tão ruins quanto as que se vê na TV por assinatura.
Outro aspecto importante é que, ao que me consta, na versão em DVD desse filme, as canções não estão legendadas. Ora, para quem não é muito familiarizado com a língua inglesa, isso será um grande obstáculo ao bom entendimento da história. Sugiro que façam o download do filme a partir de um torrent e busquem as legendas usando um buscador automático, como o disponível no site Legendas Brasil. Os torrents podem ser facilmente encontrados no site The Pirate Bay, inclusive arquivos com qualidade HD.
Finalmente, cabe esclarecer que o filme é repleto de referências externas, que exigem um certo nível de conhecimento da história para que possam ser bem aproveitadas. Há referências à Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jack Kerouac, Brigitte Bardot, Guerra do Vietnã, Martin Luther King, Geração Beatnik, Hippies, luta pelos direitos civis dos negros nos EUA, Pink Floyd, a presença de Bono (do U2), do cantor Joe Cocker, além, é claro, de todo um pano de fundo construído a partir da história dos Beatles e de suas canções. O expectador que não tiver um conhecimento mínimo sobre esses temas, dificilmente conseguirá apreciar toda a riqueza dessa produção.
Sobre o filme em si:
Eu nunca fui um grande fã de musicais, mas eu diria que esse filme não é exatamente um musical, mas um filme musicado. Eu explico: existem dois tipos distintos de musicais: aqueles para os quais são escritas canções, que servem para contar a história do filme e aqueles que usam canções já existentes para enriquecer uma história. Do primeiro tipo, eu nunca gostei, pois, se for para ouvir músicas que contam uma história, eu preferiria assistir logo a uma ópera. Poderíamos citar exemplos como Os miseráveis, Moulin Rouge, Chicago, entre outros. Entretanto, há aqueles que conseguem tirar proveito de canções que já caíram no gosto popular e usá-las para agregar valor a uma história relativamente simples e esse é o caso de Across the universe. Fiquei surpreso por ninguém ter comparado esse filme com outra produção que segue exatamente a mesma linha: Mamma Mia. Gosto de comparações, porque acho a forma mais sensata de se estabelecer um parâmetro para definir se um filme é realmente bom ou não. Nesse caso, ambos são excelentes: um baseado nas canções da mítica banda ABBA; outro, nas canções dos icônicos The Beatles.
Acontece que Across the universe faz mais do que apenas usar Beatles' Songs.... O filme retrata todo um período da história do século XX e o ritmo do filme reproduz a própria história da banda, saindo de uma pegada mais ingênua até chegar ao psicodélico - e foi aí que o filme acabou pecando pelo excesso, o que o impediu de obter uma cotação máxima.
O ritmo oscila tanto, que, às vezes, parecem que são 2 ou 3 filmes totalmente diferentes. No início, parece um clipe do James Blunt; depois, lembra uma cena de Glee; dali a pouco, a gente se sente num clipe do Pink Floyd... E foi nesses momentos que o filme acabou exagerando na psicodelia; a gente fica com a nítida impressão de estar assistindo a uma série de clipes, ao invés de estar assistindo a um filme que tivesse um pouco mais de unidade. Pra mim, clipe é clipe; cinema é cinema. Realmente não curto produções que sejam uma colcha de retalhos, que acabam servindo para os produtores enfiarem todas as suas viagens e excessivas liberdades poéticas. Alguém deveria ter avisado à diretora que, às vezes, menos é mais.
O roteiro é difícil de acompanhar, mas não vejo isso como uma falha do filme e sim como um desafio ao expectador.
A fotografia é um trabalho perfeito, sem dúvidas, figura entre os melhores que já vi, senão o melhor de todos.
A trilha sonora...bom, a trilha sonora é The Beatles... Eu não sou um fã da banda, mas os novos arranjos deram às músicas uma nova roupagem, deixando-as mais palatáveis para degustadores modernos. Tenho certeza de que os fãs da banda vão aprovar.
Finalmente, é um filmaço, uma grande obra de arte, obrigatório para todo cinéfilo, obrigatório para fãs de musicais, obrigatório para admiradores da contracultura, obrigatório para fãs de The Beatles e, sobretudo, obrigatório para os fãs do cinema-arte.
Singelo, envolvente e de EXTREMO BOM GOSTO são as palavras que melhor consigo encontrar para descrever esse excelente filme. Esse é um daqueles filmes que vai nos envolvendo aos poucos e, sem que a gente perceba, de repente, nos arrebata e a gente nem sabe dizer direito por quê. O filme tem 3 grandes méritos:
1) A simplicidade da história
É uma história simples, despretensiosa, mas que vai ganhando o expectador aos poucos e, quando a gente se dá conta, já está chorando. O filme é construído de modo a valorizar a construção de todas as personagens e não apenas das protagonistas. Isso faz com que a história tenha algumas características que se assemelham às de uma novela, na raiz da palavra: são várias histórias diferentes que, aos poucos, vão se enleando, formando literalmente um novelo. Acho que, se o filme se focasse numa única personagem, acabaria sendo apenas mais um drama, entediante e pretensioso.
2) Emoção na medida certa
Acho que essa é uma das coisas mais incríveis neste filme: a habilidade que tiveram para mostrar emoções na medida exata da realidade, sem exageros, melodrama ou pirotecnia. Tudo, tudo na medida exata, precisa, a ponto de que a gente chega a esquecer que está assistindo a um filme, tamanha a empatia que ele desperta em nós. Muito legal a construção do personagem T. Ray, mostrando o quanto uma pessoa pode se tornar amarga e como é fácil confundir isso com uma maldade inata.
3) Atuações perfeitas
Todas as atuações do filme são soberbas, mas não há como não destacar as interpretações de Dakota Fanning (cuja semelhança com Maisie Williams, a Arya Stark, de Game of Thrones, é impressionante!) e de Queen Latifah, naquele que, pra mim, é seu melhor trabalho.
