Existem filmes que marcam a infância. Por mais que essas produções soem de maneira tosca nos dias atuais, já que na época não tinham tantos recursos como hoje, elas resgatam a nostalgia que tanto nos encantou no passado. É o caso de “Mestres do universo”, a única adaptação cinematográfica, até então, sobre o emblemático personagem He-Man.
Ao ver o castelo de Greyskull dominado pelo Esqueleto (boa atuação de Frank Langella), He-Man (bem caracterizado por Dolph Lundgren) e seus fieis escudeiros Mentor e Teela tentam salvar o reino de Etérnia, porém acabam entrando por um ‘portal do tempo’ e caindo no planeta Terra. Para retornar ao seu mundo, He-Man deve procurar a chave cósmica que abre o tal portal, que também viajou pelo tempo, antes que Esqueleto se apodere dela e governe Etérnia com as ‘forças do mal’.
A fraca direção e o roteiro repleto de furos são pontos negativos na adaptação e foram eles os responsáveis pelo fracasso de crítica e bilheteria na época. Os equívocos começam pelo próprio He-Man que se mostra um simples guerreiro (e quase coadjuvante na trama), não há o alter-ego Adam assim como o tigre Pacato/Gato Guerreiro e o mago Gorpo que é substituído pelo anão inventor Gwildor.
Além das inúmeras situações piegas, a idéia de seres fantásticos de outras dimensões que ‘visitam’ o nosso planeta não cola hoje, mas funcionou bem para a garotada na época devido ao ‘choque cultural’ que trazia lições de moral. Talvez seja esse o grande trunfo do filme ao resgatar, não só o bom humor típico do desenho animado, mas a atmosfera que tanto deslumbrou a criançada.
Apesar do baixo orçamento (US$ 17 milhões), o longa tem bons figurinos, cenas de ação e efeitos visuais aceitáveis (ao estilo “Star Wars”), no entanto, a direção de arte ‘econômica’ deixa a desejar em relação ao estilo de produção fantástica que estava na moda nos anos 80. Contudo, as expectativas são boas para uma possível adaptação mais ambiciosa de He-Man. Que venha logo os novos ‘poderes de Greyskull’. http://cinetrixfilmes.blogspot.com.br/2012/04/mestres-do-universo.html
Se a sétima arte é uma escola, Quentin Tarantino é um dos professores mais adorados e copiados do cinema contemporâneo. Um de seus ilustres alunos é Robert Rodriguez, com quem já trabalhou como ‘orientador’ em “A balada do pistoleiro”, “Um drink no inferno”, em um trecho de “Sin City – A cidade do pecado” e no projeto Grindhouse, que originou “Planeta terror” e “À prova de morte”.
O ex-agente federal mexicano Machete (Danny Trejo – finalmente se torna protagonista) aceita uma proposta para assassinar um importante político americano. Entretanto, ele descobre que foi envolvido em uma conspiração política contra o povo mexicano e acaba sendo caçado pelo chefão do tráfico Torrez (Steven Seagal), um desafeto com quem também busca vingança.
Certamente, Rodriguez se inspirou em Tarantino para fazer algumas de suas obras e isso é notável em “Machete”. Para que o filme seja um bom entretenimento, é necessário que o espectador mais exigente saiba que a demasia é o fio condutor dos trabalhos do diretor e não se deve levar nada a sério.
O exagero, a ação e o humor negro, que se estendem aos diálogos e nos comportamentos dos personagens, ditam a irresistível atmosfera do longa. Tudo é uma reciclagem de clichês que são utilizados de forma ‘Tarantinamente’ atraentes e ‘Rodriguezmente’ estilosos e caricaturados, como reviravoltas, conspirações, sanguinolência, garotas sexys, protagonista excêntrico, vilões linha dura, trama sobre vingança e trilha sonora empolgante.
Além das referência deliciosas ao projeto Grindhouse e a “Freiras nuas com grandes armas”, “Machete” se destaca pelo excelente elenco, pelo tom ‘fodástico’ do roteiro (há planos conta-plongées aos montes) e pela extravagância trash do diretor. Rodriguez só não tem a genialidade roteirística de diálogos magistrais que Tarantino tem, mas ele é um dos melhores e mais ousados alunos de seu professor. http://cinetrixfilmes.blogspot.com.br/2012/04/machete.html
Três anos depois de seu lançamento nos Estados Unidos, a segunda parte do projeto Grindhouse, criado por Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, chegou ao Brasil em 2010. A primeira parte foi o divertido “Planeta terror”, de Rodriguez. A segunda é “À prova de morte”, longa assinado por Tarantino que brinca de cinema de uma maneira que lhe é peculiar.
O projeto tem como objetivo homenagear a 7ª arte dos anos 70 que era exibido em drive-ins norte-americanos. As produções eram de baixo custo, visualmente tosca, tinham estética seca e envelhecida (com riscos e manchas na projeção) e investiam em temas como sexo, drogas, monstros etc.
Dentro desse conceito, “À prova de morte” traz erros propositais em sua edição (saltos e cortes súbitos) e, para que a tosquice não comprometesse, o diretor utilizou o tom humorístico, a sensualidade e expôs cenas com potentes carros (Chevy Nova vs. Dodge Challenger). O longa reverencia esse cinema de forma esplendorosa e nada melhor que Quentin Tarantino para estar à frente dessa homenagem.
Além de imitar os defeitos de um filme antigo, seja com mínimos efeitos gráficos ou pelo ‘modo amador’ de se produzir, “À prova de morte” ainda traz uma trama curiosa sobre um dublê (bem interpretado por Kurt Russell) que é obcecado em matar garotas com seu carro. A produção ainda resgata os tradicionais elementos tarantinescos e, entre eles, sobressaem o bom roteiro com longos diálogos e o erotismo feminino.
a dança sexy de Vanessa Ferlito, a espetacular e chocante colisão entre dois carros filmado por diversos ângulos e a longa e eletrizante perseguição do clímax no melhor estilo “Operação França” e “Bullitt”
. “À prova de morte” é um prato cheio para os fãs diretor. É Tarantino na veia! http://cinetrixfilmes.blogspot.com.br/2012/04/a-prova-de-morte.html
Quando Quentin Tarantino surgiu com “Cães de Aluguel” em 1992, o cinema viu a oportunidade de se criar filmes policiais de um modo menos convencional. Três anos mais tarde, o diretor apareceu com “Pulp Fiction – Tempo de Violência” e Hollywood teve a prova de que esse novo subgênero era uma mina de ouro.
No final da década de 90, o ‘estilo Tarantino’ se tornou uma ‘marca registrada’ e, no rastro de “Pulp Fiction”, surgiram várias produções que levaram o seu ‘selo’. É o caso de “Quinta-feira violenta” que traz uma trama curiosa sobre um ex-traficante de drogas que acaba envolvido numa confusão feita por seu antigo comparsa.
Quase todos os elementos ‘tarantinescos’ estão no longa, mas são trabalhados de uma maneira mais light pelo diretor estreante Skip Woods. Submundo, drogas, corrupção policial, reviravoltas, humor negro, situações inusitadas, sanguinolência e roteiro organizado em capítulos estão presentes na película.
Sua estrutura narrativa, apesar de não ter tantos diálogos impagáveis, nos remete a “Pulp Fiction”, porém é bem menos complexa e mais trivial. As atuações do elenco são seguras e convincentes, em especial para a bela Paula Porizkova que esbanja sensualidade, principalmente, numa cena em que ela protagoniza uma espécie de ‘tortura sexual’.
“Quinta-feira violenta”, que foi destaque no Festival de Cinema de Toronto em 1998, é incomparável aos trabalhos de Tarantino, mas é bom ver que a escola do diretor que trouxe autenticidade ao gênero policial gerou bons frutos. http://cinetrixfilmes.blogspot.com.br/2012/04/quinta-feira-violenta.html
A ‘marmanjada dos anos 80’ vai se sentir nostálgica no início de “Os Smurfs” com toda a magia dos personagens criados pelo belga Peyo (em 1958), peculiar dos desenhos animados nessa década na TV. Entretanto, esse encanto clássico se perde após 10 minutos de projeção, o que pode ser um desastre sob os olhos dos fãs ou como pode ser um eficiente entretenimento para a criançada de hoje.
Quando Gargamel (bem interpretado por Hank Azaria) e seu gato Cruel encontram a vila encantada dos Smurfs, Desastrado, Papai Smurf, Smurfette, Gênio, Ranzinza e Corajoso fogem do vilão por um portal que os leva para o desconhecido mundo dos seres humanos. O problema é que Gargamel também passa pelo portal e persegue o sexteto azul em plena Nova York.
O fraco roteiro, que aposta na tradicional trama sobre perseguição ‘gato-e-rato’ e resgate, desvirtua parte da originalidade dos desenhos ao contextualizar situações. Isso pode não causar impacto na criançada, mas causa estranheza aos fãs, como a metalinguagem que soa forçada em seu segundo ato,
a reinvenção da jornada dos personagens fora da floresta e a modificação do objetivo de Gargamel de capturar os Smurfs para adquirir mais poderes mágicos ao invés de comê-los
.
As trapalhadas desses seres no nosso mundo possibilitam a criação de furos monstruosos no roteiro.
Os principais deles são o de Gargamel saber se virar sozinho sem ser perturbado agindo como se o ‘novo mundo’ já lhe fosse peculiar e de ninguém achar estranhas as criaturas azuis a ponto de chamar a atenção das autoridades
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“Os Smurfs”, embora tenha cara de continuação, conquista os ‘pequenos’ com humor rasteiro infantil, com lições de teor familiar e amizade, e, claro, com a imagem dos azulzinhos virtuais que são adoráveis, fofinhos e bem feitos. Portanto, não espere piadas e situações para os adultos, a não ser pelo gato Cruel que rouba a cena em diversos momentos. http://cinetrixfilmes.blogspot.com.br/2012/04/os-smurfs.html
Nem tudo que reluz é ouro, mas só porque não brilha não quer dizer que o produto deixa de ser precioso. Diria que “Rango” é uma bijuteria cara, pois tem corpo, boa aparência, tem lá seu charme e se figura bem entre as jóias, mas, o problema, é que ele continua sendo bijuteria.
“Rango”, a princípio, é uma animação/faroeste que se destaca por seu visual espetacular (com perfeição de detalhes, cores e texturas), pela premissa pouco convencional e por seus momentos autênticos. Entretanto, ao longo da projeção, o filme de atmosfera clássica de velho oeste,
que investe em fábula antropomorfizada (animais que vivem civilizadamente como humanos), se transforma em uma colcha de retalhos de clichês dramático-existenciais, cômicos e aventurescos
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A estória gira em torno de um camaleão de estimação que sofre um acidente e vai parar em um deserto dos EUA. Caminhando sob o sol quente, ele encontra uma pequena cidade e é confundido por um famoso pistoleiro, Rango. Após um ato heróico sem querer, o réptil se torna xerife do local e vê os moradores passarem por uma conspiração política que some com a água que abastece o vilarejo.
A narrativa de “Rango” oscila situações de pura excentricidade para os adultos com trama previsível e batida para tentar passar lições de moral para a criançada.
Falando nisso, o longa não é muito atrativo ao público infantil justamente por ser extravagante e visualmente realístico e, porque não, assustador ao mostrar os personagens (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) de uma forma pouco caricaturada
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Apesar do roteiro ‘montanha russa’, o filme, no geral, não faz feio e promove bons momentos de metáforas, metalinguagem e faz citações aos montes, que vai desde assuntos ligados ao meio ambiente às referências cinematográficas. Aproveitando o sucesso de “Piratas do Caribe” e de Johnny Deep, o diretor Gore Verbinski trabalhou a voz e os trejeitos de Jack Sparrow no camaleão, o que o tornou uma figura irreverente e carismática. É divertido e vale a pena dar uma conferida!
Filmes com temas batidos e narrativas triviais são um dos principais ingredientes de produções consideradas ‘lixos’. “A origem”, apesar de não ser um ‘dejeto cinematográfico’, apresenta assuntos bem explorados pelo cinema (manipulações de sonhos e realidades paralelas), mas que foram trabalhados de forma inteligentemente interessante por Christopher Nolan.
