Me surpreendi. O filme cumpre o seu objetivo, apresentando três histórias bem amarradas, transitando entre cada uma de maneira dosada. Direção segura, com o nível certo de tensão, inclusive em seus picos. Os últimos minutos são realmente intensos, quase sufocantes, repletos de uma angústia que termina por envolver completamente o espectador. Interessante a força das narrativas colapsantes!
Não costumo assistir ação/suspense/thriller, mas este é realmente um bom - e atual, devido à temática tecnológica - representante do gênero. E achei especialmente bonita a sequência
Maravilhoso! De encher os olhos de lágrimas pela beleza de cenas que constituem uma verdadeira obra de arte audiovisual, numa experiência contemplativa belíssima. Meu primeiro Paradjanov, e fiquei encantada pelo movimento e posição da câmera [muitas vezes por trás de galhos ou em ângulos inusitados; outras, numa dança alucinada que chega a entontecer]; pelas cores; e pela trilha sonora belíssima que mescla canções folclóricas com composições orquestradas. Arte pura.
Me incomoda um pouco essa abordagem lugar-comum de adolescentes, com os mesmos clichês, certa forçação de barra e tantas outras previsibilidades. É óbvio que existem características e conflitos comuns a esta fase da vida - eu mesma passei por alguns, claro - mas acredito que a abordagem não foi a mais feliz. Para mim, soou "padrão" demais (mesmo com componentes mais incomuns), superficial demais, "filme teen/novela" demais. E talvez eu tenha ficado velha demais pra aguentar isso, no alto dos meus quase vinte anos. Sem deixar de lembrar que é possível fazer bons filmes sobre histórias adolescentes.
Trilha sonora bonita, algumas cenas bem realizadas (geralmente, passagens sem diálogo), temática interessante, mas... é isso. Faltou maturidade, mesmo se tratando de um filme sobre uma idade não muito famosa por essa característica.
Mas meu coração amoleceu um pouco com a cena final (assim como outras sequências, como a que toca Cícero) e eu acabei o filme esquecida da minha parte ranzinza.
Acho que a "química" entre os atores é o que consegue, apesar de algumas falhas, segurar o filme. Nesse ponto, não tenho ressalvas: Daniel Auteuil e Vanessa Paradis se entrelaçaram incrivelmente, formando uma dupla que realmente convence. Gostei também das diferenças entre as personalidades dos personagens; acredito que houve um equilíbrio interessante, bem visível nos diálogos [que possuem alguns momentos memoráveis].
Entretanto, no mais, os bons momentos de "Le fille sur le pont" não são muito constantes. Existem alguns exageros e também falta de tato na condução (e construção!) do enredo.
Em suma, é um filme gostoso de assistir, que flui de forma leve na maioria das vezes. Mas permanece no patamar mediano: o tom excessivamente melodramático e afetado em algumas sequências, prejudicou o andamento da película. O desfecho, ao meu ver, beira o novelesco: não que isso seja de todo ruim (às vezes, como em "Boy Meets Girl", faz sentido), mas não funcionou neste contexto.
Filme de uma despretensiosidade muito agradável. Gosto da sutileza, não apenas dos próprios conflitos internos e externos do personagem, mas também da própria condução da câmera e da construção da fotografia. Cenas bonitas em sua simplicidade, aguçada pelo uso do preto e branco. Sutil também é o jazz, que permeia grande parte das cenas.
Difícil não comparar com Frances Ha pela proximidade de lançamento, temática e p/b. Entretanto, Niko e Frances tem diferenças acentuadas na própria forma de encararem sua ausência de rumo; o que não muda o fato de serem personagens catárticos e atraentes - cada um, à sua maneira. E eu, ainda longe dos trinta, me sinto um pouco de ambos.
É mais do que adaptação, mas sim uma quase-transposição cinematográfica.