Ainda merecem destaque outros aspectos da obra: a construção do filme me lembra muito o que se viu no também excelente "Tomates verdes fritos"; além disso, esse filme mostrou aquele que passou a ser um dos meus beijos preferidos do cinema (daqueles que a gente fica torcendo pra acontecer e que é puro, carinhoso, quase ingênuo; não aquela chupação que a gente tá acostumado a ver, em que as pessoas quase se viram do avesso tentando enfiar a língua até o estômago do outro...kkkkkk) e também traz uma cena extremamente sensual, embora a cena em questão não tenha uma conotação lasciva: chupar o mel na ponta do dedo foi impagável!
Às vezes eu me pergunto se eu não deveria estar fazendo algo melhor da minha vida do que ficar assistindo a tantos filmes e escrevendo tantas resenhas. Esse é um daqueles filmes que faz concluir que não...
Parece que finalmente encontrei uma unanimidade no Filmow...kkkkk....quase todo mundo achou esse filme ruim e, de fato, é....kkkkk. Entretanto, o argumento inicial é interessante, mas infelizmente foi desperdiçado. A história é mal construída e cheia de incongruências. Eles tiram proveito da ideia proposta por "O dia depois de amanhã" e tentam dar uma sequência àquela história, retratando um mundo que vive uma nova era do gelo. Acontece que os caras se perderam quando tentaram colocar mais ação na história:
na falta de um orçamento que permitisse a inserção de efeitos especiais, se viram obrigados a encurtar a participação de Laurence Fishburne e tiveram de lançar mão de recursos menos pirotécnicos, como canibais psicóticos...kkkkk...
Foi neste ponto que o filme se perdeu. Assim como muitos citaram, eu também preferiria que eles se focassem mais nas relações humanas e nas questões ambientais, explicando melhor os acontecimentos e com mais tomadas externas. Poderia render um bom filme se eles se concentrassem na construção dos personagens, ao invés de
Bem, parece mesmo que a minha sina é ser do contra, mas, antes de negativarem minha avaliação, gostaria que a lessem até o fim... Esse é um daqueles filmes sobre os quais a gente até se sente constrangido em fazer alguma crítica, porque todas as mensagens que ele transmite parecem ser tão obviamente corretas... Mas deixemos de lado o mérito da mensagem, e falemos do filme em si: é uma produção caprichada, roteiro envolvente, uma história que prende o expectador e ainda nos brinda com momentos emocionantes e outros bem engraçados. É, de fato, uma linda história, um filme para se ver sozinho ou em família, um daqueles filmes edificantes. Parece haver uma leva de produções do gênero nos EUA; além desse, já assisti "À prova de fogo" e um outro, também sobre um policial que perde uma filha e, por conta disso, afasta-se do filho adolescente, até o ponto de quase matá-lo no cumprimento do dever. O nome desse último me foge à memória, mas segue exatamente a mesma linha. Tenho a impressão de que alguns movimentos religiosos nos EUA têm tentado apresentar a religião mais como uma filosofia de vida e menos como uma série de dogmas a serem seguidos cegamente e acho que essa proposta é muito interessante do ponto de vista das religiões, que, cada vez mais, precisam competir com um mundo em que a informação circula mais livremente e onde anjos e demônios têm cada vez menos espaço no imaginário popular. Entretanto, não pude deixar de reparar que esse tipo de filme se assemelha muito às antigas propagandas de cigarro: mostram um monte de coisas legais de se fazer e, de repente, enfiam no meio delas o produto que estão tentando nos vender, criando uma falsa associação entre as duas coisas, que passa despercebida pela maioria dos expectadores. O filme é legal, a história é legal, as mensagens são éticas e a ideia de uma vida marcada por uma conduta correta (e que, mais cedo ou mais tarde é recompensada) é realmente muito sedutora, mas o fato é que o filme tem um caráter doutrinário que, a mim, como agnóstico, incomoda um pouco. Uma vez assisti a uma palestra do Werner Schünemann, na qual ele dizia que a arte não precisa ser engajada, que quem deve nos transmitir valores são os nossos pais, nossos amigos, nossa família; não os artistas. Concordo com ele e é por isso que admiro o trabalho de pessoas como Michael Jackson, Amy Winehouse e Kurt Cobain, o que não significa que os idolatre como modelos de comportamento. Esse cinema cristão tem um quê de lavagem cerebral que realmente me incomoda, no sentido de que isso desvia um pouco a arte do seu foco, transformando o cinema em apenas mais um recurso da publicidade, a despeito da validade da mensagem (eu sei que o cinema já fez isso muitas vezes, pelas mais diversas causas....). Outra coisa que me chamou a atenção foi o modelo de família mostrado pelo filme, colocando a mulher num claro papel secundário, como dona-de-casa mesmo, e os homens num papel de liderança, inclusive, espiritual. O fato é que o filme tem uma evidente intenção doutrinária e, a despeito do mérito dos valores que exibe, deve ser visto com olhos atentos e visão crítica, tendo-se em mente que um comportamento ético e responsável não precisa necessariamente estar fundamentado em religião alguma. AINDA ASSIM, em tempos em que a gente vê tanta merda sendo aplaudida como arte de primeira qualidade e sendo despejada dentro de nossas casas, se eu tivesse filhos, preferiria que eles assistissem a um filme como esse, ao invés de assistirem a uma novela ou a um clipe de algum MC sei-lá-quem. Assista com a mente aberta, mas com um pé atrás...Não deixe nenhum marketeiro pensar por você, por melhor que seja a intenção dele...
Desconcertante. Ver aquela menina esquálida, pela constante inanição, sendo brutalmente espancada por seu algoz é uma visão perturbadora. Apesar de toda a controvérsia envolvida no caso, sobretudo no que diz respeito ao comportamento de Natascha, durante e depois do sequestro, é inacreditável que algumas pessoas ainda tentem pintá-la como cúmplice do crime, como se uma criança de 10 anos de idade tivesse suficiente malícia para arquitetar tal barbárie. Acho que o filme impressiona mais por sabermos que retrata uma história real. Em se tratando da produção em si, o destaque fica por conta das atuações e do esforço certamente desprendido por Antonia Campbell-Hughes para encarnar a personagem, que tem uma aparência tão magra que chega a parecer cadavérica.