O longa pode ser complicado como “Brilho eterno de uma mente sem lembrança”, bizarro como “A cela” ou pirotécnico como “Matrix”. Em “A origem” não é diferente e alia tudo isso em uma trama de espionagem bastante movimentada, engenhosa e complexa.
O diretor Christopher Nolan trabalhou o bom roteiro com cuidado para evitar que nada saia dos trilhos. O resultado foi um filme autêntico, tecnicamente espetacular e genial pela maneira eficiente com que os clichês e os temas foram ‘reciclados’.
Como o enredo contém detalhes que podem dificultar a montagem do quebra-cabeça, é necessária muita atenção do espectador, já que, em certo momento no filme, como no longo clímax, tudo parece estar numa incongruência, mas não está. Não precisa interpretar nada para entender a história, apenas juntar as peças.
O incansável ritmo, a tensa trilha sonora 'à lá vuvuzela', as câmeras lentas que retratam o tempo da ação, os ótimos efeitos visuais, a primorosa edição e as locações e cenários que subestimam a realidade fazem de “A origem” um dos melhores filmes do ano. Quaisquer semelhanças com “Matrix” ou “A cela” são puras coincidências.
Como digo algumas vezes, de vez em quando vale mais a pena assistir longas de animação ao invés de filmes convencionais. Essa regra se estende a “Megamente”, uma deliciosa sátira da história de “Superman” sob a ótica de um vilão inteligente e malvadamente divertido.
Quando dois planetas próximos são destruídos, Megamente e Metro Man, ainda bebês, são enviados ao espaço por seus pais e suas cápsulas caem na Terra. Enquanto Metro Man, que tem superpoderes, é criado por uma família rica e de boa índole, Megamente, desprovido desses poderes de ‘Superman’, mas com uma inteligência de cientista fora do comum, é criado em uma prisão onde aprende a ser mau e deseja dominar Metro City.
“Eu sou um vilão sem heroi”. Esta frase proferida por Megamente é o fio que conduz toda a narrativa do longa. O ótimo roteiro, repleto de bons diálogos e humor negro de primeira, surpreende pelo tom anti-heróico (desconstruções peculiares da DreamWorks, produtora do filme) e pela interessante ótica do vilão sobre a história que, em certo momento, consegue, inesperadamente, derrotar seu arqui-inimigo.
Como todo mau, Megamente domina Metro City, destrói a cidade e rouba bancos, mas bate a ‘depressão’ por não combater um heroi. É aí que ele decide criar um 'Superman' por meio do DNA de Metro Man, o que origina as excelentes mensagens que o longa transmite, como “o que seria do vilão sem o herói” ou vice-versa.
A desenvoltura do protagonista que lembra Jim Carrey, o ótimo equilíbrio na sagacidade das piadas, personagens secundários divertidos, as inúmeras referências cinematográficas (incluindo uma imitação de Marlon Brando), as vibrantes cenas de ação e a trilha sonora empolgante que traz sons clássicos do rock, como ACDC, Guns N' Roses e Michael Jackson, fazem de “Megamente” uma das melhores animações já produzidas.
Foi-se a época em que quase todas as animações lançadas eram boas. Os filmes tinham um roteiro bem trabalhado com ótimos dramas, boas piadas e situações impagáveis. Com o avanço da tecnologia e a proliferação de estúdios, o gênero teve um avanço gráfico e um desgaste de conteúdo, fato comprovado em “Meu malvado favorito”.
A história mostra a disputa entre dois vilões, Gru e Vetor, que se apoderam dos principais ‘cartões postais’ do planeta e sonham em ser o ‘inimigo público número 1 do mundo’. A briga se concentra em roubar a lua, o que gera um conflito entre os dois sobre quem será o primeiro a conseguir tal proeza.
O problema do filme é o fraco roteiro que tropeça em seus gigantescos furos
, na premissa frágil e no sentimentalismo entre o protagonista e as crianças que adota para fazer parte de seu plano maligno. Essa relação soa piegas e não convence justamente pela interação artificial da personalidade fria e maliciosa de Gru com a graciosidade e inocência das garotas.
Outro ponto negativo do filme são os elementos cômicos pouco inteligentes que, as vezes, parecem forçar a narrativa a inserir piadas de humor negro em uma atmosfera infantil. Umas anedotas funcionam, mas outras não e isso ajuda a deixar a animação menos atrativa.
Tecnicamente, o gráfico é impecável, faz bom uso das cores e insere boas cenas de ação, porém tem um visual convencional e pouco criativo. As criaturas amarelas Minions são praticamente inúteis para a trama e incompreesíveis dentro do universo do filme, mas entretém a criançada por serem infantilmente tolas. “Meu malvado favorito” não diverte o esperado para os adultos, mas deve agradar a gurizada.
Depois de uma avalanche de filmes sobre super-heróis nos últimos anos, o assunto já ficou saturado no cinema, principalmente aquelas produções baseadas em histórias em quadrinhos. Poucos longas conseguiram uma abordagem diferente sobre esses folclóricos personagens e "Kick-Ass – Quebrando tudo" é mais uma exceção dentro desse convencionalismo temático.
Tudo começa de forma satírica quando um nerd fã de quadrinhos resolve criar um herói de nome Kick-Ass. A brincadeira vai ficando reconhecida e ele resolve fazer disso um espetáculo midiático. Quando a idéia ultrapassa a linha da fantasia, o protagonista percebe que seu sonho se tornou uma dura realidade.
"Kick-Ass – Quebrando tudo" é, de fato, uma bela homenagem aos heróis. Além de entrar no universo clichê, mas peculiar, desses personagens (habilidades especiais, violência gráfica, bom humor e ‘bem versus mal’), o longa traz uma narrativa curiosa que aborda o contraste entre o existencialismo e as consequências de ser um ‘semideus’.
A produção, inspirada na graphic novel de John Romita Jr. e Mark Millar, é muito bem dirigida pelo britânico e estreante Matthew Vaughn. Além de sacadas bacanas de metalinguagem e na criatividade na condução de câmeras, Vaughn traz um roteiro inteligente que imprime um ritmo empolgante equilibrando drama, ação (com cenas inventivas e de qualidade) e comédia na medida certa.
Contar mais detalhes sobre os heróis em "Kick-Ass" seria uma imoralidade. A fantástica trama sobre os verdadeiros ‘alter egos’ funciona tão bem como as histórias de famosos 'justiceiros' contra o crime. E dá-lhe Hit-Girl!
O sucesso bilionário de Harry Potter nos cinemas deve ter causado certa inveja nos estúdios Disney. Querendo faturar no rastro do bruxinho camarada da escritora britânica J. K. Rowling, o maior produtor de filmes infantis investiu em “O Aprendiz de Feiticeiro”, longa que tenta ter alguma magia, mas acaba sendo ‘fracasso de feitiçaria’.
Após uma briga entre ‘bruxos’ no passado, Balthazar Blake (Nicolas Cage) tem a missão de procurar um aprendiz que será o único que poderá derrotar seu arquinimigo, Maxim Horvarth (Alfred Molina). Quando Balthazar vê potencial no rapaz Dave Stutler (Jay Baruchel), ele ministra um rápido curso da ciência da magia de forma a torná-lo seu aliado na luta contra as forças de Horvarth.
Nem o rótulo repleto de bons nomes (Nicolas Cage, Alfred Molina e Monica Belucci numa produção de Jerry Bruckheimer) ajudou o filme a se dar bem nas bilheterias. Com orçamento de US$ 150 milhões, “O Aprendiz de Feiticeiro” arrecadou pouco mais de US$ 63 milhões nos Estados Unidos e se pagou graças ao faturamento ao redor do mundo, que foi cerca de US$ 152 milhões.
Tudo o que acontece aqui, cuja essência e premissa lembram muito Harry Potter, são uma mistura de 'clichês Disney' de filmes para adolescentes com trama ‘bem x mal’ contextualizada para os dias de hoje. A idéia não é ruim, pelo contrário, é divertida, mas faltou um roteiro melhor (e mais explicativo sobre algumas situações, ações e atitudes dos personagens) para que a aventura seja mais digerível e convincente.
Ainda que tenha um imperdoável ritmo acelerado em sua narrativa, um fraco desenvolvimento dos protagonistas caricatos e inúmeros furos, “O Aprendiz de Feiticeiro” se sobressai em sua parte técnica, como a direção de arte, efeitos visuais de qualidade e com algumas boas cenas, como aquela no bairro chinês e a deliciosa referência à dança das vassouras de Mickey Mouse. No geral, o longa não passa de uma daquelas produções despretenciosas caça níquel da Disney que carecem de inspiração.
Como fazer um filme com tema extremamente explorado pelo cinema (futuro apocalíptico) ser inteligente e pouco convencional? “O livro de Eli” responde esta pergunta ao se destacar pela trama eficiente que traz um protagonista carismático e uma interessante história de contexto místico.
O livro do título se refere ao último exemplar da Bíblia, objeto que foi o responsável por uma ‘guerra santa’ que destruiu, superficialmente, a Terra. A ‘obra sagrada’ é a principal causa que move o curioso personagem com ‘habilidades especiais’, muito bem interpretado por Denzel Washington, a levar para algum lugar em direção ao pôr-do-sol e protegê-la da cobiça de um déspota.
A jornada misteriosa de Eli, o desejo dos ‘alfabetizados’ e o clímax surpreendente tornam o filme bastante atraente. Sem discutir conceitos de crença ou doutrina religiosa, a narrativa trata a Bíblia como uma poderosa e esperançosa ferramenta de manipulação e de implantação de uma ordem ‘ética’ em um mundo de analfabetos, o que nos faz refletir sobre as entrelinhas de seu conteúdo.
Tecnicamente, o longa tem um visual espetacular. A fotografia é seca quase monocromática, a destruição criada pela direção de arte nos remete a “Mad Max” e as ótimas cenas de ação ao estilo ‘gato-e-rato’ apresentam edições e planos-sequência interessantes dirigidos por Allen e Albert Hughes (“Do Inferno”).
“O livro de Eli” é mais um filme que recicla idéias convencionais para proporcionar entretenimento de qualidade. Não seria exagero se dissesse que essa produção seja uma das melhores do gênero ‘apocalíptico’.
Uma das primeiras perguntas que surgem depois de uma continuação é se a sequência supera o antecessor. "Meu malvado favorito 2" é levemente melhor que o original, mas, surpreendentemente, o que foi uma incoerência na estrutura do primeiro é o que faz valer o ingresso nesta segunda parte: os Minions.
Se em "Meu malvado favorito" os holofotes estavam apontados para a personalidade ácida de Gru, as luzes aqui estão nos irresistíveis Minions, criaturas fofinhas que entraram na trama inicial e distorceram parte da 'coerência narrativa' (o argumento da existência desses seres não foi convincente). Nesta continuação, eles roubam a cena e são responsáveis pelos melhores e mais engraçados momentos do filme.
Desta vez, Gru volta a ação, não como vilão, mas como um contratado do governo incumbido de desvendar o sumiço de uma estação de pesquisa inteira. Em meio ao mistério, Gru terá de lidar com o amadurecimento de suas filhas adotivas e, ainda, ser parceiro de uma agente com quem se apaixona. Se a humanização do 'malvado favorito' no primeiro emocionou, aqui o objetivo é mostrar, de maneira divertida, que o personagem também tem coração mole para encarar um relacionamento.
O roteiro foge completamente da composição original e se rende a trivialidade temática, como o pai solteiro, a constante atmosfera politicamente correta, cupidos e investigação. Não que isso seja desinteressante, mas com a evolução da estória o charme do antecessor, de Gru ser um vilão, se perde assim como o tipo de humor que está menos 'negro' e mais pastelão. Além disso, o enredo enfatiza demais na questão afável de Gru e isso afeta no desenvolvimento da trama misteriosa que se mostra rasa e repleta de furos.
