8.6 - Um dos maiores "flops" cinematográficos de 2019, que embora seja um filme de Ficção Científica, onde assistimos à invasão de uma força alienígena que subjuga os líderes terrestres, mas onde temos um toque de "diferença" relativamente ao habitual estilo hollywoodiano, o que talvez tenha sido a razão do seu próprio fracasso nas bilheteiras (N.R. - de um custo de produção de 25 milhões de dólares, esta película, realizada por Rupert Wyatt, apenas rendeu "quase" 9 milhões de dólares!). Em vez de uma película com muita acção e efeitos especiais (ao jeito Marvel), assistimos a algo mais contido, ainda assim com alguma acção e efeitos especiais, mas com maior amplitude psicológica das personagens e da própria história/argumento, com um desenvolvimento mais lento mas seguro, acompanhado de boas e intensas interpretações (sobretudo de John Goodman) e de uma banda sonora sóbria mas bem adequada ao clima cinematográfico da película, escolhida por Rob Simonsen. É de mencionar também a clara alusão e analogia existente na película, a um estado Ditatorial, entre Resistência e Colaboracionismo, entre a Ditadura encapotada de apaziguadora e defensora do bem-estar e paz social e mundial (dos aliens, e seus colaboradores, governantes, a soldo dos mesmos, e seus "bufos"/denunciadores) e a vontade de libertação de um jugo opressor, por parte da "arraia miúda", dos mais afectados na distribuição dos recursos (os lutadores/resistentes), com uns de um lado, e outros de outro, em facções antagónicas. Uma agradável surpresa... apesar da falha nas bilheteiras mundiais!
6.9 - Um filme de comédia ligeira, realizado por Artur Semedo, e protagonizado por Mário Viegas, que começa por um estilo de documentário televisivo, em jeito de entrevistas de um jornalista (aliás verdadeiro: Joaquim Letria), mas que acaba numa série de "flashbacks" a contarem a estranha história de D. Lucas Telmo de Midões, pretendente ao trono das Berlengas, território insular perdido séculos atrás, para D. Afonso Henriques, o Conquistador de Portugal. Tendo como ponto de partida uma espécie de biografia pessoal, passamos a visualizar, nesta película, o desenrolar de alguns episódios relevantes da própria História colectiva de Portugal, em tom jocoso e em jeito de ligeira crítica social. Interessante e, a espaços, com alguma comicidade.
6.9 - Filme que retrata as aventuras e desventuras do navegador português, Fernão Mendes Pinto, a partir dos textos que nos deixou, efectuado e realizado por João Botelho, de forma algo teatral, com apontamentos musicais baseados na obra "Por Este Rio Acima", do músico e compositor português Fausto. Esquecido e relegado para 2º ou 3º plano pelos seus conterrâneos (face a nomes mais sonoros como Luís Vaz de Camões, João de Barros e Fernão Lopes de Castanheda), assistimos também aos seus últimos dias na nossa pátria, terra que o viu nascer, mas que não o reconheceu em vida. Interessante como crónica histórica, mas demasiado teatral e encenado (dir-se-ia, até, "fantasioso demais", um pouco à semelhança da opinião, dada na altura, à obra original de Fernão Mendes Pinto, com o mesmo nome do título deste filme).
7.5 - Antes de mais, uma película "diferente", é a sensação com que ficamos ao visualizar este filme, realizado por Alice Winocour. O tema é sobre a ida ao espaço de uma astronauta, que se separa da sua filha de 8 anos de idade, para prosseguir o seu "sonho de vida": ser astronauta e viajar no Espaço sideral. Podia-se esperar um filme de acção, suspense ou mesmo terror, mas em vez disso, assistimos a toda a problemática que envolve a vida, o esforço pessoal, e os laços que se expõem a um duro teste, perante uma situação que se pode considerar "de limite", pois tal viagem (a espacial), acarreta riscos (de separação, de isolamento, e em último e pior caso, de vida). Um filme interessante, talvez com um ritmo algo lento e contemplativo, mas com bastante força psicológica, chegando ao ponto de ser até emocionante, ao que não é alheio o excepcional e convincente desempenho de Eva Green. A acompanhar, e para destacar também, a música de Ryuichi Sakamoto.
