(onde foi parar o personagem que foi o pretexto pro protagonista voltar a jogar?)
e a história adolescente contada pelo filme sobre adultos irresponsáveis que *jogam* repetidas vezes tudo o que têm de valor na lata do lixo por pura inconsequência e ainda se dão bem no final é mais do que irritante, é completamente infactível:
Um mafioso ligado à KGB que joga uma partida em que seu orgulho e uma enorme soma de dinheiro estão em jogo não trapaceia??? Um professor universitário empresar USD$ 10.000,00 (!) pra um aluno (!!) que traiu a confiança depositada nele sendo negligente com a oportunidade que ele deu (!!!) e largou a faculdade!?!?!?
A pretexto de denúncia, o que o filme realmente faz com sua surra de tragédia é insensibilizar diante do tão presente e atual sofrimento do precariado, como um Sebastião Salgado do trabalho uberizado.
Ao final, onde deságua a narrativa? Qual o sentido do testemunho da miséria dessa família? Constatar sua "realidade", como outros comentam aqui? Ao invés de nos chocar com a miséria por entretenimento, podemos visitar a fila da Agência do Trabalhador ou do INSS e conversar alguns minutos com as pessoas ali. Isso sim é um choque de realidade que seja mais do que uma mera experiência estética diletante diante de uma pornografização da miséria. E, ao contrário desse filme, nos deixa verdadeiramente ao alcance da empatia e de poder estender a mão.
Um filme simples e fantástico. Os temas da fé contra os imperativos econômicos, da igreja vazia e dos refugiados são atuais e relevantes.
Ao invés de se valer da blasfêmia fácil e previsível de usar Nosso Senhor como um utilitário resolvedor Ex Machina de problemas mundanos insolúveis, mostra que o verdadeiro foco do Evangelho não é a prosperidade miraculosa, mas sim a capacidade da fé de atravessar a tribulação em doação altruísta, em prol da fraternidade universal, para além das fronteiras econômicas e culturais.
Especial a mensagem sobre a fé e sobre a presunção religiosa. Que não sejamos nós os que falam em nome de Nosso Senhor, quando o que precisamos é ouvir e estar atentos.
Não entendi os elogios a este filme. O filme perfila por duas horas autoritarismos e arbitrariedades da escola e de suas regras e conclui numa humanização justificadora de seus responsáveis, como se todos estivessem fazendo o que podem diante das circunstâncias. É claro que isso é verdade para os personagens, mas o mesmo não se pode dizer do diretor do filme, ou do filme como argumento. Não há reflexão sobre a estrutura disciplinar, não há reflexão sobre a disciplinaridade da exposição, sobre a relação falsamente dialógica, encobrindo a lógica da vexação e da intimidação arbitrária.
Certamente que o sensacionalismo não é parâmetro de realismo, mas a representação da escola desse filme como difícil pra mim foi absurda. Os comentários críticos que vi sugerem o heroísmo do professor em uma turma difícil da periferia. Certamente não conhecem a realidade escolar brasileira. Enquanto o enfrentamento aqui é baseado na indiferença deslegitimadora do professor ou da própria educação formal, quando não uma pura violência desumanizada contra o(a) professor(a), e a violência entre alunos certamente bem pior do que na escola do filme, a turma do filme é vibrante e viva. Os alunos resistem e afirmam suas vivências, expressões e noções de justiça, para serem constantemente deslegitimados e julgados como rebeldes. O professor propõe atividades de auto exposição em um jogo social assimétrico e ainda se surpreende quando os alunos se recusam participar. Vocês já viram alguma vez nas escolas que estudaram os alunos tendo a coragem de confrontar os professores *em argumentação*? Tenho certeza que muitos(as) professores(as) brasileiros(as) dariam tudo pra ter uma turma como a do filme.
As representantes discentes resistem ao autoritarismo do professor de forma irresponsável, o que é absolutamente esperado pra idade delas, por não compreenderem claramente as consequências do que estão fazendo. Já o professor, ao descer pra tirar satisfações no pátio, não só deslegitima a própria autoridade como transforma sua própria falha grave em um bate-boca de adolescentes, transformando o comportamento inadmissível delas de fomentar o conflito entre o professor e um aluno vulnerável (Souleymane) em um ato de resistência legítima. Minha vó sempre dizia: "quando um velho e um novo brigam quem está errado é o velho, que devia ter juízo".