Tendo em vista os deslizes, fica claro um dos objetivos dos Minions, a de preencher tais lacunas com muita irreverência (tem até sátira de "Guerra Mundial Z"). Sem falar do bom uso do efeito 3D que faz o entretenimento valer a pena!
Muita expectativa se criou em relação a nova versão cinematográfica de Superman, um dos heróis mais curtidos no universo dos quadrinhos que não tem, ainda, o brilho que merece nos cinemas. O novo “O homem de aço”, dirigido por Zack Snyder (“300” e “Wachtmen”) e produzido por Christopher Nolan (trilogia do novo “Batman” e “A origem”), tem produção grandiosa e possui conteúdo mais coerente em relação aos longas anteriores,
mas carece de impacto que é peculiar do carismático personagem
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“O homem de aço” é quase uma recriação de Superman. Os realizadores optaram em contextualizar algumas características do herói, reorganizaram detalhes narrativos da cinessérie e foram cautelosos no processo de adaptação para a sétima arte. Isso fez com que a estória do famoso protagonista se tornasse um produto com argumentos mais convincentes e de premissa ‘marco zero’ mais aceitável. A trama mais didática, norteada com flashbacks pontuais do passado de Clark Kent, e o roteiro sem tantos furos também favoreceram para que o longa tivesse uma estrutura mais sólida que os anteriores.
A interseção entre os filmes, claro, é o conceito de ‘salvador’, que aqui é ainda mais acentuado. Se “O homem de aço” ganha em técnica e em coerência narrativa, os antigos se mostravam mais emblemáticos e emocionalmente mais fortes, principalmente com a sintonia da contagiante trilha sonora original de John Williams, que foi cortada desta refilmagem.
Aqui, a música é assinada por Hanz Zimmer e soa de forma pretensiosa, mas é tímida e não decola como deveria
.
A música em Superman, diga-se de passagem, é tão importante que, nos antecessores, ela ditava a emoção e o arrepio em cenas de ação. Isso foi um dos acertos da ‘produção-homenagem’ de Brian Singer, no último “Superman - O retorno”, que conseguiu trazer a nostalgia do herói e apresentar imponentes sequências de salvamento mesmo tendo um conteúdo irregular.
“O homem de aço” também possui esses momentos de ‘ajuda social’, que também tem lá sua grandiosidade, mas o herói age de forma descaracterizada o que faz de algumas situações não serem tão simbólicas ou impactantes
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O ator Henry Cavill foi bem como Kal-El\Clark Kent, mas a capa vermelha ainda pertence ao insuperável Christopher Reeves, o melhor Superman da saga. O elenco de estrelas, principalmente Russell Crowe (Jor-El) e Kevin Costner (Jonathan Kent), também está em plena forma. O destaque nas interpretações é Michael Shannon, que faz o vilão General Zod e o interpreta com maestria.
No geral, “O homem de aço” é o melhor dos Supermans, não por ter efeitos visuais espetaculares e longas cenas de ação, mas por ser narrativamente mais assertivo e intenso em relação às outras adaptações.
A criatividade tem rondado o subgênero 'mortos-vivos'. Filmes com focos diferenciados sobre o caos global têm dado novo fôlego aos 'andantes esfomeados'. "Meu namorado é um zumbi" talvez seja o que mais distorce o 'conceito zumbi' disseminado pelas produções de terror e surpreende ao inverter valores que retratam o tal apocalipse.
A trama fala de R (Nicholas Hoult), um zumbi que mantém sua rotina diária de procurar pessoas vivas para se alimentar. Quando devora o cérebro do namorado da humana Julie (Teresa Palmer), R absorve suas lembranças e acaba se apaixonando pela moça. Ela, por sua vez, acredita nos sentimentos de R e, juntos, buscam o que seria impossível: uma cura para a epidemia que devastou a humanidade.
A premissa, inicialmente, é difícil de engolir, mas se dermos uma chance à sua proposta descobrimos que o filme é palatável e recheado de reflexões simples e originais. O roteiro mantém algumas características do 'zumbi' (a fome, a agressividade e os trejeitos típicos estão presentes), foge de alguns detalhes (há uma humanização dos monstrengos) e aposta em uma atmosfera esperançosa no intuito de apresentar soluções ao eminente caos.
A produção é uma sátira sobre os 'mortos-vivos' com pitadas de terror e com humor rasteiro eficiente que foge do besteirol. À medida que o roteiro aprofunda no relacionamento entre os protagonistas, o longa ganha contornos dramáticos e românticos (nada piegas) excentricamente interessantes. A partir daí, uma série de acontecimentos traçam a moral da estória que culmina em um clímax reflexivo, ainda que politicamente correto. Tudo isso é acompanhado por uma trilha sonora contagiante e ditado por um ritmo agradável.
Enfim, os atores estão 'ok', a direção Jonathan Levine é segura e o filme não tem pretensões ambiciosas, ainda que não decepcione no visual apocalíptico e no suspense. A magia de "Meu namorado é um zumbi" só funcionará se o espectador estiver disposto a assisti-lo com 'outros olhos' evitando comparações puristas. Caso contrário, o longa pode não ser digerível.
Se você acredita que o tema 'mortos-vivos' tenha perdido forças se enganou. "Guerra Mundial Z" é a prova que o terror zumbi ainda tem o que mostrar, não só por bons roteiros, mas pelas diferentes percepções sobre o caos global e, sobretudo, pelo ataque pouco convencional dos 'andantes esfomeados'.
Quando acontece a invasão de zumbis na Filadélfia, o ex-investigador das nações unidas Gerry Lane (Brad Pitt) e sua família são resgatados por oficiais de seu antigo trabalho. Ele é convocado a voltar a ativa para descobrir o marco zero da epidemia que transforma seres humanos em mortos-vivos. Ao mesmo tempo que Gerry busca o motivo da contaminação global, ele também procura se manter vivo em meio aos ataques de violentos zumbis para manter sua família segura do caos.
"Guerra Mundial Z" é o mais caro filme do subgênero (custou cerca de US$ 150 milhões), mas também é o melhor deles. O diretor Marc Forster não economizou sustos e muito menos ação ao realizar um suspense ímpar com enredo mais coeso que outros semelhantes e com cenas espetaculares. É bom ver um trabalho que inspira criatividade no meio de tantas produções medianas com mesmo tema.
O clichê, aqui, é inevitável, mas bem explorado em situações pouco comuns. É aí que se destaca a criatividade que está presente nas grandiosidades das cenas (sequências em Israel e dentro de um avião são incríveis), no suspense causado pela periculosidade dos vilões, nos impressionantes efeitos visuais e na utilização inteligente do 3D que pipoca zumbis para fora da tela. Isso valoriza o ritmo ágil (é de perder o fôlego) e acerta na profundidade da tridimensionalidade, elevando os momentos de tensão e conseguindo o que poucas produções promoveram com a tecnologia: interação contagiante entre a atmosfera do filme e o espectador.
Se os andantes de George Romero metaforizavam o consumismo, os mortos-vivos de Marc Forster, como disse o diretor numa entrevista, simboliza a superpopulação mundial. Com o crescimento populacional ininterrupto, a busca por mantimentos ou serviços para a sobrevivência se torna cada vez mais intensa. Aí está o argumento para ferocidade dos zumbis que são mais violentos e velozes do que aqueles mostrados em "Extermínio", mais perigosos que os monstros de "Eu sou a Lenda" e mais assustadores que os de "Madrugada dos Mortos". Os monstrengos são uma devastadora força da natureza, o que faz jus ao ditado:"se correr o bicho pega, se ficar o bicho come"!
Outro ponto que agrada é o roteiro que traz conexões coerentes e soluções aceitáveis em relação a premissa proposta. O livro de Brooks apenas inspira a atmosfera da estória que teve diversas adequações para que a mesma fique melhor adaptável para o cinema. As modificações foram satisfatórias, mesmo tendo um drama familiar convencional na trama para criar laços emocionais no longa.
E Brad Pitt? O caos e o suspense são tão imponentes que o carismático ator teve apenas uma atuação 'ok' e está mais para garoto propaganda da produção. Como ele mesmo disse, aceitou produzir e protagonizar "Guerra Mundial Z" para agradar os filhos. Ele agradou não só seus herdeiros, mas todos os fãs de zumbis com o melhor filme do subgênero. http://cinetrixfilmes.blogspot.com.br/2013/07/guerra-mundial-z.html
Quem gostou do primeiro é provável que goste, também, desta continuação, principalmente aqueles que não se importam com piada repetida. “Se beber, não case! Parte 2” segue a cartilha do original e é entretenimento garantido para quem curte reviravoltas hilárias e humor situacional.
Desta vez, sai Las Vegas e entra Bangcoc. Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Alan (Zach Galifianakis) viajam para a Tailândia para o segundo casamento de Stu. Antes do casório, os amigos decidem, mais uma vez, ‘bebemorar’ os últimos momentos de solteiro do noivo, porém a diversão não saiu como planejada. No dia seguinte, a trupe acordou bêbada em um lugar desconhecido na capital tailandesa e protagonizam confusões para voltar a tempo para a cerimônia de casamento.
O roteiro mantém a acidez do humor negro e aumenta o ‘fator inusitado’ das gags cômicas. Apesar do ‘mais do mesmo’, a cartilha repete muitas situações e personagens, porém ensaiadas de maneira diferente, como a mudança do ambiente norte-americano pelo tailandês, o bebê do primeiro é trocado por um velho monge budista e o tigre do longa anterior é substituído por um macaquinho.
Embora tenha um momento ou outro de o roteiro querer forçar algum riso, o ritmo e a ‘atmosfera de confusão’ do filme nunca se perdem. Além da edição e direção (novamente a cargo de Todd Phillips) no mesmo passo do original, a produção mantêm a curiosidade dos espectadores para com as reviravoltas e cumpre o que promete: diversão.
Se você costuma rir de uma boa piada que é recontada com detalhes diferentes, com certeza, vai gostar do longa. Ainda há o álbum de fotos nos créditos finais, que respondem a algumas perguntas soltas, que é impagável!
A saga “Duro de Matar” não para! Pode ser qualquer argumento que tenha alguma sugestão para ação que o incansável John McClane está pronto para fazer estrago. Assim como a frenesi do protagonista, esta quinta parte da série é tão agitada que quase se tornou um filme ruim.
MacLaine volta a incomodar vilões após saber da prisão de seu filo na Rússia. Quando ele vai àquele país para ver o julgamento do rapaz, uma organização criminosa explode o tribunal atrás de outro réu que também seria julgado naquele dia. O que McClane não esperava é que seu pimpolho é um membro da CIA e está em uma missão de fuga que envolve o tal réu.
‘Para proteger o filho, McClane se junta a ele e volta à ação’, este é o argumento que justifica o surgimento de mais um “Duro de Matar”. Se a produção não tivesse ligação com a série, a premissa não seria tão chula. O filme poderia muito bem ser independente da saga, tipo “pare, senão papai atira”, mas o elo com o clássico personagem fez o roteiro deixar a desejar ao apresentar uma trama rasa e com situações pouco desenvolvidas.
O que faz o longa não ser uma bomba são as boas cenas de ação. Parte deste mérito é do diretor John Moore que tem se mostrado eficiente ao comandar tais sequências. O bom humor, o visual estilizado, câmeras lentas e destruição realista sustentam o ritmo incansável, mantêm a atenção do espectador e, inclusive, amenizam os exageros, os inúmeros furos e os erros de continuísmo. As gafes não incomodam tanto, pelo contrário, divertem!
Assim como os outros longas, não se deve levar nada a sério, principalmente a estória que até tem uma atmosfera de ação interessante, mas uma caricata relação paterna repleta de clichês.
“O Planeta dos Macacos” (1968) é um dos marcos da ficção científica justamente por ser ousadamente apocalíptico com inversões de valores e metáforas sociais curiosas. Seu sucesso rendeu cinco continuações inexpressivas. O sexto longa da franquia, “Planeta dos Macacos: a origem”, que é uma espécie de refilmagem de “A Conquista do Planeta dos Macacos” (1972), resgata outra vez a teoria da evolução primata e mostra de maneira interessante os primórdios da dominação símia sobre o homem.
