Geralmente esses filmes que tentam passar uma mensagem moral sobre a vida e valores escorregam numa abordagem açucarada e por vezes piegas. Então foi uma grata surpresa assistir esse tipo de história sendo mostrada de uma forma mais realista, que caminha bem até a metade, prendendo a atenção e despertando interesse mesmo no ritmo lento e longo que possui. Mas infelizmente acho que desandou na última parte, deixando aquela sensação de que não souberam como terminar. Mas no todo, é um excelente trabalho, mostrando a relação entre uma filha que seria motivo de orgulho para a maioria dos pais por ser bem sucedida profissionalmente, e seu pai que deseja acima de tudo sua felicidade. Possui duas cenas marcantes que acho que não esquecerei facilmente, a do abraço que é mostrado no poster, e minha preferida com a personagem cantando "The Greatest Love of All". Curiosidade: já estão produzindo um remake americano, com o Jack Nicholson no papel.
Filme independente com um toque autoral, que me surpreendeu positivamente com seu visual retrô e cheio de referências, desde a maquiagem estilo Elvira à direção de arte que lembra os filmes de terror em technicolor da Hammer. O enredo parece tratar do amor se baseando na famosa frase freudiana "o que as mulheres querem?", ao mesmo tempo que faz uma sátira à busca incessante e fadada ao insucesso por ele. A atriz é linda, e ficamos tão seduzidos por ela que não percebemos um probleminha de ritmo e duração do filme. Viciei na musiquinha tema com arranjo renascentista, "Love is a magical thing, love will make you feel like a queen or a king / Unicorns, rainbows, lucky charms await you in your true love's arms"...
Assisti só de curiosidade por ter sido o último filme da Joan Crawford, um "fim de carreira" literalmente. Reza a lenda que ela estava o tempo todo bêbada durante as gravações. Pode ser apreciado naquela categoria de filmes que são tão ruins e toscos que acaba sendo divertido vê-los.
Trabalho incrível do Ryan Murphy, que acredito será mais apreciado por quem é fã das duas atrizes, conhece um pouco da história e já assistiu aos filmes abordados na série, podendo então se deliciar com a reconstituição primorosa e as referências. Toda a série é baseada em fatos e acontecimentos reais, alguns diálogos são idênticos aos ocorridos e muitas cenas são minuciosamente reconstruídas. Susan Sarandon está incrível, às vezes fica difícil visualizar Bette Davis nela porque ambas tinham os olhos e o olhar próprios e bem característicos, mas em determinados momentos Susan consegue reproduzir de forma espantosa os mesmos trejeitos e movimentos que Bette tinha. Jessica Lange não fica atrás, acredito que ambas devam concorrer ao Emmy e Globo de Ouro de melhor atriz em série. Seria ótimo se pudessem premiar simbolicamente as duas.
O roteiro me pareceu uma versão americana de Madame Bovary com toque noir. Ousado pra época, e que invariavelmente teria de ter o final que teve devido à censura. Bette Davis de volta ao papel de mulher perversa, que subjuga e tripudia do homem. Mas de algum modo achei a personagem meio caricata, não tão bem construída quanto Mildred Rogers de "Escravos do Desejo" (36) e Joyce Heath de "Perigosa" (35)... Ainda assim é sempre um deleite vê-la, ainda mais quando diz "what a dump", cena que foi parodiada por Martha (Elizabeth Taylor), em "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?"... Curiosidade, a Bette Davis não queria fazer esse filme, ameaçou largá-lo na metade e só aceitou terminá-lo depois que a Warner rescindisse o seu contrato, e a sensação que nos passa é de que esse desgosto influenciou e foi transferido para a atuação.
Eu, [insira aqui seu nome]. Filme que mostra com realismo e crueza (o máximo de artifício é um fade out entre algumas cenas) a impotência do cidadão comum e trabalhador frente à opressão do estado, de uma sociedade impessoal e desumana, kafkianamente burocrática. Um filme triste, mas politicamente necessário, e que para nós desmistifica um pouco a ideia que fazemos de "primeiro mundo".
Estava esperando sair "The Winds of Winter" pra ler e só então assistir à 6a temporada, mas não aguentei mais esperar. Eletrizantes os dois últimos episódios, valeram toda a temporada, que demonstrou toda a força feminina na história, com as mulheres dominando tudo:
Daenerys com seu exército marchando pra Westeros; Cersei se vingando, destruindo todos os inimigos em King's Landing e assumindo o Trono de Ferro; Asha (Yara) Greyjoy comandando os homens de ferro; Ellaria Sand e as Serpentes de Areia tomando o poder em Dorne; Sansa retornando pra Winterfell depois de ajudar a derrotar a casa Bolton; e Arya matando Walder Frey...