Entretanto, temos aqui o mesmo problema que ocorreu com Noites Brancas, de Visconti, também originalmente um livro e com o protagonista igualmente interpretado por Mastroianni. Há, nessa tradução livro-filme, mais do que a perda natural que ocorre, mas sim certa mudança da essência dos personagens. Se, no primeiro, o Sonhador dostoievskiano transforma-se num sujeito um tanto galante, aqui temos o Mersault camusiano muito menos apático e beirando ao coitadismo/bom-mocismo em certas sequências. Acredito que esses desvios à margem da real essência do personagem não se tratem de algo proposital, mas sim de certa incapacidade do diretor ou ator (quiçá, ambos) de desvincular-se dos seus próprios traços de personalidade. Uma pena que tenha sido recorrente em duas adaptações de ótimos livros.
Em suma, é um bom filme... mas foi inevitável sentir falta do Mersault tipicamente blasé que encontrei ao ler a obra de Camus. Por vezes, me questionei se tratava-se do mesmo personagem.
Sempre vou me encantar pelas animações japonesas e seu universo tão rico, místico, diferente. A cena final com os pássaros é belíssima e de uma delicadeza muito bonita. A música de encerramento, tão doce e com uma letra tão bonita, me cativou bastante.
Embora não esteja entre os melhores do Studio Ghibli, ainda assim continua sendo daqueles filmes leves que melhoram seu dia e te deixam com um sorriso no rosto :-))
Werckmeister Harmóniák é meu primeiro Béla Tarr. Filme belíssimo, com uma estética primorosa. A fotografia é inesquecível (eu diria que está entre uma das mais encantadoras que já vi!) e o uso do p&b, contraste, luz e sombra é maravilhoso. Os travellings e planos sequência também são sublimes, e a longa cena que culmina no primeiro encontro de János com a baleia já se tornou inesquecível para mim.
Não é uma obra fácil, e eu sinto que tenho que revê-la quando tiver mais conhecimento sobre o seu ramo filosófico. Entretanto, mesmo que alguns momentos eu não tenha captado o que aquele simbolismo significava, a película ainda assim faz parte daquele cinema que pode ser realmente caracterizado como uma obra de arte. E isso, por si só, já traz sensações incríveis.
Enfim, neste primeiro contato Béla Tarr já conseguiu se tornar um dos nomes que admiro no Cinema. E isso só me deu mais vontade (agora que conheço, de fato, seu trabalho) de encarar Satantango.
Jan Svankmajer é absurdamente talentoso e criativo. Incrível o fato de um filme quase mudo prender tanto a atenção: foi difícil tirar os olhos da - um tanto taciturna - Alice e de todas as peripécias visuais da película. Todos os sons também despertam a curiosidade e acrescentam à aura de mistério e obscuridade. Uma interpretação bem interessante da "Wonderland".
Em suma, todo o surrealismo e inventividade - aliados ao lindo e sombrio trabalho visual deste filme - é encantador. Só aguça ainda mais minha meta de finalmente ver toda a filmografia de Jan e também conhecer outros diretores desse cinema tcheco.
Talvez por conhecer (e ter me apaixonado) por outros filmes do Godard anteriormente, eu tenha me decepcionado um pouco com esse primeiro trabalho. Aqui, as subversões características da nouvelle vague que tanto me encantam ainda me parecem um tanto tímidas e o filme é um tanto repetitivo e arrastado. Bom saber, entretanto, que o diretor se aprimora bastante no futuro.
Enfim, Acossado é bem fraco em relação às outras obras de Godard que tive contato.
Ainda estou digerindo toda a insanidade desse filme. Ex-Drummer é estranho, perturbador, perverso. O arrogante protagonista é, sem dúvida, o mais sádico de todos e isso é exacerbado de uma forma genial e atordoante - ao mesmo tempo - na sequência final. Outra sequência interessante é a do festival de bandas, que se vale da câmera terrivelmente trêmula e rápida pra causar um efeito realmente físico no espectador: além da confusão do próprio filme aliada à trilha sonora frenética, você realmente se sente tonto ao acompanhar o rápido movimento das imagens.
Enfim, é uma película deveras interessante pra quem gosta desse gênero. Em alguns momentos, lembrei de Gummo.
