A parte do suspense/terror até funciona, mas o filme em si é ruim demais. Atores fracos e diálogos patéticos, sem contar o roteiro óbvio que trata o expectador como imbecil tornam a experiência uma tortura. Uma hora e vinte mais longa do meu fim de semana.
A ideia é instigante, mas logo o filme se torna cansativo. A cena final traz elementos simbólicos que o tornam mais interessante que uma óbvia metáfora social.
Uma bela homenagem ao Leonard Nimoy e seu lendário personagem, mr. Spock. O documentário foi dirigido pelo filho de Nimoy, e consegue captar bem o impacto cultural que o Spock teve para a cultura popular, mesclando essa abordagem com uma mais pessoal, abordando a vida pessoal de Leonard Nimoy e sua relação com o filho. Acabou ficando um pouco perdido na proposta e extenso demais, entrando em detalhes chatos e desnecessários, e enfraquecendo a experiência de se emocionar com o que o personagem e e ator representaram. Ainda assim, vale a pena conhecer melhor a história por trás desse cara fascinante cujo trabalho marcou a vida de tantas pessoas.
Tem seus momentos, mas é o mais fraquinho e pouco inspirado dos três, e o vilão do Idris Elba é genérico e mal explorado. Senti falta das referências à série clássica também, acho que esse aqui tentou ir muito na onda do Guardiões da Galáxia e outros filmes da Marvel. Espero que essa saga reboot continue, tem tudo pra fazer filmes ainda mais épicos que os dois primeiros.
Uma obra de arte primorosa, na qual cada quadro e cada opção da direção e da fotografia são conscientes e com sutileza enriquecem a experiência. Observem, por exemplo, a cena em que Oskar Schindler tenta "doutrinar" Goeth para que seja mais misericordioso, comparando a virtude do perdão como o verdadeiro poder dos imperadores. Na cena seguinte, Goeth surge montado à cavalo, como um Napoleão, utilizando uma camisa branca em contraste com o uniforme nazi visto até então. Por um momento ele segue o conselho de seu amigo, entretanto, esta postura não dura muito, e enquanto ele contempla seu reflexo no espelho, que representa sua auto-imagem, em breve a câmera desliza para o rosto real de Goeth, e ele se lembra de quem é: um monstro. Este é apenas um dos exemplos de escolha artística formidável que pude perceber, e com um olhar atento se percebe o porque do filme nos abalar tanto. A decisão artística mais óbvia e emblemática é a escolha da fotografia em preto e branco, e quando, entre os escombros do mundo cinzento e hediondo surge uma pequena garota de vermelho, único ponto de beleza e esperança em meio ao caos, é impossível conter as lágrimas. Tanta poesia em uma única cena... O pior e o melhor da humanidade estão aqui, e por retratar de forma tão terrível e bela um dos momentos mais negros da história, creio que A Lista de Schindler consiste num dos melhores e mais importantes filmes já feitos.
A Paixão do título se encontra não apenas no ato de sacrifício de Joana D'Arc, mas sobretudo em seus olhos translúcidos, que num transe apaixonado transbordam fé e devoção. Enquanto seus "juízes" (ou algozes) são retratados como gárgulas de olhares malignos e retorcidos, vislumbrados de baixo pra cima enquanto assomam ameaçadoramente, a protagonista surge não como uma santa ideal, e sim como uma mulher real, frágil e determinada, simplória mas corajosa, humana em seus dilemas e complexidades. Assim, o desejo do martírio se contradiz com o medo da morte: Joana se santifica à medida que se aproxima de Deus, o qual é a fonte da Santidade. E no fim, a fé suprema sobrepuja o medo, o sofrimento, a zombaria, a maldade. Uma obra-prima atemporal, e a atuação de Falconetti é uma das mais impressionantes do cinema.
- E a Grande Vitória? - Meu martírio! - E a tua libertação? - A morte...
"O filme é baseado em uma história real vivida por Louis Malle. O diretor, que aos 11 anos frequentava um colégio católico na França, um dia testemunhou um ataque da Gestapo no qual três estudantes judeus e um professor judeu foram presos e deportados para Auschwitz. O filme foi escrito por Malle baseado nessa experiência de sua infância." Vi na Lumine tv.
