Interessante ver que o He-Man só tem esses músculos fora do comum por questões puramente comerciais e de produto, porque era uma forma mais fácil do boneco ficar em pé sem cair, e também de se diferenciar no mercado (os outros bonecos não eram tão parrudos assim).
Não mostra no documentário (por ele ser de 2018), mas é curioso ver tudo isso sendo atualizado nos dias de hoje, com as histórias de She-Ra e o novo He-Man da Netflix, e ver que toda essa overdose de cores dos anos 80 pode passar diferentes mensagens, incluindo as mais afetuosas e diversas.
Ver esse filme foi uma experiência de ser transportado para um mundo mais simples. Um 1994 poético e de certa forma bastante funcional. É como se o trabalho, o estudo e a rotina não fossem um fardo, mas peças de um todo que se encaixa.
No livro "Por que amamos?", do Renato Nogueira, ele ressalta a importância de conhecermos nossa natureza antes de entrarmos em relações. Ele também escreve sobre o amor como estratégia de sobrevivência: um está ali para ajudar o outro a ser uma versão melhor de si, e vice-versa. Acho que o filme ilustra bem essas questões na relação entre Shizuku e Seiji.
A animação também começa com as cores escuras de uma noite de verão (achei inusitado, uma vez que os filmes do Ghibli são sempre tão claros) e termina no despertar de uma manhã, e isso é tão bonito.
Quando foi que viramos uma máquina de escassez e de não fazer sentido? Quando voltaremos a aproveitar os dias por eles mesmos? O sol ainda nasce lá fora, todas as manhãs. E quem nos desperta para vê-lo, a rotina por si só ou um grande amor?
De início, achei a moral do filme estranha, principalmente se você, assim como eu, passou boa parte esperando um "500 dias com ela" ou um "Brilho eterno de uma mente sem lembranças". As temáticas se aproximam bastante, mas acho que o filme ainda conta com outro aspecto. Não é apenas sobre a relação romântica que não deu certo e sua possível superação, mas principalmente sobre a forma que o personagem lida com seus dilemas.
O filme passou a fazer sentido quanto vi outros comentários de não ser sobre um protagonista herói, mas um anti-herói.
É um filme sobre invisibilidade social e o quanto o protagonista é um c*zão. Ele está tão focado nos próprios dramas que passa a não enxergar mais nada além de si.
A própria moral do protagonista é questionável quando você vê que o único amigo que ele tem é um machista escrotão, quando ele sequer preocupa com os atendentes de um restaurante, o motorista do taxi ou a pessoa que ele atropela.
Curti o lance da cor vermelha, que está na figura da garota de programa, do batom que ela usa para marcar o telefone até a cadeira. Cores quentes na vida monocromática do personagem.
No fundo, as respostas para seguir com a própria vida também estão no outro, no coletivo, na novidade, basta ter olhos para ver.
Que delícia de história, e que quentinho no coração!
É uma narrativa simples, sem raio azul no final, mas com mensagens gigantes: a amizade, a família (a que abandona x a que acolhe), os desencontros necessários para construção da identidade, o afeto que permanece.
Muito lindo acompanhar essa história de amor, de abraços, de carinho. Saiamos do fundo do mar, paremos de comer as sobras, e voltemos ao desejo de descobrir o mundo (e as estrelas) e deixar bater o próprio coração!
- Escute. As coisas acontecem. Coisas ruins. Doença, divórcio. É assustador. E recuar é uma defesa. Mas se você recuar, também perderá as coisas boas. Você entende? Sei que não falamos muito sobre isso, mas…
- Mãe, eu não posso deixar-la. E se…
- Você tem que viver a sua vida. E não colocar tudo em um contêiner para tentar controlar. Isso é impossível. Confie em mim. E sinto muito se não fui clara o suficiente sobre isso, mas… Eu quero ser agora. Quando a vida lhe oferece algo especial… você aceita.