Eu já tinha visto esse filme quando ele foi lançado, mas a única coisa de que me lembrava era que ele era muito bom. Resolvi reassistir e descobri que fui traído pela minha memória: o filme é apenas bom. Ainda assim, grandes atuações e um filme muito interessante para quem curte bandidos simpáticos e histórias de trapaceiros.
Ilha do Medo
4.2 4,0K Assista AgoraPra quem curte filmes de suspense e mistério, é uma boa pedida. Trama bem escrita, embora o ritmo do filme, cheio de flashbacks, torne-o um pouco cansativo.
Lembranças
3.7 2,7KParece que existe muito preconceito contra atores que se tornam célebres por causa de um único personagem, sobretudo se esse personagem for de uma franquia, mas o fato é que muitos deles têm conseguido mostrar o seu talento como atores e superar o brilho ofuscante de seus personagens de estreia. Este é o caso de Daniel Radcliffe (que se saiu muito bem em "A mulher de preto"), de Emma Watson, (que arrasou em "As vantagens de ser invisível") e do próprio Robert Pattinson, que se saiu bem nesse filme estilo Sessão da Tarde, embora sua atuação em "Água para elefantes" seja melhor. Ainda vai levar um tempo para que ele se liberte do estereótipo de galã melancólico e introspectivo, mas acho que ele está no caminho certo. Penso que seu próximo desafio devesse ser o de encarnar um vilão, mas boto fé no cara. "Remember me" é um filme "legalzinho", apesar do fim ridículo e forçadíssimo. Ainda assim, vale como entretenimento.
A Professora de Piano
4.0 686 Assista AgoraO filme retrata algo repugnante, ou que, pelo menos, nos ensinam ser repugnante. Também liquida com a ideia de amor romântico e com os estereótipos das relações entre homens e mulheres, entre mães e filhos, entre professores e alunos, entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. Nesse sentido, é uma obra-prima, extremamente provocadora, cujo resultado final deve-se muito ao brilhantismo das atuações do trio central. Acho que apenas um grupo muito seleto de atores e atrizes seria capaz de dar vida a personagens tão densamente construídos e tais atuações podem facilmente figurar numa lista top 5 da história do cinema. Parece que existe quase uma unanimidade em relação aos aspectos técnicos do filme e a polêmica parece mesmo girar em torno do tema, que envolve não apenas as perversões sexuais, mas quase todo tipo de transtorno comportamental que um ser humano possa ter. Provavelmente é um prato cheio para o pessoal da área e não me espantaria saber que ele faz parte de muitos currículos de psicologia e psiquiatria. Em se tratando do tema, acho que podemos dividir a discussão em 2 partes: o tratamento artístico dado ao tema e a natureza dos sentimentos retratados:
1) Tratamento artístico:
Lembro-me de uma professora de artes cênicas que um dia nos explicou o segredo das boas atuações no palco: o exagero. Segundo ela, num palco, todos ficam pequenos e por isso o público é incapaz de perceber as emoções dos artistas, a não ser que eles exagerem. Isso me remete àquelas imagens de ópera, em que os cantores usam maquiagens carregadíssimas e fazem caras e bocas que, fora do palco, seriam caricatas, mas que, naquele contexto, parecem muito naturais. Na verdade, esse exagero permeia toda forma de arte: a arte precisa intensificar tudo, para chamar a atenção para aquilo que, no dia a dia, passa despercebido. Esse exagero pode se dar de duas formas: por mostrar demais ou por mostrar "de menos". Assim sendo, nas boas obras de arte, se tivermos um olhar atento, sempre vamos perceber uma dessas duas formas de exagero. Com "La Pianiste" é isso o que acontece: as coisas são exageradas, para chamar nossa atenção para questões que achamos que estão resolvidas - mas não estão. Todo mundo diz coisas do tipo "eu não me importo com a vida de ninguém", "cada um deve cuidar da sua vida", "cada um deve ser feliz do jeito que quiser" etc, mas há um detalhe que todos nós ocultamos: somos tolerantes apenas com aquilo que está de acordo com nossa própria visão de mundo. No fundo, todo mundo pode fazer o que quiser... desde que todos façam do nosso jeito...
2) Natureza dos sentimentos retratados:
a) Relação com os pais: taí um assunto para o qual quase todos temos respostas politicamente corretas, mas que, não raro, passam longe da realidade. A verdade é que essas relações são muito complicadas, mesmo quando parecem ser tranquilas. Os pais sempre vão projetar, pelo menos um pouco, de seus valores e frustrações nos filhos, por mais que gostem de dizer o contrário; e os filhos sempre terão medo de decepcionarem seus pais. Nessas relações, existe muito amor, mas também existe muita opressão, medo, recalque e até mesmo ódio. Se tem uma pessoa que você teme que descubra suas ka-gadas nessa vida, essa pessoa é seu pai ou sua mãe. A maioria de nós tem mais medo dos pais do que da polícia - e chegar à idade adulta não muda nada.
b) Desejos sexuais: parece que todo mundo é capaz de dizer que tem fantasias sexuais, mas que quase ninguém é capaz de admitir quais são....kkkkk. E não estou me referindo a admitir publicamente, que isso não teria o menor cabimento, mas, mesmo na intimidade, muitos de nós temos extrema dificuldade de verbalizar nossos mais secretos desejos (e veja bem: o fato de serem secretos não significa que sejam perversos. Acho até que as fantasias sexuais da maioria das pessoas são bem mais básicas do que o imaginário popular supõe...). Curiosamente, quando alguém nos confessa uma fantasia sexual pouco convencional (mesmo que seja num filme), ainda que tal fantasia nos excite, estamos automaticamente programados para repudiá-la de pronto. Quantos de nós, não apenas no sexo, mas também em situações análogas, já dissemos "não", quando, no fundo, gostaríamos de ter dito "SIM!!!!"? Eu realmente tenho alguma dificuldade para compreender o prazer que algumas pessoas obtêm da dor, da humilhação, da submissão, mas acho que dar vazão aos nossos reais desejos deve ser uma experiência libertadora. Particularmente não tenho fantasias sádicas ou masoquistas, mas tenho de admitir que a ideia de ter um ser humano completamente à minha mercê não deixa de ser sedutora...Mas não façamos disso um confessionário....kkkkk
Bem, se você acha que filmes como Atração fatal, 9 e 1/2 semanas de amor, Crash e Instinto selvagem foram filmes fortes, então assista "La pianiste"...