O protagonista tenta evitar a sanção disciplinar máxima para ser coroado como benevolente, mas nada é dito ou feito em relação à estrutura que produziu a exclusão. O filme sugere que todos estão sob o mesmo sistema disciplinar de regras e proibições, mas a situação é obviamente diferente para os professores, que têm as ferramentas emocionais de autocontrole, de comunicação, e o próprio estatuto de legitimidade de casta (adulto, professor) para trafegar entre elas.
É muito triste ver que o aluno que é amigável (Wei) tem a compaixão dos professores, que chegam a organizar uma campanha pra evitar a deportação de sua mãe, mas o aluno que é antipático (Souleymane) não desperta a mesma mobilização humanista.
A cena final do futebol é cínica, como se houvesse tal paridade fraterna entre os estudantes e professores, e "o que podemos fazer se o aluno Souleymane provocou a própria exclusão?"
Recomendo fortemente "A Produção do Fracasso Escolar" da pesquisadora Souza Patto pra quem acha que esse filme é referência para pensar a educação.
Filme obrigatório para todo mundo que acredita que a China é comunista. Importante pra nos sensibilizarmos quanto ao que o mundo ultracapitalista vai ser se não fizermos algo a respeito.
Mais um filme de kung fu com um roteiro sem pé nem cabeça compensado pela presença, carisma e maestria incríveis de Donnie Yen.
Já sabe: se tudo estiver dando errado na sua vida e na das pessoas ao seu redor, desafie alguma alta autoridade pra uma luta e vença que tudo dá certo no final!
Histórias desconexas que se relacionam unicamente por causa de nossa história. Da minha, da sua, e de todos que não são nem podem jamais ser clientes da Mossack-Fonseca.
O filme transborda do mais constrangedoramente datado reacionarismo. A escolha do Astaire para o papel, já com cara de vô, fazendo comentários sumamente inconvenientes e investidas dignas de delegacia da mulher, certamente não foi à toa. Hollywood mostrando todo seu desprezo pela intelectualidade numa caricatura ultrajante escrita por alguém que certamente nunca leu um livro.
Mas nem o mais repugnante reacionarismo poderia apagar a graça de Audrey Hepburn! Pule o filme até o minuto 42 e aproveite a maravilhosa cena de dança no café!
Não consigo entender as reações a esse filme. Dizer que "entendeu" esse filme tem sido usado como medalha de distinção, dizer que não "entendeu" é usado como insígnia de pertencimento à liga anti-intelectual que denuncia a arrogância dos dados à pretensiosa aspiração de enriquecimento existencial.
Há poucos anos atrás, uma trama cheia de enigmas a decifrar era recebida com o entusiasmo de quem abre um quebra-cabeça novo. Hoje, a preguiça causada pelos salgadinhos de entretenimento pré-mastigados parece já ter levado o espectador da própria vida ao coma intelectual. E olha que vivemos em era da internet, em que todo mundo tá a poucos cliques de um walkthrough de YouTube pra quem acha que filme é pra "entender"! lmgtfy!
Numa era de cegos, quem finge ver a roupa é rei...
O filme retrata muito bem o embate entre as forças das trevas, que buscam se apropriar da mensagem de salvação para justificar a opressão sobre as pessoas e a destruição da natureza, e as forças da natureza, cheias de sabedoria, mas que buscam animalizar o ser humano, torná-lo incapaz de superar esse embate mortífero - pelo contrário, impelindo-o a esse embate. Afinal, um animal só sabe matar ou fugir, e o final desse embate já conhecemos, pois já aconteceu: não restaram florestas virgens na Europa, e O Lorde Protetor expandiu seus domínios para o resto do mundo, para queimar o Pantanal, inundar a Amazônia e botar todos em gaiolas, gaiolas às vezes brutas, como o trabalho desumanizado ("work is prayer" - "Arbeit macht Frei", diziam as palavras sobre o portão do Campo de Concentração de Auschwitz), às vezes gaiolas sofisticadas e tão falsamente inofensivas (as redes antissociais, os videogames, as drogas, a pornografia), e continua fazendo isso em nome de Deus, ou às vezes, descaradamente, em nome unicamente do dinheiro.