De alguma forma, sempre me identifiquei com os textos da Tati (ainda que especificamente hoje ela tenha sido "cancelada" pelo seu último na Folha). E acho que o filme conseguiu passar bem o ar de criança de classe média filha única e repleta dos dramas para conseguir ter a sua vida milimetricamente controlada. E é justamente com essa vertente que me identifico: com o filho que nasceu para suprir algumas necessidades afetivas dos pais embora fosse apenas uma criança com suas paranóias, com os dramas de ter uma mãe que também tem suas questões, com a pessoa que tem dificuldades em lidar com rejeições de todos os níveis. Ainda que tudo pareça uma grande frescura de gente burguesa, são questões honestas, e válidas dentro da sua honestidade.
Acredito que a questão dos remédios foi mais relatada como o grande drama e um vício mesmo. Por mais que eles sejam muito positivos para algumas pessoas terem suas vidas mais normalizadas, há efeitos colaterais e nenhum tratamento é livre de conflitos (nem a terapia, nem a constelação, nem os remédios). Não achei romantizado ou desleixado esse ponto, e é interessante saber que a personagem consegue chegar em um caminho dentro das suas tentativas (até porque não há um único possível e correto).
ps. a queda por homens loucos e o lance de que eles transam bem é real! 😬😅
Não curti o lance da vingança. Serve como plot para satisfazer quem assiste, mas que mensagem ruim. Só mostra que a menina é tão psicopata quanto a "mãe".
Fiquei me perguntando onde estes personagens estariam no Brasil atual, um país de sindicatos enfraquecidos, da carteira de trabalho verde e amarela, de "empreendedores" de aplicativos de corrida e entrega, um país dominado pela pós-política.
A igreja já não acolhe os trabalhadores e luta pela garantia dos seus direitos, a favela virou estética para ganhar likes, e a polícia continua sendo a polícia.
Já somos todos Tião, e já passamos fome, e não há mais amigos, apenas desconhecidos.
Cheguei aqui por indicação e precisei de um tempo para processar tudo.
Ainda somos um país construído nessa grande base de casas grandes e suas senzalas. Onde quem vive à margem não tem o direito de ser feliz, apenas ser mão de obra.
Porém, o filme traz outro retrato ainda mais verdadeiro e urgente: afinal, quem consegue mesmo ser feliz nessa pirâmide? O "dono" que nada mais é que um herdeiro de um sistema falido e cumpridor de regras que retalham sua existência, ou seus "súditos", que por já não terem tantos direitos, restam poucos deveres, sobra a liberdade (pelo menos parte dela).
É na margem que Jean encontra o afeto que procura. É na periferia que está a festa, uma família que acolhe seus filhos, e os sonhos.
Talvez seja por essa falta de perspectiva, de liberdades e de felicidade, que seja tão difícil para os "donos" da casa grande aceitar que a empregada possa sentir prazer no seu corpo e que os filhos das empregadas possam estudar e ser tão bem sucedidos quanto os seus.
No final, a classe média e a elite desse país talvez tenham tanta raiva das cotas, das universidades públicas de qualidade, das políticas de assistência, porque talvez estejam desamparados demais vivendo as próprias ilusões de privilegiados que já não são.
Vim pelo Boyega e continuei por ele: que homem! Amo muito suas representações de herói sem masculinidade frágil.
Mesmo que os personagens não sejam mega bem desenvolvidos e ainda por se tratar de uma história pró-bélica e militar, a realidade e o futuro de Pacific Rim em que mulheres lideram e um homem não tem nenhuma vergonha em dizer que o outro é bonitão já torna a sessão da tarde mais agradável e vale a pipoca!
Essa história me dói inteiro, e eu acho que não sei explicar onde.
Li "A hora da estrela" no colégio e guardo pouquíssima ou quase nenhuma lembrança, apenas a de que foi uma leitura difícil, mas que dizia sobre coisas que talvez eu ainda não entendia e que guardava certa angústia em entender.
Anos e algumas experiências depois, e um certo receio em ver o filme, me pego aqui, sentindo tudo, e mesmo já tendo acesso um pouco mais de onde, ainda seguro um certo medo em explicar o quê.
Acho que não tem palavras, ou muita explicação, apenas que dói. O mais profundo e crú do humano dói.
Terminei o filme com a sensação de "como eu queria ter um irmão assim", mas a magia não está no que poderia ser ou ter, mas no que já é, do jeito que é (e como potencializar isso).