O bom roteiro investe na linha narrativa ‘como tudo começou’, expõe uma premissa convincente e acerta na inserção de gêneros. A ficção é tratada como detalhe premonitório e científico (busca para cura do alzheimer), os dramas são construídos a partir do elo entre os personagens (macaco-homem-doença), há o suspense sobre ‘experiência com resultados inesperados’ e, por fim, a ação na dominação primata.
O elemento que poderá incomodar quem for levar a história a sério é sobre a interação da inteligência dos macacos que ficou rápida e pouco persuasiva, ao contrário da relação afetiva e de adestramento do protagonista símio César com seu dono que ficou bem trabalhada. A tragédia química é vista com bons olhos sobre a lógica da trama, o que propicia o desenvolvimento mental dos primatas e uma epidemia viral que extermina o homem o que, consequentemente, facilita o ‘imperialismo símio’ na Terra.
Se a estrutura narrativa surpreende pela coerência, “Planeta dos Macacos: a origem”, infelizmente, carece de uma direção mais carismática. O diretor Rupert Wyatt foi burocrático ao extremo e demonstrou pouca criatividade e quase nada de emoção. Por outro lado, Wyatt soube trabalhar, sem extravagâncias, com os bons efeitos visuais (os macacos estão reais) e, sobretudo, equilibrou bem as ações e ritmos do filme.
Ainda que não tenha tantas metáforas sociais como no clássico, “Planeta dos macacos: a origem” entretém com eficiência, mas fica a sensação de faltar algo mais empolgante ou algo que faça do filme ser tão espetacular como sua premissa. E podem aguardar continuações, pois o ‘final sem fim’ sugere uma guerra para mostrar cada ‘homem em seu galho’.
“Kung Pow” é uma das comédias mais idiotas já produzidas, mas, mesmo assim, consegue ser divertida. É idiota porque sua linha cômica tende ao besteirol e isso pode não agradar devido à oscilação de momentos realmente imbecis e outros inteligentemente engraçados.
O responsável por esse trabalho é Steve Oedekerk, de “Ace Ventura 2: Um Maluco na África”, que dirige, produz, protagoniza e roteiriza Kung Pow. Oedekerk vive The Chosen One ou ‘O Escolhido’, um rapaz que quer vingar a morte de seus pais assassinados pelo mestre de kung fu, Master Pain.
O interessante desta comédia é sua proposta, que é diferente e criativa. Todo o filme é uma sátira de “Savage Killers”, uma produção de Hong Kong de 1976. O legal é que “Kung Pow” é uma refilmagem cômica que reutiliza as imagens do longa chinês para parodiá-lo. Para isso, Oedekerk trabalha com efeitos visuais para fazer inserções na película original criando novas situações e personagens, algo parecido com a artimanha usada em “Forrest Gump”.
Oedekerk satiriza um punhado de outras produções e ícones do cinema (“Matrix”, “Rei Leão”, Bruce Lee...) e brinca com o humor ora negro ora pastelão. Há também novas dublagens com erros propositais (as falas e o movimento das bocas são desencontradas), diálogos hilários e até uma edição engraçada, já que em alguns momentos, a mesma cena é utilizada várias vezes com falas diferentes para dar continuidade à ação.
A história em si é ruim e sua segunda metade é cansativa e fantasiosamente exagerada, assim como a narrativa original de “Savage Killers”. Entretanto, o que importa mesmo é a comédia com suas gags divertidas e suas impagáveis lutas, como na antológica cena que ‘O Escolhido’ duela com uma vaca.
“Incontrolável” é a prova de que premissas simples e roteiros ‘feijão com arroz’ ainda promovem entretenimentos eficientes. O filme tem de tudo para ser ruim, mas o diretor Tony Scott conseguiu trabalhar o trivial de maneira inteligente e tensamente atraente.
A primeira coisa que me veio à cabeça de uma produção sobre trem desgovernado carregado de produtos tóxicos é que haveria alguma ameaça terrorista. Felizmente, estava errado e o descontrole do tal trem sem maquinista, argumento inspirado em caso real de 2001, foi por um simples erro humano, o que mobilizou dois funcionários de uma ferrovia a entrar numa missão de resgate para frear o veículo.
Nada melhor que a velocidade para inspirar trabalhos de Tony Scott ("Chamas da Vingança" e "Déjà Vu"). Se não houver muito movimento, ele cria a ação imprimindo ritmos frenéticos, edições ‘videoclipeiras’ e câmeras com ‘mal de Parkinson’. Em “Incontrolável”, Scott está um pouco menos agitado e tudo está encaixadinho e com todos os elementos em equilíbrio.
A ‘arte do diferencial’ não são as iguarias do produto, mas como elas são executadas para que o resultado final fique interessante. E é isso que acontece no longa, que trabalha a trama previsível, o suspense de ‘velocidade máxima’, o clímax de extremo perigo e os clichês do herói (ditam o teor dramático ao expor protagonistas com problemas familiares) sem muitos exageros.
Talvez por causa disso, aliado a uma câmera nervosa, sem tremulações e constantemente com pequenos travellings circulares sobre os personagens, Scott realiza um filme ‘quase catástrofe’ de uma tensão ímpar e arrepiante. Destaques para as atuações de Chris Evans e do sempre ótimo Denzel Washington, sua quinta parceria com o diretor.
Geralmente, refilmagens ou continuações de produções que marcaram épocas tendem ao fracasso. Entretanto, não é o que acontece com o novo “Karate Kid”, que, surpreendentemente, não decepciona. Apesar de ter copiado a maioria das situações da produção original de 1984, o longa consegue manter a atmosfera da trama vivida por Daniel Larusso e contextualiza de maneira interessante a história que conhecemos.
"Karate Kid” mantêm a fidelidade situacional do original: mãe e filho se mudam para um novo lugar, o protagonista apanha de um grupo de lutadores, o treinamento não convencional com um mestre de artes marciais, a busca por vingança e respeito, a conquista do coração da mocinha, o enfrentamento de antagonistas antiéticos e a participação de um torneio de lutas.
A trama, apesar de previsível, reutiliza os clichês do gênero de forma atraente e com bom humor. A idéia da contextualização da narrativa, que insere inúmeras referencia à série (há uma sátira da cena da mosca no ‘pauzinho’), é bem vinda e não incomoda: protagonista negro, ‘vilões’ orientais, trilha sonora pop, ambientação na China (longe do EUA) e a mudança da arte marcial (karate pelo modístico kung-fu).
Nesta versão, saem Ralph Macchio (Daniel-san) e Pat Morita (Sr. Miyagi) e entram o filho de Will Smith, Jaden Smith (Dre Parker), e Jackie Chan (Sr. Han). A nova dupla de protagonista, embora não tenham o carisma de seus ‘antecessores’, exercem seus papéis com eficiência, com destaque para Chan que está em uma performance mais séria. Jaden também está simpático e lembra bastante a desenvoltura cômica do pai.
O roteiro ainda traz as tradicionais lições de moral (disciplina e atitude) e retrata de forma convincente os medos, dificuldades e lutas do protagonista, ainda que o ‘último golpe’ soe artificial. No final das contas, “Karate Kid” emociona a gurizada e diverte, mas perde a faixa preta para a produção de 1984.
Sempre que é anunciado um filme do diretor M. Night Shyamalan surge uma expectativa em relação ao seu trabalho. Mesmo que os últimos longas do cineasta tenham sido abaixo da média, ainda penso: 'poxa, ele é o cara que fez "O sexto sentido" e "Corpo fechado", ainda tenho esperanças de que sua carreira volte a seguir em bons trilhos'. "Depois da Terra" pode não ser a redenção do cineasta, mas dá novo fôlego à sua carreira. O trabalho está longe de ser ruim, porém distante da excelência das obras que o consagrou.
Baseado em estória de Will Smith, "Depois da Terra" mostra uma espaçonave militar, tripulada pelo general Cypher Raige (Will Smith) e seu filho Kitai (Jaden Smith), que é atingida por uma chuva de meteoritos. O único local de pouso é o nosso planeta que, após um evento apocalíptico há mil anos, tem evoluído para exterminar seres humanos. Depois da queda, pai e filho (literalmente) iniciam uma jornada pela sobrevivência em uma Terra hostil repleta de perigo.
A direção é burocrática, sem muita criatividade e isso se estende a alguns detalhes técnicos, como o visual futurista discreto e o design de produção que beira a barreira entre o arcaico e o moderno. Quando se trata de efeitos gráficos, o filme se mostra eficiente, principalmente nas engenhocas tecnológicas e no curioso ambiente vegetativo terráqueo.
Shyamalan não roteirizou o longa sozinho e por estar atrelado a Will Smith, que é co-roteirista, pode ter ficado tímido para criar situações que lhe são peculiares. Talvez, por isso, aliado a falta de criatividade em algumas sequências, temos a sensação de ausência de grandes cenas. Claro, há momentos interessantes, um ritmo que agrada e um bom suspense,
no entanto, com todo o potencial demonstrado ainda sentimos carência de algo espetacular que não acontece.
A estória de Will Smith, que aparece como coadjuvante, por mais que tenha alguns furos e 'pegada militar' convencional na relação entre pai e filho, fica longe de ser piegas e não decepciona, pelo contrário, contagia de forma gradativa até o desfecho. A premissa, inclusive, não deixa a desejar e é convincente dentro de suas limitações tanto no drama dos protagonistas como no tratamento futurístico da Terra, o que faz prender a atenção do espectador.
No fim das contas, "Depois da Terra" se mostra um bom entretenimento, mas sem grandes pretensões ainda que tenha potencial para isso. Fiquem de olho de Jaden Smith, o garoto ainda vai dar o que falar, tanto quanto foi o pai!
Clint Eastwood já havia encenado a tragédia do tsunami na Ásia, em 2004, mas o diretor mostrou apenas a força da água como coadjuvante no longa “Além da vida”. Em “O impossível”, filme que resgata a temática, amplia ainda mais os trágicos acontecimentos e eleva o impacto e a emoção para níveis astronômicos.
A estória, inspirada em fatos reais, fala de uma família Britânica que vai passar as férias em um resort na Tailândia e é surpreendida por um tsunami devastador. A onda separa o casal e filhos e, quando as águas abaixam, Maria (Naomi Watts - em grande atuação) sobrevive e começa a procura por seus parentes em meio ao caos.
“O impossível” recria a tragédia com tanta perfeição de detalhes que a sensação que temos é de que o filme foi feito no momento do acontecimento. O longa emociona em diversas camadas dramáticas ao longo da projeção e o faz muito bem, como o realismo da destruição, a solidariedade do humilde povo tailandês, a esperança e o sofrimento dos protagonistas e, sobretudo, no clímax arrepiante.
O diretor Juan Antonio Bayona (“O Orfanato”), que faz uma obra digna de Oscar, trabalha a narrativa com ritmo tão intenso que, mesmo sabermos como tudo termina, ainda ficamos com a sensação de mistério em relação ao desfecho dos fatos, o que valoriza ainda mais o fator emocional. Outro detalhe que enriquece o drama, além da trilha sonora pontual, é o tratamento da tragédia que chega a ser perturbadoramente poético em alguns momentos, como na ‘cosmética da destruição’, nos contrastes sociais e étnicos, na solidariedade e na força de Maria que reflete no conceito do título do filme.
Ainda que fique a curiosidade de ver mais versões sobre o acontecimento para explicar as poucas pontas soltas, o longa cumpre o que promete e faz refletir sobre as dores e os papeis sociais que os grandes desastres causam nas pessoas. Impossível não ficar com olhos marejados!
Mestres do Universo
2.5 274Existem filmes que marcam a infância. Por mais que essas produções soem de maneira tosca nos dias atuais, já que na época não tinham tantos recursos como hoje, elas resgatam a nostalgia que tanto nos encantou no passado. É o caso de “Mestres do universo”, a única adaptação cinematográfica, até então, sobre o emblemático personagem He-Man.