Mas nós podemos aprender a mediar, a perdoar e reconciliar, e então "... lobos e ovelhas viverão em paz, leopardos e cabritinhos descansarão juntos. Bezerros e leões comerão uns com os outros, e crianças pequenas os guiarão.", se nos inspirarmos na força que não é representada no filme, a força do Amor, "é servir a quem vence o vencedor". Que as pessoas não se enganem! A sabedoria antiga não é oposta à salvação anunciada pela boa nova, Salvação que mesmo os magos da sabedoria antiga foram celebrar com os mais finos presentes de sua realeza!
Um belo filme, que, porém, infelizmente confunde e provavelmente surge da confusão do que era o conhecimento espiritual antigo e do que é o novo paradigma espiritual que surge no mundo.
Eu só me ressinto das armaduras que foram usadas no filme. Parecem latas de Nescau recortadas com um espaço pra cara e coletes de lantejoulas. Não entendo como é que não fizeram mais pesquisa de figurino nesse sentido.
Animação incrível, com várias sobreposições de colagens de fotografias de obras de arte, espaços e construções arquitetônicas da Belle Époque, que foram tiradas ao longo de quatro anos pelo diretor, além dos famosos pôsteres da Art Nouveau, e até jornais e cartazes de divulgação colados nos pirulitos urbanos, pesquisados na Bibliothèque nationale de France. Quem gostou de Meia-Noite em Paris vai amar esse desenho (inclusive mostrando alguns dos lugares visitados por Gil no longa do Woody Allen). O filme começa de forma provocadora subvertendo os horríveis zoológicos humanos da época, fazendo a protagonista se apresentar como uma performer que veio para a Europa para observar sua cultura, depois de ser observada por ela.
Interessante o que nota Habermas sobre os "salões" tão detestados pelos vilões do filme: enquanto o principal palco das(os) intelectuais e artistas da época era em espaços privados, de fato as mulheres eram protagonistas em articular as relações culturais, mas elas depois foram deixadas de lado quando esses círculos foram deslocados dos tais salões para os cafés do espaço público.
Hoje nosso espaço público são as redes (anti)sociais.
Uma ode ao universalismo multiculturalista e à intelectualidade e sofisticação artística que cada vez mais é mal-vista em nossa era filisteia e ordinária, em que a vulgaridade dá o tom na indústria cultural e a medida do bom gosto é o quanto algo é vendável *e* foi bem vendido. No filme, esse filisteísmo é identificado com o machismo reacionário que assustadoramente rosna ao redor do mundo. Precisamos novamente da Dilili para nos salvar!
O título em português é moralista e obscurece o verdadeiro tema do filme.
Não se trata de um filme sobre um pastor que tem sua fé corrompida pela força de uma crença maior. O filme trata antes sobre a condição atual da humanidade, que, por sua falta de fé, coloca o lastro da existência numa justiça irrealizável: numa argumentação perdida com com pessoas indispostas, ou incapazes, a se responsabilizar pela vida, uns pelos outros, e pelo mundo que Deus nos confiou. Não se trata de uma fé corrompida, mas da perda da Fé: o deslocamento da fé na Salvação para a fé no vazio, na morte, na ruína. Fé que talvez ele nunca tenha tido, ou se perdeu na amargura do luto.
A amargura do luto, sem fé, extrema a vivência da fragilidade humana, a partir da crença de que a morte pode matar o amor, triunfando sobre a esperança. E, se a crença maior é na morte, o horizonte é escuridão, e seu mundo e o mundo dos que o rodeiam é coberto pelas trevas. E que trevas!
A culpa pela morte de seu filho faz o Reverendo Toller não conseguir manter uma relação com seu filho em transcendência, morrendo então a capacidade de transcendência na relação com qualquer outro. Ao se defrontar com Michael, um homem com uma profunda fé na ruína do mundo, a fé na morte toma forma, e o luto pelo filho se transforma em luto pelo mundo. Se não há esperança, a única resposta é a vingança.
Mas o Senhor, soberano sobre o destino de cada humano, presenteia esse homem perdido com um vínculo que salvará sua vida, recolocando a transcendência em sua vida, a transcendência de si mesmo em busca do outro, nem que seja pela esperança desse encontro, que nunca saberemos se é realizada ou é fantasiada.