Ambição e loucura... A ânsia de conquistar a glória leva um homem a exceder todos os limites. E ao fim dessa jornada pelo desconhecido, a força da Natureza o reduz a nada. Filme poderoso, atmosférico, imersivo.
Só não entendi umas cenas pastelão do nada... a cabeça falante e "as lanças estão na moda" KKKKKKKKKK Acho que a ideia era ressaltar a atmosfera surreal da cena, mas gerou humor involuntário kkkk dei risada e me tirou do filme.
A junção do cinema esplendoroso de Kurosawa com a força literária de Shakespeare entrega um épico majestoso, de visual arrebatador e sutileza poética raramente vistas nas telas. Creio que ao se diferenciar da peça original, Ran não se contenta em retratar a velhice, a senilidade e a tragédia da desnaturação dos filhos, mas ainda aborda temas como a guerra, a maldade humana e a fé como caminho para a plenitude e saída da espiral de violência que assola o mundo. E, mesmo assim, o livre-arbítrio dos homens leva à destruição de todos, bons e maus, sendo que "os deuses podem apenas chorar". As cenas de batalhas são de um realismo surpreendente em um momento, um pesadelo onírico em outro, demonstrando toda a sua brutalidade, sem nunca glamorizá-la. Na cena da emboscada no terceiro castelo, quando a luta começa, os efeitos sonoros são substituídos por uma trilha melancólica, evocando a falta de sentido daquilo tudo. E nunca as espadas colidem: sempre há uma emboscada covarde, e as armas de fogo comandam um massacre atrás do outro.
Experiência sensorial excruciante... um horror folk simbólico e psicológico, que flerta com misticismo pagão e até mesmo com elementos lovecraftianos. As atuações de Pattinson e Dafoe são assombrosas, e a fotografia espetacular remete aos grandes filmes do expressionismo alemão. A potência das imagens transmite de modo palpável e extremamente vívido as mais diversas sensações, desde o nojo e o estranhamento à mais profunda aflição e a um medo subsconsciente... Por fim, a reconstrução histórica torna a experiência ainda mais real e memorável.
Uma sátira política muito bem-vinda, não gostei tanto porque, excetuando alguns momentos, não achei tão engraçado. É um filme um pouco indeciso se cai no pastelão de vez ou se vai para um lado mais sério apesar do humor negro, e essa indeterminação acaba o enfraquecendo. Vale por retratar o absurdo do totalitarismo e pela situações absurdas e bizarras, que poderiam muito bem ter acontecido.
Fui assistir sem muita expectativa, por não ser uma temática que me chama a atenção, (drama de época sobre aristocracia etc) crente que seria um daqueles filmes menores do Scorsese, como A Cor do Dinheiro etc. Porém, apesar de ser meio "chato" e paradão, é um filme muito bem realizado, em que predomina o elemento da sutileza, que consegue desvelar as hipocrisias daquela elite com cuidado e consciência temática, para contar uma boa história com um bom desenvolvimento de personagem. Daniel Day-Lewis é um gênio.
Um grande western spaghetti, com um nível de violência bastante alto. O final é disparadamente o mais cruel que já vi em faroestes, e um dos mais impactantes de modo geral. Tarantino praticamente copiou várias cenas, quadros, ideias de cenários, conceitos (como o de "legítima defesa") etc., desse aqui em Os Oito Odiados.
Que filme senhores. Obviamente, pelo peso de diretor e de seu elenco lendário, por sua importância para o gênero dos filmes de máfia ao reuni-los, e por todo o contexto que envolveu sua realização, é daqueles que já nasce clássico. Pode-se dizer que é o último capítulo, ou ainda o epílogo, da saga dos grandes filmes de máfia, iniciada com o Poderoso Chefão, e provavelmente a despedida de Scorsese, Al Pacino, De Niro etc, do gênero. Não há mais nada a ser acrescentado por estes às narrativas cinematográficas do submundo dos gângsters, depois de carreiras tão brilhantes e que engrandeceram o cinema. Este filme, que retrata o final da vida dos grandes criminosos que sobreviveram e puderam envelhecer, reflete também sobre o ocaso da vida dos artistas envolvidos, já imortalizados em tantos papéis icônicos do gênero ao longo das décadas. Tenho minhas ressalvas ao filme, mas pequenos defeitos são suplantados pelo resultado final: um história impactante, narrada com o talento insuperável de Scorsese, que entrega mais uma obra-prima.