Ao ver o castelo de Greyskull dominado pelo Esqueleto (boa atuação de Frank Langella), He-Man (bem caracterizado por Dolph Lundgren) e seus fieis escudeiros Mentor e Teela tentam salvar o reino de Etérnia, porém acabam entrando por um ‘portal do tempo’ e caindo no planeta Terra. Para retornar ao seu mundo, He-Man deve procurar a chave cósmica que abre o tal portal, que também viajou pelo tempo, antes que Esqueleto se apodere dela e governe Etérnia com as ‘forças do mal’.
A fraca direção e o roteiro repleto de furos são pontos negativos na adaptação e foram eles os responsáveis pelo fracasso de crítica e bilheteria na época. Os equívocos começam pelo próprio He-Man que se mostra um simples guerreiro (e quase coadjuvante na trama), não há o alter-ego Adam assim como o tigre Pacato/Gato Guerreiro e o mago Gorpo que é substituído pelo anão inventor Gwildor.
Além das inúmeras situações piegas, a idéia de seres fantásticos de outras dimensões que ‘visitam’ o nosso planeta não cola hoje, mas funcionou bem para a garotada na época devido ao ‘choque cultural’ que trazia lições de moral. Talvez seja esse o grande trunfo do filme ao resgatar, não só o bom humor típico do desenho animado, mas a atmosfera que tanto deslumbrou a criançada.
Apesar do baixo orçamento (US$ 17 milhões), o longa tem bons figurinos, cenas de ação e efeitos visuais aceitáveis (ao estilo “Star Wars”), no entanto, a direção de arte ‘econômica’ deixa a desejar em relação ao estilo de produção fantástica que estava na moda nos anos 80. Contudo, as expectativas são boas para uma possível adaptação mais ambiciosa de He-Man. Que venha logo os novos ‘poderes de Greyskull’.
http://cinetrixfilmes.blogspot.com.br/2012/04/mestres-do-universo.html
Machete
3.6 1,5K Assista AgoraSe a sétima arte é uma escola, Quentin Tarantino é um dos professores mais adorados e copiados do cinema contemporâneo. Um de seus ilustres alunos é Robert Rodriguez, com quem já trabalhou como ‘orientador’ em “A balada do pistoleiro”, “Um drink no inferno”, em um trecho de “Sin City – A cidade do pecado” e no projeto Grindhouse, que originou “Planeta terror” e “À prova de morte”.
O ex-agente federal mexicano Machete (Danny Trejo – finalmente se torna protagonista) aceita uma proposta para assassinar um importante político americano. Entretanto, ele descobre que foi envolvido em uma conspiração política contra o povo mexicano e acaba sendo caçado pelo chefão do tráfico Torrez (Steven Seagal), um desafeto com quem também busca vingança.
Certamente, Rodriguez se inspirou em Tarantino para fazer algumas de suas obras e isso é notável em “Machete”. Para que o filme seja um bom entretenimento, é necessário que o espectador mais exigente saiba que a demasia é o fio condutor dos trabalhos do diretor e não se deve levar nada a sério.
O exagero, a ação e o humor negro, que se estendem aos diálogos e nos comportamentos dos personagens, ditam a irresistível atmosfera do longa. Tudo é uma reciclagem de clichês que são utilizados de forma ‘Tarantinamente’ atraentes e ‘Rodriguezmente’ estilosos e caricaturados, como reviravoltas, conspirações, sanguinolência, garotas sexys, protagonista excêntrico, vilões linha dura, trama sobre vingança e trilha sonora empolgante.
Além das referência deliciosas ao projeto Grindhouse e a “Freiras nuas com grandes armas”, “Machete” se destaca pelo excelente elenco, pelo tom ‘fodástico’ do roteiro (há planos conta-plongées aos montes) e pela extravagância trash do diretor. Rodriguez só não tem a genialidade roteirística de diálogos magistrais que Tarantino tem, mas ele é um dos melhores e mais ousados alunos de seu professor.
http://cinetrixfilmes.blogspot.com.br/2012/04/machete.html
À Prova de Morte
3.9 2,0K Assista AgoraTrês anos depois de seu lançamento nos Estados Unidos, a segunda parte do projeto Grindhouse, criado por Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, chegou ao Brasil em 2010. A primeira parte foi o divertido “Planeta terror”, de Rodriguez. A segunda é “À prova de morte”, longa assinado por Tarantino que brinca de cinema de uma maneira que lhe é peculiar.
O projeto tem como objetivo homenagear a 7ª arte dos anos 70 que era exibido em drive-ins norte-americanos. As produções eram de baixo custo, visualmente tosca, tinham estética seca e envelhecida (com riscos e manchas na projeção) e investiam em temas como sexo, drogas, monstros etc.
Dentro desse conceito, “À prova de morte” traz erros propositais em sua edição (saltos e cortes súbitos) e, para que a tosquice não comprometesse, o diretor utilizou o tom humorístico, a sensualidade e expôs cenas com potentes carros (Chevy Nova vs. Dodge Challenger). O longa reverencia esse cinema de forma esplendorosa e nada melhor que Quentin Tarantino para estar à frente dessa homenagem.
Além de imitar os defeitos de um filme antigo, seja com mínimos efeitos gráficos ou pelo ‘modo amador’ de se produzir, “À prova de morte” ainda traz uma trama curiosa sobre um dublê (bem interpretado por Kurt Russell) que é obcecado em matar garotas com seu carro. A produção ainda resgata os tradicionais elementos tarantinescos e, entre eles, sobressaem o bom roteiro com longos diálogos e o erotismo feminino.
Há três cenas sensacionais que merecem destaques:
a dança sexy de Vanessa Ferlito, a espetacular e chocante colisão entre dois carros filmado por diversos ângulos e a longa e eletrizante perseguição do clímax no melhor estilo “Operação França” e “Bullitt”
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Quinta-Feira Violenta
3.6 35 Assista AgoraQuando Quentin Tarantino surgiu com “Cães de Aluguel” em 1992, o cinema viu a oportunidade de se criar filmes policiais de um modo menos convencional. Três anos mais tarde, o diretor apareceu com “Pulp Fiction – Tempo de Violência” e Hollywood teve a prova de que esse novo subgênero era uma mina de ouro.
No final da década de 90, o ‘estilo Tarantino’ se tornou uma ‘marca registrada’ e, no rastro de “Pulp Fiction”, surgiram várias produções que levaram o seu ‘selo’. É o caso de “Quinta-feira violenta” que traz uma trama curiosa sobre um ex-traficante de drogas que acaba envolvido numa confusão feita por seu antigo comparsa.
Quase todos os elementos ‘tarantinescos’ estão no longa, mas são trabalhados de uma maneira mais light pelo diretor estreante Skip Woods. Submundo, drogas, corrupção policial, reviravoltas, humor negro, situações inusitadas, sanguinolência e roteiro organizado em capítulos estão presentes na película.
Sua estrutura narrativa, apesar de não ter tantos diálogos impagáveis, nos remete a “Pulp Fiction”, porém é bem menos complexa e mais trivial. As atuações do elenco são seguras e convincentes, em especial para a bela Paula Porizkova que esbanja sensualidade, principalmente, numa cena em que ela protagoniza uma espécie de ‘tortura sexual’.
“Quinta-feira violenta”, que foi destaque no Festival de Cinema de Toronto em 1998, é incomparável aos trabalhos de Tarantino, mas é bom ver que a escola do diretor que trouxe autenticidade ao gênero policial gerou bons frutos.
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Os Smurfs
3.1 1,4K Assista AgoraA ‘marmanjada dos anos 80’ vai se sentir nostálgica no início de “Os Smurfs” com toda a magia dos personagens criados pelo belga Peyo (em 1958), peculiar dos desenhos animados nessa década na TV. Entretanto, esse encanto clássico se perde após 10 minutos de projeção, o que pode ser um desastre sob os olhos dos fãs ou como pode ser um eficiente entretenimento para a criançada de hoje.
Quando Gargamel (bem interpretado por Hank Azaria) e seu gato Cruel encontram a vila encantada dos Smurfs, Desastrado, Papai Smurf, Smurfette, Gênio, Ranzinza e Corajoso fogem do vilão por um portal que os leva para o desconhecido mundo dos seres humanos. O problema é que Gargamel também passa pelo portal e persegue o sexteto azul em plena Nova York.
O fraco roteiro, que aposta na tradicional trama sobre perseguição ‘gato-e-rato’ e resgate, desvirtua parte da originalidade dos desenhos ao contextualizar situações. Isso pode não causar impacto na criançada, mas causa estranheza aos fãs, como a metalinguagem que soa forçada em seu segundo ato,
a reinvenção da jornada dos personagens fora da floresta e a modificação do objetivo de Gargamel de capturar os Smurfs para adquirir mais poderes mágicos ao invés de comê-los
As trapalhadas desses seres no nosso mundo possibilitam a criação de furos monstruosos no roteiro.
Os principais deles são o de Gargamel saber se virar sozinho sem ser perturbado agindo como se o ‘novo mundo’ já lhe fosse peculiar e de ninguém achar estranhas as criaturas azuis a ponto de chamar a atenção das autoridades
“Os Smurfs”, embora tenha cara de continuação, conquista os ‘pequenos’ com humor rasteiro infantil, com lições de teor familiar e amizade, e, claro, com a imagem dos azulzinhos virtuais que são adoráveis, fofinhos e bem feitos. Portanto, não espere piadas e situações para os adultos, a não ser pelo gato Cruel que rouba a cena em diversos momentos.
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Rango
3.6 1,6K Assista AgoraNem tudo que reluz é ouro, mas só porque não brilha não quer dizer que o produto deixa de ser precioso. Diria que “Rango” é uma bijuteria cara, pois tem corpo, boa aparência, tem lá seu charme e se figura bem entre as jóias, mas, o problema, é que ele continua sendo bijuteria.
“Rango”, a princípio, é uma animação/faroeste que se destaca por seu visual espetacular (com perfeição de detalhes, cores e texturas), pela premissa pouco convencional e por seus momentos autênticos. Entretanto, ao longo da projeção, o filme de atmosfera clássica de velho oeste,
que investe em fábula antropomorfizada (animais que vivem civilizadamente como humanos), se transforma em uma colcha de retalhos de clichês dramático-existenciais, cômicos e aventurescos
A estória gira em torno de um camaleão de estimação que sofre um acidente e vai parar em um deserto dos EUA. Caminhando sob o sol quente, ele encontra uma pequena cidade e é confundido por um famoso pistoleiro, Rango. Após um ato heróico sem querer, o réptil se torna xerife do local e vê os moradores passarem por uma conspiração política que some com a água que abastece o vilarejo.
A narrativa de “Rango” oscila situações de pura excentricidade para os adultos com trama previsível e batida para tentar passar lições de moral para a criançada.
Falando nisso, o longa não é muito atrativo ao público infantil justamente por ser extravagante e visualmente realístico e, porque não, assustador ao mostrar os personagens (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) de uma forma pouco caricaturada
Apesar do roteiro ‘montanha russa’, o filme, no geral, não faz feio e promove bons momentos de metáforas, metalinguagem e faz citações aos montes, que vai desde assuntos ligados ao meio ambiente às referências cinematográficas. Aproveitando o sucesso de “Piratas do Caribe” e de Johnny Deep, o diretor Gore Verbinski trabalhou a voz e os trejeitos de Jack Sparrow no camaleão, o que o tornou uma figura irreverente e carismática. É divertido e vale a pena dar uma conferida!
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A Origem
4.4 5,9K Assista AgoraFilmes com temas batidos e narrativas triviais são um dos principais ingredientes de produções consideradas ‘lixos’. “A origem”, apesar de não ser um ‘dejeto cinematográfico’, apresenta assuntos bem explorados pelo cinema (manipulações de sonhos e realidades paralelas), mas que foram trabalhados de forma inteligentemente interessante por Christopher Nolan.
O longa pode ser complicado como “Brilho eterno de uma mente sem lembrança”, bizarro como “A cela” ou pirotécnico como “Matrix”. Em “A origem” não é diferente e alia tudo isso em uma trama de espionagem bastante movimentada, engenhosa e complexa.