8.9 - Um filme tipo "feel good movie", com comédia, drama e boa música, realizado por Gurinder Chadha. A narrativa gira à volta de um jovem de origem paquistanesa, a viver em Luton Town, um subúrbio de Londres, numa tradicional família, com um pai rígido na manutenção das tradições originárias. Contudo o jovem aspira a mais e a algo diferente, a nível pessoal e profissional (quer ser escritor), perseguindo os seus sonhos e conhecendo um "Mundo" melhor e maior. Entre dois mundos, e face ao marasmo e falta de perspectivas profissionais e de futuro, acrescida da desconfiança e até racismo da comunidade britânica (ou pelo menos, de parte da mesma), este jovem refugia-se na música de Bruce Springsteen, que aqui se torna o fio condutor da película e da mente do jovem e, também, do seu "crescimento" pessoal. A realizadora Gurinder Chadha alia uma temática já recorrente na sua filmografia, do jovem "deslocado", a viver numa sociedade diferente da dos seus pais, e do equilíbrio complicado entre tradição familiar e "novos costumes", neste caso, à música e letras de Bruce Springsteen, sempre omnipresentes ao longo da película, como uma espécie de força motivadora e condutora desse jovem, e sua respectiva ânsia de mudança e "alargar de horizontes" pessoais. Um filme emocionante e divertido, com a música de qualidade reconhecida do intérprete já citado, mas também de outros clássicos dos anos 80, escolhidos pelo encarregado da banda sonora: A. R. Rahman. Muito aconselhável, pelas razões já citadas mas também pela beleza da "piquena" Nell Williams!
8.5 - Um filme onde se assiste à emancipação de uma mulher (Laura/Marisa Cruz), vítima de um casamento "quase" forçado (estando grávida), de violência doméstica por parte do marido, e de uma sociedade rural, retrógada e repressiva (Portugal dos anos 50/60), que foge para uma cidade, sem o filho recém-nascido (mas não esquecido) e que se transforma numa mulher sensual e desejada pela maioria dos homens, com a ajuda de uma tia "diferente". E até no aspecto visual, essa transformação se dá: do inicial aspecto recatado , à paixão pela diva Marylin Monroe, a quem se acaba por parecer esteticamente, e também fisicamente, na cor loura do cabelo. Pelo meio, temos um filme de visualização fácil, recheado de grandes nomes da nossa praça (Nicolau Breyner à cabeça, mas também, Rui Unas, Marcantonio Del Carlo, João Lagarto, Susana Mendes, Teresa Madruga, e Afonso Pimentel, entre outros), com imagens icónicas em jeito de homenagem (aliás assumida pelo realizador António da Cunha Telles) ao cinema de outros grandes realizadores, uma boa banda sonora escolhida por José Calvário e sensualidade... muita sensualidade!!!
7.5 - Uma película, de Edgar Pêra, de comédia "fácil" e recheada de estereótipos usuais (na linha da temática escolhida), além de figuras conhecidas dos ecrãs portugueses, como: Diogo Morgado, Jorge Corrula, Diana Monteiro, Nuno Melo, Marina Albuquerque, Melânia Gomes, Rui Unas, Nicolau Breyner, José Wallenstein e até Anselmo Ralph e Bárbara Guimarães como "eles próprios". A trama gira à volta da "amnésia" de um escritor de sucesso, gay, que acorda sem se recordar da sua preferência sexual específica, rejeitando, assim, o namorado (de à 5 anos), e tudo o que lhe parece "gay" e até procurando os prazeres heterossexuais. Embora com comédia divertida q.b., o filme demonstra uma superficialidade elevada e uma ligeireza enorme no tratamento do tema em questão.
7.4 - Uma espécie de ficção-científica retro-futurista, realizada por Alice Waddington, onde raparigas rebeldes são "institucionalizadas" à força, numa ilha paradisíaca, para se tornarem jovens submissas e obedientes, a seus pais e/ou futuros maridos, numa sociedade dividida entre "Superiores" e "Inferiores". Apesar da premissa promissora, de análise e crítica social implícita (e relevante) na referida divisão social, e apesar da qualidade cénica da película, esta perde-se numa junção de vários estilos (ora ficção científica, ora romance, ora terror ou thriller) e temas (sociedade, géneros sexuais ou identitários e até outros temas mais esotéricos, estranhos ou fantasiosos ( - N.R. - Se visionarem até ao fim da película irão perceber!), que aliada à fraqueza psicológica dos personagens e à falta de originalidade ( N.R. - Muitas vezes acaba-se a pensar: "Onde é que já vi isto?", embora se diga ou considere, que se tratam de homenagens aos filmes dos anos 80), tornam o filme um verdadeiro "flop"! Vale pelas "babes" (Emma Roberts, Eiza González, Awkwafina e Milla Jovovich) e pela cenografia toda... e pouco mais!
