É por isso que o Coutinho é um dos cineastas mais fundamentais pra entender o sentido do Brasil. Esse trabalho é uma amostra disso, é um brilhante estudo do feudalismo e do coronelismo moderno que existe escancarado no campo brasileiro, que se adapta às novas condições de exploração, mas não morre. É genial como o Coutinho consegue se aproveitar da vaidade do Teodorico para que o próprio conduza a exposição dos absurdos
É difícil acreditar que Glauber tinha apenas 25 anos quando isso estreou. Aqui ele já se demonstra um autor maduro, com um estilo próprio e único, capaz de se apropriar de elementos do Western americano e os traduzir em símbolos nacionais, mas também os impor dentro de um estilo particular, principalmente através de uma montagem expressiva. Incrível também como ele espontaneamente cria personagens, cenas e músicas tão icônicas.
É o sertão como centro do conflito entre Deus e o Diabo. Lugar que é apresentado como um país próprio e infinito em paralelo ao Brasil, com códigos e regras distintas. Glauber investiga as figuras históricas, quase místicas, dessa região, mostrando a ausência de perspectivas que moldaram esses homens e seus seguidores. Sem deixar de apontar os agentes das mazelas desse povo, presente nas figuras de coronéis, jagunços, políticos e do clero.
A noite de São Paulo como refúgio de uma burguesia entediada e auto consciente de sua crise existencial. Utilizando o sexo, e a sensação de controle e poder que vem dele, como válvula de escape para suas frustrações. É interessante notar a sugestão de paranoia e medo do futuro típica do cinema europeu sessentista, o que se alinha às comparações que são feitas com o cinema de Bergman e Antonioni, mas por mais que existam semelhanças, o mal estar bucólico presente na maneira que Khouri filma a capital paulista e seus personagens, é próprio de um autor em formação.
À primeira vista, Woody Allen pode parecer fazer mais um filme derivativo do seu clássico Crimes e Pecados, mas nesse retorno à sua obsessão por assassinato, culpa, penitência, destino, sorte e azar, Allen constrói seu trabalho mais direto dentro desse universo. Sua maior preocupação parece ser consolidar uma atmosfera de tensão e de fatalidade inevitável, o que ele consegue executar muito bem desde a primeira cena onde os dois irmãos compram o barco que acaba selando o trágico destino de ambos.
Os impulsos adolescentes e o desejo pelo proibido, Claire Denis é uma das poucas a fazer um coming-of-age que evidencia a importância da música da sua geração em pé de igualdade com a dança. Ainda que retrate os anos 60, ao utilizar o formato do vídeo a diretora reforça a natureza universal e contemporânea da história de sua juventude. No fim, a ansiedade por um mundo de descobertas acaba levando a percepção melancólica da ausência de sentido desse universo adulto que os espera.
Existe uma evocação de uma tradição narrativa singular do Japão. Uma fusão de um folclore esotérico e de ensinamentos da espiritualidade budista. Algo tão particular que em alguns momentos parece ser a realização cinematográfica de uma tradição oral popular. O que torna o filme um acontecimento ainda maior é como isso é perfeitamente ilustrado pela sensibilidade onírica da mise-en-scène, tão mística quanto a própria natureza da história, tão apavorante quanto fascinante. Mizoguchi retorna ao tema da separação familiar forçada, mas o mais marcante aqui é o retrato da ambição como a ruína dos homens e como as mulheres acabam sendo as maiores vítimas da arrogância de seus pares.
Transitando entre o melodrama e o realismo, Nelson Pereira articula um filme poderoso sobre o Rio e as suas duas diferentes cidades, onde sua característica mais marcante é a evidente divisão racial. Em um momento em que tanto se discute apropriação cultural, Rio Zona Norte antecipa o debate sobre o assalto à cultura popular do morro e o apagamento histórico de seus artistas.
"Crimes em lugares pobres e sujos que não tem nada a ver"
A violência como protagonista em um panorama experimental do Brasil nos anos 60. Crimes passionais e a criminalidade nas periferias, a violência niilista de uma classe média isolada em seu próprio mundo e a tortura nos porões da ditadura.