Aqui, como eu imaginava, Scorsese não tenta repetir os feitos de Goodfellas e Cassino. Não é um filme estilizado e bombástico como seu antecessores, pelo contrário: o diretor agora está mais maduro e confortável para contar a história que deseja, sem precisar se preocupar em agradar ninguém. Este momento de consciência artística o permite colocar uma maior veracidade na narrativa, que transcende a ação e o excitamento do crime, e dialoga com temas bastante profundos, ao relatar não apenas o auge das ações dos malfeitores, mas sobretudo seu declínio. O personagem Frank Sheeran vê sua família se afastar dele, e acaba em um asilo, solitário, amargurado, sem ter a quem se agarrar. Vê a morte levar seu pares, seja violentamente, seja pela violência lenta e dolorosa do fenecimento, tendo ele próprio a morte em seus calcanhares. E pior que a morte física é a morte espiritual do vazio, e mais ainda, a morte da memória. Afinal de contas, os gângsteres sempre foram apenas bandidos, delinquentes tal como qualquer ladrãozinho, com a diferença que conseguiram algum prestígio e poder. No fim, o que os torna grandes é a lenda ao redor deles, e quando Sheeran vê que uma moça jovem não sabe quem foi Jimmy Hoffa, é aí que ele percebe que Hoffa realmente morreu, definitivamente, para além dos tiros que o fulminaram. A morte de Hoffa, aliás, é o clímax, que vai sendo construído de modo muito lento, com uma tensão crescente que se mistura com um tom de humor. Nós sabemos qual vai ser o fim dele, só não sabemos como ou quando. E mesmo assim somos surpreendidos, quando o seu algoz é quem menos esperamos, o próprio amigo de Hoffa, Frank Sheeran. Sua ação fria, quase robótica, e covarde, nos atinge como se os disparos fossem contra nosso próprio coração. Não pela pessoa vitimada em si, mas por todo o contexto, que nos intriga. Como um ser humano pode agir de modo tão insensível? A partir daí, o filme é como a cena final de O Poderoso Chefão III, (na qual um velho Michael, amargurado, morre), mas prolongada por quase meia hora. Sheeran tenta se reconciliar com seu passado, mas suas filhas o rejeitam. Ele busca a Deus, pede perdão, mas não consegue se arrepender. Trata-se de um homem acostumado a matar sem refletir, um homem embrutecido pela guerra. Seu único arrependimento, o traço que o revela como ser humano e não uma mera máquina de matar, não foi de fato pelos assassinatos, nem mesmo o de seu amigo Jimmy Hoffa, mas sim a ligação para a esposa de Hoffa, momentos depois. A atuação de De Niro nessa cena é indescritível: um matador frio e calculista, capaz de aniquilar um amigo, não consegue encarar a viúva com a mesma frieza: o pesar e o remorso tomam conta dele, e seu falar vacilante, quase gaguejante, revelam a consternação que o acomete. É doloroso de se ver. O filme todo é um auto-necrológio, à lá Brás-Cubas, de um homem à beira da morte refletindo sobre sua vida pregressa. E por mais que ele não "sinta" praticamente nada, nenhum arrependimento, ele sabe, no íntimo, que sua vida foi vazia. A última cena dialoga com o encerramento de O Poderoso Chefão: enquanto neste o fechar de uma porta simboliza o afastamento de Michael Corleone de sua humanidade, sacrificada no altar do poder, em O Irlandês, a porta permanece entreaberta, como se o idoso Sheeran, como uma criança com medo do escuro, quisesse permanecer conosco por mais um tempo, na esperança de que alguém, ou mesmo nós, os expectadores, pudessem resgatá-lo da espiral de maldade que foi sua vida.