8.9 - Último filme de Luis Buñuel, onde assistimos ao amor, quase obssessivo, entre um senhor já de alguma idade (avançada) e uma jovem e bonita rapariga (dir-se-ia uma espécie de "Lolita" - Conchita - a belíssima Carole Bouquet), sendo ele um homem rico e abastado, e ela uma "simples" criada, de passado e presente duvidosos. Da "repulsa" inicial, por parte da jovem, presenciamos a uma espécie de jogo do "gato e rato", com a jovem a demonstrar abertura para esse amor, mas sempre recusando a concretização "física" do mesmo. Pelo meio, algumas cenas surrealistas (ou não estivéssemos perante um filme de um dos mestres deste género de arte), como a ambiência de um clima de atentados terroristas, numa película com um humor subtil e refinado, numa espécie de retrato do amor entre o Homem e a Mulher e também com alguma crítica social, relativa à diferença entre classes (sociais), à mistura. Muito aconselhável visionamento!
8.0 - Uma película, realizada por Jorge Pelicano, que partindo de uma temática "complicada" ou polémica, como é a homossexualidade e a pornografia, nos fornece uma imagem pungente da solidão, da falta ou dificuldade de comunicação entre gerações diferentes (entre pais, filhos e família) e, sobretudo, da "força" do Amor maternal. Neste filme, meio-documental, meio-ficcionado, acompanhamos a história de uma mãe (que embora nem seja a "biológica"), que apesar da repulsa inicial da descoberta de o seu filho ser gay e também actor pornográfico, tenta estabelecer laços duradouros com este filho, apesar também do seu afastamento físico (ou geográfico) e comunicacional. Assistimos, com demonstrada mestria, a ambos os lados da questão, o da mãe e também ao do filho, e no seu término, a uma espécie de "reencontro" final. Uma surpresa, interessante e até emotiva.
8.0 - Uma película de terror portuguesa, realizada por Tiago Guedes e Frederico Serra, um pouco ao estilo de "Os Outros/The Others" e das temáticas de casas amaldiçoadas por acontecimentos macabros do passado. Recheado de actores e actrizes portuguesas já com algum destaque, tais como: Adriano Luz, Manuela Couto, Sara Carinhas, Afonso Pimentel, José Pinto, João Pedro Vaz, Elisa Lisboa, Filipe Duarte, Miguel Borges, Sara Barradas (entre outros...), é um filme que tenta juntar as velhas crenças e lendas do Interior de Portugal (com "bruxas, exorcismos, possessões, Diabo e Deus"), por um lado, e a dúvida ou rejeição científica/pensamento racional, por outro lado. Interessante história e desenvolvimento, mas com pouco (ou nenhum) "susto". Curiosidades: o argumento é de Rodrigo Guedes de Carvalho, conhecidíssimo jornalista da TV em Portugal, e também escritor literário. É também o irmão mais velho do próprio realizador Tiago Guedes.
8.0 - Uma surpresa esta comédia, de João Botelho, protagonizada por Rogério Samora e com a companhia de várias actrizes (e actores) de renome em Portugal. Trata-se de uma película em que acompanhamos um motorista (algo estouvado) e seu patrão (algo temeroso), em viagem de carro, em que vão contando as histórias de amores (e sobretudo desamores) e traições amorosas que viveram ou que ouvem da boca de outros personagens, tudo em tom jocoso e divertido, numa espécie de crítica ou reflexão (negativa) sobre o Amor, um pouco na linha daquela "velha frase/pensamento" : "O Amor é a doença dos tolos"!
3.8 - Uma película, de Pedro Costa, que se poderá chamar de "esquisita", não só pela ambiência e imagens nela visualizadas, como também pelos diálogos quase inexistentes, ou que a existirem, são monocórdicos e esquálidos. Tal deve-se, em parte (ou mesmo, devido a esta mesmíssima razão) ao tema retratado: a miséria, a pobreza extrema, o desespero e até a depressão (pessoal e também social).