Pra fechar com chave de ouro, aquilo que todos os fãs dos livros especulavam foi revelado, Jon Snow não é bastardo, mas filho da Lyanna Stark e Rhaegar Targaryen. Só lamentei que a série tenha deletado alguns personagens do livro, como Arianne Martell, e principalmente Lady Stoneheart, que esperava que aparecesse nessa temporada...
A priori parece apenas um típico filme baseado em peça teatral daqueles com um enredo sobre integrantes de uma família que se reúnem em determinada ocasião e as reações e consequências que este encontro desencadeia em cada personagem. O resultado parece ambíguo, deixando um pouco a impressão de um filme incompleto, que fica apenas nisso e não oferece muita coisa além. Mas o maior feito de Xavier Dolan aqui – e o grande trunfo do filme, além do elenco incrível – é a capacidade que ele teve de conseguir transmitir todas as informações e sensações através da linguagem corporal – no caso facial – dos personagens: todos os diálogos, as palavras, as discussões, são apenas vozes confusas e falhas – a ponta de um iceberg – que não conseguem expressar tudo aquilo que está encoberto, todas as emoções e sentimentos daquela família, mas que são comunicados através da forma e sensibilidade com que Dolan e sua câmera capta os rostos de cada um.
Produção incrível e grandiosa, como tudo que a HBO se propõe a fazer, com um grande elenco incluindo gigantes do cinema como Anthony Hopkins e Ed Harris. O único problema e motivo pra não dar 5 estrelas é por ter um roteiro muito complicado, como tudo dos irmãos Nolan, com muita informação e cheio de plot twists que a torna por vezes confusa e forçada, sem falar dos furos e coisas mal explicadas que isso deixa... Teria sido melhor se não pecasse por esse excesso.
Pais com medo de deixarem os filhos verem a série? Um dos motivos por não ter gostado tanto é exatamente por ter achado muito politicamente correta e educativa... Mas para os adolescentes, acho uma boa - talvez por isso esteja fazendo tanto sucesso entre eles -, como uma forma de conscientizar e chamar atenção para esse período tão problemático da vida escolar, bullying, suicídio, etc...
Uma grata surpresa. Pareceu seguir o mesmo estilo de "Rua Cloverfield, 10", só que menos conhecido, e acho até que gostei mais de "O Homem nas Trevas", por não ter o final extravagante do primeiro.
Como o próprio título original sugere, você não respira no filme de tanta tensão e suspense, e quando pensa que está pra acabar vem mais. História original que sustenta a ação e o suspense sem apelação.
Confesso que ao final e durante o filme fiquei com aquela sensação de, "É apenas isso?", como se o tempo todo estivesse esperando algo acontecer, ou que o filme fosse diferente... Mas acho que o grande trunfo de "Julieta" é esse, ser um filme simples e despretensioso, sobre o amor materno. Não é dos melhores do Almodóvar, mas consegue ser superior a muitos dramas que vemos por aí.
A impressão que tive foi de uma história tirada de algum livro, até ir pesquisar e saber que foi baseada em contos (uma mistura de três contos, não apenas um) da Alice Munro, escritora canadense Prêmio Nobel de Literatura de 2013, cujos contos são exatamente assim, mostrando a beleza em situações simples e cotidianas.
Construção narrativa incrível, com um roteiro cheio de plot twists digno dos grandes filmes coreanos e das demais obras dirigidas pelo Chan-wook Park. Tava sentindo falta de um novo filme coreano desse tipo, mostrando que o país continua firme e forte como o único capaz de se equiparar aos americanos em técnica e produção. Tem cheiro de que terá remake feito por Hollywood.
Apesar do viés chauvinista e religioso, é um bom filme com uma mensagem bonita. Gostei da mesma forma que gostei de "Capitão Fantástico", que também é tendencioso, digamos, para o outro lado. Não aprecio muito arte panfletária, mas acho muito mais digno se expressar dessa forma do que infernizando a vida dos outros pra concordarem e viverem de acordo com suas convicções.