Não aprofunda nenhuma grande discussão sobre o tema, o documentário é basicamente uma montagem divertida de histórias de diferentes celebridades sobre o uso dessas drogas e algumas orientações que funcionam bem como redução de danos. Teria o potencial de ser um documentário mais relevante em termos de informação, mas até que funciona dentro dessa proposta despretensiosa e leve
O filme do Darabont em que é mais evidente o uso de uma abordagem formal expressiva em sintonia com a narrativa, isso se dá principalmente através de enquadramentos incomuns, com ângulos bem fechados e em zoom que aumentam o desconforto do isolamento e delimitam o nosso campo de visão nos colocando em posição de igualdade aos personagens cercados pelo nevoeiro.
O Nevoeiro é um filme bastante corajoso, são poucos filmes hoje que conseguem fazer essa transição excelente entre a sugestão do terror, nesse caso do mistério do que há por de trás da bruma, para o terror explícito, mostrando uma variedade de criaturas,(curiosamente Lovecraftianas para uma adaptação de King), que atacam os personagens no supermercado.Sua tragicidade e o uso da violência são outras características que exemplificam a ousadia do filme, ele evoca uma natureza de filme B mesmo sendo uma grande produção. Assim como em muitos filmes do Romero ou do Carpenter, que é até referenciado na primeira cena do filme, em uma situação de confinamento forçado surgem o medo e o desespero, despertando o pior das pessoas e os indivíduos acabam sendo mais assustadores que o próprio sobrenatural.
A questão da crença é central na representação do nevoeiro, os personagens se dividem em grupos de quem acreditam de que há algo na névoa e céticos. Entre os que acreditam, existe uma vertente radical de fanáticos religiosos que são mais uma vez vilões em um texto de Stephen King, mas é interessante como aqui o ceticismo arrogante leva para um caminho igualmente trágico.
Resumindo: É o melhor filme do Darabont e consequentemente sua melhor adaptação de Stephen King.
Interessante como Terra vai na contramão do cinema mudo soviético mais tradicional, aqui não há a montagem frenética dos filmes do Eisenstein, nem as analogias visuais ilustrativas. Dovjenko é um cineasta muito mais lírico e contemplativo que os compatriotas de seu tempo
Além da politização que parece desesperada, é irritante como o filme tenta ser engraçado o tempo todo e raramente consegue. Não consegui simpatizar nenhum pouco com a personagem da Beanie Feldstein e esse deve ser um dos universos de ensino médio de comédia teen menos críveis que eu já vi
Os responsáveis por isso realmente acham que todo paulista fala "meu" o tempo todo e em todo fim de sentença? E pior, acham que isso é engraçado mesmo? Os diálogos que tentam satirizar o universo nerd/gamer mostram que eles provavelmente nunca conversaram com um ou nunca jogaram video game também. Duvivier aqui vive uma cópia pouco inspirada do Boça de Hermes e Renato e esse é o espirito que resume o filme
Um dos filmes que usa de maneira mais criativa e inteligente o recurso do plano sequência, sem que seja um exibicionismo técnico, estando completamente em prol da narrativa. É bonito como ele funciona como filme de zumbi e homenagem ao cinema.
Sem ter as suas necessidades essenciais atendidas, até os mais refinados de nós tornam-se "selvagens". Como consequência, as máscaras das convenções sociais caem. Buñuel é uma força onipresente, onisciente e onipotente que testa as falsas verdade das instituições do topo da nossa piramide social
Feito durante o período dourado da revolução cubana, A morte de um Burocrata satiriza a burocratização no país, mas funciona de maneira universal para qualquer pessoa em qualquer lugar do planeta. Em tom parece uma mistura de um conto kafkiano e comédias de Chaplin e Harold Lloyd. O filme é bastante criativo, recorrendo a elementos visuais cômicos inventivos e sequências de sonhos surrealistas que evocam Buñuel.