Filme para quem curte cinema-arte e mindfuckers.
O Homem da Minha Vida
3.6 43KKKKKK, e eu continuo às voltas com o overemotional cinema francês...kkkkk. Tudo é sempre levado aos recantos mais obscuros da alma humana...kkkkk, porque parece que, para ser bom, tem de ser trágico....kkkkk. Mas não me entendam mal; eu gostei do filme. Volta e meia os franceses fazem um filme leve, como o excelente "Intocáveis", mesmo abordando um tema que poderia ser trágico. Entretanto, parece mesmo que a vertente principal dos caras é a tragédia, é a coisa teatral, gutural e grave - e esse filme é um exemplo disso.
O filme tem uma montagem interessantíssima, mas que, nalguns momentos, acaba tornando o filme um pouco confuso. Eles usam um recurso que não é exatamente um flashback, já que a história fica voltando sempre ao mesmo ponto e achei isso surpreendente...a gente acha que a cena acabou e, de repente, o filme volta a ela e a cena continua! Muito legal, mas não dá para desgrudar o olho da tela nem um segundo!
A fotografia é excelente, com grandes sacadas (adorei a porta vermelha gigante) e apresenta uma ideia muito bacana que, um dia, espero poder usar em minha própria casa: um jogo de sombras na parede, sobre o qual não vou dar maiores detalhes, para não estragar a surpresa de quem ainda não assistiu.
A cena que empresta sua imagem ao poster do filme é muito surreal, pouco crível, apesar de bonita (ninguém faria um negócio daqueles...kkkk).
Os diálogos são inteligentes, mas, às vezes, soam pretensiosos, filosóficos demais. Trilha sonora bonita e boas atuações. A questão da homossexualidade é tão sutil, que é quase nula, tudo bem comportado. Enfim, é cinema-arte, coisa para cinéfilo mesmo.
Milk: A Voz da Igualdade
4.1 878O filme é uma produção caprichada, com uma atuação impecável de Sean Penn, mas realmente não é tão espetacular quanto muitos têm alardeado. É um retrato histórico de uma época em que estavam sendo construídas as bases para todas as lutas pelos direitos que hoje parecem ser tão elementares para cada um nós.
Não apenas os homossexuais, mas também os negros e as mulheres tiveram de conquistar seu lugar de direito numa sociedade que era branca, machista, pseudoreligiosa e elitista. E mesmo que, à época, muitos fossem incapazes de perceber isso, o fato é que toda vez que alguém compactua com qualquer forma de injustiça, esse alguém está se colocando na fila, para ser a próxima vítima, porque o mal contamina a sociedade inteira e, mais ou mais tarde, bate na porta de cada um nós. A criança pedindo esmola na esquina, um dia será o pai irresponsável de um jovem delinquente...
Não há dúvida de que ainda há um longo caminho a percorrer até que possamos dizer que somos uma sociedade verdadeiramente livre, que respeita os direitos individuais, sem ferir os interesses coletivos. Entretanto, se hoje é possível dizer isso sem receber uma porrada da polícia (e olhe lá...) é graças a esses pioneiros, que tiveram a coragem de erguer a sua voz em meio à toda a opressão, abrindo um precedente importante para cada ser humano deste mundo, que tiver seus direitos desrespeitados.
A despeito de tudo isso, o personagem em si não é tão carismático assim, e o filme chega a ser enfadonho em certos momentos. Vale mais como uma aula de história do que como arte propriamente dita.
Adeus, Meninos
4.2 257 Assista AgoraSimplicidade e talento. Um filme sem diálogos profundos ou pretensa filosofia; apenas um retrato bastante convincente do dia a dia de um grupo de meninos num colégio interno durante o período mais horrendo da história da humanidade. Acho que o grande destaque do filme é a atuação impecável de Gaspard Manesse (Julien), cuja carreira como ator, infelizmente, parece não ter vingado. É impressionante que alguém tão jovem tenha sido capaz de incorporar um personagem de forma tão intensa e absoluta. Embora o filme não explicite a violência tipicamente retratada em outras obras que giram em torno da questão do nazismo, ele nos joga na cara um aspecto ainda mais perturbador por trás dessa "filosofia", que seduziu uma nação inteira e que até hoje tem admiradores dementes pelo mundo afora: a covardia que essa monstruosidade representou. Covardia de quem perseguiu implacavelmente pessoas indefesas, sem poupar nem mesmo a inocência das crianças. Covardia de tantos que, para salvar a própria pele, permitiram que tamanha bestialidade fosse cometida, bem debaixo de seus narizes, porque quem cala, consente. Para esses, acho - e espero - que vida há de ser um castigo pior do que a morte. Em tempos em que os fervores religiosos parecem estar sendo reacendidos, em que bruxas e demônios voltam à roda, em que as pessoas continuam sendo discriminadas por sua fé (ou pela falta dela), por sua cor, seu gênero, sua sexualidade, sua condição sócio-econômica e até mesmo por seu time de futebol, assistir a um filme como esse é fundamental para nos trazer à lembrança a estupidez e a covardia que qualquer forma de discriminação representa.
Havaí
3.7 198Quase. Na verdade o filme é uma coleção de altos e baixos, intercalando cenas bem boladas, com algumas situações incrivelmente toscas...kkkkk. Geralmente, quando o pessoal comenta um filme dizendo "adorei o silêncio", eu já pulo fora, porque tem tudo pra não prestar...kkkkk. Entretanto, nesse caso, o ritmo do filme, de fato, é interessante: é lento, mas não é monótono; é apenas na velocidade da vida das pessoas comuns, na velocidade da vida de 99,9% de nós... O argumento central é uma ideia muito boa, mas que foi desenvolvida de forma quase amadora, estilo filme de universitário que tá estudando cinema. O filme empresta elementos de "Tensão sexual", do mesmo diretor e até consegue criar algum erotismo, mas escorrega em diversos trechos. A trilha sonora é sonolenta, mas acho que, no fim das contas, o aspecto mais interessante é a construção de um universo particular, onde os personagens se isolam do mundo exterior. Enfim, é realmente uma ideia muito boa, que poderia ter sido desenvolvida de uma forma melhor, mas que não chega a ser um desastre. Filme muito focado nos homossexuais e que dificilmente irá agradar ao grande público. Merece um remake.