As crenças abrem ou encerram o horizonte. Sua crença é na ruína ou no Amor, que triunfou sobre a morte?
O filme disperdiça uma premissa e um desenvolvimento interessantes com o confronto de mundos diferentes com sarcasmo mútuo, explícito diante de um e implícito diante do outro.
Porém, o confronto com seu projeto falido na festa de batismo é desperdiçado em uma psicologização da personagem, pois reflexões morais e existenciais são brega hoje em dia, o bonito é patologizar e estereotipar as pessoas. O final não leva a lugar nenhum, o que viveu em seu retorno à cidade torna-se apenas um episódio, o encontro com o Matt é ignorado e a protagonista aparentemente não aprende nada, retornando a seu estilo de vida cínico e funcional.
Uma história real linda, sobre diferenças colocadas de lado em nome de ideais, contada de forma pedagógica e demagógica, com roteiro previsível e atuações estereotipadas.
Vi 15 minutos e comecei a sentir meu cérebro começar a encolher. O trailer é muito divertido, mas depois que eu vi que o filme seria uma versão esticada dos 2 minutos de trailer, não aguentei ver.
Aristogatas
3.8 312 Assista AgoraPara a gente trabalhadora ficar com dó de uma ricaça enquanto o trabalhador preterido em relação a animais passa boa parte do filme sendo humilhado.
Cartas na Mesa
3.6 113 Assista AgoraO estudo do jogo delineado pelo filme se mostra interessante se você gosta de poker. Mas o roteiro pobre
(onde foi parar o personagem que foi o pretexto pro protagonista voltar a jogar?)
Um mafioso ligado à KGB que joga uma partida em que seu orgulho e uma enorme soma de dinheiro estão em jogo não trapaceia??? Um professor universitário empresar USD$ 10.000,00 (!) pra um aluno (!!) que traiu a confiança depositada nele sendo negligente com a oportunidade que ele deu (!!!) e largou a faculdade!?!?!?
Jogada de Risco
3.6 102 Assista AgoraO brilhantismo da história não é a história, mas como ela é contada. Incrível.
Você Não Estava Aqui
4.1 242 Assista AgoraA pretexto de denúncia, o que o filme realmente faz com sua surra de tragédia é insensibilizar diante do tão presente e atual sofrimento do precariado, como um Sebastião Salgado do trabalho uberizado.
Ao final, onde deságua a narrativa? Qual o sentido do testemunho da miséria dessa família? Constatar sua "realidade", como outros comentam aqui? Ao invés de nos chocar com a miséria por entretenimento, podemos visitar a fila da Agência do Trabalhador ou do INSS e conversar alguns minutos com as pessoas ali. Isso sim é um choque de realidade que seja mais do que uma mera experiência estética diletante diante de uma pornografização da miséria. E, ao contrário desse filme, nos deixa verdadeiramente ao alcance da empatia e de poder estender a mão.
A Colheita da Fé
3.1 22 Assista AgoraUm filme simples e fantástico. Os temas da fé contra os imperativos econômicos, da igreja vazia e dos refugiados são atuais e relevantes.
Ao invés de se valer da blasfêmia fácil e previsível de usar Nosso Senhor como um utilitário resolvedor Ex Machina de problemas mundanos insolúveis, mostra que o verdadeiro foco do Evangelho não é a prosperidade miraculosa, mas sim a capacidade da fé de atravessar a tribulação em doação altruísta, em prol da fraternidade universal, para além das fronteiras econômicas e culturais.
Especial a mensagem sobre a fé e sobre a presunção religiosa. Que não sejamos nós os que falam em nome de Nosso Senhor, quando o que precisamos é ouvir e estar atentos.
Palm Springs
3.7 468 Assista AgoraSe eu não tivesse mais o que fazer eu veria esse filme todo dia pelo resto da vida só pra poder viver um pouco dessa mágica. Ia ser divertido. Talvez.