Entre o misticismo de um fenômeno da natureza, cartas de baralho que são encontradas pelo caminho e o realismo trivial de uma férias solitária, acompanhamos uma história contada com uma naturalidade melancólica poucas vezes vista. Delphine nos aproxima da angústia da solidão, da aflição de tentar se conectar com as pessoas em nossa volta e se sentir um alienígena, da frustração de ao tentar aproximação se sentir ainda mais pré-julgada e incompreendida. O filme apresenta isso de forma direta e crua, sem dramatizar o sentimento de desconexão enquanto explora como acabamos sofrendo pressões inconscientes para viver experiências que não necessariamente queremos e da busca de algo ou alguém nos salve desse limbo e a frustração de não existir essa salvação no outro.
Rohmer sutilmente capta essa desolação enquadrando Delphine deslocada e abatida ao lado de belas paisagens francesas, aumentando a nossa percepção do deslocamento dela com o mundo em sua volta. Marie Rivière, em grande interpretação, expressa brilhantemente todos esses sentimentos sem precisar dizer muita coisa. O final é poderoso e reforça ambiguidade entre misticismo e realismo da obra.
Impressionante como americano consegue fazer esses documentários sobre consumismo e sempre individualizar o problema, fugindo do alicerce que estrutura tudo pra não cair em uma discussão mais profunda sobre o capitalismo. O resultado são essas obviedades superficiais em tom de "Pois é, né, vivemos em uma sociedade..."
Uma vez eu li que o Tarantino gostava mais dessa sequência do que o original dirigido por Hitchcock, desde então fiquei curioso, no entanto a ideia de que esse filme poderia ser uma bomba sempre me impediu de vê-lo antes. Bem, compará-lo com o original chega ser desleal, mas vendo o filme de cabeça aberta e esquecendo o clássico, é possível tirar proveito da experiência
O filme passa muito longe de ser um fracasso, na verdade ele tem uma série de méritos. Anthony Perkins, por exemplo, segue brilhante. Nessa sequência, Norman consegue ganhar a empatia do público, sendo apresentado como alguém que quer fazer o certo e luta para manter sua sanidade. A maioria dos novos personagens são interessantes e é admirável como a residência dos Bates se torna uma entidade ainda mais viva e assombrosa.
No primeiro momento presumi que o filme seguiria o formato dos Slashers que dominavam o cinema de terror nos anos 80, provavelmente o filme até fora divulgado e vendido dessa forma, mas Psicose II se estrutura mais como um mistério sobre quem é o assassino. Nesse sentido algumas propostas e soluções que o filme cria são bastantes inventivas e acertadas, mas ele acaba se perdendo em meio a vários twists.
A insubordinação de um imigrante rebelde em uma metrópole fria e cruel. Nesse pesadelo urbano, artistas são vagabundos e os homens são dignificados e domesticados pelo trabalho, quem não se adapta é esmagado e espremido. O nordestino é mão de obra barata sub-humana, todos são iguais e tem a mesma cara, por isso são facilmente confundidos, até porque, de qualquer forma, suas vidas ali não importam
Theodorico, Imperador do Sertão
4.2 12É por isso que o Coutinho é um dos cineastas mais fundamentais pra entender o sentido do Brasil. Esse trabalho é uma amostra disso, é um brilhante estudo do feudalismo e do coronelismo moderno que existe escancarado no campo brasileiro, que se adapta às novas condições de exploração, mas não morre. É genial como o Coutinho consegue se aproveitar da vaidade do Teodorico para que o próprio conduza a exposição dos absurdos
O Abraço da Serpente
4.4 237 Assista AgoraUma jornada épica amazônia adentro que consegue ao mesmo tempo ser intimista
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 427 Assista AgoraÉ difícil acreditar que Glauber tinha apenas 25 anos quando isso estreou. Aqui ele já se demonstra um autor maduro, com um estilo próprio e único, capaz de se apropriar de elementos do Western americano e os traduzir em símbolos nacionais, mas também os impor dentro de um estilo particular, principalmente através de uma montagem expressiva. Incrível também como ele espontaneamente cria personagens, cenas e músicas tão icônicas.