Mas não é possível: a vida é uma só, e não há como voltar atrás.
Excelente exemplo de horror folk, na verdade é até uma homenagem ao Homem de Palha, tamanha a similitude temática e estilística, bem como pela mesma pegada perturbadora. A Fotografia é incrível, um grande trabalho artístico. Penso que faltou algo na trama, ainda acho Hereditário um filme mais completo.
Ta aí um clássico que não me cativou tanto, esperava ter gostado mais. O enredo é insosso e parece não chegar a lugar algum. O ponto alto está no personagem do Burt Lancaster, que grande interpretação, e que grande estudo de personagem, de um homem perdido no limiar de uma mudança de eras, sem pertencer a nenhuma delas. A direção de arte é simplesmente arrebatadora, majestosa. Que trabalho primoroso.
É tipo um episódio extra da série, não tem uma estrutura de filme. Desnecessário, mas também não descaracteriza a série ou nada do tipo, mantém a mesma pegada, e dá um final digno e mais concreto pro Jesse.
Quando as Luzes se Apagam
3.1 1,1K Assista AgoraA parte do suspense/terror até funciona, mas o filme em si é ruim demais. Atores fracos e diálogos patéticos, sem contar o roteiro óbvio que trata o expectador como imbecil tornam a experiência uma tortura. Uma hora e vinte mais longa do meu fim de semana.
Vida
3.4 1,2K Assista AgoraThriller de astronautas x alien que abusa de clichês, o desfecho é um ponto fora da curva, apesar de não surpreendente.
Não Somos Anjos
3.4 82 Assista AgoraComédia pouco inspirada, deve ser uma das piores atuações do De Niro.
O Poço
3.7 2,1K Assista AgoraA ideia é instigante, mas logo o filme se torna cansativo. A cena final traz elementos simbólicos que o tornam mais interessante que uma óbvia metáfora social.
Pelo Amor de Spock
4.3 27 Assista AgoraUma bela homenagem ao Leonard Nimoy e seu lendário personagem, mr. Spock. O documentário foi dirigido pelo filho de Nimoy, e consegue captar bem o impacto cultural que o Spock teve para a cultura popular, mesclando essa abordagem com uma mais pessoal, abordando a vida pessoal de Leonard Nimoy e sua relação com o filho. Acabou ficando um pouco perdido na proposta e extenso demais, entrando em detalhes chatos e desnecessários, e enfraquecendo a experiência de se emocionar com o que o personagem e e ator representaram. Ainda assim, vale a pena conhecer melhor a história por trás desse cara fascinante cujo trabalho marcou a vida de tantas pessoas.
Star Trek: Sem Fronteiras
3.8 566 Assista AgoraTem seus momentos, mas é o mais fraquinho e pouco inspirado dos três, e o vilão do Idris Elba é genérico e mal explorado. Senti falta das referências à série clássica também, acho que esse aqui tentou ir muito na onda do Guardiões da Galáxia e outros filmes da Marvel. Espero que essa saga reboot continue, tem tudo pra fazer filmes ainda mais épicos que os dois primeiros.
O Segredo da Cabana
3.0 3,2KGenial, divertido e hilário KKKKK Brinca com os clichês do horror e subverte o gênero de um jeito totalmente inesperado.
A Lista de Schindler
4.6 2,3K Assista AgoraUma obra de arte primorosa, na qual cada quadro e cada opção da direção e da fotografia são conscientes e com sutileza enriquecem a experiência. Observem, por exemplo, a cena em que Oskar Schindler tenta "doutrinar" Goeth para que seja mais misericordioso, comparando a virtude do perdão como o verdadeiro poder dos imperadores. Na cena seguinte, Goeth surge montado à cavalo, como um Napoleão, utilizando uma camisa branca em contraste com o uniforme nazi visto até então. Por um momento ele segue o conselho de seu amigo, entretanto, esta postura não dura muito, e enquanto ele contempla seu reflexo no espelho, que representa sua auto-imagem, em breve a câmera desliza para o rosto real de Goeth, e ele se lembra de quem é: um monstro. Este é apenas um dos exemplos de escolha artística formidável que pude perceber, e com um olhar atento se percebe o porque do filme nos abalar tanto. A decisão artística mais óbvia e emblemática é a escolha da fotografia em preto e branco, e quando, entre os escombros do mundo cinzento e hediondo surge uma pequena garota de vermelho, único ponto de beleza e esperança em meio ao caos, é impossível conter as lágrimas. Tanta poesia em uma única cena...
