A série foi uma grata surpresa. Começa lembrando Twin Peaks, pra depois desenvolver um enredo de ficção científica com terror, cheio de inúmeras referências aos filmes dos anos 80, jogos de RPG, etc, com personagens bem criados e que despertam empatia... Uma viagem no tempo.
Gostei do final da temporada bem redondo, sem deixar a gente maluco esperando um ano por algo como TWD e outras séries. Mais um ponto positivo juntamente com o fato de lançarem todos os episódios juntos. Agora é esperar a segunda temporada e ver o que vão desenvolver nela.
Um dos filmes do gênero com mais "plot twists" que já vi, isso foi interessante. Mas as cenas constantes de um drama forçado e de um suspense criado de forma artificial demais foram uma chatice.
Os irmãos Duffer parecem ter querido se lançar num cinema de terror autoral, mas só reciclaram os mesmos clichês com uma roupagem diferente, e os vendendo com um verniz de originalidade.
Numa das raras e última entrevista de Clarice, pouco tempo antes de morrer, falou que havia acabado de escrever uma novela: "A história de uma moça tão pobre, que só comia cachorro-quente (...) a história de uma inocência pisada, de uma miséria anônima"...
Clarice não quis dizer o nome da heroína, era segredo. Depois do privilégio de ter conhecido esse segredo chamado Macabéa ("A Hora da Estrela" é um dos meus livros preferidos de nossa literatura), pude finalmente assistir a essa adaptação restaurada há pouco tempo.
É impossível não se emocionar ou sentir empatia por essa personagem tão simbólica (lindamente interpretada por Marcelia Cartaxo, que ganhou o Urso de Prata de melhor atriz em Berlim), que gosta de prego e parafusos e toma aspirinas porque se dói o tempo todo.
Uma obra que abre um leque para tantas leituras e interpretações, tratando num único filme de questões filosóficas, epistemológicas, sociológicas, semióticas e teológicas... e ao mesmo tempo fazendo uma crítica a todas elas.
Werner Herzog faz uma viagem no tempo e nos leva à primeira metade do século 19, ao narrar a história de Kaspar Hauser, tecendo uma verdadeira ode romântica ao humanismo e uma crítica ao positivismo então em voga.
Freud dizia que a civilização existe porque para vivermos em sociedade precisamos sublimar nosso lado "selvagem" e instintos. Esse filme nos mostra como a sociedade pode também nos privar do nosso lado mais humano.
Não fosse um probleminha de ritmo, principalmente a última parte que parece um tanto abrupta, daria 5 estrelas. Mas é um ótimo filme, o argumento e ideia originais (que só ficam claros perto do final), a direção e fotografia incríveis, as atuações que não comprometem (um problema em filmes nacionais assim)...
Vejo a "eternidade" do título como um conceito de universalidade, mostrando que mesmo num fim de mundo como aquela "aldeia", um lugar onde Judas perdeu as botas, as contingências humanas são as mesmas que em qualquer outro lugar, os mesmos desejos e carências, os mesmos dramas e tragédias...
Com 15 minutos de filme eu já tinha a certeza que ia amar. Só cometendo algum erro grosseiro mesmo para estragar, mas Joachim Trier não me decepcionou, assim como Lars von Trier nunca decepciona também, deve estar no sangue.
E que escolha de título foi essa? Representa perfeitamente do que trata o filme, como a dor e o sofrimento são inerentes à condição humana, de forma explícita como numa guerra, mas também no silêncio "explosivo" das relações entre família.
Esse filme dialoga bastante com "Que Horas Ela Volta?", mas apesar deste ser mais incensado, confesso que gostei mais de "Casa Grande", por ter tido o cuidado de ser menos panfletário, usando questões sociais como pano de fundo para narrar a história de um adolescente de classe média "virando homem" e seus conflitos.
Enquanto que o primeiro parece ter usado a história e seus personagens mais estereotipados com intuito de passar uma mensagem política e de crítica social, o grande acerto de "Casa Grande" foi exatamente ter conseguido problematizar e ser político sem fazer propaganda ou juízo de valor, mas simplesmente mostrando a realidade.
São dois filmes diferentes em um, a primeira metade, cheia de tiradas geniais e piadas sarcásticas, com o personagem usando da malandragem pra se livrar dos apuros, e a segunda, com as trapalhadas dele ao escalar o prédio.