Falar das atuações seria chover no molhado. O que mais apreciei nesse filme foi se tratar de um drama familiar, que vai além da questão social dos negros como muitos outros filmes do gênero. A história poderia ser de qualquer outra família branca de classe baixa (ou até mesmo alta), não apenas nos EUA daquele período, mas até mesmo por aqui no Brasil. É interessante ver uma história de contornos universais com uma família negra, mostrando que eles não precisam fazer parte apenas de filmes que tratem da questão do racismo. Quem é que não teve ou não conheceu alguém que teve um pai como aquele? Um personagem complexo e rico, que no início da história desperta nossa empatia pela personalidade e histórico de vida, mas aos poucos vai mostrando uma outra faceta odiosa, de um homem despótico que oprime a família, a mulher e os filhos, que acha que prover materialmente a casa é suficiente e mais importante que o afeto, e que, tragicamente, por mais que tivesse a intenção, é incapaz de não cometer os mesmos erros e ser um pai melhor do que o que teve. Por se tratar de uma peça adaptada, os diálogos são complexos e densos, alguns memoráveis por sua densidade psicológica. Viola Davis está incrível como sempre, um Oscar previsível, até mesmo por se tratar de uma personagem que é tão protagonista quanto o do Denzel Washington.
Meu filme preferido do Oscar 2017, junto com "Moonlight". Que roteiro e narrativa incríveis. Se há alguns filmes que são adaptados de livros, esse é um exemplo de uma obra que poderia ser adaptada para a literatura, tal sua riqueza. Uma tragédia anônima, numa pequena cidade desconhecida que poderia ser em qualquer lugar do mundo; um frio que nunca acaba (mesmo as cenas do passado em flashback são no inverno) simbolizando as emoções de um personagem que está morto por dentro, que se penitencia consertando as casas dos outros por um erro que cometeu na sua própria e que teve consequências devastadoras. Um final realista e fiel às circunstâncias, que não subestima o espectador apelando pra um desfecho que nos desse algum conforto e esperança frente a dor e ao sofrimento retratados. Sensível e doloroso. O tipo de papel que daria o Oscar a qualquer bom ator em que caísse nas mãos, em que a atuação do Casey Affleck se não foi perfeita ou algum outro poderia ter feito melhor, ainda assim não desmereceu sua premiação. A sequência de cenas com a trilha do Adagio de Albinoni, que começa a tocar mesmo antes de sabermos o que aconteceu já nos fazendo inferir que algo estaria por vir, foi belíssima.
Desde que vi o trailer fiquei curioso com esse filme por causa das imagens bonitas e da ideia interessante de sobrevivência num pequeno pedaço de rocha no mar... mas não contava que o filme seria tão exagerado. Esse tubarão deve ter sido ex-marido da personagem numa encarnação passada... só pode.
As pessoas estão cada vez mais tolerantes emocionalmente aos filmes de suspense/ação, de forma que pra liberar a mesma quantidade de adrenalina/dopamina que as obras de 30 anos atrás, é preciso cada vez mais "espetacularização", mesmo que beire as raias do absurdo e contrarie as leis naturais e físicas.
Não chega a ser tão bom quanto "As Aventuras de Robin Hood", de 1938, também dirigido pelo Michael Curtiz e com a mesma dupla Errol Flynn e Olivia de Havilland (que fizeram juntos três filmes de aventura nesse estilo "capa e espada", o outro sendo "A Carga de Cavalaria Ligeira", de 37), mas é um ótimo filme também, super produção.
Errol Flynn, embora não tivesse um grande talento, possuía um charme como poucos, com aquele sorrizinho e cara de cafajeste interpretando bons moços, que o torna irresistível. Quem é Jonnhy Depp na fila do pão comparado a ele? Juntamente com Olivia de Havilland formaram um dos casais com maior química em cena do cinema clássico.
Lindo. Direção, atuações (que trio incrível), no início achei o enquadramento estilo Instagram meio hipster mas depois me conquistou, nem que tenha sido apenas pra cena em que ele momentaneamente se enlarga. Trilha sonora ótima e despretensiosa, com músicas já bastante batidas mas que ficaram ótimas nas cenas.
A personagem da Kyla é de quem menos sabemos e do que o filme mais trata. Fico imaginando o que a levou a se afeiçoar dos vizinhos e crio mil teorias e explicações na minha cabeça. O amor de mãe é grande, só não é maior que a possessividade e o ciúmes, e Die prefere perder o filho a dividir seu afeto com outra.
Tenho de concordar com alguns comentários, o filme tenta fazer um recorte da vida daqueles personagens isolados da civilização, mas em função da estética, pecando um pouco pela falta de profundidade e na dimensão dos personagens (talvez pela limitação até do "casting", a maioria dos atores me parecendo amadores, moradores do próprio local). Mas ainda assim é um filme bonito, e levando em conta ser o primeiro longa-metragem do diretor, diria que foi bem sucedido.