Entre os Muros da Escola
3.9 363 Assista AgoraNão entendi os elogios a este filme. O filme perfila por duas horas autoritarismos e arbitrariedades da escola e de suas regras e conclui numa humanização justificadora de seus responsáveis, como se todos estivessem fazendo o que podem diante das circunstâncias. É claro que isso é verdade para os personagens, mas o mesmo não se pode dizer do diretor do filme, ou do filme como argumento. Não há reflexão sobre a estrutura disciplinar, não há reflexão sobre a disciplinaridade da exposição, sobre a relação falsamente dialógica, encobrindo a lógica da vexação e da intimidação arbitrária.
Certamente que o sensacionalismo não é parâmetro de realismo, mas a representação da escola desse filme como difícil pra mim foi absurda. Os comentários críticos que vi sugerem o heroísmo do professor em uma turma difícil da periferia. Certamente não conhecem a realidade escolar brasileira. Enquanto o enfrentamento aqui é baseado na indiferença deslegitimadora do professor ou da própria educação formal, quando não uma pura violência desumanizada contra o(a) professor(a), e a violência entre alunos certamente bem pior do que na escola do filme, a turma do filme é vibrante e viva. Os alunos resistem e afirmam suas vivências, expressões e noções de justiça, para serem constantemente deslegitimados e julgados como rebeldes. O professor propõe atividades de auto exposição em um jogo social assimétrico e ainda se surpreende quando os alunos se recusam participar. Vocês já viram alguma vez nas escolas que estudaram os alunos tendo a coragem de confrontar os professores *em argumentação*? Tenho certeza que muitos(as) professores(as) brasileiros(as) dariam tudo pra ter uma turma como a do filme.
As representantes discentes resistem ao autoritarismo do professor de forma irresponsável, o que é absolutamente esperado pra idade delas, por não compreenderem claramente as consequências do que estão fazendo. Já o professor, ao descer pra tirar satisfações no pátio, não só deslegitima a própria autoridade como transforma sua própria falha grave em um bate-boca de adolescentes, transformando o comportamento inadmissível delas de fomentar o conflito entre o professor e um aluno vulnerável (Souleymane) em um ato de resistência legítima. Minha vó sempre dizia: "quando um velho e um novo brigam quem está errado é o velho, que devia ter juízo".
O protagonista tenta evitar a sanção disciplinar máxima para ser coroado como benevolente, mas nada é dito ou feito em relação à estrutura que produziu a exclusão. O filme sugere que todos estão sob o mesmo sistema disciplinar de regras e proibições, mas a situação é obviamente diferente para os professores, que têm as ferramentas emocionais de autocontrole, de comunicação, e o próprio estatuto de legitimidade de casta (adulto, professor) para trafegar entre elas.
É muito triste ver que o aluno que é amigável (Wei) tem a compaixão dos professores, que chegam a organizar uma campanha pra evitar a deportação de sua mãe, mas o aluno que é antipático (Souleymane) não desperta a mesma mobilização humanista.
A cena final do futebol é cínica, como se houvesse tal paridade fraterna entre os estudantes e professores, e "o que podemos fazer se o aluno Souleymane provocou a própria exclusão?"
Recomendo fortemente "A Produção do Fracasso Escolar" da pesquisadora Souza Patto pra quem acha que esse filme é referência para pensar a educação.
Indústria Americana
3.6 168Filme obrigatório para todo mundo que acredita que a China é comunista. Importante pra nos sensibilizarmos quanto ao que o mundo ultracapitalista vai ser se não fizermos algo a respeito.
O Grande Mestre 4
3.8 105 Assista AgoraMais um filme de kung fu com um roteiro sem pé nem cabeça compensado pela presença, carisma e maestria incríveis de Donnie Yen.
Já sabe: se tudo estiver dando errado na sua vida e na das pessoas ao seu redor, desafie alguma alta autoridade pra uma luta e vença que tudo dá certo no final!
A Lavanderia
3.3 246Histórias desconexas que se relacionam unicamente por causa de nossa história. Da minha, da sua, e de todos que não são nem podem jamais ser clientes da Mossack-Fonseca.
Cinderela em Paris
4.0 419 Assista AgoraO filme transborda do mais constrangedoramente datado reacionarismo. A escolha do Astaire para o papel, já com cara de vô, fazendo comentários sumamente inconvenientes e investidas dignas de delegacia da mulher, certamente não foi à toa. Hollywood mostrando todo seu desprezo pela intelectualidade numa caricatura ultrajante escrita por alguém que certamente nunca leu um livro.