Mas ambas são excelentes e muito engraçadas, e toda a sequência da segunda parte é antológica. Sem dúvida um dos filmes mais subestimados desse período, que só quem o descobre parece reconhecer seu valor e se tornar fã.
Ambas versões são ótimas, mas a restaurada faz a gente "viajar" com aquelas cores lisérgicas – pintadas a mão cada um dos milhares de quadros – e a trilha sonora de Air.
Vi muita gente nos cometários falando da genialidade do Méliès em prever a ida à lua, mas não esqueçamos que é baseado em dois romances de ficção do Julio Verne e H. G. Wells.
Drama com toques de suspense psicológico, que me lembrou "Swimming Pool", do Ozon. "A Espera" é a estreia desse diretor italiano com longa metragem, e para um primeiro filme, começou muito bem.
Ambientação e fotografia lindas, mas assim como o filme do Ozon tem como maior mérito a atuação da Charlotte Rampling, aqui temos Juliette Binoche atuando incrível como sempre, em francês e italiano.
A Globo deveria ter comprado os direitos desse filme nos anos 80, ele precisava ter feito parte das tardes da nossa infância vendo "Sessão da Tarde" juntamente com "Os Aventureiros do Bairro Proibido" e outros clássicos. Uma pena, pois funcionaria melhor naquele época.
Uma versão mais dramática de comédia maluca (screwball) com a mesma característica de diálogos rápidos e espirituosos, aqui levados quase às raias da loucura. Ao terminar o filme, a sensação é de vozes buzinando no seu ouvido por um bom tempo.
Chamam atenção, além dos diálogos ágeis, a direção magistral e o entrosamento dos atores/personagens, com um timing incrível, que juntamente com os poucos cenários (três apenas) dão o toque teatral do roteiro que é adaptado de uma peça.
A perda abrupta de referência da personagem Violeta – cuja vida construída ao lado do marido por anos se desfaz num único dia através de uma mensagem no telefone – simbolizada lindamente por uma verdadeira odisseia noturna pelas ruas anônimas de uma grande cidade – opressora e acolhedora ao mesmo tempo, onde destinos se cruzam e tudo pode acontecer – caminhando perdida sem saber para onde ir...
O filme pega como mote e se baseia livremente na música do Chico Buarque, pra dizer e tratar de muito mais, mesmo com um roteiro simples mas que consegue com habilidade captar estados emocionais e sentimentos, que vai tocar principalmente àqueles que se identifiquem em algum momento. E como sempre nas obras do Karim, detalhes cheios de sensibilidade e simbolismo fazem a diferença.
Todos perdidos e confusos nos papéis sociais que desempenham e em suas convenções, sem saberem o que querem. E é por isso que riem tanto, porque são crianças, mas ao contrário do riso verdadeiro delas, seus risos escondem a tristeza e o desespero por trás de suas faces.
Gena Rowlands linda não deixando nada a dever às divas da Nouvelle Vague, assim como a atriz Lynn Carlin (que faz o papel da esposa mais velha, mas na verdade era oito anos mais nova que a Gena). Depois desse filme infelizmente ela parece não ter feito mais nada importante.
Esse filme é motivo pelo qual continuo insistindo em filmes brasileiros, e pra provar que não é implicância minha, conseguindo garimpar um desses a cada meia dúzia de filmes medíocres e pretensiosos.
O melhor filme nacional em anos recentes. Eu que achava que já tivesse passado dessa fase – de querer subverter e ser marginal – , pra minha surpresa me peguei querendo fazer parte daquele bando.
O problema não é nem a falta de terror e de sustos como muita gente que viu achando que seria algo desse tipo, mas por ser um filme complicado (creio que alegórico) e pouco acessível, que não é pra qualquer um, sendo preciso entender a cultura e história envolvendo a Polônia e sua relação com o judaísmo.
Curiosidade mórbida, o diretor morreu logo depois de terminar o filme, durante um festival polonês em que estava concorrendo, tendo cometido suicídio por enforcamento no quarto de hotel. Me lembrou Cisne Negro. Será que ele quis dizer alguma coisa com a própria morte, podendo ela estar interligada ao filme?
Enredo original em que mistura filme gângster com suspense noir, com a femme fatale dividindo espaço com uma mãe castradora, tudo muito bem equilibrado.
Outro ponto interessante é ver como eram feitos os trabalhos de investigação e perseguição naquela época, quando não havia a tecnologia de hoje.
A atuação do James Cagney é tal que mesmo matando gente friamente o tempo todo, às vezes nos pegamos torcendo por seu personagem.