Depois de ter visto esse filme e "Boi Neon", acho que Gabriel Mascaro se tornou um dos meus diretores pernambucanos preferidos, junto com Cláudio Assis e Camilo Cavalcante, que me enchem de orgulho do nosso cinema nordestino. Prefiro filmes assim como os deles que se preocupam mais em alcançar um objetivo estético, do que passar uma mensagem política, soando meio panfletários e preocupados com uma agenda da esquerda, como Kleber Mendonça Filho.
"Desencanto" me lembrou meu amado "Fim de Caso", mas se por um lado gosto mais da história do Graham Greene e de seus personagens, a adaptação feita dele por Neil Jordan não se compara a essa obra magnifica de David Lean.
Incrível a forma como o roteiro (corajoso para a época, talvez por isso não tenha ganho prêmios) se desenrola a partir da narrativa da própria personagem, numa atuação primorosa, juntamente com a direção e a trilha com Rachmaninoff.
A história original fala sobre perdão (o nome "Paulina" não é por acaso), num contexto religioso, mas que parece não haver aqui. Ela não me pareceu perdoá-los, o diretor pegou esse mote e quis fazer mais uma discussão política acerca da ética da Justiça. Ela resolve absolvê-los e ter o filho apenas para confrontar o pai e a justiça institucional, mas ao mesmo tempo que se apropriando do direito de fazer o que ela acha que deve baseada em seus princípios e também como dona do próprio corpo. Percebemos que o problema dela não é o aborto, fica claro num diálogo que em outras circunstâncias ela faria. Na verdade às vezes não entendemos o que se passa com ela, e isso a torna uma personagem interessante e rica, fora do convencional. Ficamos o tempo todo querendo que ela faça o que achamos que ela deveria fazer e o que seria correto naquele caso, mas ela só faz o que lhe dá na telha. Será que não é um direito dela mesmo que isso vá contra as normas e convenções legais?...
Eu me identifiquei um pouco com a personagem no sentido de que também sempre tive a sensação de que se *EU* sofresse alguma forma de violência não conseguiria me contentar com uma vingança ou com a "justiça", acho que me resignaria numa espécie de frustração em existir a violência e se poderíamos fazer algo para evitá-la primeiro antes de apenas tentar resolvê-la com a punição. Num diálogo ao final com o pai em que ela diz que era uma vítima sim e não se considerava uma heroína, mas a quem serviria a "justiça ser feita"?, diz muito sobre isso e sobre as questões que o filme trata e levanta. Paulina parece levar às últimas consequências uma ética própria ao se sentir enquanto indivíduo responsável pelas mazelas da sociedade e pelo mundo torpe em que vivemos, inclusive ao sofrer as consequências dele, como ter um filho de um estupro. Independente de estar certa ou errada, de concordarmos ou não, é uma personagem inconformista e anti-pragmática.
Algumas cenas são um pouco aversivas podendo parecer forçadas e desnecessárias mas não são, pois a proposta estética do filme é exatamente essa, ser naturalista e mostrar com "crueza" a vida de quem vive pela estrada nas vaquejadas, etc, mas contrapondo com o romantismo através dos personagens, principalmente no protagonista (Juliano Cazarré incrível), um "bom-selvagem" machão mas que possui sensibilidade para moda e perfumes, contrastando com toda aquela realidade "suja", e cuja ambiguidade sexual só nos é revelada ao final.
As cenas e diálogos são tão naturais e espontâneos que parece que foram filmadas com uma câmera escondida e estamos observando tudo aquilo, ao mesmo tempo que são trabalhadas de forma tão exímia tecnicamente que nos passam a impressão de que o diretor deve ter feito diversas tomadas em algumas até conseguir aquela "perfeita". Um dos melhores filmes nacionais que vi nos últimos tempos. Se for preciso fazerem co-produções com outros países como nesse caso para termos mais filmes brasileiros com uma qualidade assim, que venham mais.
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista AgoraGeralmente esses filmes que tentam passar uma mensagem moral sobre a vida e valores escorregam numa abordagem açucarada e por vezes piegas. Então foi uma grata surpresa assistir esse tipo de história sendo mostrada de uma forma mais realista, que caminha bem até a metade, prendendo a atenção e despertando interesse mesmo no ritmo lento e longo que possui. Mas infelizmente acho que desandou na última parte, deixando aquela sensação de que não souberam como terminar. Mas no todo, é um excelente trabalho, mostrando a relação entre uma filha que seria motivo de orgulho para a maioria dos pais por ser bem sucedida profissionalmente, e seu pai que deseja acima de tudo sua felicidade. Possui duas cenas marcantes que acho que não esquecerei facilmente, a do abraço que é mostrado no poster, e minha preferida com a personagem cantando "The Greatest Love of All". Curiosidade: já estão produzindo um remake americano, com o Jack Nicholson no papel.