Até consigo entender a crítica social do filme, mas isso não tira o fato de ser uma película extremamente mal realizada e até desnecessária - vide a morte real dos animais.
Talvez eu já tenha visto gore o suficiente pra não ficar com ânsia de vômito em cenas como a da tartaruga (ato absurdo!), mas também me incomodou demais o fato das mortes femininas e dos próprios estupros serem sempre erotizados. Não sei se essa sexualização foi intencional ou exprime o pensamento dos realizadores, mas isso me soou tão doentio quanto a morte dos animais.
Enfim, péssima forma de fazer cinema. Preferia ter visto algo que tivesse o mínimo de qualidade e bom-senso (e olha, isso é possível SIM num filme gore, vide Taxidermia).
De qualquer forma, gostei do desfecho. Ao menos é justo.
Insano, perverso, repugnante, original e muito bem dirigido. Ótimo representante da estética que pode surgir das fontes mais inóspitas, bem superior e melhor executado do que filmes como o - injustamente aclamado - Salò (na minha opinião). O desfecho é chocante e, ainda assim, fascina. No fim, também há arte no grotesco. No fim, podemos nos tornar arte também, das mais diversas formas.
Sensacional!
(Entretanto, me parece que ler a sinopse antes de ver o filme é uma boa idéia. Pelos comentários, muita gente esperava algo diferente. A película tem uma proposta gore e é preciso ter isso em mente ao assisti-la.)
De relance, tem momentos de estética interessante, como já mencionado. No mais, eu realmente não esperava por um filme tão péssimo e enfadonho. Decepção.
Esse filme dói e encanta ao mesmo tempo. Mas, principalmente, DÓI. É difícil acreditar que seja a estréia do Leos Carax, dada a maestria de condução da película, assim como todo o trabalho visual feito e as doces digressões que ele apresenta. Os diálogos também são maravilhosos, tão significantes, alternados a períodos de pura experimentação imagética.
É incrível como há uma beleza sutil nos mínimos detalhes. Seja no corte longo; na cena do sapateado em que o chão remete a um céu estrelado; na sequência em que a luz falta, sem explicação... São tantos significados em cada cena!
Não sei, mas eu vejo algo d'O Sonhador dostoievskiano no personagem de Alex. A relação e o encontro dele com Mirelle me remetem muito ao que li em Noites Brancas. Mas talvez seja só uma memória afetiva minha.
Passei a sessão quase inteira com um sorriso bobo no rosto e agora me faltam as palavras. Filme lindo, docemente transgressor, repleto de uma brasilidade intrínseca em cada palavra, gesto, cena. Visualmente, é igualmente encantador, com toda uma estética circense-teatral-cabaret-pernambucana (um misto de tanta coisa, assim como nossa própria cultura).
Fico muito feliz por ver que o nosso cinema pode produzir obras tão bonitas e autênticas em suas digressões. Por ser metade pernambucana (e, por isso, ter uma empatia natural), fico mais feliz ainda.
Sorrisos, muitos sorrisos. E uma lembrança açucarada ficou presente. "No futuro, o amor e a liberdade serão como num filme".
Impossível não sentir empatia por essa doçura desajeitada e loser que a Frances carrega. Filme leve, bonito, delicioso de assistir. A sensação inusitadamente boa que ele traz fica por um tempo, e depois da sessão me peguei brincando de correr e dançar, sem muito apuro, tal como a própria Frances naquela ótima cena com Modern Love.
Péssimo. Tenta forçar a tensão o tempo todo, mas mesmo as expressões "tensíssimas" (só que não) do personagem principal não conseguem convencer. Previsível e dentro do lugar comum.
Ah! E as personagens femininas são ridículas, sem força e expressão. Estereótipos toscos aliados ao do "Don Juan argentino pelo qual as moças jovens se apaixonam com facilidade".
Enfim, seria melhor se eu tivesse dormido.
Acho que uma das únicas coisas interessantes é a cena da boate, que é visualmente bonita.