O pior e o melhor da humanidade estão aqui, e por retratar de forma tão terrível e bela um dos momentos mais negros da história, creio que A Lista de Schindler consiste num dos melhores e mais importantes filmes já feitos.
Eu jurava que a menina do casaco vermelho sobrevivia :/
A Paixão de Joana d'Arc
4.5 229 Assista AgoraA Paixão do título se encontra não apenas no ato de sacrifício de Joana D'Arc, mas sobretudo em seus olhos translúcidos, que num transe apaixonado transbordam fé e devoção. Enquanto seus "juízes" (ou algozes) são retratados como gárgulas de olhares malignos e retorcidos, vislumbrados de baixo pra cima enquanto assomam ameaçadoramente, a protagonista surge não como uma santa ideal, e sim como uma mulher real, frágil e determinada, simplória mas corajosa, humana em seus dilemas e complexidades. Assim, o desejo do martírio se contradiz com o medo da morte: Joana se santifica à medida que se aproxima de Deus, o qual é a fonte da Santidade. E no fim, a fé suprema sobrepuja o medo, o sofrimento, a zombaria, a maldade.
Uma obra-prima atemporal, e a atuação de Falconetti é uma das mais impressionantes do cinema.
- E a Grande Vitória?
- Meu martírio!
- E a tua libertação?
- A morte...
Vi na Lumine tv.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraTenso pra um cacete.
Adeus, Meninos
4.2 257 Assista Agora"O filme é baseado em uma história real vivida por Louis Malle. O diretor, que aos 11 anos frequentava um colégio católico na França, um dia testemunhou um ataque da Gestapo no qual três estudantes judeus e um professor judeu foram presos e deportados para Auschwitz. O filme foi escrito por Malle baseado nessa experiência de sua infância."
Vi na Lumine tv.
Aguirre, a Cólera dos Deuses
4.1 159Ambição e loucura... A ânsia de conquistar a glória leva um homem a exceder todos os limites. E ao fim dessa jornada pelo desconhecido, a força da Natureza o reduz a nada. Filme poderoso, atmosférico, imersivo.
Só não entendi umas cenas pastelão do nada... a cabeça falante e "as lanças estão na moda" KKKKKKKKKK Acho que a ideia era ressaltar a atmosfera surreal da cena, mas gerou humor involuntário kkkk dei risada e me tirou do filme.
Ran
4.5 265 Assista AgoraA junção do cinema esplendoroso de Kurosawa com a força literária de Shakespeare entrega um épico majestoso, de visual arrebatador e sutileza poética raramente vistas nas telas. Creio que ao se diferenciar da peça original, Ran não se contenta em retratar a velhice, a senilidade e a tragédia da desnaturação dos filhos, mas ainda aborda temas como a guerra, a maldade humana e a fé como caminho para a plenitude e saída da espiral de violência que assola o mundo. E, mesmo assim, o livre-arbítrio dos homens leva à destruição de todos, bons e maus, sendo que "os deuses podem apenas chorar". As cenas de batalhas são de um realismo surpreendente em um momento, um pesadelo onírico em outro, demonstrando toda a sua brutalidade, sem nunca glamorizá-la. Na cena da emboscada no terceiro castelo, quando a luta começa, os efeitos sonoros são substituídos por uma trilha melancólica, evocando a falta de sentido daquilo tudo. E nunca as espadas colidem: sempre há uma emboscada covarde, e as armas de fogo comandam um massacre atrás do outro.
Uma obra das que pode ser chamada de impecável.
1917
4.2 1,8K Assista AgoraUma das experiências mais imersivas que já tive no cinema.