O diretor Christopher Nolan trabalhou o bom roteiro com cuidado para evitar que nada saia dos trilhos. O resultado foi um filme autêntico, tecnicamente espetacular e genial pela maneira eficiente com que os clichês e os temas foram ‘reciclados’.
Como o enredo contém detalhes que podem dificultar a montagem do quebra-cabeça, é necessária muita atenção do espectador, já que, em certo momento no filme, como no longo clímax, tudo parece estar numa incongruência, mas não está. Não precisa interpretar nada para entender a história, apenas juntar as peças.
O incansável ritmo, a tensa trilha sonora 'à lá vuvuzela', as câmeras lentas que retratam o tempo da ação, os ótimos efeitos visuais, a primorosa edição e as locações e cenários que subestimam a realidade fazem de “A origem” um dos melhores filmes do ano. Quaisquer semelhanças com “Matrix” ou “A cela” são puras coincidências.
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Megamente
3.8 1,9K Assista AgoraComo digo algumas vezes, de vez em quando vale mais a pena assistir longas de animação ao invés de filmes convencionais. Essa regra se estende a “Megamente”, uma deliciosa sátira da história de “Superman” sob a ótica de um vilão inteligente e malvadamente divertido.
Quando dois planetas próximos são destruídos, Megamente e Metro Man, ainda bebês, são enviados ao espaço por seus pais e suas cápsulas caem na Terra. Enquanto Metro Man, que tem superpoderes, é criado por uma família rica e de boa índole, Megamente, desprovido desses poderes de ‘Superman’, mas com uma inteligência de cientista fora do comum, é criado em uma prisão onde aprende a ser mau e deseja dominar Metro City.
“Eu sou um vilão sem heroi”. Esta frase proferida por Megamente é o fio que conduz toda a narrativa do longa. O ótimo roteiro, repleto de bons diálogos e humor negro de primeira, surpreende pelo tom anti-heróico (desconstruções peculiares da DreamWorks, produtora do filme) e pela interessante ótica do vilão sobre a história que, em certo momento, consegue, inesperadamente, derrotar seu arqui-inimigo.
Como todo mau, Megamente domina Metro City, destrói a cidade e rouba bancos, mas bate a ‘depressão’ por não combater um heroi. É aí que ele decide criar um 'Superman' por meio do DNA de Metro Man, o que origina as excelentes mensagens que o longa transmite, como “o que seria do vilão sem o herói” ou vice-versa.
A desenvoltura do protagonista que lembra Jim Carrey, o ótimo equilíbrio na sagacidade das piadas, personagens secundários divertidos, as inúmeras referências cinematográficas (incluindo uma imitação de Marlon Brando), as vibrantes cenas de ação e a trilha sonora empolgante que traz sons clássicos do rock, como ACDC, Guns N' Roses e Michael Jackson, fazem de “Megamente” uma das melhores animações já produzidas.
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Meu Malvado Favorito
4.0 2,8K Assista AgoraFoi-se a época em que quase todas as animações lançadas eram boas. Os filmes tinham um roteiro bem trabalhado com ótimos dramas, boas piadas e situações impagáveis. Com o avanço da tecnologia e a proliferação de estúdios, o gênero teve um avanço gráfico e um desgaste de conteúdo, fato comprovado em “Meu malvado favorito”.
A história mostra a disputa entre dois vilões, Gru e Vetor, que se apoderam dos principais ‘cartões postais’ do planeta e sonham em ser o ‘inimigo público número 1 do mundo’. A briga se concentra em roubar a lua, o que gera um conflito entre os dois sobre quem será o primeiro a conseguir tal proeza.
O problema do filme é o fraco roteiro que tropeça em seus gigantescos furos
(não há ninguém que combata os vilões)
Outro ponto negativo do filme são os elementos cômicos pouco inteligentes que, as vezes, parecem forçar a narrativa a inserir piadas de humor negro em uma atmosfera infantil. Umas anedotas funcionam, mas outras não e isso ajuda a deixar a animação menos atrativa.
Tecnicamente, o gráfico é impecável, faz bom uso das cores e insere boas cenas de ação, porém tem um visual convencional e pouco criativo. As criaturas amarelas Minions são praticamente inúteis para a trama e incompreesíveis dentro do universo do filme, mas entretém a criançada por serem infantilmente tolas. “Meu malvado favorito” não diverte o esperado para os adultos, mas deve agradar a gurizada.
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Kick-Ass: Quebrando Tudo
3.9 2,8K Assista AgoraDepois de uma avalanche de filmes sobre super-heróis nos últimos anos, o assunto já ficou saturado no cinema, principalmente aquelas produções baseadas em histórias em quadrinhos. Poucos longas conseguiram uma abordagem diferente sobre esses folclóricos personagens e "Kick-Ass – Quebrando tudo" é mais uma exceção dentro desse convencionalismo temático.
Tudo começa de forma satírica quando um nerd fã de quadrinhos resolve criar um herói de nome Kick-Ass. A brincadeira vai ficando reconhecida e ele resolve fazer disso um espetáculo midiático. Quando a idéia ultrapassa a linha da fantasia, o protagonista percebe que seu sonho se tornou uma dura realidade.
"Kick-Ass – Quebrando tudo" é, de fato, uma bela homenagem aos heróis. Além de entrar no universo clichê, mas peculiar, desses personagens (habilidades especiais, violência gráfica, bom humor e ‘bem versus mal’), o longa traz uma narrativa curiosa que aborda o contraste entre o existencialismo e as consequências de ser um ‘semideus’.
A produção, inspirada na graphic novel de John Romita Jr. e Mark Millar, é muito bem dirigida pelo britânico e estreante Matthew Vaughn. Além de sacadas bacanas de metalinguagem e na criatividade na condução de câmeras, Vaughn traz um roteiro inteligente que imprime um ritmo empolgante equilibrando drama, ação (com cenas inventivas e de qualidade) e comédia na medida certa.
Contar mais detalhes sobre os heróis em "Kick-Ass" seria uma imoralidade. A fantástica trama sobre os verdadeiros ‘alter egos’ funciona tão bem como as histórias de famosos 'justiceiros' contra o crime. E dá-lhe Hit-Girl!
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O Aprendiz de Feiticeiro
3.0 1,4K Assista AgoraO sucesso bilionário de Harry Potter nos cinemas deve ter causado certa inveja nos estúdios Disney. Querendo faturar no rastro do bruxinho camarada da escritora britânica J. K. Rowling, o maior produtor de filmes infantis investiu em “O Aprendiz de Feiticeiro”, longa que tenta ter alguma magia, mas acaba sendo ‘fracasso de feitiçaria’.
Após uma briga entre ‘bruxos’ no passado, Balthazar Blake (Nicolas Cage) tem a missão de procurar um aprendiz que será o único que poderá derrotar seu arquinimigo, Maxim Horvarth (Alfred Molina). Quando Balthazar vê potencial no rapaz Dave Stutler (Jay Baruchel), ele ministra um rápido curso da ciência da magia de forma a torná-lo seu aliado na luta contra as forças de Horvarth.
Nem o rótulo repleto de bons nomes (Nicolas Cage, Alfred Molina e Monica Belucci numa produção de Jerry Bruckheimer) ajudou o filme a se dar bem nas bilheterias. Com orçamento de US$ 150 milhões, “O Aprendiz de Feiticeiro” arrecadou pouco mais de US$ 63 milhões nos Estados Unidos e se pagou graças ao faturamento ao redor do mundo, que foi cerca de US$ 152 milhões.
Tudo o que acontece aqui, cuja essência e premissa lembram muito Harry Potter, são uma mistura de 'clichês Disney' de filmes para adolescentes com trama ‘bem x mal’ contextualizada para os dias de hoje. A idéia não é ruim, pelo contrário, é divertida, mas faltou um roteiro melhor (e mais explicativo sobre algumas situações, ações e atitudes dos personagens) para que a aventura seja mais digerível e convincente.
Ainda que tenha um imperdoável ritmo acelerado em sua narrativa, um fraco desenvolvimento dos protagonistas caricatos e inúmeros furos, “O Aprendiz de Feiticeiro” se sobressai em sua parte técnica, como a direção de arte, efeitos visuais de qualidade e com algumas boas cenas, como aquela no bairro chinês e a deliciosa referência à dança das vassouras de Mickey Mouse. No geral, o longa não passa de uma daquelas produções despretenciosas caça níquel da Disney que carecem de inspiração.
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O Livro de Eli
3.6 2,0K Assista AgoraComo fazer um filme com tema extremamente explorado pelo cinema (futuro apocalíptico) ser inteligente e pouco convencional? “O livro de Eli” responde esta pergunta ao se destacar pela trama eficiente que traz um protagonista carismático e uma interessante história de contexto místico.
O livro do título se refere ao último exemplar da Bíblia, objeto que foi o responsável por uma ‘guerra santa’ que destruiu, superficialmente, a Terra. A ‘obra sagrada’ é a principal causa que move o curioso personagem com ‘habilidades especiais’, muito bem interpretado por Denzel Washington, a levar para algum lugar em direção ao pôr-do-sol e protegê-la da cobiça de um déspota.
A jornada misteriosa de Eli, o desejo dos ‘alfabetizados’ e o clímax surpreendente tornam o filme bastante atraente. Sem discutir conceitos de crença ou doutrina religiosa, a narrativa trata a Bíblia como uma poderosa e esperançosa ferramenta de manipulação e de implantação de uma ordem ‘ética’ em um mundo de analfabetos, o que nos faz refletir sobre as entrelinhas de seu conteúdo.
Tecnicamente, o longa tem um visual espetacular. A fotografia é seca quase monocromática, a destruição criada pela direção de arte nos remete a “Mad Max” e as ótimas cenas de ação ao estilo ‘gato-e-rato’ apresentam edições e planos-sequência interessantes dirigidos por Allen e Albert Hughes (“Do Inferno”).
“O livro de Eli” é mais um filme que recicla idéias convencionais para proporcionar entretenimento de qualidade. Não seria exagero se dissesse que essa produção seja uma das melhores do gênero ‘apocalíptico’.
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Meu Malvado Favorito 2
3.9 1,8K Assista AgoraUma das primeiras perguntas que surgem depois de uma continuação é se a sequência supera o antecessor. "Meu malvado favorito 2" é levemente melhor que o original, mas, surpreendentemente, o que foi uma incoerência na estrutura do primeiro é o que faz valer o ingresso nesta segunda parte: os Minions.
Se em "Meu malvado favorito" os holofotes estavam apontados para a personalidade ácida de Gru, as luzes aqui estão nos irresistíveis Minions, criaturas fofinhas que entraram na trama inicial e distorceram parte da 'coerência narrativa' (o argumento da existência desses seres não foi convincente). Nesta continuação, eles roubam a cena e são responsáveis pelos melhores e mais engraçados momentos do filme.
Desta vez, Gru volta a ação, não como vilão, mas como um contratado do governo incumbido de desvendar o sumiço de uma estação de pesquisa inteira. Em meio ao mistério, Gru terá de lidar com o amadurecimento de suas filhas adotivas e, ainda, ser parceiro de uma agente com quem se apaixona. Se a humanização do 'malvado favorito' no primeiro emocionou, aqui o objetivo é mostrar, de maneira divertida, que o personagem também tem coração mole para encarar um relacionamento.
O roteiro foge completamente da composição original e se rende a trivialidade temática, como o pai solteiro, a constante atmosfera politicamente correta, cupidos e investigação. Não que isso seja desinteressante, mas com a evolução da estória o charme do antecessor, de Gru ser um vilão, se perde assim como o tipo de humor que está menos 'negro' e mais pastelão. Além disso, o enredo enfatiza demais na questão afável de Gru e isso afeta no desenvolvimento da trama misteriosa que se mostra rasa e repleta de furos.
Tendo em vista os deslizes, fica claro um dos objetivos dos Minions, a de preencher tais lacunas com muita irreverência (tem até sátira de "Guerra Mundial Z"). Sem falar do bom uso do efeito 3D que faz o entretenimento valer a pena!