É o sertão como centro do conflito entre Deus e o Diabo. Lugar que é apresentado como um país próprio e infinito em paralelo ao Brasil, com códigos e regras distintas. Glauber investiga as figuras históricas, quase místicas, dessa região, mostrando a ausência de perspectivas que moldaram esses homens e seus seguidores. Sem deixar de apontar os agentes das mazelas desse povo, presente nas figuras de coronéis, jagunços, políticos e do clero.
Noite Vazia
4.1 88A noite de São Paulo como refúgio de uma burguesia entediada e auto consciente de sua crise existencial. Utilizando o sexo, e a sensação de controle e poder que vem dele, como válvula de escape para suas frustrações.
É interessante notar a sugestão de paranoia e medo do futuro típica do cinema europeu sessentista, o que se alinha às comparações que são feitas com o cinema de Bergman e Antonioni, mas por mais que existam semelhanças, o mal estar bucólico presente na maneira que Khouri filma a capital paulista e seus personagens, é próprio de um autor em formação.
O Sonho de Cassandra
3.4 232 Assista AgoraÀ primeira vista, Woody Allen pode parecer fazer mais um filme derivativo do seu clássico Crimes e Pecados, mas nesse retorno à sua obsessão por assassinato, culpa, penitência, destino, sorte e azar, Allen constrói seu trabalho mais direto dentro desse universo. Sua maior preocupação parece ser consolidar uma atmosfera de tensão e de fatalidade inevitável, o que ele consegue executar muito bem desde a primeira cena onde os dois irmãos compram o barco que acaba selando o trágico destino de ambos.
U.S. Go Home
4.1 15Os impulsos adolescentes e o desejo pelo proibido, Claire Denis é uma das poucas a fazer um coming-of-age que evidencia a importância da música da sua geração em pé de igualdade com a dança. Ainda que retrate os anos 60, ao utilizar o formato do vídeo a diretora reforça a natureza universal e contemporânea da história de sua juventude. No fim, a ansiedade por um mundo de descobertas acaba levando a percepção melancólica da ausência de sentido desse universo adulto que os espera.
Contos da Lua Vaga
4.4 105 Assista AgoraExiste uma evocação de uma tradição narrativa singular do Japão. Uma fusão de um folclore esotérico e de ensinamentos da espiritualidade budista. Algo tão particular que em alguns momentos parece ser a realização cinematográfica de uma tradição oral popular.
O que torna o filme um acontecimento ainda maior é como isso é perfeitamente ilustrado pela sensibilidade onírica da mise-en-scène, tão mística quanto a própria natureza da história, tão apavorante quanto fascinante.
Mizoguchi retorna ao tema da separação familiar forçada, mas o mais marcante aqui é o retrato da ambição como a ruína dos homens e como as mulheres acabam sendo as maiores vítimas da arrogância de seus pares.
Rio, Zona Norte
4.2 50Transitando entre o melodrama e o realismo, Nelson Pereira articula um filme poderoso sobre o Rio e as suas duas diferentes cidades, onde sua característica mais marcante é a evidente divisão racial. Em um momento em que tanto se discute apropriação cultural, Rio Zona Norte antecipa o debate sobre o assalto à cultura popular do morro e o apagamento histórico de seus artistas.
Nise: O Coração da Loucura
4.3 656 Assista AgoraTem seu valor como resgate da memória da Nise e dos artistas-pacientes, até por isso é uma pena que seja mais uma cinebiografia comum e unidimensional
Matou a Família e Foi ao Cinema
3.6 91"Crimes em lugares pobres e sujos que não tem nada a ver"
A violência como protagonista em um panorama experimental do Brasil nos anos 60. Crimes passionais e a criminalidade nas periferias, a violência niilista de uma classe média isolada em seu próprio mundo e a tortura nos porões da ditadura.