Mas nem o mais repugnante reacionarismo poderia apagar a graça de Audrey Hepburn! Pule o filme até o minuto 42 e aproveite a maravilhosa cena de dança no café!
Lulu, o Incrível Segredo
3.1 2Um tanto macabro, com um final ao mesmo tempo previsível e anticlimático.
A Princesa e o Plebeu
4.3 417 Assista AgoraQuando o melhor filme de comédia romântica era criancinha, ele sonhou um dia ser como esse filme!
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraNão consigo entender as reações a esse filme. Dizer que "entendeu" esse filme tem sido usado como medalha de distinção, dizer que não "entendeu" é usado como insígnia de pertencimento à liga anti-intelectual que denuncia a arrogância dos dados à pretensiosa aspiração de enriquecimento existencial.
Há poucos anos atrás, uma trama cheia de enigmas a decifrar era recebida com o entusiasmo de quem abre um quebra-cabeça novo. Hoje, a preguiça causada pelos salgadinhos de entretenimento pré-mastigados parece já ter levado o espectador da própria vida ao coma intelectual. E olha que vivemos em era da internet, em que todo mundo tá a poucos cliques de um walkthrough de YouTube pra quem acha que filme é pra "entender"! lmgtfy!
Numa era de cegos, quem finge ver a roupa é rei...
"Uma mehda, Rogerinho!"
Wolfwalkers
4.3 236 Assista AgoraO filme retrata muito bem o embate entre as forças das trevas, que buscam se apropriar da mensagem de salvação para justificar a opressão sobre as pessoas e a destruição da natureza, e as forças da natureza, cheias de sabedoria, mas que buscam animalizar o ser humano, torná-lo incapaz de superar esse embate mortífero - pelo contrário, impelindo-o a esse embate. Afinal, um animal só sabe matar ou fugir, e o final desse embate já conhecemos, pois já aconteceu: não restaram florestas virgens na Europa, e O Lorde Protetor expandiu seus domínios para o resto do mundo, para queimar o Pantanal, inundar a Amazônia e botar todos em gaiolas, gaiolas às vezes brutas, como o trabalho desumanizado ("work is prayer" - "Arbeit macht Frei", diziam as palavras sobre o portão do Campo de Concentração de Auschwitz), às vezes gaiolas sofisticadas e tão falsamente inofensivas (as redes antissociais, os videogames, as drogas, a pornografia), e continua fazendo isso em nome de Deus, ou às vezes, descaradamente, em nome unicamente do dinheiro.
Mas nós podemos aprender a mediar, a perdoar e reconciliar, e então "... lobos e ovelhas viverão em paz, leopardos e cabritinhos descansarão juntos. Bezerros e leões comerão uns com os outros, e crianças pequenas os guiarão.", se nos inspirarmos na força que não é representada no filme, a força do Amor, "é servir a quem vence o vencedor". Que as pessoas não se enganem! A sabedoria antiga não é oposta à salvação anunciada pela boa nova, Salvação que mesmo os magos da sabedoria antiga foram celebrar com os mais finos presentes de sua realeza!
Um belo filme, que, porém, infelizmente confunde e provavelmente surge da confusão do que era o conhecimento espiritual antigo e do que é o novo paradigma espiritual que surge no mundo.
Irmão Sol, Irmã Lua
3.9 107 Assista AgoraEu só me ressinto das armaduras que foram usadas no filme. Parecem latas de Nescau recortadas com um espaço pra cara e coletes de lantejoulas. Não entendo como é que não fizeram mais pesquisa de figurino nesse sentido.
Reflexões de um Liquidificador
3.8 583 Assista AgoraTava indo muito bem até as cenas horríveis de desmembramento.
Dilili em Paris
3.6 6 Assista AgoraAnimação incrível, com várias sobreposições de colagens de fotografias de obras de arte, espaços e construções arquitetônicas da Belle Époque, que foram tiradas ao longo de quatro anos pelo diretor, além dos famosos pôsteres da Art Nouveau, e até jornais e cartazes de divulgação colados nos pirulitos urbanos, pesquisados na Bibliothèque nationale de France. Quem gostou de Meia-Noite em Paris vai amar esse desenho (inclusive mostrando alguns dos lugares visitados por Gil no longa do Woody Allen). O filme começa de forma provocadora subvertendo os horríveis zoológicos humanos da época, fazendo a protagonista se apresentar como uma performer que veio para a Europa para observar sua cultura, depois de ser observada por ela.