Intocáveis
4.4 4,1K Assista AgoraA última produção francesa que tinha conseguido arrancar de mim umas boas risadas foi "O sopro do coração"... de 1971!!! Já estava mais do que na hora de os franceses deixarem de lado sua pretensão e voltarem a fazer filmes sensíveis e inteligentes, sem sobrecarrega-los com aquele clima depressivo, que parece permear quase todas as produções francesas dos últimos anos. Putz, os caras parecem que só querem fazer filmes pesados, introspectivos, melodramáticos e, sobretudo, chatos. Finalmente surge uma obra leve, inteligente e com um humor refinadíssimo, sem precisar lançar mão do caricato, diferentemente de outras pretensas comédias francesas.
A fotografia é linda, a trilha sonora é bacana e as atuações, puxa, as atuações são realmente excepcionais!!! Eu ainda não estou acreditando que eu consegui rir de verdade com um filme francês!!!! E é claro que também me emocionei, embora, confesso, estivesse esperando muito mais melodrama... que bom que não teve....kkkk
Esse filme é a prova de que uma obra não precisa ser densa para ser profunda. E aquele sorriso do Driss espanta qualquer tristeza! Eu ria só de ver o cara rindo...kkkk
Muito legal assistir a um filme francês e depois não ficar pensando em suicídio...kkkkk
Aprovado.
Questão de Tempo
4.3 4,0K Assista AgoraDe todos os filmes aos quais assisti e que abordam a viagem no tempo, este é, sem dúvida, O MAIS INSPIRADOR. Ao trazer uma abordagem que, de certa forma, propõe que todos já somos viajantes do tempo, o filme conseguiu oferecer uma visão inovadora sobre um tema que já foi amplamente explorado - e esse é o seu maior mérito e o motivo desta obra despertar tantas paixões, a despeito de alguns furos teóricos do roteiro.
Penso que a proposta principal desse filme, ao contrário do clássico "Efeito Borboleta", não é sobre a possibilidade de viajar no tempo e suas implicações, mas justamente sobre a nossa obsessão por querer voltar no tempo e corrigir as coisas. Nesse sentido, o filme não se preocupa muito em explicar a viagem no tempo, focando-se mais nos motivos por trás desse desejo humano. E faz isso muito bem.
Grande trilha sonora, boas atuações e alguns personagens muito curiosos. É uma excelente pedida para quem curte o gênero dramédia ou está cansado da velha fórmula "rapaz-encontra-garota", que permeia praticamente todas as comédias românticas produzidas nos últimos anos.
Apenas senti falta de um roteiro um pouco mais conciso, porque fiquei com a impressão de que o filme demorou para achar o seu rumo. Não se deixe decepcionar pelos primeiros momentos "About time", porque a última meia hora já é uma obra-prima à parte.
Aqui não é o espaço apropriado para propor discussões sobre viagens no tempo e suas implicações filosóficas, por isso vou propor esse debate no nosso grupo de discussão no Facebook. Quem quiser participar, sinta-se convidado!
https://www.facebook.com/groups/236245309887291/
Fazendo História
3.8 56Típico filme que se propõe a ser "cult" - e, até certo ponto, consegue. Não há dúvida de que é um filme pretensioso e intelectualmente elitista, talvez por ser uma adaptação de uma peça de teatro. O filme guarda muitas semelhanças com o clássico "Sociedade dos poetas mortos", embora traga uma visão mais intimista do que aquele. The history boys vai mais fundo na subjetividade, com um roteiro menos previsível e até mesmo confuso em certos pontos. O filme usa uma receita conhecida (escola tradicional + alunos inquietos + professor subversivo), adicionando-lhe ingredientes surreais, como as relações nada convencionais entre alunos e professores, ou, até mesmo, entre alunos e alunos. Talvez esse seja o grande mérito desse filme: o aspecto fantasioso com que retrata as relações humanas, usando a arte para sua principal função: extrapolar a realidade, para evidenciar o que deveria ser óbvio. O filme está muito fundamentado na língua, na arte e no sistema educacional da Inglaterra, o que pode empobrecê-lo para o público não-britânico, já que poesia traduzida deixa de ser poesia e o sistema educacional deles não se assemelha em nada com o nosso (embora eu ache que nenhum sistema educacional do mundo se assemelhe ao nosso...). Ainda assim, é um filme bem feito, de muito bom gosto, com excelentes atuações e uma trilha sonora oitentista muito interessante. Para quem curte filmes com temática LGBT pode acabar sendo decepcionante, já que apresenta um aspecto menos glamoroso da homossexualidade. Filme nostálgico, para quem curte refletir sobre questões existenciais e não exige ideias que já venham muito trituradas.
50%
3.9 2,2K Assista AgoraFilme chato, insosso. Só não dei uma nota mais baixa, porque eu não quero me deixar influenciar pelo fato de não ir muito com a cara do Joseph Gordon-Levitt e não suportar o Seth Rogen. Conseguiram reunir, num filme sem graça, dois dos atores com quem eu mais antipatizo... E o pior é que eu nem sei por quê. Enfim, acho que tem gente que gostou bastante, mas, pra mim, não rolou.
O Clã
2.9 15Que decepção. Filme chato, com trilha sonora irritante e atores que mais gritam do que interpretam. Pura perda de tempo.
The Wise Kids
2.9 10Esse é um daqueles filmes que eu assisti até o fim, só pra poder falar mal...kkkk... Me senti como se estivesse assistindo a um seriado dos anos 80, tipo Flipper. O filme é extremamente amador, as tensões e conflitos saem do nada: do nada, alguém se apaixona; do nada, alguém está com tesão; do nada, alguém está com dúvida...kkk...tudo forçado para criar situações que não são nada convincentes. O tempo todo eu fiquei com a sensação de que, a qualquer momento, o Flipper iria aparecer na piscina....kkkkkk.... o filme é muito tosco. Eu estava esperando questionamentos sobre a fé e a moralidade, mas que nada...kkkkk....Barrados no Baile tinha mais conteúdo do que essa droga de filme. Putz, foi um usuário do Filmow que me recomendou e eu embarquei...kkkk. Que dica furada! Nem percam seu tempo!