A Tortura do Medo
3.9 149Um ensaio sobre o cinema como fetiche patológico e como uma ferramenta que nos aproxima da experiência da morte
Maior Viagem: Uma Aventura Psicodélica
3.7 76Não aprofunda nenhuma grande discussão sobre o tema, o documentário é basicamente uma montagem divertida de histórias de diferentes celebridades sobre o uso dessas drogas e algumas orientações que funcionam bem como redução de danos. Teria o potencial de ser um documentário mais relevante em termos de informação, mas até que funciona dentro dessa proposta despretensiosa e leve
O Nevoeiro
3.5 2,6K Assista AgoraO filme do Darabont em que é mais evidente o uso de uma abordagem formal expressiva em sintonia com a narrativa, isso se dá principalmente através de enquadramentos incomuns, com ângulos bem fechados e em zoom que aumentam o desconforto do isolamento e delimitam o nosso campo de visão nos colocando em posição de igualdade aos personagens cercados pelo nevoeiro.
O Nevoeiro é um filme bastante corajoso, são poucos filmes hoje que conseguem fazer essa transição excelente entre a sugestão do terror, nesse caso do mistério do que há por de trás da bruma, para o terror explícito, mostrando uma variedade de criaturas,(curiosamente Lovecraftianas para uma adaptação de King), que atacam os personagens no supermercado.Sua tragicidade e o uso da violência são outras características que exemplificam a ousadia do filme, ele evoca uma natureza de filme B mesmo sendo uma grande produção.
Assim como em muitos filmes do Romero ou do Carpenter, que é até referenciado na primeira cena do filme, em uma situação de confinamento forçado surgem o medo e o desespero, despertando o pior das pessoas e os indivíduos acabam sendo mais assustadores que o próprio sobrenatural.
A questão da crença é central na representação do nevoeiro, os personagens se dividem em grupos de quem acreditam de que há algo na névoa e céticos. Entre os que acreditam, existe uma vertente radical de fanáticos religiosos que são mais uma vez vilões em um texto de Stephen King, mas é interessante como aqui o ceticismo arrogante leva para um caminho igualmente trágico.
Resumindo: É o melhor filme do Darabont e consequentemente sua melhor adaptação de Stephen King.
Terra
3.9 29 Assista AgoraInteressante como Terra vai na contramão do cinema mudo soviético mais tradicional, aqui não há a montagem frenética dos filmes do Eisenstein, nem as analogias visuais ilustrativas. Dovjenko é um cineasta muito mais lírico e contemplativo que os compatriotas de seu tempo
As Patricinhas de Beverly Hills
3.4 1,0K Assista AgoraDeliciosamente irônico e com uma narrativa surpreendentemente livre. Talvez a maior adaptação de Jane Austen para o cinema
Fora de Série
3.9 491 Assista AgoraAlém da politização que parece desesperada, é irritante como o filme tenta ser engraçado o tempo todo e raramente consegue. Não consegui simpatizar nenhum pouco com a personagem da Beanie Feldstein e esse deve ser um dos universos de ensino médio de comédia teen menos críveis que eu já vi
Vai Que Dá Certo
2.9 802 Assista AgoraOs responsáveis por isso realmente acham que todo paulista fala "meu" o tempo todo e em todo fim de sentença? E pior, acham que isso é engraçado mesmo? Os diálogos que tentam satirizar o universo nerd/gamer mostram que eles provavelmente nunca conversaram com um ou nunca jogaram video game também. Duvivier aqui vive uma cópia pouco inspirada do Boça de Hermes e Renato e esse é o espirito que resume o filme
Plano-Sequência dos Mortos
4.1 106Um dos filmes que usa de maneira mais criativa e inteligente o recurso do plano sequência, sem que seja um exibicionismo técnico, estando completamente em prol da narrativa. É bonito como ele funciona como filme de zumbi e homenagem ao cinema.