Muito tocado com a amizade de Chu e Paul, e o quanto ele é direto e honesto na sua forma de expressar suas paixões. Enquanto Chu e Aster reproduzem nuances do amor ao compor canções, fazer belos desenhos e escrever textos requintados, Paul cozinha sem seguir receitas, levanta da mesa de supetão e fala direto o que sente.
Talvez tudo venha do mesmo lugar. E o texto requintado de um filósofo também possa ser redigido através de um trio de emojis, quem sabe...
Para mim, lembrou "Tartarugas até lá embaixo", que é sobre esse contato entre dois adolescentes que passam por problemas, e o quanto o amor entre eles, por mais que tenha potencial de ajudar muito, não é o suficiente.
Muitas vezes, temos uma falsa sensação de que o amor romântico é capaz de suprir todos os nossos vazios e curar nossas dores, mas é pedir demais de outra pessoa que também tem suas questões.
Apesar dos gatilhos e da história trágica, a mensagem final é muito forte e necessária. Só quem passou por grandes traumas e perdas, e superou esses momentos, seguiu em frente, sabe o quanto é importante isso, o quanto a culpa e os momentos ruins podem nos segurar e nos excluir do mundo, e o quanto não podemos ser reféns do passado. Que a vida segue, e que os lugares incríveis podem ser nós mesmos.
Busquem ajuda. Conversem. Estejam com as pessoas que ama. Compartilhem suas dores com quem confia e possa ajudar. Se está muito difícil, busquem ajuda profissional. Acredite, sempre tem alguém. Cuidem das suas feridas. Se cuidem.
"Você tem todas as cores em você, no brilho máximo."
Não importa o quanto você queira mudar o passado, infelizmente não está apenas em impedir policiais a dar um tiro, está antes: o que os fizeram dar o tiro?
C.J. foca em voltar alguns dias e horas, mas seria necessário voltar alguns séculos. É estrutural. E é cruel.
É uma história pontual pesada, atualíssima, e com os protagonistas prodígios que faltavam na ficção de viagens no tempo (jovens negros com sede de fazer a diferença a partir do conhecimento - a ferramenta mais elevada, ainda assim insuficiente).
Não tem como mudar o passado, mas, felizmente, toda a ancestralidade de um povo repleto de cultura e talento segue forte, resistindo, sobrevivendo (é a única saída). É emocionante ver a família e a rede de apoio que existe para todos passarem por tantas crueldades cotidianas de uma estrutura segregacionista. Antes de mudar o passado, é necessário sobreviver e seguir em frente (é a lição que a mãe, a avó e o irmão de C.J. parecem já ter aprendido). Um americanismo que não é tão distante da nossa realidade brasileira, com motivos diferentes, mas com a mesma violência presente em um dos últimos países no mundo a abolir a escravidão.
1. Construa uma casa para a magia que há em você, que nasceu na sua infância e que não vale a pena ser perdida na vida adulta (não precisa ser muito grande nem morar nela totalmente e talz).
2. Arrume alimento, força e sustância para manter dentro dela o que você realmente acredita.
3. Cerque-se de amor. Não adianta querer cultivar seu eu interior mais verdadeiro se não é capaz de estar bem com as pessoas que importam.
Seja feliz e saiba ser um ser crescido sem esquecer quem você realmente é, e se valorize por isso etc.
No mais, continue riscando e se arriscando por aí, afinal: "a coisa mais adulta que você pode fazer é falhar no que gosta".
Um retrato de questões tão pertinentes e que hoje ganham novas camadas e releituras: a violência contra os índios; a religião e as crenças como conforto e domínio; a diferença entre fé e ação (o santo que é ateu e os religiosos que não são santos); a pobreza e a seca no nordeste como miséria para muitos e riqueza para poucos; e até mesmo a homossexualidade e o papel da figura feminina e masculina na sociedade (a piada sobre o primeiro pecado do Taoca, o machismo e a violência doméstica do pai da Mada, a personagem travesti, as mulheres tratadas como mercadoria...). É tudo em um tom de piada que em alguns momentos é até infeliz e ultrapassado, mas não deixa de ser curioso.
Um recorte de problemas e mazelas de um país pré-lula, e que mesmo depois de tanta mudança e progresso, continuam latentes e pulsantes, mas com novas camadas e dimensões.