Acho que o filme falhou em tentar criar uma atmosfera de suspense psicológico. As cenas e informações vão sendo simplesmente jogadas, não há a construção de uma narrativa ou clima. Os personagens/atores parecem que estão com dor de barriga o tempo todo ou morrendo nas calças.
Enfim, mais um da safra brasileira de filmes com título criativo que esconde um trabalho mal executado. Mas se levarmos em conta que o cinema nacional parece ter pouco de profissionalismo e mais de um esforço individual de pessoas que gostam e desejam fazer cinema, foi uma boa realização.
Péssimo. Sensação de que se apropriaram indevidamente do personagem. Filme que não tem nada a ver com X-Men, apenas pegaram o personagem pra fazer um filme do Van Damme. Só vale a pena pra metódicos com TOC como eu que precisam vê-lo antes de passar pro próximo "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido".
Incrível o trabalho do roteirista de conseguir encaixar a história de cada personagem e ainda interligá-las de forma que o filme termine bem redondo, sem pontas soltas ou grandes furos. Melhor filme até agora da série, juntamente com X-Men 2 (2003).
Tava postergando vê-lo desde que foi lançado, por achar que não me acostumaria com o Magneto e Xavier não sendo feitos pelo Ian McKellen e Patrick Stewart, mas terminamos achando que Fassbender e James McAvoy caíram como uma luva.
Teria sido um filme "perfeito" se não desse a impressão de que se perde, sem saber o que fazer da própria ideia e de como terminá-la, ao nos fazer crer que Saul está lutando pra conseguir dar um enterro "digno" a seu filho, à revelia de todo o restante e da sua própria vida, já que não conseguiu salvá-lo, assim como não consegue fazer nada por seus iguais e é obrigado trabalhar conjuntamente com os algozes para por fim a eles, pra depois nos mostrar que tudo não passava de uma espécie de esquizofrenia do personagem, uma forma como ele encontrou pra lidar com todo aquele horror.
Teria agradado mais se tivesse pego a primeira ideia e trabalhado de forma melhor, mas isso nos daria de certa forma um consolo, por termos uma "moral da história", enquanto o filme prefere nos frustrar dando um soco ainda mais forte no estômago com o niilismo do desfecho. Por isso digo que deu a "impressão" de se perder, porque na verdade a intenção era exatamente nos causar esse incomodo, até na forma como ele é filmado, como se não conseguíssemos sair de dentro da mente "doente" do Saul. Se bem que me pergunto se faria alguma diferença ser realmente o filho dele.
Um dos filmes mais tensos e pesados que já vi – até para os padrões atuais –, principalmente a última parte, e lembremos que estamos aqui nos anos 50, em que esse tipo de enredo não é ainda bem aceito devido à censura, portanto acima de tudo um filme corajoso pra época. Atuação da Susan Hayward é impecável e merecidamente premiada com um Oscar, um verdadeiro tour de force, fico imaginando como deve ter sido pra ela retratar a personagem Barbara do ponto de vista de sua inocência, quando a própria Susan em entrevista havia declarado que acreditava que ela fosse culpada.
Sim, como o próprio prólogo do filme nos informa, é baseado em fatos reais, desde os acontecimentos até alguns diálogos são verídicos, como as últimas falas da personagem. Mas essa informação é tendenciosa e enganadora, porque não foi comprovada realmente a inocência dela, tudo levou a crer que ela era realmente culpada, o que fez com que muitos na época considerassem esse filme como uma propaganda contra a pena de morte. Só por essa controvérsia não dou nota máxima, pois apesar de ser incrível enquanto obra cinematográfica, não recebi bem essa tentativa de jogar com o espectador.
Stranger Things (1ª Temporada)
4.5 2,7K Assista AgoraA série foi uma grata surpresa. Começa lembrando Twin Peaks, pra depois desenvolver um enredo de ficção científica com terror, cheio de inúmeras referências aos filmes dos anos 80, jogos de RPG, etc, com personagens bem criados e que despertam empatia... Uma viagem no tempo.
Gostei do final da temporada bem redondo, sem deixar a gente maluco esperando um ano por algo como TWD e outras séries. Mais um ponto positivo juntamente com o fato de lançarem todos os episódios juntos. Agora é esperar a segunda temporada e ver o que vão desenvolver nela.
Escondidos
3.3 232Um dos filmes do gênero com mais "plot twists" que já vi, isso foi interessante. Mas as cenas constantes de um drama forçado e de um suspense criado de forma artificial demais foram uma chatice.