Corações Perdidos
3.6 565Assim como em On the road, Kristen Stewart mostra-se muito mais à vontade fazendo papeis de vadias do que tentando interpretar a virginal Bella....kkkkk. O destaque do filme é mesmo a atuação dela. No mais, o filme é chocho: sai do nada e chega a lugar nenhum.
O Leitor
4.1 1,8K Assista AgoraNão tenho dúvida de que a grande questão que esse filme nos apresenta é sobre o quanto nós somos capazes de ignorar os defeitos e o passado de uma pessoa, em nome do amor que sentimos por ela. Será que somos capazes de amar alguém que nosso senso de moral nos diz ser uma pessoa maligna? Dizem que "a quem ama, o feio bonito lhe parece", mas realmente é uma questão intrigante e esse é um dos grandes méritos desse filme. As atuações de Kate Winslet e de David Kross são impecáveis. As cenas íntimas são de muito bom gosto. Recentemente propus, no Gente Estranha, grupo de discussão do qual participo no Facebook, um debate sobre a nudez masculina no cinema e sobre o quanto o cinema insiste em fazer isso de uma forma tosca. Casualmente, esse filme foi uma exceção. Embora eu tenha gostado realmente desse filme, tenho de ser imparcial e reconhecer que ele apresenta algumas falhas, quais sejam:
1) Como boa parte do filme gira em torno da questão do letramento e o filme é ambientado na Alemanha, o fato de ele ser falado e escrito em inglês acaba sendo uma incongruência. O ideal seria mesmo que ele fosse todo falado em alemão, o que faria dessa obra uma produção ainda mais memorável;
2) A caracterização dos personagens / trabalho de maquiagem realmente não é convincente, já que o jovem Michael não passaria por um garoto de 15, nem na China... A aparência dele aos 15 e depois aos vinte e poucos, já na faculdade, é exatamente a mesma: a de um cara de vinte e poucos anos de idade.... Embora a atuação de David Kross seja perfeita, a escolha de Ralph Fiennes para representá-lo na idade adulta não foi das mais felizes, já que eles não se parecem nem um pouco.
3) O argumento central é um tanto forçado, e eu realmente duvido muito que alguém se permitisse punir daquela forma, apenas para não revelar esse tal "segredo", que não é nada tão grave assim, sobretudo quando comparado aos demais segredos do passado de Hanna.
Ainda assim, é um grande filme, com momentos muito emocionantes e que propõe uma discussão muito válida. E para quem curte "amores estranhos" e romances improváveis, recomendo o belíssimo "Amor sem pecado" e "Verão de 42", que pretendo rever nos próximos dias.
The Falls: O Amor Não É Pecado
3.6 30 Assista AgoraQuase. O filme apresenta alguns aspectos muito positivos, em que pese um raríssimo retrato não-afetado da homossexualidade, a exemplo do que se vê em Beautiful Thing e também em Shelter. Traz boas interpretações e apresenta o personagem Elder Smith de forma muito digna, sobretudo considerando as atitudes dele diante de Randy, do pai e do presidente da igreja. O filme também tem cenas de extremo bom gosto, em especial em relação à forma como é mostrada a relação dos rapazes, permeada por uma sexualidade carinhosa, ao invés dos habituais estereótipos de ninfomaníacos promíscuos. Infelizmente, o roteiro se enrola demais na primeira metade do filme, concentrando-se em coisas menos relevantes para a história ao invés de tentar construir uma gradual atração entre eles. Daí, de repente, o filme dá uma guinada que acaba ficando estranha demais. Também poderiam ter ousado um pouco mais nos questionamentos dos dogmas de fé (e não da fé em si), mas parece que quiseram evitar a polêmica... Ainda assim, acho que os mórmons devem ter odiado esse filme, embora eu duvide muito que eles sejam autorizados a assisti-lo....kkkkk. Destaque para o personagem Randy (o soldado aposentado), que passou a ser um dos meus preferidos do cinema!
Clube de Geografia
3.3 123Se esse filme tivesse sido produzido nos anos 80, certamente teria se tornado um clássico. Entretanto, no contexto atual, chega a ser patético. Quer dizer, os caras chegaram uns 30 anos atrasados! É um falso retrato da realidade homossexual, romantizado nuns momentos e vitimizado nos outros. Nenhuma conexão com a realidade. Só teria algum valor, se fosse um filme de vanguarda, algo inovador, provocativo...mas, para isso, teria de ter sido lançado há uns 30 anos, pelo menos. Para os atuais padrões sociais, não há outra palavra para descrevê-lo, senão, patético. O título foi criativo, mas invariavelmente nos remete para o clássico "Clube dos cinco", e aí acaba gerando expectativa - que não é (nem de longe) atendida. Pra quem curte filmes que retratam a a vida escolar, Clube dos Cinco, Curtindo a vida adoidado, O clube do imperador ou Sociedade dos poetas mortos são opções muito melhores. Para quem quer um filme com temática homossexual juvenil, sugeriria "Beautiful Thing".
Across the Universe
4.1 2,2K Assista AgoraBem, essa será outra longa resenha...então, mãos à obra!
Um preâmbulo:
Primeiramente, é importante esclarecer que a sinopse desse filme, aqui no Filmow, é uma das mais mal escritas que já vi na vida. Não consegue chamar a atenção de quem ainda não viu o filme, apesar de estar cheia de malditos spoilers. Diga-se, de passagem, muitas sinopses do Filmow são tão ruins quanto as que se vê na TV por assinatura.
Outro aspecto importante é que, ao que me consta, na versão em DVD desse filme, as canções não estão legendadas. Ora, para quem não é muito familiarizado com a língua inglesa, isso será um grande obstáculo ao bom entendimento da história. Sugiro que façam o download do filme a partir de um torrent e busquem as legendas usando um buscador automático, como o disponível no site Legendas Brasil. Os torrents podem ser facilmente encontrados no site The Pirate Bay, inclusive arquivos com qualidade HD.