Sensacional! Não esperava um filme tão bom e com um visual tão incrível. A sensação de assisti-lo é bastante imersiva e catártica; gostei também das referências ao nascimento - como alguns colegas já mencionaram - assim como também das reflexões sobre a morte. A cena do feto é maravilhosa, decerto a mais poética.
A queda no mar, o nado até a superfície, a sensação de pisar na terra após tanto tempo sem gravidade... tudo é tão metafórico que causou um efeito muito forte. O uso de recursos sonoros durante o filme como a respiração alta em meio ao silêncio e o barulho das batidas do coração também é magnífico
.
Não esperava um filme tão sensível! Chorei, sorri, fiquei sem ar, tive angústia e vi uma sala inteira assistir à película num silêncio quase espectral. Terminei Gravidade sem palavras.
Surpreendentemente, eu, que sou uma manteiga derretida, não chorei. Mas Túmulo dos Vagalumes é daquelas estórias que nos deixa pensando por um bom tempo, que aperta o coração e essas foram algumas das sensações que tive ao ver esta linda e melancólica animação. A relação entre os irmãos é maravilhosa, mas o desfecho de tudo faz pensar em como o mundo pode ser cruel.
Os Desconectados
3.9 441 Assista AgoraMe surpreendi. O filme cumpre o seu objetivo, apresentando três histórias bem amarradas, transitando entre cada uma de maneira dosada. Direção segura, com o nível certo de tensão, inclusive em seus picos. Os últimos minutos são realmente intensos, quase sufocantes, repletos de uma angústia que termina por envolver completamente o espectador. Interessante a força das narrativas colapsantes!
Não costumo assistir ação/suspense/thriller, mas este é realmente um bom - e atual, devido à temática tecnológica - representante do gênero. E achei especialmente bonita a sequência
dos desfechos em stop motion
Os Cavalos de Fogo
4.1 36 Assista AgoraMaravilhoso! De encher os olhos de lágrimas pela beleza de cenas que constituem uma verdadeira obra de arte audiovisual, numa experiência contemplativa belíssima. Meu primeiro Paradjanov, e fiquei encantada pelo movimento e posição da câmera [muitas vezes por trás de galhos ou em ângulos inusitados; outras, numa dança alucinada que chega a entontecer]; pelas cores; e pela trilha sonora belíssima que mescla canções folclóricas com composições orquestradas. Arte pura.
Lindíssimo e inesquecível.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
4.1 3,2K Assista AgoraMe incomoda um pouco essa abordagem lugar-comum de adolescentes, com os mesmos clichês, certa forçação de barra e tantas outras previsibilidades. É óbvio que existem características e conflitos comuns a esta fase da vida - eu mesma passei por alguns, claro - mas acredito que a abordagem não foi a mais feliz. Para mim, soou "padrão" demais (mesmo com componentes mais incomuns), superficial demais, "filme teen/novela" demais. E talvez eu tenha ficado velha demais pra aguentar isso, no alto dos meus quase vinte anos. Sem deixar de lembrar que é possível fazer bons filmes sobre histórias adolescentes.
Trilha sonora bonita, algumas cenas bem realizadas (geralmente, passagens sem diálogo), temática interessante, mas... é isso. Faltou maturidade, mesmo se tratando de um filme sobre uma idade não muito famosa por essa característica.
Mas meu coração amoleceu um pouco com a cena final (assim como outras sequências, como a que toca Cícero) e eu acabei o filme esquecida da minha parte ranzinza.
A Mulher e o Atirador de Facas
4.1 57Acho que a "química" entre os atores é o que consegue, apesar de algumas falhas, segurar o filme. Nesse ponto, não tenho ressalvas: Daniel Auteuil e Vanessa Paradis se entrelaçaram incrivelmente, formando uma dupla que realmente convence. Gostei também das diferenças entre as personalidades dos personagens; acredito que houve um equilíbrio interessante, bem visível nos diálogos [que possuem alguns momentos memoráveis].
Entretanto, no mais, os bons momentos de "Le fille sur le pont" não são muito constantes. Existem alguns exageros e também falta de tato na condução (e construção!) do enredo.