Os irmãos Duffer parecem ter querido se lançar num cinema de terror autoral, mas só reciclaram os mesmos clichês com uma roupagem diferente, e os vendendo com um verniz de originalidade.
A Hora da Estrela
3.9 516Numa das raras e última entrevista de Clarice, pouco tempo antes de morrer, falou que havia acabado de escrever uma novela: "A história de uma moça tão pobre, que só comia cachorro-quente (...) a história de uma inocência pisada, de uma miséria anônima"...
Clarice não quis dizer o nome da heroína, era segredo. Depois do privilégio de ter conhecido esse segredo chamado Macabéa ("A Hora da Estrela" é um dos meus livros preferidos de nossa literatura), pude finalmente assistir a essa adaptação restaurada há pouco tempo.
É impossível não se emocionar ou sentir empatia por essa personagem tão simbólica (lindamente interpretada por Marcelia Cartaxo, que ganhou o Urso de Prata de melhor atriz em Berlim), que gosta de prego e parafusos e toma aspirinas porque se dói o tempo todo.
O Enigma de Kaspar Hauser
4.0 328Uma obra que abre um leque para tantas leituras e interpretações, tratando num único filme de questões filosóficas, epistemológicas, sociológicas, semióticas e teológicas... e ao mesmo tempo fazendo uma crítica a todas elas.
Werner Herzog faz uma viagem no tempo e nos leva à primeira metade do século 19, ao narrar a história de Kaspar Hauser, tecendo uma verdadeira ode romântica ao humanismo e uma crítica ao positivismo então em voga.
Freud dizia que a civilização existe porque para vivermos em sociedade precisamos sublimar nosso lado "selvagem" e instintos. Esse filme nos mostra como a sociedade pode também nos privar do nosso lado mais humano.
A História da Eternidade
4.3 448Não fosse um probleminha de ritmo, principalmente a última parte que parece um tanto abrupta, daria 5 estrelas. Mas é um ótimo filme, o argumento e ideia originais (que só ficam claros perto do final), a direção e fotografia incríveis, as atuações que não comprometem (um problema em filmes nacionais assim)...
Vejo a "eternidade" do título como um conceito de universalidade, mostrando que mesmo num fim de mundo como aquela "aldeia", um lugar onde Judas perdeu as botas, as contingências humanas são as mesmas que em qualquer outro lugar, os mesmos desejos e carências, os mesmos dramas e tragédias...
Mais Forte que Bombas
3.5 133 Assista AgoraCom 15 minutos de filme eu já tinha a certeza que ia amar. Só cometendo algum erro grosseiro mesmo para estragar, mas Joachim Trier não me decepcionou, assim como Lars von Trier nunca decepciona também, deve estar no sangue.
E que escolha de título foi essa? Representa perfeitamente do que trata o filme, como a dor e o sofrimento são inerentes à condição humana, de forma explícita como numa guerra, mas também no silêncio "explosivo" das relações entre família.
Casa Grande
3.5 575 Assista AgoraEsse filme dialoga bastante com "Que Horas Ela Volta?", mas apesar deste ser mais incensado, confesso que gostei mais de "Casa Grande", por ter tido o cuidado de ser menos panfletário, usando questões sociais como pano de fundo para narrar a história de um adolescente de classe média "virando homem" e seus conflitos.
Enquanto que o primeiro parece ter usado a história e seus personagens mais estereotipados com intuito de passar uma mensagem política e de crítica social, o grande acerto de "Casa Grande" foi exatamente ter conseguido problematizar e ser político sem fazer propaganda ou juízo de valor, mas simplesmente mostrando a realidade.
O Homem Mosca
4.3 82 Assista AgoraSão dois filmes diferentes em um, a primeira metade, cheia de tiradas geniais e piadas sarcásticas, com o personagem usando da malandragem pra se livrar dos apuros, e a segunda, com as trapalhadas dele ao escalar o prédio.
Mas ambas são excelentes e muito engraçadas, e toda a sequência da segunda parte é antológica. Sem dúvida um dos filmes mais subestimados desse período, que só quem o descobre parece reconhecer seu valor e se tornar fã.
Stutterer
4.0 17 Assista AgoraSnap judgement 1.227: Lindo, simples e eficiente curta metragem inglês, que faz você se emocionar.