A Bruxa do Amor
3.6 206 Assista AgoraFilme independente com um toque autoral, que me surpreendeu positivamente com seu visual retrô e cheio de referências, desde a maquiagem estilo Elvira à direção de arte que lembra os filmes de terror em technicolor da Hammer. O enredo parece tratar do amor se baseando na famosa frase freudiana "o que as mulheres querem?", ao mesmo tempo que faz uma sátira à busca incessante e fadada ao insucesso por ele. A atriz é linda, e ficamos tão seduzidos por ela que não percebemos um probleminha de ritmo e duração do filme. Viciei na musiquinha tema com arranjo renascentista, "Love is a magical thing, love will make you feel like a queen or a king / Unicorns, rainbows, lucky charms await you in your true love's arms"...
Trog: O Monstro das Cavernas
2.5 20Assisti só de curiosidade por ter sido o último filme da Joan Crawford, um "fim de carreira" literalmente. Reza a lenda que ela estava o tempo todo bêbada durante as gravações. Pode ser apreciado naquela categoria de filmes que são tão ruins e toscos que acaba sendo divertido vê-los.
Feud: Bette and Joan (1ª Temporada)
4.6 284 Assista AgoraTrabalho incrível do Ryan Murphy, que acredito será mais apreciado por quem é fã das duas atrizes, conhece um pouco da história e já assistiu aos filmes abordados na série, podendo então se deliciar com a reconstituição primorosa e as referências. Toda a série é baseada em fatos e acontecimentos reais, alguns diálogos são idênticos aos ocorridos e muitas cenas são minuciosamente reconstruídas. Susan Sarandon está incrível, às vezes fica difícil visualizar Bette Davis nela porque ambas tinham os olhos e o olhar próprios e bem característicos, mas em determinados momentos Susan consegue reproduzir de forma espantosa os mesmos trejeitos e movimentos que Bette tinha. Jessica Lange não fica atrás, acredito que ambas devam concorrer ao Emmy e Globo de Ouro de melhor atriz em série. Seria ótimo se pudessem premiar simbolicamente as duas.
A Filha de Satanás
3.8 21O roteiro me pareceu uma versão americana de Madame Bovary com toque noir. Ousado pra época, e que invariavelmente teria de ter o final que teve devido à censura. Bette Davis de volta ao papel de mulher perversa, que subjuga e tripudia do homem. Mas de algum modo achei a personagem meio caricata, não tão bem construída quanto Mildred Rogers de "Escravos do Desejo" (36) e Joyce Heath de "Perigosa" (35)... Ainda assim é sempre um deleite vê-la, ainda mais quando diz "what a dump", cena que foi parodiada por Martha (Elizabeth Taylor), em "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?"... Curiosidade, a Bette Davis não queria fazer esse filme, ameaçou largá-lo na metade e só aceitou terminá-lo depois que a Warner rescindisse o seu contrato, e a sensação que nos passa é de que esse desgosto influenciou e foi transferido para a atuação.
Eu, Daniel Blake
4.3 533 Assista AgoraEu, [insira aqui seu nome]. Filme que mostra com realismo e crueza (o máximo de artifício é um fade out entre algumas cenas) a impotência do cidadão comum e trabalhador frente à opressão do estado, de uma sociedade impessoal e desumana, kafkianamente burocrática. Um filme triste, mas politicamente necessário, e que para nós desmistifica um pouco a ideia que fazemos de "primeiro mundo".
Game of Thrones (6ª Temporada)
4.6 1,6KEstava esperando sair "The Winds of Winter" pra ler e só então assistir à 6a temporada, mas não aguentei mais esperar. Eletrizantes os dois últimos episódios, valeram toda a temporada, que demonstrou toda a força feminina na história, com as mulheres dominando tudo:
Daenerys com seu exército marchando pra Westeros; Cersei se vingando, destruindo todos os inimigos em King's Landing e assumindo o Trono de Ferro; Asha (Yara) Greyjoy comandando os homens de ferro; Ellaria Sand e as Serpentes de Areia tomando o poder em Dorne; Sansa retornando pra Winterfell depois de ajudar a derrotar a casa Bolton; e Arya matando Walder Frey...