Em suma, é um filme gostoso de assistir, que flui de forma leve na maioria das vezes. Mas permanece no patamar mediano: o tom excessivamente melodramático e afetado em algumas sequências, prejudicou o andamento da película. O desfecho, ao meu ver, beira o novelesco: não que isso seja de todo ruim (às vezes, como em "Boy Meets Girl", faz sentido), mas não funcionou neste contexto.
Oh Boy
3.7 92Filme de uma despretensiosidade muito agradável. Gosto da sutileza, não apenas dos próprios conflitos internos e externos do personagem, mas também da própria condução da câmera e da construção da fotografia. Cenas bonitas em sua simplicidade, aguçada pelo uso do preto e branco. Sutil também é o jazz, que permeia grande parte das cenas.
Difícil não comparar com Frances Ha pela proximidade de lançamento, temática e p/b. Entretanto, Niko e Frances tem diferenças acentuadas na própria forma de encararem sua ausência de rumo; o que não muda o fato de serem personagens catárticos e atraentes - cada um, à sua maneira. E eu, ainda longe dos trinta, me sinto um pouco de ambos.
O Estrangeiro
3.8 49É mais do que adaptação, mas sim uma quase-transposição cinematográfica.
Entretanto, temos aqui o mesmo problema que ocorreu com Noites Brancas, de Visconti, também originalmente um livro e com o protagonista igualmente interpretado por Mastroianni. Há, nessa tradução livro-filme, mais do que a perda natural que ocorre, mas sim certa mudança da essência dos personagens. Se, no primeiro, o Sonhador dostoievskiano transforma-se num sujeito um tanto galante, aqui temos o Mersault camusiano muito menos apático e beirando ao coitadismo/bom-mocismo em certas sequências. Acredito que esses desvios à margem da real essência do personagem não se tratem de algo proposital, mas sim de certa incapacidade do diretor ou ator (quiçá, ambos) de desvincular-se dos seus próprios traços de personalidade. Uma pena que tenha sido recorrente em duas adaptações de ótimos livros.
Em suma, é um bom filme... mas foi inevitável sentir falta do Mersault tipicamente blasé que encontrei ao ler a obra de Camus. Por vezes, me questionei se tratava-se do mesmo personagem.
A Era do Rádio
4.0 234 Assista AgoraInteressante a perspectiva afetiva atrelada ao meio de comunicação que suscita memórias, mas é o Woody Allen mais fraco que já vi.
O Reino dos Gatos
3.9 403 Assista AgoraSempre vou me encantar pelas animações japonesas e seu universo tão rico, místico, diferente. A cena final com os pássaros é belíssima e de uma delicadeza muito bonita. A música de encerramento, tão doce e com uma letra tão bonita, me cativou bastante.
Embora não esteja entre os melhores do Studio Ghibli, ainda assim continua sendo daqueles filmes leves que melhoram seu dia e te deixam com um sorriso no rosto :-))
Siberian Lady Macbeth
3.3 4Para assistir online: http://www.dailymotion.com/video/xmtwuc_siberian-lady-macbeth_shortfilms :-)
As Harmonias de Werckmeister
4.3 94Werckmeister Harmóniák é meu primeiro Béla Tarr. Filme belíssimo, com uma estética primorosa. A fotografia é inesquecível (eu diria que está entre uma das mais encantadoras que já vi!) e o uso do p&b, contraste, luz e sombra é maravilhoso. Os travellings e planos sequência também são sublimes, e a longa cena que culmina no primeiro encontro de János com a baleia já se tornou inesquecível para mim.
Não é uma obra fácil, e eu sinto que tenho que revê-la quando tiver mais conhecimento sobre o seu ramo filosófico. Entretanto, mesmo que alguns momentos eu não tenha captado o que aquele simbolismo significava, a película ainda assim faz parte daquele cinema que pode ser realmente caracterizado como uma obra de arte. E isso, por si só, já traz sensações incríveis.
Enfim, neste primeiro contato Béla Tarr já conseguiu se tornar um dos nomes que admiro no Cinema. E isso só me deu mais vontade (agora que conheço, de fato, seu trabalho) de encarar Satantango.