Viagem à Lua
4.4 857 Assista AgoraAmbas versões são ótimas, mas a restaurada faz a gente "viajar" com aquelas cores lisérgicas – pintadas a mão cada um dos milhares de quadros – e a trilha sonora de Air.
Vi muita gente nos cometários falando da genialidade do Méliès em prever a ida à lua, mas não esqueçamos que é baseado em dois romances de ficção do Julio Verne e H. G. Wells.
A Espera
3.7 59Drama com toques de suspense psicológico, que me lembrou "Swimming Pool", do Ozon. "A Espera" é a estreia desse diretor italiano com longa metragem, e para um primeiro filme, começou muito bem.
Ambientação e fotografia lindas, mas assim como o filme do Ozon tem como maior mérito a atuação da Charlotte Rampling, aqui temos Juliette Binoche atuando incrível como sempre, em francês e italiano.
Branco Sai, Preto Fica
3.5 173Dá a impressão de uma ideia (até boa) que não foi amadurecida, conduzida às pressas e um tanto pretensiosamente.
A única coisa que salva é direção de fotografia, com umas tomadas e enquadramentos bem profissionais e artísticos.
Uma História Chinesa de Fantasmas
3.6 18A Globo deveria ter comprado os direitos desse filme nos anos 80, ele precisava ter feito parte das tardes da nossa infância vendo "Sessão da Tarde" juntamente com "Os Aventureiros do Bairro Proibido" e outros clássicos. Uma pena, pois funcionaria melhor naquele época.
Jejum de Amor
4.0 90 Assista AgoraUma versão mais dramática de comédia maluca (screwball) com a mesma característica de diálogos rápidos e espirituosos, aqui levados quase às raias da loucura. Ao terminar o filme, a sensação é de vozes buzinando no seu ouvido por um bom tempo.
Chamam atenção, além dos diálogos ágeis, a direção magistral e o entrosamento dos atores/personagens, com um timing incrível, que juntamente com os poucos cenários (três apenas) dão o toque teatral do roteiro que é adaptado de uma peça.
O Abismo Prateado
3.3 214 Assista AgoraA perda abrupta de referência da personagem Violeta – cuja vida construída ao lado do marido por anos se desfaz num único dia através de uma mensagem no telefone – simbolizada lindamente por uma verdadeira odisseia noturna pelas ruas anônimas de uma grande cidade – opressora e acolhedora ao mesmo tempo, onde destinos se cruzam e tudo pode acontecer – caminhando perdida sem saber para onde ir...
O filme pega como mote e se baseia livremente na música do Chico Buarque, pra dizer e tratar de muito mais, mesmo com um roteiro simples mas que consegue com habilidade captar estados emocionais e sentimentos, que vai tocar principalmente àqueles que se identifiquem em algum momento. E como sempre nas obras do Karim, detalhes cheios de sensibilidade e simbolismo fazem a diferença.
Faces
4.1 62Todos perdidos e confusos nos papéis sociais que desempenham e em suas convenções, sem saberem o que querem. E é por isso que riem tanto, porque são crianças, mas ao contrário do riso verdadeiro delas, seus risos escondem a tristeza e o desespero por trás de suas faces.
Gena Rowlands linda não deixando nada a dever às divas da Nouvelle Vague, assim como a atriz Lynn Carlin (que faz o papel da esposa mais velha, mas na verdade era oito anos mais nova que a Gena). Depois desse filme infelizmente ela parece não ter feito mais nada importante.
Febre do Rato
4.0 657Esse filme é motivo pelo qual continuo insistindo em filmes brasileiros, e pra provar que não é implicância minha, conseguindo garimpar um desses a cada meia dúzia de filmes medíocres e pretensiosos.
O melhor filme nacional em anos recentes. Eu que achava que já tivesse passado dessa fase – de querer subverter e ser marginal – , pra minha surpresa me peguei querendo fazer parte daquele bando.
Demon
3.2 52O problema não é nem a falta de terror e de sustos como muita gente que viu achando que seria algo desse tipo, mas por ser um filme complicado (creio que alegórico) e pouco acessível, que não é pra qualquer um, sendo preciso entender a cultura e história envolvendo a Polônia e sua relação com o judaísmo.
Curiosidade mórbida, o diretor morreu logo depois de terminar o filme, durante um festival polonês em que estava concorrendo, tendo cometido suicídio por enforcamento no quarto de hotel. Me lembrou Cisne Negro. Será que ele quis dizer alguma coisa com a própria morte, podendo ela estar interligada ao filme?