Pra fechar com chave de ouro, aquilo que todos os fãs dos livros especulavam foi revelado, Jon Snow não é bastardo, mas filho da Lyanna Stark e Rhaegar Targaryen. Só lamentei que a série tenha deletado alguns personagens do livro, como Arianne Martell, e principalmente Lady Stoneheart, que esperava que aparecesse nessa temporada...
É Apenas o Fim do Mundo
3.5 304 Assista AgoraA priori parece apenas um típico filme baseado em peça teatral daqueles com um enredo sobre integrantes de uma família que se reúnem em determinada ocasião e as reações e consequências que este encontro desencadeia em cada personagem. O resultado parece ambíguo, deixando um pouco a impressão de um filme incompleto, que fica apenas nisso e não oferece muita coisa além. Mas o maior feito de Xavier Dolan aqui – e o grande trunfo do filme, além do elenco incrível – é a capacidade que ele teve de conseguir transmitir todas as informações e sensações através da linguagem corporal – no caso facial – dos personagens: todos os diálogos, as palavras, as discussões, são apenas vozes confusas e falhas – a ponta de um iceberg – que não conseguem expressar tudo aquilo que está encoberto, todas as emoções e sentimentos daquela família, mas que são comunicados através da forma e sensibilidade com que Dolan e sua câmera capta os rostos de cada um.
Westworld (1ª Temporada)
4.5 1,3KProdução incrível e grandiosa, como tudo que a HBO se propõe a fazer, com um grande elenco incluindo gigantes do cinema como Anthony Hopkins e Ed Harris. O único problema e motivo pra não dar 5 estrelas é por ter um roteiro muito complicado, como tudo dos irmãos Nolan, com muita informação e cheio de plot twists que a torna por vezes confusa e forçada, sem falar dos furos e coisas mal explicadas que isso deixa... Teria sido melhor se não pecasse por esse excesso.
13 Reasons Why (1ª Temporada)
3.8 1,5K Assista AgoraPais com medo de deixarem os filhos verem a série? Um dos motivos por não ter gostado tanto é exatamente por ter achado muito politicamente correta e educativa... Mas para os adolescentes, acho uma boa - talvez por isso esteja fazendo tanto sucesso entre eles -, como uma forma de conscientizar e chamar atenção para esse período tão problemático da vida escolar, bullying, suicídio, etc...
The Walking Dead (7ª Temporada)
3.6 918 Assista AgoraA temporada mais fraca, cheia de enrolação, furos e forçação de barra.
O Homem nas Trevas
3.7 1,9K Assista AgoraUma grata surpresa. Pareceu seguir o mesmo estilo de "Rua Cloverfield, 10", só que menos conhecido, e acho até que gostei mais de "O Homem nas Trevas", por não ter o final extravagante do primeiro.
Como o próprio título original sugere, você não respira no filme de tanta tensão e suspense, e quando pensa que está pra acabar vem mais. História original que sustenta a ação e o suspense sem apelação.
Julieta
3.8 530 Assista AgoraConfesso que ao final e durante o filme fiquei com aquela sensação de, "É apenas isso?", como se o tempo todo estivesse esperando algo acontecer, ou que o filme fosse diferente... Mas acho que o grande trunfo de "Julieta" é esse, ser um filme simples e despretensioso, sobre o amor materno. Não é dos melhores do Almodóvar, mas consegue ser superior a muitos dramas que vemos por aí.
A impressão que tive foi de uma história tirada de algum livro, até ir pesquisar e saber que foi baseada em contos (uma mistura de três contos, não apenas um) da Alice Munro, escritora canadense Prêmio Nobel de Literatura de 2013, cujos contos são exatamente assim, mostrando a beleza em situações simples e cotidianas.
A Criada
4.4 1,3K Assista AgoraConstrução narrativa incrível, com um roteiro cheio de plot twists digno dos grandes filmes coreanos e das demais obras dirigidas pelo Chan-wook Park. Tava sentindo falta de um novo filme coreano desse tipo, mostrando que o país continua firme e forte como o único capaz de se equiparar aos americanos em técnica e produção. Tem cheiro de que terá remake feito por Hollywood.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraApesar do viés chauvinista e religioso, é um bom filme com uma mensagem bonita. Gostei da mesma forma que gostei de "Capitão Fantástico", que também é tendencioso, digamos, para o outro lado. Não aprecio muito arte panfletária, mas acho muito mais digno se expressar dessa forma do que infernizando a vida dos outros pra concordarem e viverem de acordo com suas convicções.