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O Homem de Aço
3.6 3,9K Assista AgoraMuita expectativa se criou em relação a nova versão cinematográfica de Superman, um dos heróis mais curtidos no universo dos quadrinhos que não tem, ainda, o brilho que merece nos cinemas. O novo “O homem de aço”, dirigido por Zack Snyder (“300” e “Wachtmen”) e produzido por Christopher Nolan (trilogia do novo “Batman” e “A origem”), tem produção grandiosa e possui conteúdo mais coerente em relação aos longas anteriores,
mas carece de impacto que é peculiar do carismático personagem
“O homem de aço” é quase uma recriação de Superman. Os realizadores optaram em contextualizar algumas características do herói, reorganizaram detalhes narrativos da cinessérie e foram cautelosos no processo de adaptação para a sétima arte. Isso fez com que a estória do famoso protagonista se tornasse um produto com argumentos mais convincentes e de premissa ‘marco zero’ mais aceitável. A trama mais didática, norteada com flashbacks pontuais do passado de Clark Kent, e o roteiro sem tantos furos também favoreceram para que o longa tivesse uma estrutura mais sólida que os anteriores.
A interseção entre os filmes, claro, é o conceito de ‘salvador’, que aqui é ainda mais acentuado. Se “O homem de aço” ganha em técnica e em coerência narrativa, os antigos se mostravam mais emblemáticos e emocionalmente mais fortes, principalmente com a sintonia da contagiante trilha sonora original de John Williams, que foi cortada desta refilmagem.
Aqui, a música é assinada por Hanz Zimmer e soa de forma pretensiosa, mas é tímida e não decola como deveria
A música em Superman, diga-se de passagem, é tão importante que, nos antecessores, ela ditava a emoção e o arrepio em cenas de ação. Isso foi um dos acertos da ‘produção-homenagem’ de Brian Singer, no último “Superman - O retorno”, que conseguiu trazer a nostalgia do herói e apresentar imponentes sequências de salvamento mesmo tendo um conteúdo irregular.
“O homem de aço” também possui esses momentos de ‘ajuda social’, que também tem lá sua grandiosidade, mas o herói age de forma descaracterizada o que faz de algumas situações não serem tão simbólicas ou impactantes
O ator Henry Cavill foi bem como Kal-El\Clark Kent, mas a capa vermelha ainda pertence ao insuperável Christopher Reeves, o melhor Superman da saga. O elenco de estrelas, principalmente Russell Crowe (Jor-El) e Kevin Costner (Jonathan Kent), também está em plena forma. O destaque nas interpretações é Michael Shannon, que faz o vilão General Zod e o interpreta com maestria.
No geral, “O homem de aço” é o melhor dos Supermans, não por ter efeitos visuais espetaculares e longas cenas de ação, mas por ser narrativamente mais assertivo e intenso em relação às outras adaptações.
O 3D, infelizmente, decepciona e não acrescenta em nada, já que são poucos os momentos em que este efeito funciona
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Meu Namorado é um Zumbi
2.9 2,6K Assista AgoraA criatividade tem rondado o subgênero 'mortos-vivos'. Filmes com focos diferenciados sobre o caos global têm dado novo fôlego aos 'andantes esfomeados'. "Meu namorado é um zumbi" talvez seja o que mais distorce o 'conceito zumbi' disseminado pelas produções de terror e surpreende ao inverter valores que retratam o tal apocalipse.
A trama fala de R (Nicholas Hoult), um zumbi que mantém sua rotina diária de procurar pessoas vivas para se alimentar. Quando devora o cérebro do namorado da humana Julie (Teresa Palmer), R absorve suas lembranças e acaba se apaixonando pela moça. Ela, por sua vez, acredita nos sentimentos de R e, juntos, buscam o que seria impossível: uma cura para a epidemia que devastou a humanidade.
A premissa, inicialmente, é difícil de engolir, mas se dermos uma chance à sua proposta descobrimos que o filme é palatável e recheado de reflexões simples e originais. O roteiro mantém algumas características do 'zumbi' (a fome, a agressividade e os trejeitos típicos estão presentes), foge de alguns detalhes (há uma humanização dos monstrengos) e aposta em uma atmosfera esperançosa no intuito de apresentar soluções ao eminente caos.
A produção é uma sátira sobre os 'mortos-vivos' com pitadas de terror e com humor rasteiro eficiente que foge do besteirol. À medida que o roteiro aprofunda no relacionamento entre os protagonistas, o longa ganha contornos dramáticos e românticos (nada piegas) excentricamente interessantes. A partir daí, uma série de acontecimentos traçam a moral da estória que culmina em um clímax reflexivo, ainda que politicamente correto. Tudo isso é acompanhado por uma trilha sonora contagiante e ditado por um ritmo agradável.
Enfim, os atores estão 'ok', a direção Jonathan Levine é segura e o filme não tem pretensões ambiciosas, ainda que não decepcione no visual apocalíptico e no suspense. A magia de "Meu namorado é um zumbi" só funcionará se o espectador estiver disposto a assisti-lo com 'outros olhos' evitando comparações puristas. Caso contrário, o longa pode não ser digerível.
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Guerra Mundial Z
3.5 3,2K Assista AgoraSe você acredita que o tema 'mortos-vivos' tenha perdido forças se enganou. "Guerra Mundial Z" é a prova que o terror zumbi ainda tem o que mostrar, não só por bons roteiros, mas pelas diferentes percepções sobre o caos global e, sobretudo, pelo ataque pouco convencional dos 'andantes esfomeados'.
Quando acontece a invasão de zumbis na Filadélfia, o ex-investigador das nações unidas Gerry Lane (Brad Pitt) e sua família são resgatados por oficiais de seu antigo trabalho. Ele é convocado a voltar a ativa para descobrir o marco zero da epidemia que transforma seres humanos em mortos-vivos. Ao mesmo tempo que Gerry busca o motivo da contaminação global, ele também procura se manter vivo em meio aos ataques de violentos zumbis para manter sua família segura do caos.
"Guerra Mundial Z" é o mais caro filme do subgênero (custou cerca de US$ 150 milhões), mas também é o melhor deles. O diretor Marc Forster não economizou sustos e muito menos ação ao realizar um suspense ímpar com enredo mais coeso que outros semelhantes e com cenas espetaculares. É bom ver um trabalho que inspira criatividade no meio de tantas produções medianas com mesmo tema.
O clichê, aqui, é inevitável, mas bem explorado em situações pouco comuns. É aí que se destaca a criatividade que está presente nas grandiosidades das cenas (sequências em Israel e dentro de um avião são incríveis), no suspense causado pela periculosidade dos vilões, nos impressionantes efeitos visuais e na utilização inteligente do 3D que pipoca zumbis para fora da tela. Isso valoriza o ritmo ágil (é de perder o fôlego) e acerta na profundidade da tridimensionalidade, elevando os momentos de tensão e conseguindo o que poucas produções promoveram com a tecnologia: interação contagiante entre a atmosfera do filme e o espectador.
Se os andantes de George Romero metaforizavam o consumismo, os mortos-vivos de Marc Forster, como disse o diretor numa entrevista, simboliza a superpopulação mundial. Com o crescimento populacional ininterrupto, a busca por mantimentos ou serviços para a sobrevivência se torna cada vez mais intensa. Aí está o argumento para ferocidade dos zumbis que são mais violentos e velozes do que aqueles mostrados em "Extermínio", mais perigosos que os monstros de "Eu sou a Lenda" e mais assustadores que os de "Madrugada dos Mortos". Os monstrengos são uma devastadora força da natureza, o que faz jus ao ditado:"se correr o bicho pega, se ficar o bicho come"!
Outro ponto que agrada é o roteiro que traz conexões coerentes e soluções aceitáveis em relação a premissa proposta. O livro de Brooks apenas inspira a atmosfera da estória que teve diversas adequações para que a mesma fique melhor adaptável para o cinema. As modificações foram satisfatórias, mesmo tendo um drama familiar convencional na trama para criar laços emocionais no longa.
E Brad Pitt? O caos e o suspense são tão imponentes que o carismático ator teve apenas uma atuação 'ok' e está mais para garoto propaganda da produção. Como ele mesmo disse, aceitou produzir e protagonizar "Guerra Mundial Z" para agradar os filhos. Ele agradou não só seus herdeiros, mas todos os fãs de zumbis com o melhor filme do subgênero.
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Se Beber, Não Case! Parte II
3.5 2,4K Assista AgoraQuem gostou do primeiro é provável que goste, também, desta continuação, principalmente aqueles que não se importam com piada repetida. “Se beber, não case! Parte 2” segue a cartilha do original e é entretenimento garantido para quem curte reviravoltas hilárias e humor situacional.
Desta vez, sai Las Vegas e entra Bangcoc. Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Alan (Zach Galifianakis) viajam para a Tailândia para o segundo casamento de Stu. Antes do casório, os amigos decidem, mais uma vez, ‘bebemorar’ os últimos momentos de solteiro do noivo, porém a diversão não saiu como planejada. No dia seguinte, a trupe acordou bêbada em um lugar desconhecido na capital tailandesa e protagonizam confusões para voltar a tempo para a cerimônia de casamento.
O roteiro mantém a acidez do humor negro e aumenta o ‘fator inusitado’ das gags cômicas. Apesar do ‘mais do mesmo’, a cartilha repete muitas situações e personagens, porém ensaiadas de maneira diferente, como a mudança do ambiente norte-americano pelo tailandês, o bebê do primeiro é trocado por um velho monge budista e o tigre do longa anterior é substituído por um macaquinho.
Embora tenha um momento ou outro de o roteiro querer forçar algum riso, o ritmo e a ‘atmosfera de confusão’ do filme nunca se perdem. Além da edição e direção (novamente a cargo de Todd Phillips) no mesmo passo do original, a produção mantêm a curiosidade dos espectadores para com as reviravoltas e cumpre o que promete: diversão.
Se você costuma rir de uma boa piada que é recontada com detalhes diferentes, com certeza, vai gostar do longa. Ainda há o álbum de fotos nos créditos finais, que respondem a algumas perguntas soltas, que é impagável!
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Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer
2.9 929 Assista AgoraA saga “Duro de Matar” não para! Pode ser qualquer argumento que tenha alguma sugestão para ação que o incansável John McClane está pronto para fazer estrago. Assim como a frenesi do protagonista, esta quinta parte da série é tão agitada que quase se tornou um filme ruim.
MacLaine volta a incomodar vilões após saber da prisão de seu filo na Rússia. Quando ele vai àquele país para ver o julgamento do rapaz, uma organização criminosa explode o tribunal atrás de outro réu que também seria julgado naquele dia. O que McClane não esperava é que seu pimpolho é um membro da CIA e está em uma missão de fuga que envolve o tal réu.
‘Para proteger o filho, McClane se junta a ele e volta à ação’, este é o argumento que justifica o surgimento de mais um “Duro de Matar”. Se a produção não tivesse ligação com a série, a premissa não seria tão chula. O filme poderia muito bem ser independente da saga, tipo “pare, senão papai atira”, mas o elo com o clássico personagem fez o roteiro deixar a desejar ao apresentar uma trama rasa e com situações pouco desenvolvidas.
O que faz o longa não ser uma bomba são as boas cenas de ação. Parte deste mérito é do diretor John Moore que tem se mostrado eficiente ao comandar tais sequências. O bom humor, o visual estilizado, câmeras lentas e destruição realista sustentam o ritmo incansável, mantêm a atenção do espectador e, inclusive, amenizam os exageros, os inúmeros furos e os erros de continuísmo. As gafes não incomodam tanto, pelo contrário, divertem!
Assim como os outros longas, não se deve levar nada a sério, principalmente a estória que até tem uma atmosfera de ação interessante, mas uma caricata relação paterna repleta de clichês.
Planeta dos Macacos: A Origem
3.8 3,2K Assista Agora“O Planeta dos Macacos” (1968) é um dos marcos da ficção científica justamente por ser ousadamente apocalíptico com inversões de valores e metáforas sociais curiosas. Seu sucesso rendeu cinco continuações inexpressivas. O sexto longa da franquia, “Planeta dos Macacos: a origem”, que é uma espécie de refilmagem de “A Conquista do Planeta dos Macacos” (1972), resgata outra vez a teoria da evolução primata e mostra de maneira interessante os primórdios da dominação símia sobre o homem.