Finalmente, cabe esclarecer que o filme é repleto de referências externas, que exigem um certo nível de conhecimento da história para que possam ser bem aproveitadas. Há referências à Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jack Kerouac, Brigitte Bardot, Guerra do Vietnã, Martin Luther King, Geração Beatnik, Hippies, luta pelos direitos civis dos negros nos EUA, Pink Floyd, a presença de Bono (do U2), do cantor Joe Cocker, além, é claro, de todo um pano de fundo construído a partir da história dos Beatles e de suas canções. O expectador que não tiver um conhecimento mínimo sobre esses temas, dificilmente conseguirá apreciar toda a riqueza dessa produção.
Sobre o filme em si:
Eu nunca fui um grande fã de musicais, mas eu diria que esse filme não é exatamente um musical, mas um filme musicado. Eu explico: existem dois tipos distintos de musicais: aqueles para os quais são escritas canções, que servem para contar a história do filme e aqueles que usam canções já existentes para enriquecer uma história. Do primeiro tipo, eu nunca gostei, pois, se for para ouvir músicas que contam uma história, eu preferiria assistir logo a uma ópera. Poderíamos citar exemplos como Os miseráveis, Moulin Rouge, Chicago, entre outros. Entretanto, há aqueles que conseguem tirar proveito de canções que já caíram no gosto popular e usá-las para agregar valor a uma história relativamente simples e esse é o caso de Across the universe. Fiquei surpreso por ninguém ter comparado esse filme com outra produção que segue exatamente a mesma linha: Mamma Mia. Gosto de comparações, porque acho a forma mais sensata de se estabelecer um parâmetro para definir se um filme é realmente bom ou não. Nesse caso, ambos são excelentes: um baseado nas canções da mítica banda ABBA; outro, nas canções dos icônicos The Beatles.
Acontece que Across the universe faz mais do que apenas usar Beatles' Songs.... O filme retrata todo um período da história do século XX e o ritmo do filme reproduz a própria história da banda, saindo de uma pegada mais ingênua até chegar ao psicodélico - e foi aí que o filme acabou pecando pelo excesso, o que o impediu de obter uma cotação máxima.
O ritmo oscila tanto, que, às vezes, parecem que são 2 ou 3 filmes totalmente diferentes. No início, parece um clipe do James Blunt; depois, lembra uma cena de Glee; dali a pouco, a gente se sente num clipe do Pink Floyd... E foi nesses momentos que o filme acabou exagerando na psicodelia; a gente fica com a nítida impressão de estar assistindo a uma série de clipes, ao invés de estar assistindo a um filme que tivesse um pouco mais de unidade. Pra mim, clipe é clipe; cinema é cinema. Realmente não curto produções que sejam uma colcha de retalhos, que acabam servindo para os produtores enfiarem todas as suas viagens e excessivas liberdades poéticas. Alguém deveria ter avisado à diretora que, às vezes, menos é mais.
O roteiro é difícil de acompanhar, mas não vejo isso como uma falha do filme e sim como um desafio ao expectador.
A fotografia é um trabalho perfeito, sem dúvidas, figura entre os melhores que já vi, senão o melhor de todos.
A trilha sonora...bom, a trilha sonora é The Beatles... Eu não sou um fã da banda, mas os novos arranjos deram às músicas uma nova roupagem, deixando-as mais palatáveis para degustadores modernos. Tenho certeza de que os fãs da banda vão aprovar.
Finalmente, é um filmaço, uma grande obra de arte, obrigatório para todo cinéfilo, obrigatório para fãs de musicais, obrigatório para admiradores da contracultura, obrigatório para fãs de The Beatles e, sobretudo, obrigatório para os fãs do cinema-arte.
A Vida Secreta das Abelhas
4.1 964 Assista AgoraSingelo, envolvente e de EXTREMO BOM GOSTO são as palavras que melhor consigo encontrar para descrever esse excelente filme. Esse é um daqueles filmes que vai nos envolvendo aos poucos e, sem que a gente perceba, de repente, nos arrebata e a gente nem sabe dizer direito por quê. O filme tem 3 grandes méritos:
1) A simplicidade da história
É uma história simples, despretensiosa, mas que vai ganhando o expectador aos poucos e, quando a gente se dá conta, já está chorando. O filme é construído de modo a valorizar a construção de todas as personagens e não apenas das protagonistas. Isso faz com que a história tenha algumas características que se assemelham às de uma novela, na raiz da palavra: são várias histórias diferentes que, aos poucos, vão se enleando, formando literalmente um novelo. Acho que, se o filme se focasse numa única personagem, acabaria sendo apenas mais um drama, entediante e pretensioso.
2) Emoção na medida certa
Acho que essa é uma das coisas mais incríveis neste filme: a habilidade que tiveram para mostrar emoções na medida exata da realidade, sem exageros, melodrama ou pirotecnia. Tudo, tudo na medida exata, precisa, a ponto de que a gente chega a esquecer que está assistindo a um filme, tamanha a empatia que ele desperta em nós. Muito legal a construção do personagem T. Ray, mostrando o quanto uma pessoa pode se tornar amarga e como é fácil confundir isso com uma maldade inata.
3) Atuações perfeitas
Todas as atuações do filme são soberbas, mas não há como não destacar as interpretações de Dakota Fanning (cuja semelhança com Maisie Williams, a Arya Stark, de Game of Thrones, é impressionante!) e de Queen Latifah, naquele que, pra mim, é seu melhor trabalho.
Ainda merecem destaque outros aspectos da obra: a construção do filme me lembra muito o que se viu no também excelente "Tomates verdes fritos"; além disso, esse filme mostrou aquele que passou a ser um dos meus beijos preferidos do cinema (daqueles que a gente fica torcendo pra acontecer e que é puro, carinhoso, quase ingênuo; não aquela chupação que a gente tá acostumado a ver, em que as pessoas quase se viram do avesso tentando enfiar a língua até o estômago do outro...kkkkkk) e também traz uma cena extremamente sensual, embora a cena em questão não tenha uma conotação lasciva: chupar o mel na ponta do dedo foi impagável!