Interessante o que nota Habermas sobre os "salões" tão detestados pelos vilões do filme: enquanto o principal palco das(os) intelectuais e artistas da época era em espaços privados, de fato as mulheres eram protagonistas em articular as relações culturais, mas elas depois foram deixadas de lado quando esses círculos foram deslocados dos tais salões para os cafés do espaço público.
Uma ode ao universalismo multiculturalista e à intelectualidade e sofisticação artística que cada vez mais é mal-vista em nossa era filisteia e ordinária, em que a vulgaridade dá o tom na indústria cultural e a medida do bom gosto é o quanto algo é vendável *e* foi bem vendido. No filme, esse filisteísmo é identificado com o machismo reacionário que assustadoramente rosna ao redor do mundo. Precisamos novamente da Dilili para nos salvar!
Fé Corrompida
3.7 376 Assista AgoraO título em português é moralista e obscurece o verdadeiro tema do filme.
Não se trata de um filme sobre um pastor que tem sua fé corrompida pela força de uma crença maior. O filme trata antes sobre a condição atual da humanidade, que, por sua falta de fé, coloca o lastro da existência numa justiça irrealizável: numa argumentação perdida com com pessoas indispostas, ou incapazes, a se responsabilizar pela vida, uns pelos outros, e pelo mundo que Deus nos confiou. Não se trata de uma fé corrompida, mas da perda da Fé: o deslocamento da fé na Salvação para a fé no vazio, na morte, na ruína. Fé que talvez ele nunca tenha tido, ou se perdeu na amargura do luto.
A amargura do luto, sem fé, extrema a vivência da fragilidade humana, a partir da crença de que a morte pode matar o amor, triunfando sobre a esperança. E, se a crença maior é na morte, o horizonte é escuridão, e seu mundo e o mundo dos que o rodeiam é coberto pelas trevas. E que trevas!
A culpa pela morte de seu filho faz o Reverendo Toller não conseguir manter uma relação com seu filho em transcendência, morrendo então a capacidade de transcendência na relação com qualquer outro. Ao se defrontar com Michael, um homem com uma profunda fé na ruína do mundo, a fé na morte toma forma, e o luto pelo filho se transforma em luto pelo mundo. Se não há esperança, a única resposta é a vingança.
Mas o Senhor, soberano sobre o destino de cada humano, presenteia esse homem perdido com um vínculo que salvará sua vida, recolocando a transcendência em sua vida, a transcendência de si mesmo em busca do outro, nem que seja pela esperança desse encontro, que nunca saberemos se é realizada ou é fantasiada.
As crenças abrem ou encerram o horizonte. Sua crença é na ruína ou no Amor, que triunfou sobre a morte?
Jovens Adultos
3.0 874 Assista AgoraO filme disperdiça uma premissa e um desenvolvimento interessantes com o confronto de mundos diferentes com sarcasmo mútuo, explícito diante de um e implícito diante do outro.
Porém, o confronto com seu projeto falido na festa de batismo é desperdiçado em uma psicologização da personagem, pois reflexões morais e existenciais são brega hoje em dia, o bonito é patologizar e estereotipar as pessoas. O final não leva a lugar nenhum, o que viveu em seu retorno à cidade torna-se apenas um episódio, o encontro com o Matt é ignorado e a protagonista aparentemente não aprende nada, retornando a seu estilo de vida cínico e funcional.
A Liberdade é Azul
4.1 650 Assista AgoraFilme pretensioso e desnecessário.
Orgulho e Esperança
4.3 293 Assista AgoraUma história real linda, sobre diferenças colocadas de lado em nome de ideais, contada de forma pedagógica e demagógica, com roteiro previsível e atuações estereotipadas.
O Abraço da Serpente
4.4 237 Assista Agora!!!
Pets: A Vida Secreta dos Bichos
3.5 938 Assista AgoraVi 15 minutos e comecei a sentir meu cérebro começar a encolher. O trailer é muito divertido, mas depois que eu vi que o filme seria uma versão esticada dos 2 minutos de trailer, não aguentei ver.