O bom roteiro investe na linha narrativa ‘como tudo começou’, expõe uma premissa convincente e acerta na inserção de gêneros. A ficção é tratada como detalhe premonitório e científico (busca para cura do alzheimer), os dramas são construídos a partir do elo entre os personagens (macaco-homem-doença), há o suspense sobre ‘experiência com resultados inesperados’ e, por fim, a ação na dominação primata.
O elemento que poderá incomodar quem for levar a história a sério é sobre a interação da inteligência dos macacos que ficou rápida e pouco persuasiva, ao contrário da relação afetiva e de adestramento do protagonista símio César com seu dono que ficou bem trabalhada. A tragédia química é vista com bons olhos sobre a lógica da trama, o que propicia o desenvolvimento mental dos primatas e uma epidemia viral que extermina o homem o que, consequentemente, facilita o ‘imperialismo símio’ na Terra.
Se a estrutura narrativa surpreende pela coerência, “Planeta dos Macacos: a origem”, infelizmente, carece de uma direção mais carismática. O diretor Rupert Wyatt foi burocrático ao extremo e demonstrou pouca criatividade e quase nada de emoção. Por outro lado, Wyatt soube trabalhar, sem extravagâncias, com os bons efeitos visuais (os macacos estão reais) e, sobretudo, equilibrou bem as ações e ritmos do filme.
Ainda que não tenha tantas metáforas sociais como no clássico, “Planeta dos macacos: a origem” entretém com eficiência, mas fica a sensação de faltar algo mais empolgante ou algo que faça do filme ser tão espetacular como sua premissa. E podem aguardar continuações, pois o ‘final sem fim’ sugere uma guerra para mostrar cada ‘homem em seu galho’.
Kung Pow: O Mestre da Kung-Fu-São
3.1 448“Kung Pow” é uma das comédias mais idiotas já produzidas, mas, mesmo assim, consegue ser divertida. É idiota porque sua linha cômica tende ao besteirol e isso pode não agradar devido à oscilação de momentos realmente imbecis e outros inteligentemente engraçados.
O responsável por esse trabalho é Steve Oedekerk, de “Ace Ventura 2: Um Maluco na África”, que dirige, produz, protagoniza e roteiriza Kung Pow. Oedekerk vive The Chosen One ou ‘O Escolhido’, um rapaz que quer vingar a morte de seus pais assassinados pelo mestre de kung fu, Master Pain.
O interessante desta comédia é sua proposta, que é diferente e criativa. Todo o filme é uma sátira de “Savage Killers”, uma produção de Hong Kong de 1976. O legal é que “Kung Pow” é uma refilmagem cômica que reutiliza as imagens do longa chinês para parodiá-lo. Para isso, Oedekerk trabalha com efeitos visuais para fazer inserções na película original criando novas situações e personagens, algo parecido com a artimanha usada em “Forrest Gump”.
Oedekerk satiriza um punhado de outras produções e ícones do cinema (“Matrix”, “Rei Leão”, Bruce Lee...) e brinca com o humor ora negro ora pastelão. Há também novas dublagens com erros propositais (as falas e o movimento das bocas são desencontradas), diálogos hilários e até uma edição engraçada, já que em alguns momentos, a mesma cena é utilizada várias vezes com falas diferentes para dar continuidade à ação.
A história em si é ruim e sua segunda metade é cansativa e fantasiosamente exagerada, assim como a narrativa original de “Savage Killers”. Entretanto, o que importa mesmo é a comédia com suas gags divertidas e suas impagáveis lutas, como na antológica cena que ‘O Escolhido’ duela com uma vaca.
Incontrolável
3.3 710 Assista Agora“Incontrolável” é a prova de que premissas simples e roteiros ‘feijão com arroz’ ainda promovem entretenimentos eficientes. O filme tem de tudo para ser ruim, mas o diretor Tony Scott conseguiu trabalhar o trivial de maneira inteligente e tensamente atraente.
A primeira coisa que me veio à cabeça de uma produção sobre trem desgovernado carregado de produtos tóxicos é que haveria alguma ameaça terrorista. Felizmente, estava errado e o descontrole do tal trem sem maquinista, argumento inspirado em caso real de 2001, foi por um simples erro humano, o que mobilizou dois funcionários de uma ferrovia a entrar numa missão de resgate para frear o veículo.
Nada melhor que a velocidade para inspirar trabalhos de Tony Scott ("Chamas da Vingança" e "Déjà Vu"). Se não houver muito movimento, ele cria a ação imprimindo ritmos frenéticos, edições ‘videoclipeiras’ e câmeras com ‘mal de Parkinson’. Em “Incontrolável”, Scott está um pouco menos agitado e tudo está encaixadinho e com todos os elementos em equilíbrio.
A ‘arte do diferencial’ não são as iguarias do produto, mas como elas são executadas para que o resultado final fique interessante. E é isso que acontece no longa, que trabalha a trama previsível, o suspense de ‘velocidade máxima’, o clímax de extremo perigo e os clichês do herói (ditam o teor dramático ao expor protagonistas com problemas familiares) sem muitos exageros.
Talvez por causa disso, aliado a uma câmera nervosa, sem tremulações e constantemente com pequenos travellings circulares sobre os personagens, Scott realiza um filme ‘quase catástrofe’ de uma tensão ímpar e arrepiante. Destaques para as atuações de Chris Evans e do sempre ótimo Denzel Washington, sua quinta parceria com o diretor.
Karatê Kid
3.2 1,7K Assista AgoraGeralmente, refilmagens ou continuações de produções que marcaram épocas tendem ao fracasso. Entretanto, não é o que acontece com o novo “Karate Kid”, que, surpreendentemente, não decepciona. Apesar de ter copiado a maioria das situações da produção original de 1984, o longa consegue manter a atmosfera da trama vivida por Daniel Larusso e contextualiza de maneira interessante a história que conhecemos.
"Karate Kid” mantêm a fidelidade situacional do original: mãe e filho se mudam para um novo lugar, o protagonista apanha de um grupo de lutadores, o treinamento não convencional com um mestre de artes marciais, a busca por vingança e respeito, a conquista do coração da mocinha, o enfrentamento de antagonistas antiéticos e a participação de um torneio de lutas.
A trama, apesar de previsível, reutiliza os clichês do gênero de forma atraente e com bom humor. A idéia da contextualização da narrativa, que insere inúmeras referencia à série (há uma sátira da cena da mosca no ‘pauzinho’), é bem vinda e não incomoda: protagonista negro, ‘vilões’ orientais, trilha sonora pop, ambientação na China (longe do EUA) e a mudança da arte marcial (karate pelo modístico kung-fu).
Nesta versão, saem Ralph Macchio (Daniel-san) e Pat Morita (Sr. Miyagi) e entram o filho de Will Smith, Jaden Smith (Dre Parker), e Jackie Chan (Sr. Han). A nova dupla de protagonista, embora não tenham o carisma de seus ‘antecessores’, exercem seus papéis com eficiência, com destaque para Chan que está em uma performance mais séria. Jaden também está simpático e lembra bastante a desenvoltura cômica do pai.
O roteiro ainda traz as tradicionais lições de moral (disciplina e atitude) e retrata de forma convincente os medos, dificuldades e lutas do protagonista, ainda que o ‘último golpe’ soe artificial. No final das contas, “Karate Kid” emociona a gurizada e diverte, mas perde a faixa preta para a produção de 1984.
Depois da Terra
2.6 1,4K Assista AgoraSempre que é anunciado um filme do diretor M. Night Shyamalan surge uma expectativa em relação ao seu trabalho. Mesmo que os últimos longas do cineasta tenham sido abaixo da média, ainda penso: 'poxa, ele é o cara que fez "O sexto sentido" e "Corpo fechado", ainda tenho esperanças de que sua carreira volte a seguir em bons trilhos'. "Depois da Terra" pode não ser a redenção do cineasta, mas dá novo fôlego à sua carreira. O trabalho está longe de ser ruim, porém distante da excelência das obras que o consagrou.
Baseado em estória de Will Smith, "Depois da Terra" mostra uma espaçonave militar, tripulada pelo general Cypher Raige (Will Smith) e seu filho Kitai (Jaden Smith), que é atingida por uma chuva de meteoritos. O único local de pouso é o nosso planeta que, após um evento apocalíptico há mil anos, tem evoluído para exterminar seres humanos. Depois da queda, pai e filho (literalmente) iniciam uma jornada pela sobrevivência em uma Terra hostil repleta de perigo.
A direção é burocrática, sem muita criatividade e isso se estende a alguns detalhes técnicos, como o visual futurista discreto e o design de produção que beira a barreira entre o arcaico e o moderno. Quando se trata de efeitos gráficos, o filme se mostra eficiente, principalmente nas engenhocas tecnológicas e no curioso ambiente vegetativo terráqueo.
Shyamalan não roteirizou o longa sozinho e por estar atrelado a Will Smith, que é co-roteirista, pode ter ficado tímido para criar situações que lhe são peculiares. Talvez, por isso, aliado a falta de criatividade em algumas sequências, temos a sensação de ausência de grandes cenas. Claro, há momentos interessantes, um ritmo que agrada e um bom suspense,
no entanto, com todo o potencial demonstrado ainda sentimos carência de algo espetacular que não acontece.
A estória de Will Smith, que aparece como coadjuvante, por mais que tenha alguns furos e 'pegada militar' convencional na relação entre pai e filho, fica longe de ser piegas e não decepciona, pelo contrário, contagia de forma gradativa até o desfecho. A premissa, inclusive, não deixa a desejar e é convincente dentro de suas limitações tanto no drama dos protagonistas como no tratamento futurístico da Terra, o que faz prender a atenção do espectador.
No fim das contas, "Depois da Terra" se mostra um bom entretenimento, mas sem grandes pretensões ainda que tenha potencial para isso. Fiquem de olho de Jaden Smith, o garoto ainda vai dar o que falar, tanto quanto foi o pai!
O Impossível
4.1 3,1K Assista AgoraClint Eastwood já havia encenado a tragédia do tsunami na Ásia, em 2004, mas o diretor mostrou apenas a força da água como coadjuvante no longa “Além da vida”. Em “O impossível”, filme que resgata a temática, amplia ainda mais os trágicos acontecimentos e eleva o impacto e a emoção para níveis astronômicos.
A estória, inspirada em fatos reais, fala de uma família Britânica que vai passar as férias em um resort na Tailândia e é surpreendida por um tsunami devastador. A onda separa o casal e filhos e, quando as águas abaixam, Maria (Naomi Watts - em grande atuação) sobrevive e começa a procura por seus parentes em meio ao caos.
“O impossível” recria a tragédia com tanta perfeição de detalhes que a sensação que temos é de que o filme foi feito no momento do acontecimento. O longa emociona em diversas camadas dramáticas ao longo da projeção e o faz muito bem, como o realismo da destruição, a solidariedade do humilde povo tailandês, a esperança e o sofrimento dos protagonistas e, sobretudo, no clímax arrepiante.
O diretor Juan Antonio Bayona (“O Orfanato”), que faz uma obra digna de Oscar, trabalha a narrativa com ritmo tão intenso que, mesmo sabermos como tudo termina, ainda ficamos com a sensação de mistério em relação ao desfecho dos fatos, o que valoriza ainda mais o fator emocional. Outro detalhe que enriquece o drama, além da trilha sonora pontual, é o tratamento da tragédia que chega a ser perturbadoramente poético em alguns momentos, como na ‘cosmética da destruição’, nos contrastes sociais e étnicos, na solidariedade e na força de Maria que reflete no conceito do título do filme.
Ainda que fique a curiosidade de ver mais versões sobre o acontecimento para explicar as poucas pontas soltas, o longa cumpre o que promete e faz refletir sobre as dores e os papeis sociais que os grandes desastres causam nas pessoas. Impossível não ficar com olhos marejados!