Um Limite Entre Nós
3.8 1,1K Assista AgoraFalar das atuações seria chover no molhado. O que mais apreciei nesse filme foi se tratar de um drama familiar, que vai além da questão social dos negros como muitos outros filmes do gênero. A história poderia ser de qualquer outra família branca de classe baixa (ou até mesmo alta), não apenas nos EUA daquele período, mas até mesmo por aqui no Brasil. É interessante ver uma história de contornos universais com uma família negra, mostrando que eles não precisam fazer parte apenas de filmes que tratem da questão do racismo. Quem é que não teve ou não conheceu alguém que teve um pai como aquele? Um personagem complexo e rico, que no início da história desperta nossa empatia pela personalidade e histórico de vida, mas aos poucos vai mostrando uma outra faceta odiosa, de um homem despótico que oprime a família, a mulher e os filhos, que acha que prover materialmente a casa é suficiente e mais importante que o afeto, e que, tragicamente, por mais que tivesse a intenção, é incapaz de não cometer os mesmos erros e ser um pai melhor do que o que teve. Por se tratar de uma peça adaptada, os diálogos são complexos e densos, alguns memoráveis por sua densidade psicológica. Viola Davis está incrível como sempre, um Oscar previsível, até mesmo por se tratar de uma personagem que é tão protagonista quanto o do Denzel Washington.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraMeu filme preferido do Oscar 2017, junto com "Moonlight". Que roteiro e narrativa incríveis. Se há alguns filmes que são adaptados de livros, esse é um exemplo de uma obra que poderia ser adaptada para a literatura, tal sua riqueza. Uma tragédia anônima, numa pequena cidade desconhecida que poderia ser em qualquer lugar do mundo; um frio que nunca acaba (mesmo as cenas do passado em flashback são no inverno) simbolizando as emoções de um personagem que está morto por dentro, que se penitencia consertando as casas dos outros por um erro que cometeu na sua própria e que teve consequências devastadoras. Um final realista e fiel às circunstâncias, que não subestima o espectador apelando pra um desfecho que nos desse algum conforto e esperança frente a dor e ao sofrimento retratados. Sensível e doloroso. O tipo de papel que daria o Oscar a qualquer bom ator em que caísse nas mãos, em que a atuação do Casey Affleck se não foi perfeita ou algum outro poderia ter feito melhor, ainda assim não desmereceu sua premiação. A sequência de cenas com a trilha do Adagio de Albinoni, que começa a tocar mesmo antes de sabermos o que aconteceu já nos fazendo inferir que algo estaria por vir, foi belíssima.
Águas Rasas
3.4 1,4K Assista AgoraDesde que vi o trailer fiquei curioso com esse filme por causa das imagens bonitas e da ideia interessante de sobrevivência num pequeno pedaço de rocha no mar... mas não contava que o filme seria tão exagerado. Esse tubarão deve ter sido ex-marido da personagem numa encarnação passada... só pode.
As pessoas estão cada vez mais tolerantes emocionalmente aos filmes de suspense/ação, de forma que pra liberar a mesma quantidade de adrenalina/dopamina que as obras de 30 anos atrás, é preciso cada vez mais "espetacularização", mesmo que beire as raias do absurdo e contrarie as leis naturais e físicas.
Capitão Blood
3.8 42 Assista AgoraNão chega a ser tão bom quanto "As Aventuras de Robin Hood", de 1938, também dirigido pelo Michael Curtiz e com a mesma dupla Errol Flynn e Olivia de Havilland (que fizeram juntos três filmes de aventura nesse estilo "capa e espada", o outro sendo "A Carga de Cavalaria Ligeira", de 37), mas é um ótimo filme também, super produção.
Errol Flynn, embora não tivesse um grande talento, possuía um charme como poucos, com aquele sorrizinho e cara de cafajeste interpretando bons moços, que o torna irresistível. Quem é Jonnhy Depp na fila do pão comparado a ele? Juntamente com Olivia de Havilland formaram um dos casais com maior química em cena do cinema clássico.
Mommy
4.3 1,2K Assista AgoraLindo. Direção, atuações (que trio incrível), no início achei o enquadramento estilo Instagram meio hipster mas depois me conquistou, nem que tenha sido apenas pra cena em que ele momentaneamente se enlarga. Trilha sonora ótima e despretensiosa, com músicas já bastante batidas mas que ficaram ótimas nas cenas.
A personagem da Kyla é de quem menos sabemos e do que o filme mais trata. Fico imaginando o que a levou a se afeiçoar dos vizinhos e crio mil teorias e explicações na minha cabeça. O amor de mãe é grande, só não é maior que a possessividade e o ciúmes, e Die prefere perder o filho a dividir seu afeto com outra.