Imagino que Deus voltaria ainda mais pistola. E com tanto desamor que a gente tem visto e compartilhado, talvez nem voltasse...
Que representação singela e mega expressiva sobre os amores atuais, não esperava encontrar aqui. Que engano bom. Não se trata de amores líquidos, mas de amores livres, no mais difícil e complexo que isso seja.
Amar em liberdade é um desafio imenso, e é muito aconchegante ver Ana e Vitória expressando essa possibilidade, de uma forma tão humana, que o formato canção, poesia e musical casou tão bem.
Lidar com pessoas em seus diferentes tempos e ainda cultivar afeto é uma atitude tão pura e ao mesmo tempo tão forte e difícil. Puro como voz e violão. Forte e difícil como ser você sem nenhum adereço ou maquiagem como defesa. Desafiador. Mas possível.
Esse é o cinema queer de qualidade que eu tava procurando. Parabéns aos envolvidxs! (:
Rua Guaicurus
3.1 6Fiquei curioso para saber quais histórias são verdadeiras, e onde começa a ficção nelas. O filme é direto ao ponto e faz boas reflexões.
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraÉ um crossover de Matrix com Sense8, achei maravilhoso!
Um filme para e por esses tempos. Fica a questão: quando e se houver, o que faremos da nossa segunda chance, da nossa ressurreição?
A Força de Grayskull: A História de "He-Man e os …
3.6 22Interessante ver que o He-Man só tem esses músculos fora do comum por questões puramente comerciais e de produto, porque era uma forma mais fácil do boneco ficar em pé sem cair, e também de se diferenciar no mercado (os outros bonecos não eram tão parrudos assim).
Não mostra no documentário (por ele ser de 2018), mas é curioso ver tudo isso sendo atualizado nos dias de hoje, com as histórias de She-Ra e o novo He-Man da Netflix, e ver que toda essa overdose de cores dos anos 80 pode passar diferentes mensagens, incluindo as mais afetuosas e diversas.
Sussurros do Coração
4.3 482 Assista AgoraVer esse filme foi uma experiência de ser transportado para um mundo mais simples. Um 1994 poético e de certa forma bastante funcional. É como se o trabalho, o estudo e a rotina não fossem um fardo, mas peças de um todo que se encaixa.
No livro "Por que amamos?", do Renato Nogueira, ele ressalta a importância de conhecermos nossa natureza antes de entrarmos em relações. Ele também escreve sobre o amor como estratégia de sobrevivência: um está ali para ajudar o outro a ser uma versão melhor de si, e vice-versa. Acho que o filme ilustra bem essas questões na relação entre Shizuku e Seiji.
A animação também começa com as cores escuras de uma noite de verão (achei inusitado, uma vez que os filmes do Ghibli são sempre tão claros) e termina no despertar de uma manhã, e isso é tão bonito.
Quando foi que viramos uma máquina de escassez e de não fazer sentido? Quando voltaremos a aproveitar os dias por eles mesmos? O sol ainda nasce lá fora, todas as manhãs. E quem nos desperta para vê-lo, a rotina por si só ou um grande amor?
Entre Abelhas
3.4 832De início, achei a moral do filme estranha, principalmente se você, assim como eu, passou boa parte esperando um "500 dias com ela" ou um "Brilho eterno de uma mente sem lembranças". As temáticas se aproximam bastante, mas acho que o filme ainda conta com outro aspecto. Não é apenas sobre a relação romântica que não deu certo e sua possível superação, mas principalmente sobre a forma que o personagem lida com seus dilemas.
O filme passou a fazer sentido quanto vi outros comentários de não ser sobre um protagonista herói, mas um anti-herói.
É um filme sobre invisibilidade social e o quanto o protagonista é um c*zão. Ele está tão focado nos próprios dramas que passa a não enxergar mais nada além de si.
A própria moral do protagonista é questionável quando você vê que o único amigo que ele tem é um machista escrotão, quando ele sequer preocupa com os atendentes de um restaurante, o motorista do taxi ou a pessoa que ele atropela.
Curti o lance da cor vermelha, que está na figura da garota de programa, do batom que ela usa para marcar o telefone até a cadeira. Cores quentes na vida monocromática do personagem.