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraExperiência sensorial excruciante... um horror folk simbólico e psicológico, que flerta com misticismo pagão e até mesmo com elementos lovecraftianos. As atuações de Pattinson e Dafoe são assombrosas, e a fotografia espetacular remete aos grandes filmes do expressionismo alemão. A potência das imagens transmite de modo palpável e extremamente vívido as mais diversas sensações, desde o nojo e o estranhamento à mais profunda aflição e a um medo subsconsciente... Por fim, a reconstrução histórica torna a experiência ainda mais real e memorável.
A Morte de Stalin
3.6 134 Assista AgoraUma sátira política muito bem-vinda, não gostei tanto porque, excetuando alguns momentos, não achei tão engraçado. É um filme um pouco indeciso se cai no pastelão de vez ou se vai para um lado mais sério apesar do humor negro, e essa indeterminação acaba o enfraquecendo. Vale por retratar o absurdo do totalitarismo e pela situações absurdas e bizarras, que poderiam muito bem ter acontecido.
Incêndios
4.5 1,9KPlot twist dos mais impactantes. Senti que o filme sofre de uma certa frieza e por um ritmo lento demais, apesar de ser excelente.
Doutor Sono
3.7 1,0K Assista AgoraParece mais um filme de fantasia que de terror... achei fraco.
A Época da Inocência
3.5 249 Assista AgoraFui assistir sem muita expectativa, por não ser uma temática que me chama a atenção, (drama de época sobre aristocracia etc) crente que seria um daqueles filmes menores do Scorsese, como A Cor do Dinheiro etc. Porém, apesar de ser meio "chato" e paradão, é um filme muito bem realizado, em que predomina o elemento da sutileza, que consegue desvelar as hipocrisias daquela elite com cuidado e consciência temática, para contar uma boa história com um bom desenvolvimento de personagem. Daniel Day-Lewis é um gênio.
O Vingador Silencioso
4.1 61 Assista AgoraUm grande western spaghetti, com um nível de violência bastante alto. O final é disparadamente o mais cruel que já vi em faroestes, e um dos mais impactantes de modo geral. Tarantino praticamente copiou várias cenas, quadros, ideias de cenários, conceitos (como o de "legítima defesa") etc., desse aqui em Os Oito Odiados.
O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraQue filme senhores. Obviamente, pelo peso de diretor e de seu elenco lendário, por sua importância para o gênero dos filmes de máfia ao reuni-los, e por todo o contexto que envolveu sua realização, é daqueles que já nasce clássico. Pode-se dizer que é o último capítulo, ou ainda o epílogo, da saga dos grandes filmes de máfia, iniciada com o Poderoso Chefão, e provavelmente a despedida de Scorsese, Al Pacino, De Niro etc, do gênero. Não há mais nada a ser acrescentado por estes às narrativas cinematográficas do submundo dos gângsters, depois de carreiras tão brilhantes e que engrandeceram o cinema. Este filme, que retrata o final da vida dos grandes criminosos que sobreviveram e puderam envelhecer, reflete também sobre o ocaso da vida dos artistas envolvidos, já imortalizados em tantos papéis icônicos do gênero ao longo das décadas.
Tenho minhas ressalvas ao filme, mas pequenos defeitos são suplantados pelo resultado final: um história impactante, narrada com o talento insuperável de Scorsese, que entrega mais uma obra-prima.
Aqui, como eu imaginava, Scorsese não tenta repetir os feitos de Goodfellas e Cassino. Não é um filme estilizado e bombástico como seu antecessores, pelo contrário: o diretor agora está mais maduro e confortável para contar a história que deseja, sem precisar se preocupar em agradar ninguém. Este momento de consciência artística o permite colocar uma maior veracidade na narrativa, que transcende a ação e o excitamento do crime, e dialoga com temas bastante profundos, ao relatar não apenas o auge das ações dos malfeitores, mas sobretudo seu declínio. O personagem Frank Sheeran vê sua família se afastar dele, e acaba em um asilo, solitário, amargurado, sem ter a quem se agarrar. Vê a morte levar seu pares, seja violentamente, seja pela violência lenta e dolorosa do fenecimento, tendo ele próprio a morte em seus calcanhares. E pior que a morte física é a morte espiritual do vazio, e mais ainda, a morte da memória. Afinal de contas, os gângsteres sempre foram apenas bandidos, delinquentes tal como qualquer ladrãozinho, com a diferença que conseguiram algum prestígio e poder. No fim, o que os torna grandes é a lenda ao redor deles, e quando Sheeran vê que uma moça jovem não sabe quem foi Jimmy Hoffa, é aí que ele percebe que Hoffa realmente morreu, definitivamente, para além dos tiros que o fulminaram.