Alice
4.1 265Jan Svankmajer é absurdamente talentoso e criativo. Incrível o fato de um filme quase mudo prender tanto a atenção: foi difícil tirar os olhos da - um tanto taciturna - Alice e de todas as peripécias visuais da película. Todos os sons também despertam a curiosidade e acrescentam à aura de mistério e obscuridade. Uma interpretação bem interessante da "Wonderland".
Em suma, todo o surrealismo e inventividade - aliados ao lindo e sombrio trabalho visual deste filme - é encantador. Só aguça ainda mais minha meta de finalmente ver toda a filmografia de Jan e também conhecer outros diretores desse cinema tcheco.
Só senti falta de uma coisa:
eu perdi o momento ou o Chesire Cat realmente não aparece no filme?
Acossado
4.1 510 Assista AgoraTalvez por conhecer (e ter me apaixonado) por outros filmes do Godard anteriormente, eu tenha me decepcionado um pouco com esse primeiro trabalho. Aqui, as subversões características da nouvelle vague que tanto me encantam ainda me parecem um tanto tímidas e o filme é um tanto repetitivo e arrastado. Bom saber, entretanto, que o diretor se aprimora bastante no futuro.
Enfim, Acossado é bem fraco em relação às outras obras de Godard que tive contato.
Ex Baterista
3.8 314Ainda estou digerindo toda a insanidade desse filme. Ex-Drummer é estranho, perturbador, perverso. O arrogante protagonista é, sem dúvida, o mais sádico de todos e isso é exacerbado de uma forma genial e atordoante - ao mesmo tempo - na sequência final. Outra sequência interessante é a do festival de bandas, que se vale da câmera terrivelmente trêmula e rápida pra causar um efeito realmente físico no espectador: além da confusão do próprio filme aliada à trilha sonora frenética, você realmente se sente tonto ao acompanhar o rápido movimento das imagens.
Enfim, é uma película deveras interessante pra quem gosta desse gênero. Em alguns momentos, lembrei de Gummo.
Holocausto Canibal
3.1 834Até consigo entender a crítica social do filme, mas isso não tira o fato de ser uma película extremamente mal realizada e até desnecessária - vide a morte real dos animais.
Talvez eu já tenha visto gore o suficiente pra não ficar com ânsia de vômito em cenas como a da tartaruga (ato absurdo!), mas também me incomodou demais o fato das mortes femininas e dos próprios estupros serem sempre erotizados. Não sei se essa sexualização foi intencional ou exprime o pensamento dos realizadores, mas isso me soou tão doentio quanto a morte dos animais.
Enfim, péssima forma de fazer cinema. Preferia ter visto algo que tivesse o mínimo de qualidade e bom-senso (e olha, isso é possível SIM num filme gore, vide Taxidermia).
De qualquer forma, gostei do desfecho. Ao menos é justo.
Taxidermia: Histórias Grotescas
3.4 345 Assista AgoraInsano, perverso, repugnante, original e muito bem dirigido. Ótimo representante da estética que pode surgir das fontes mais inóspitas, bem superior e melhor executado do que filmes como o - injustamente aclamado - Salò (na minha opinião). O desfecho é chocante e, ainda assim, fascina. No fim, também há arte no grotesco. No fim, podemos nos tornar arte também, das mais diversas formas.
Sensacional!
(Entretanto, me parece que ler a sinopse antes de ver o filme é uma boa idéia. Pelos comentários, muita gente esperava algo diferente. A película tem uma proposta gore e é preciso ter isso em mente ao assisti-la.)
Anna
3.7 42De relance, tem momentos de estética interessante, como já mencionado. No mais, eu realmente não esperava por um filme tão péssimo e enfadonho. Decepção.
Ninjas
4.2 45 Assista AgoraTerror com uma crítica social muito contundente. Produção de muita qualidade.
Boy Meets Girl
3.9 40 Assista AgoraEsse filme dói e encanta ao mesmo tempo. Mas, principalmente, DÓI.