No fundo, as respostas para seguir com a própria vida também estão no outro, no coletivo, na novidade, basta ter olhos para ver.
Luca
4.1 769Que delícia de história, e que quentinho no coração!
É uma narrativa simples, sem raio azul no final, mas com mensagens gigantes: a amizade, a família (a que abandona x a que acolhe), os desencontros necessários para construção da identidade, o afeto que permanece.
Muito lindo acompanhar essa história de amor, de abraços, de carinho.
Saiamos do fundo do mar, paremos de comer as sobras, e voltemos ao desejo de descobrir o mundo (e as estrelas) e deixar bater o próprio coração!
Deixe a Neve Cair
2.8 275 Assista Agora- Escute. As coisas acontecem. Coisas ruins. Doença, divórcio. É assustador. E recuar é uma defesa. Mas se você recuar, também perderá as coisas boas. Você entende? Sei que não falamos muito sobre isso, mas…
- Mãe, eu não posso deixar-la. E se…
- Você tem que viver a sua vida. E não colocar tudo em um contêiner para tentar controlar. Isso é impossível. Confie em mim. E sinto muito se não fui clara o suficiente sobre isso, mas… Eu quero ser agora. Quando a vida lhe oferece algo especial… você aceita.
Depois a Louca Sou Eu
3.4 138 Assista AgoraDe alguma forma, sempre me identifiquei com os textos da Tati (ainda que especificamente hoje ela tenha sido "cancelada" pelo seu último na Folha). E acho que o filme conseguiu passar bem o ar de criança de classe média filha única e repleta dos dramas para conseguir ter a sua vida milimetricamente controlada. E é justamente com essa vertente que me identifico: com o filho que nasceu para suprir algumas necessidades afetivas dos pais embora fosse apenas uma criança com suas paranóias, com os dramas de ter uma mãe que também tem suas questões, com a pessoa que tem dificuldades em lidar com rejeições de todos os níveis. Ainda que tudo pareça uma grande frescura de gente burguesa, são questões honestas, e válidas dentro da sua honestidade.
Acredito que a questão dos remédios foi mais relatada como o grande drama e um vício mesmo. Por mais que eles sejam muito positivos para algumas pessoas terem suas vidas mais normalizadas, há efeitos colaterais e nenhum tratamento é livre de conflitos (nem a terapia, nem a constelação, nem os remédios). Não achei romantizado ou desleixado esse ponto, e é interessante saber que a personagem consegue chegar em um caminho dentro das suas tentativas (até porque não há um único possível e correto).
ps. a queda por homens loucos e o lance de que eles transam bem é real! 😬😅
Fuja
3.4 1,1K Assista AgoraSobre o final do final:
Não curti o lance da vingança. Serve como plot para satisfazer quem assiste, mas que mensagem ruim. Só mostra que a menina é tão psicopata quanto a "mãe".
Eles Não Usam Black-Tie
4.3 286Fiquei me perguntando onde estes personagens estariam no Brasil atual, um país de sindicatos enfraquecidos, da carteira de trabalho verde e amarela, de "empreendedores" de aplicativos de corrida e entrega, um país dominado pela pós-política.
A igreja já não acolhe os trabalhadores e luta pela garantia dos seus direitos, a favela virou estética para ganhar likes, e a polícia continua sendo a polícia.
Já somos todos Tião, e já passamos fome, e não há mais amigos, apenas desconhecidos.
AmarElo - É Tudo Pra Ontem
4.6 354 Assista Agora"viver é partir, voltar e repartir" 💛
Tio Frank
3.9 240 Assista AgoraQ maridão!!! 🤗🤗🤗
Casa Grande
3.5 576 Assista AgoraCheguei aqui por indicação e precisei de um tempo para processar tudo.
Ainda somos um país construído nessa grande base de casas grandes e suas senzalas. Onde quem vive à margem não tem o direito de ser feliz, apenas ser mão de obra.
Porém, o filme traz outro retrato ainda mais verdadeiro e urgente: afinal, quem consegue mesmo ser feliz nessa pirâmide? O "dono" que nada mais é que um herdeiro de um sistema falido e cumpridor de regras que retalham sua existência, ou seus "súditos", que por já não terem tantos direitos, restam poucos deveres, sobra a liberdade (pelo menos parte dela).