Às vezes eu me pergunto se eu não deveria estar fazendo algo melhor da minha vida do que ficar assistindo a tantos filmes e escrevendo tantas resenhas. Esse é um daqueles filmes que faz concluir que não...
A Colônia
2.4 256 Assista AgoraParece que finalmente encontrei uma unanimidade no Filmow...kkkkk....quase todo mundo achou esse filme ruim e, de fato, é....kkkkk. Entretanto, o argumento inicial é interessante, mas infelizmente foi desperdiçado. A história é mal construída e cheia de incongruências. Eles tiram proveito da ideia proposta por "O dia depois de amanhã" e tentam dar uma sequência àquela história, retratando um mundo que vive uma nova era do gelo. Acontece que os caras se perderam quando tentaram colocar mais ação na história:
na falta de um orçamento que permitisse a inserção de efeitos especiais, se viram obrigados a encurtar a participação de Laurence Fishburne e tiveram de lançar mão de recursos menos pirotécnicos, como canibais psicóticos...kkkkk...
recriar aquele clima de Mad Max. Os caras eram canibais que estavam mais interessados em matar do que em comer as pessoas.
dos zumbis...
Corajosos
4.0 280 Assista AgoraBem, parece mesmo que a minha sina é ser do contra, mas, antes de negativarem minha avaliação, gostaria que a lessem até o fim... Esse é um daqueles filmes sobre os quais a gente até se sente constrangido em fazer alguma crítica, porque todas as mensagens que ele transmite parecem ser tão obviamente corretas... Mas deixemos de lado o mérito da mensagem, e falemos do filme em si: é uma produção caprichada, roteiro envolvente, uma história que prende o expectador e ainda nos brinda com momentos emocionantes e outros bem engraçados. É, de fato, uma linda história, um filme para se ver sozinho ou em família, um daqueles filmes edificantes. Parece haver uma leva de produções do gênero nos EUA; além desse, já assisti "À prova de fogo" e um outro, também sobre um policial que perde uma filha e, por conta disso, afasta-se do filho adolescente, até o ponto de quase matá-lo no cumprimento do dever. O nome desse último me foge à memória, mas segue exatamente a mesma linha. Tenho a impressão de que alguns movimentos religiosos nos EUA têm tentado apresentar a religião mais como uma filosofia de vida e menos como uma série de dogmas a serem seguidos cegamente e acho que essa proposta é muito interessante do ponto de vista das religiões, que, cada vez mais, precisam competir com um mundo em que a informação circula mais livremente e onde anjos e demônios têm cada vez menos espaço no imaginário popular. Entretanto, não pude deixar de reparar que esse tipo de filme se assemelha muito às antigas propagandas de cigarro: mostram um monte de coisas legais de se fazer e, de repente, enfiam no meio delas o produto que estão tentando nos vender, criando uma falsa associação entre as duas coisas, que passa despercebida pela maioria dos expectadores. O filme é legal, a história é legal, as mensagens são éticas e a ideia de uma vida marcada por uma conduta correta (e que, mais cedo ou mais tarde é recompensada) é realmente muito sedutora, mas o fato é que o filme tem um caráter doutrinário que, a mim, como agnóstico, incomoda um pouco. Uma vez assisti a uma palestra do Werner Schünemann, na qual ele dizia que a arte não precisa ser engajada, que quem deve nos transmitir valores são os nossos pais, nossos amigos, nossa família; não os artistas. Concordo com ele e é por isso que admiro o trabalho de pessoas como Michael Jackson, Amy Winehouse e Kurt Cobain, o que não significa que os idolatre como modelos de comportamento. Esse cinema cristão tem um quê de lavagem cerebral que realmente me incomoda, no sentido de que isso desvia um pouco a arte do seu foco, transformando o cinema em apenas mais um recurso da publicidade, a despeito da validade da mensagem (eu sei que o cinema já fez isso muitas vezes, pelas mais diversas causas....). Outra coisa que me chamou a atenção foi o modelo de família mostrado pelo filme, colocando a mulher num claro papel secundário, como dona-de-casa mesmo, e os homens num papel de liderança, inclusive, espiritual. O fato é que o filme tem uma evidente intenção doutrinária e, a despeito do mérito dos valores que exibe, deve ser visto com olhos atentos e visão crítica, tendo-se em mente que um comportamento ético e responsável não precisa necessariamente estar fundamentado em religião alguma. AINDA ASSIM, em tempos em que a gente vê tanta merda sendo aplaudida como arte de primeira qualidade e sendo despejada dentro de nossas casas, se eu tivesse filhos, preferiria que eles assistissem a um filme como esse, ao invés de assistirem a uma novela ou a um clipe de algum MC sei-lá-quem. Assista com a mente aberta, mas com um pé atrás...Não deixe nenhum marketeiro pensar por você, por melhor que seja a intenção dele...
Oblivion
3.2 1,7K Assista AgoraÉ tanta bobagem que, realmente, não vale a pena fazer um comentário. Marmelada científica pretensiosa e mal-feita. Não perca seu tempo.
3096 Dias
3.7 628 Assista AgoraDesconcertante. Ver aquela menina esquálida, pela constante inanição, sendo brutalmente espancada por seu algoz é uma visão perturbadora. Apesar de toda a controvérsia envolvida no caso, sobretudo no que diz respeito ao comportamento de Natascha, durante e depois do sequestro, é inacreditável que algumas pessoas ainda tentem pintá-la como cúmplice do crime, como se uma criança de 10 anos de idade tivesse suficiente malícia para arquitetar tal barbárie. Acho que o filme impressiona mais por sabermos que retrata uma história real. Em se tratando da produção em si, o destaque fica por conta das atuações e do esforço certamente desprendido por Antonia Campbell-Hughes para encarnar a personagem, que tem uma aparência tão magra que chega a parecer cadavérica.
Os Imorais
3.6 57Eu já tinha visto esse filme quando ele foi lançado, mas a única coisa de que me lembrava era que ele era muito bom. Resolvi reassistir e descobri que fui traído pela minha memória: o filme é apenas bom. Ainda assim, grandes atuações e um filme muito interessante para quem curte bandidos simpáticos e histórias de trapaceiros.