A morte de Hoffa, aliás, é o clímax, que vai sendo construído de modo muito lento, com uma tensão crescente que se mistura com um tom de humor. Nós sabemos qual vai ser o fim dele, só não sabemos como ou quando. E mesmo assim somos surpreendidos, quando o seu algoz é quem menos esperamos, o próprio amigo de Hoffa, Frank Sheeran. Sua ação fria, quase robótica, e covarde, nos atinge como se os disparos fossem contra nosso próprio coração. Não pela pessoa vitimada em si, mas por todo o contexto, que nos intriga. Como um ser humano pode agir de modo tão insensível?
A partir daí, o filme é como a cena final de O Poderoso Chefão III, (na qual um velho Michael, amargurado, morre), mas prolongada por quase meia hora.
Sheeran tenta se reconciliar com seu passado, mas suas filhas o rejeitam. Ele busca a Deus, pede perdão, mas não consegue se arrepender. Trata-se de um homem acostumado a matar sem refletir, um homem embrutecido pela guerra. Seu único arrependimento, o traço que o revela como ser humano e não uma mera máquina de matar, não foi de fato pelos assassinatos, nem mesmo o de seu amigo Jimmy Hoffa, mas sim a ligação para a esposa de Hoffa, momentos depois. A atuação de De Niro nessa cena é indescritível: um matador frio e calculista, capaz de aniquilar um amigo, não consegue encarar a viúva com a mesma frieza: o pesar e o remorso tomam conta dele, e seu falar vacilante, quase gaguejante, revelam a consternação que o acomete. É doloroso de se ver.
O filme todo é um auto-necrológio, à lá Brás-Cubas, de um homem à beira da morte refletindo sobre sua vida pregressa. E por mais que ele não "sinta" praticamente nada, nenhum arrependimento, ele sabe, no íntimo, que sua vida foi vazia. A última cena dialoga com o encerramento de O Poderoso Chefão: enquanto neste o fechar de uma porta simboliza o afastamento de Michael Corleone de sua humanidade, sacrificada no altar do poder, em O Irlandês, a porta permanece entreaberta, como se o idoso Sheeran, como uma criança com medo do escuro, quisesse permanecer conosco por mais um tempo, na esperança de que alguém, ou mesmo nós, os expectadores, pudessem resgatá-lo da espiral de maldade que foi sua vida.
Mas não é possível: a vida é uma só, e não há como voltar atrás.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraExcelente exemplo de horror folk, na verdade é até uma homenagem ao Homem de Palha, tamanha a similitude temática e estilística, bem como pela mesma pegada perturbadora. A Fotografia é incrível, um grande trabalho artístico. Penso que faltou algo na trama, ainda acho Hereditário um filme mais completo.
O Leopardo
4.2 105 Assista AgoraTa aí um clássico que não me cativou tanto, esperava ter gostado mais. O enredo é insosso e parece não chegar a lugar algum. O ponto alto está no personagem do Burt Lancaster, que grande interpretação, e que grande estudo de personagem, de um homem perdido no limiar de uma mudança de eras, sem pertencer a nenhuma delas. A direção de arte é simplesmente arrebatadora, majestosa. Que trabalho primoroso.
El Camino: Um Filme de Breaking Bad
3.7 843 Assista AgoraÉ tipo um episódio extra da série, não tem uma estrutura de filme. Desnecessário, mas também não descaracteriza a série ou nada do tipo, mantém a mesma pegada, e dá um final digno e mais concreto pro Jesse.