É na margem que Jean encontra o afeto que procura. É na periferia que está a festa, uma família que acolhe seus filhos, e os sonhos.
Talvez seja por essa falta de perspectiva, de liberdades e de felicidade, que seja tão difícil para os "donos" da casa grande aceitar que a empregada possa sentir prazer no seu corpo e que os filhos das empregadas possam estudar e ser tão bem sucedidos quanto os seus.
No final, a classe média e a elite desse país talvez tenham tanta raiva das cotas, das universidades públicas de qualidade, das políticas de assistência, porque talvez estejam desamparados demais vivendo as próprias ilusões de privilegiados que já não são.
Círculo de Fogo: A Revolta
2.8 491 Assista AgoraVim pelo Boyega e continuei por ele: que homem!
Amo muito suas representações de herói sem masculinidade frágil.
Mesmo que os personagens não sejam mega bem desenvolvidos e ainda por se tratar de uma história pró-bélica e militar, a realidade e o futuro de Pacific Rim em que mulheres lideram e um homem não tem nenhuma vergonha em dizer que o outro é bonitão já torna a sessão da tarde mais agradável e vale a pipoca!
A Hora da Estrela
3.8 507 Assista AgoraEssa história me dói inteiro, e eu acho que não sei explicar onde.
Li "A hora da estrela" no colégio e guardo pouquíssima ou quase nenhuma lembrança, apenas a de que foi uma leitura difícil, mas que dizia sobre coisas que talvez eu ainda não entendia e que guardava certa angústia em entender.
Anos e algumas experiências depois, e um certo receio em ver o filme, me pego aqui, sentindo tudo, e mesmo já tendo acesso um pouco mais de onde, ainda seguro um certo medo em explicar o quê.
Acho que não tem palavras, ou muita explicação, apenas que dói.
O mais profundo e crú do humano dói.
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
3.9 662 Assista AgoraQue delícia de road movie e aprendizados 💙
Terminei o filme com a sensação de "como eu queria ter um irmão assim", mas a magia não está no que poderia ser ou ter, mas no que já é, do jeito que é (e como potencializar isso).
Foco, coração e entrega. (:
Você Nem Imagina
3.4 516 Assista Agora"nem toda história de amor é um romance..."
Muito tocado com a amizade de Chu e Paul, e o quanto ele é direto e honesto na sua forma de expressar suas paixões. Enquanto Chu e Aster reproduzem nuances do amor ao compor canções, fazer belos desenhos e escrever textos requintados, Paul cozinha sem seguir receitas, levanta da mesa de supetão e fala direto o que sente.
Talvez tudo venha do mesmo lugar. E o texto requintado de um filósofo também possa ser redigido através de um trio de emojis, quem sabe...
🍍🦉🐛
Por Lugares Incríveis
3.2 627 Assista AgoraNão conhecia a história/livro, e fiquei bem tocado com a sensibilidade que foi filmado.
Para mim, lembrou "Tartarugas até lá embaixo", que é sobre esse contato entre dois adolescentes que passam por problemas, e o quanto o amor entre eles, por mais que tenha potencial de ajudar muito, não é o suficiente.
Muitas vezes, temos uma falsa sensação de que o amor romântico é capaz de suprir todos os nossos vazios e curar nossas dores, mas é pedir demais de outra pessoa que também tem suas questões.
Apesar dos gatilhos e da história trágica, a mensagem final é muito forte e necessária. Só quem passou por grandes traumas e perdas, e superou esses momentos, seguiu em frente, sabe o quanto é importante isso, o quanto a culpa e os momentos ruins podem nos segurar e nos excluir do mundo, e o quanto não podemos ser reféns do passado. Que a vida segue, e que os lugares incríveis podem ser nós mesmos.
Busquem ajuda. Conversem. Estejam com as pessoas que ama. Compartilhem suas dores com quem confia e possa ajudar. Se está muito difícil, busquem ajuda profissional. Acredite, sempre tem alguém. Cuidem das suas feridas. Se cuidem.
"Você tem todas as cores em você, no brilho máximo."