O Anjo Exterminador
4.3 376 Assista AgoraSem ter as suas necessidades essenciais atendidas, até os mais refinados de nós tornam-se "selvagens". Como consequência, as máscaras das convenções sociais caem. Buñuel é uma força onipresente, onisciente e onipotente que testa as falsas verdade das instituições do topo da nossa piramide social
A Morte de um Burocrata
4.2 20 Assista AgoraO Indivíduo vs O Estado
Feito durante o período dourado da revolução cubana, A morte de um Burocrata satiriza a burocratização no país, mas funciona de maneira universal para qualquer pessoa em qualquer lugar do planeta. Em tom parece uma mistura de um conto kafkiano e comédias de Chaplin e Harold Lloyd. O filme é bastante criativo, recorrendo a elementos visuais cômicos inventivos e sequências de sonhos surrealistas que evocam Buñuel.
O Raio Verde
4.1 87Entre o misticismo de um fenômeno da natureza, cartas de baralho que são encontradas pelo caminho e o realismo trivial de uma férias solitária, acompanhamos uma história contada com uma naturalidade melancólica poucas vezes vista. Delphine nos aproxima da angústia da solidão, da aflição de tentar se conectar com as pessoas em nossa volta e se sentir um alienígena, da frustração de ao tentar aproximação se sentir ainda mais pré-julgada e incompreendida. O filme apresenta isso de forma direta e crua, sem dramatizar o sentimento de desconexão enquanto explora como acabamos sofrendo pressões inconscientes para viver experiências que não necessariamente queremos e da busca de algo ou alguém nos salve desse limbo e a frustração de não existir essa salvação no outro.
Rohmer sutilmente capta essa desolação enquadrando Delphine deslocada e abatida ao lado de belas paisagens francesas, aumentando a nossa percepção do deslocamento dela com o mundo em sua volta. Marie Rivière, em grande interpretação, expressa brilhantemente todos esses sentimentos sem precisar dizer muita coisa. O final é poderoso e reforça ambiguidade entre misticismo e realismo da obra.
Minimalismo: Um Documentário Sobre Coisas Importantes
3.5 195Impressionante como americano consegue fazer esses documentários sobre consumismo e sempre individualizar o problema, fugindo do alicerce que estrutura tudo pra não cair em uma discussão mais profunda sobre o capitalismo. O resultado são essas obviedades superficiais em tom de "Pois é, né, vivemos em uma sociedade..."
Psicose 2
3.3 213 Assista AgoraUma vez eu li que o Tarantino gostava mais dessa sequência do que o original dirigido por Hitchcock, desde então fiquei curioso, no entanto a ideia de que esse filme poderia ser uma bomba sempre me impediu de vê-lo antes. Bem, compará-lo com o original chega ser desleal, mas vendo o filme de cabeça aberta e esquecendo o clássico, é possível tirar proveito da experiência
O filme passa muito longe de ser um fracasso, na verdade ele tem uma série de méritos. Anthony Perkins, por exemplo, segue brilhante. Nessa sequência, Norman consegue ganhar a empatia do público, sendo apresentado como alguém que quer fazer o certo e luta para manter sua sanidade. A maioria dos novos personagens são interessantes e é admirável como a residência dos Bates se torna uma entidade ainda mais viva e assombrosa.
No primeiro momento presumi que o filme seguiria o formato dos Slashers que dominavam o cinema de terror nos anos 80, provavelmente o filme até fora divulgado e vendido dessa forma, mas Psicose II se estrutura mais como um mistério sobre quem é o assassino. Nesse sentido algumas propostas e soluções que o filme cria são bastantes inventivas e acertadas, mas ele acaba se perdendo em meio a vários twists.
O Homem que Virou Suco
4.1 185 Assista AgoraA insubordinação de um imigrante rebelde em uma metrópole fria e cruel. Nesse pesadelo urbano, artistas são vagabundos e os homens são dignificados e domesticados pelo trabalho, quem não se adapta é esmagado e espremido. O nordestino é mão de obra barata sub-humana, todos são iguais e tem a mesma cara, por isso são facilmente confundidos, até porque, de qualquer forma, suas vidas ali não importam
“Tudo esses pau-de-arara é Silva”.