Fúria Sanguinária
4.2 56 Assista AgoraEnredo original em que mistura filme gângster com suspense noir, com a femme fatale dividindo espaço com uma mãe castradora, tudo muito bem equilibrado.
Outro ponto interessante é ver como eram feitos os trabalhos de investigação e perseguição naquela época, quando não havia a tecnologia de hoje.
A atuação do James Cagney é tal que mesmo matando gente friamente o tempo todo, às vezes nos pegamos torcendo por seu personagem.
Para Minha Amada Morta
3.5 96 Assista AgoraAcho que o filme falhou em tentar criar uma atmosfera de suspense psicológico. As cenas e informações vão sendo simplesmente jogadas, não há a construção de uma narrativa ou clima. Os personagens/atores parecem que estão com dor de barriga o tempo todo ou morrendo nas calças.
Enfim, mais um da safra brasileira de filmes com título criativo que esconde um trabalho mal executado. Mas se levarmos em conta que o cinema nacional parece ter pouco de profissionalismo e mais de um esforço individual de pessoas que gostam e desejam fazer cinema, foi uma boa realização.
Wolverine: Imortal
3.2 2,2K Assista AgoraPéssimo. Sensação de que se apropriaram indevidamente do personagem. Filme que não tem nada a ver com X-Men, apenas pegaram o personagem pra fazer um filme do Van Damme. Só vale a pena pra metódicos com TOC como eu que precisam vê-lo antes de passar pro próximo "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido".
X-Men: Primeira Classe
3.9 3,4K Assista AgoraIncrível o trabalho do roteirista de conseguir encaixar a história de cada personagem e ainda interligá-las de forma que o filme termine bem redondo, sem pontas soltas ou grandes furos. Melhor filme até agora da série, juntamente com X-Men 2 (2003).
Tava postergando vê-lo desde que foi lançado, por achar que não me acostumaria com o Magneto e Xavier não sendo feitos pelo Ian McKellen e Patrick Stewart, mas terminamos achando que Fassbender e James McAvoy caíram como uma luva.
O Filho de Saul
3.7 254 Assista AgoraTeria sido um filme "perfeito" se não desse a impressão de que se perde, sem saber o que fazer da própria ideia e de como terminá-la, ao nos fazer crer que Saul está lutando pra conseguir dar um enterro "digno" a seu filho, à revelia de todo o restante e da sua própria vida, já que não conseguiu salvá-lo, assim como não consegue fazer nada por seus iguais e é obrigado trabalhar conjuntamente com os algozes para por fim a eles, pra depois nos mostrar que tudo não passava de uma espécie de esquizofrenia do personagem, uma forma como ele encontrou pra lidar com todo aquele horror.
Teria agradado mais se tivesse pego a primeira ideia e trabalhado de forma melhor, mas isso nos daria de certa forma um consolo, por termos uma "moral da história", enquanto o filme prefere nos frustrar dando um soco ainda mais forte no estômago com o niilismo do desfecho. Por isso digo que deu a "impressão" de se perder, porque na verdade a intenção era exatamente nos causar esse incomodo, até na forma como ele é filmado, como se não conseguíssemos sair de dentro da mente "doente" do Saul. Se bem que me pergunto se faria alguma diferença ser realmente o filho dele.
Quero Viver!
4.0 43Um dos filmes mais tensos e pesados que já vi – até para os padrões atuais –, principalmente a última parte, e lembremos que estamos aqui nos anos 50, em que esse tipo de enredo não é ainda bem aceito devido à censura, portanto acima de tudo um filme corajoso pra época. Atuação da Susan Hayward é impecável e merecidamente premiada com um Oscar, um verdadeiro tour de force, fico imaginando como deve ter sido pra ela retratar a personagem Barbara do ponto de vista de sua inocência, quando a própria Susan em entrevista havia declarado que acreditava que ela fosse culpada.
Sim, como o próprio prólogo do filme nos informa, é baseado em fatos reais, desde os acontecimentos até alguns diálogos são verídicos, como as últimas falas da personagem. Mas essa informação é tendenciosa e enganadora, porque não foi comprovada realmente a inocência dela, tudo levou a crer que ela era realmente culpada, o que fez com que muitos na época considerassem esse filme como uma propaganda contra a pena de morte. Só por essa controvérsia não dou nota máxima, pois apesar de ser incrível enquanto obra cinematográfica, não recebi bem essa tentativa de jogar com o espectador.