Desafio de um Campeão
3.3 5 Assista Agora"Chi pensa deve agire"
A Gente Se Vê Ontem
3.2 192 Assista AgoraO que você vai fazer com o seu presente hoje?
Não importa o quanto você queira mudar o passado, infelizmente não está apenas em impedir policiais a dar um tiro, está antes: o que os fizeram dar o tiro?
C.J. foca em voltar alguns dias e horas, mas seria necessário voltar alguns séculos. É estrutural. E é cruel.
É uma história pontual pesada, atualíssima, e com os protagonistas prodígios que faltavam na ficção de viagens no tempo (jovens negros com sede de fazer a diferença a partir do conhecimento - a ferramenta mais elevada, ainda assim insuficiente).
Não tem como mudar o passado, mas, felizmente, toda a ancestralidade de um povo repleto de cultura e talento segue forte, resistindo, sobrevivendo (é a única saída). É emocionante ver a família e a rede de apoio que existe para todos passarem por tantas crueldades cotidianas de uma estrutura segregacionista. Antes de mudar o passado, é necessário sobreviver e seguir em frente (é a lição que a mãe, a avó e o irmão de C.J. parecem já ter aprendido). Um americanismo que não é tão distante da nossa realidade brasileira, com motivos diferentes, mas com a mesma violência presente em um dos últimos países no mundo a abolir a escravidão.
A única saída não deveria ser sobreviver.
Loja de Unicórnios
2.8 2521. Construa uma casa para a magia que há em você, que nasceu na sua infância e que não vale a pena ser perdida na vida adulta (não precisa ser muito grande nem morar nela totalmente e talz).
2. Arrume alimento, força e sustância para manter dentro dela o que você realmente acredita.
3. Cerque-se de amor. Não adianta querer cultivar seu eu interior mais verdadeiro se não é capaz de estar bem com as pessoas que importam.
Seja feliz e saiba ser um ser crescido sem esquecer quem você realmente é, e se valorize por isso etc.
No mais, continue riscando e se arriscando por aí, afinal: "a coisa mais adulta que você pode fazer é falhar no que gosta".
Deus É Brasileiro
3.0 336 Assista AgoraE pensar que 2002 era outro mundo, outro Brasil.
Um retrato de questões tão pertinentes e que hoje ganham novas camadas e releituras: a violência contra os índios; a religião e as crenças como conforto e domínio; a diferença entre fé e ação (o santo que é ateu e os religiosos que não são santos); a pobreza e a seca no nordeste como miséria para muitos e riqueza para poucos; e até mesmo a homossexualidade e o papel da figura feminina e masculina na sociedade (a piada sobre o primeiro pecado do Taoca, o machismo e a violência doméstica do pai da Mada, a personagem travesti, as mulheres tratadas como mercadoria...). É tudo em um tom de piada que em alguns momentos é até infeliz e ultrapassado, mas não deixa de ser curioso.
Um recorte de problemas e mazelas de um país pré-lula, e que mesmo depois de tanta mudança e progresso, continuam latentes e pulsantes, mas com novas camadas e dimensões.
Imagino que Deus voltaria ainda mais pistola. E com tanto desamor que a gente tem visto e compartilhado, talvez nem voltasse...
Ana e Vitória
3.2 357Que representação singela e mega expressiva sobre os amores atuais, não esperava encontrar aqui. Que engano bom. Não se trata de amores líquidos, mas de amores livres, no mais difícil e complexo que isso seja.
Amar em liberdade é um desafio imenso, e é muito aconchegante ver Ana e Vitória expressando essa possibilidade, de uma forma tão humana, que o formato canção, poesia e musical casou tão bem.
Lidar com pessoas em seus diferentes tempos e ainda cultivar afeto é uma atitude tão pura e ao mesmo tempo tão forte e difícil. Puro como voz e violão. Forte e difícil como ser você sem nenhum adereço ou maquiagem como defesa. Desafiador. Mas possível.
Esse é o cinema queer de qualidade que eu tava procurando. Parabéns aos envolvidxs! (:
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista Agora- Escreve com tanto amor e com tanto carinho de Sacramento.
- Só estava descrevendo-o.
- Não acha que podem ser a mesma coisa: amor e atenção?