Ventos de Agosto
3.3 73 Assista AgoraTenho de concordar com alguns comentários, o filme tenta fazer um recorte da vida daqueles personagens isolados da civilização, mas em função da estética, pecando um pouco pela falta de profundidade e na dimensão dos personagens (talvez pela limitação até do "casting", a maioria dos atores me parecendo amadores, moradores do próprio local). Mas ainda assim é um filme bonito, e levando em conta ser o primeiro longa-metragem do diretor, diria que foi bem sucedido.
Depois de ter visto esse filme e "Boi Neon", acho que Gabriel Mascaro se tornou um dos meus diretores pernambucanos preferidos, junto com Cláudio Assis e Camilo Cavalcante, que me enchem de orgulho do nosso cinema nordestino. Prefiro filmes assim como os deles que se preocupam mais em alcançar um objetivo estético, do que passar uma mensagem política, soando meio panfletários e preocupados com uma agenda da esquerda, como Kleber Mendonça Filho.
Desencanto
4.4 171 Assista Agora"Desencanto" me lembrou meu amado "Fim de Caso", mas se por um lado gosto mais da história do Graham Greene e de seus personagens, a adaptação feita dele por Neil Jordan não se compara a essa obra magnifica de David Lean.
Incrível a forma como o roteiro (corajoso para a época, talvez por isso não tenha ganho prêmios) se desenrola a partir da narrativa da própria personagem, numa atuação primorosa, juntamente com a direção e a trilha com Rachmaninoff.
Paulina
3.6 39 Assista AgoraA história original fala sobre perdão (o nome "Paulina" não é por acaso), num contexto religioso, mas que parece não haver aqui. Ela não me pareceu perdoá-los, o diretor pegou esse mote e quis fazer mais uma discussão política acerca da ética da Justiça. Ela resolve absolvê-los e ter o filho apenas para confrontar o pai e a justiça institucional, mas ao mesmo tempo que se apropriando do direito de fazer o que ela acha que deve baseada em seus princípios e também como dona do próprio corpo. Percebemos que o problema dela não é o aborto, fica claro num diálogo que em outras circunstâncias ela faria. Na verdade às vezes não entendemos o que se passa com ela, e isso a torna uma personagem interessante e rica, fora do convencional. Ficamos o tempo todo querendo que ela faça o que achamos que ela deveria fazer e o que seria correto naquele caso, mas ela só faz o que lhe dá na telha. Será que não é um direito dela mesmo que isso vá contra as normas e convenções legais?...
Eu me identifiquei um pouco com a personagem no sentido de que também sempre tive a sensação de que se *EU* sofresse alguma forma de violência não conseguiria me contentar com uma vingança ou com a "justiça", acho que me resignaria numa espécie de frustração em existir a violência e se poderíamos fazer algo para evitá-la primeiro antes de apenas tentar resolvê-la com a punição. Num diálogo ao final com o pai em que ela diz que era uma vítima sim e não se considerava uma heroína, mas a quem serviria a "justiça ser feita"?, diz muito sobre isso e sobre as questões que o filme trata e levanta. Paulina parece levar às últimas consequências uma ética própria ao se sentir enquanto indivíduo responsável pelas mazelas da sociedade e pelo mundo torpe em que vivemos, inclusive ao sofrer as consequências dele, como ter um filho de um estupro. Independente de estar certa ou errada, de concordarmos ou não, é uma personagem inconformista e anti-pragmática.
Boi Neon
3.6 462Algumas cenas são um pouco aversivas podendo parecer forçadas e desnecessárias mas não são, pois a proposta estética do filme é exatamente essa, ser naturalista e mostrar com "crueza" a vida de quem vive pela estrada nas vaquejadas, etc, mas contrapondo com o romantismo através dos personagens, principalmente no protagonista (Juliano Cazarré incrível), um "bom-selvagem" machão mas que possui sensibilidade para moda e perfumes, contrastando com toda aquela realidade "suja", e cuja ambiguidade sexual só nos é revelada ao final.
As cenas e diálogos são tão naturais e espontâneos que parece que foram filmadas com uma câmera escondida e estamos observando tudo aquilo, ao mesmo tempo que são trabalhadas de forma tão exímia tecnicamente que nos passam a impressão de que o diretor deve ter feito diversas tomadas em algumas até conseguir aquela "perfeita". Um dos melhores filmes nacionais que vi nos últimos tempos. Se for preciso fazerem co-produções com outros países como nesse caso para termos mais filmes brasileiros com uma qualidade assim, que venham mais.