É difícil acreditar que seja a estréia do Leos Carax, dada a maestria de condução da película, assim como todo o trabalho visual feito e as doces digressões que ele apresenta. Os diálogos também são maravilhosos, tão significantes, alternados a períodos de pura experimentação imagética.
É incrível como há uma beleza sutil nos mínimos detalhes. Seja no corte longo; na cena do sapateado em que o chão remete a um céu estrelado; na sequência em que a luz falta, sem explicação... São tantos significados em cada cena!
Não sei, mas eu vejo algo d'O Sonhador dostoievskiano no personagem de Alex. A relação e o encontro dele com Mirelle me remetem muito ao que li em Noites Brancas. Mas talvez seja só uma memória afetiva minha.
Tatuagem
4.2 923 Assista AgoraPassei a sessão quase inteira com um sorriso bobo no rosto e agora me faltam as palavras. Filme lindo, docemente transgressor, repleto de uma brasilidade intrínseca em cada palavra, gesto, cena. Visualmente, é igualmente encantador, com toda uma estética circense-teatral-cabaret-pernambucana (um misto de tanta coisa, assim como nossa própria cultura).
Fico muito feliz por ver que o nosso cinema pode produzir obras tão bonitas e autênticas em suas digressões. Por ser metade pernambucana (e, por isso, ter uma empatia natural), fico mais feliz ainda.
Sorrisos, muitos sorrisos. E uma lembrança açucarada ficou presente. "No futuro, o amor e a liberdade serão como num filme".
Frances Ha
4.1 1,5K Assista AgoraImpossível não sentir empatia por essa doçura desajeitada e loser que a Frances carrega. Filme leve, bonito, delicioso de assistir. A sensação inusitadamente boa que ele traz fica por um tempo, e depois da sessão me peguei brincando de correr e dançar, sem muito apuro, tal como a própria Frances naquela ótima cena com Modern Love.
- "Undateable!"
Tese Sobre um Homicídio
3.4 310 Assista AgoraPéssimo.
Tenta forçar a tensão o tempo todo, mas mesmo as expressões "tensíssimas" (só que não) do personagem principal não conseguem convencer. Previsível e dentro do lugar comum.
Ah! E as personagens femininas são ridículas, sem força e expressão. Estereótipos toscos aliados ao do "Don Juan argentino pelo qual as moças jovens se apaixonam com facilidade".
Enfim, seria melhor se eu tivesse dormido.
Acho que uma das únicas coisas interessantes é a cena da boate, que é visualmente bonita.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraSensacional! Não esperava um filme tão bom e com um visual tão incrível. A sensação de assisti-lo é bastante imersiva e catártica; gostei também das referências ao nascimento - como alguns colegas já mencionaram - assim como também das reflexões sobre a morte. A cena do feto é maravilhosa, decerto a mais poética.
Aliás, a sequência final é incrível!
A queda no mar, o nado até a superfície, a sensação de pisar na terra após tanto tempo sem gravidade... tudo é tão metafórico que causou um efeito muito forte. O uso de recursos sonoros durante o filme como a respiração alta em meio ao silêncio e o barulho das batidas do coração também é magnífico
Não esperava um filme tão sensível! Chorei, sorri, fiquei sem ar, tive angústia e vi uma sala inteira assistir à película num silêncio quase espectral. Terminei Gravidade sem palavras.
Túmulo dos Vagalumes
4.6 2,2KSurpreendentemente, eu, que sou uma manteiga derretida, não chorei. Mas Túmulo dos Vagalumes é daquelas estórias que nos deixa pensando por um bom tempo, que aperta o coração e essas foram algumas das sensações que tive ao ver esta linda e melancólica animação. A relação entre os irmãos é maravilhosa, mas o desfecho de tudo faz pensar em como o mundo pode ser cruel.
A história da mãe me emocionou profundamente...
Um filme memorável.
Tomboy
4.2 1,6K Assista AgoraFilme lindo! Aborda com doçura um tema tão polêmico e complicado, mas mesmo apesar da sutileza, não é superficial.