5.7 - Uma película, realizada por Pedro Costa, com uma temática e imagética algo sombria e pesada. Tendo como ponto de partida a morte de um imigrante de Cabo Verde, assistimos à vinda da sua esposa ("que lá ficou", e que chega agora a Portugal, já depois do marido estar enterrado), numa espécie de crítica social da pobreza, desespero, degradação, abandono e condições de vida destes imigrantes em Portugal (ou na Europa), ao aliar as imagens escuras, sombrias, pesadas, recheadas de ambiência negra (tal como a cor dos próprios), aos diálogos/pensamentos/vivências dos personagens. Demasiado longo, experimental e difícil de visualizar.
7.0 - Um filme baseado em factos reais (de práticas abusivas, por parte dos Serviços de Assistência Social Britânicos, sobre famílias emigrantes), realizado por Ana Rocha (uma conhecida actriz portuguesa), e protagonizado por Lúcia Moniz (numa excelente interpretação) e Ruben Garcia (outra boa interpretação, mas mais secundária ou de menor impacto), que opta por uma abordagem quase documental, embora ficcionada. De facto, embora a referida ficção, seja baseada na realidade, a cinematografia usada e o tom do filme parece mais de um formato documental. Destaque para o tema, e sua importância, e para o desempenho multi-premiado de Lúcia Moniz (dentro e fora de fronteiras, inclusíve no Reino Unido).
4.5 - Uma película, de Catarina Vasconcelos, feita sobretudo, de imagens montadas, a acompanhar textos e cartas de um casal, ele embarcado, ela em terra, a cuidar dos filhos. Demasiado autoral e recheado de metáforas filosóficas, muitas vezes ou a maior parte delas, de difícil compreensão ou decifração. Apenas interessante numa ou outra alegoria imagética.
5.8 - Uma pequena história, realizada por David Bonneville, de uma freira prestes a fazer os seus votos definitivos, que com a morte súbita de seu pai, fica com um jovem sobrinho, de 15 anos, a seu cargo. Da rejeição e dificuldade inicial à ideia de ficar com o seu sobrinho, passamos a uma aceitação, empatia mútua e até a um "amor" (quase incestuoso) entre ambos. Meramente interessante.
7.6 - Uma ficção semi-documental, realizada por Sérgio Trefaut, que retrata a pobreza/vivência da maioria dos Alentejanos, na época Salazarista, onde "não há pão, os pobres nascem pobres, os ricos nascem ricos; os pobres morrem pobres, os ricos morrem ricos". Assiste-se, assim, à dicotomia vivida (e sentida) da pobreza extrema, da exclusão (social), de um lado, e do outro, da riqueza e suas mordomias, poder e influência (também social), e em último caso, da revolta emergente, de quem "sente na pele" essa mesma discrepância. De destacar, nesta película algo arrastada em termos de desenvolvimento visual da narrativa, e recheada de alguns nomes grandes do cinema português (ex: Isabel Ruth, Adriano Luz, Lia Gama, Rogério Samora, Leonor Silveira e Luís Miguel Cintra, só para referir os de maior destaque) a premiada fotografia, a preto e branco, de Acácio de Almeida!
8.5 - Um filme de ficção científica, realizado por Luc Besson, com muitos efeitos especiais, um universo rico e recheado de espécies alienígenas, uma história épica, tudo "normal" numa película do género, excepto na caracterização psicológica dos personagens principais e na, igualmente "fraquinha" química, do par amoroso protagonista (Cara Delevingne e o imberbe Dane DeHaan). Uma película baseada numa BD francesa, acompanhada da música de Alexandre Desplat, com a presença de uma surpreendente Rihanna e alguns actores de Hollywood de renome, como: Clive Owen, Ethan Hawke e Rutger Hauer. Curiosidade: a presença no elenco de alguns realizadores conhecidos do cinema francês, tais como, Louis Leterrier, Mathieu Kassovitz, Alain Chabat, Olivier Megaton, Gérard Krawczyk e Benoît Jacquot, em papéis secundários ou muito secundários.
6.4 - Uma película onde o ambiente do território de Macau em modernização acentuada para a criação de hóteis e casinos, é o "factor determinante" de toda a imagética e história da mesma. De resto, temos uma história enigmática e algo imperceptível de uma mulher portuguesa, a tentar salvar uma velha pensão/hotel, um pai viciado no jogo e que desistiu de lutar, e um jovem empresário, que fez parte do passado de ambos. Com a presença, numa interpretação interessante, mas prejudicada pelo argumento débil do filme, de Margarida Vila-Nova.
7.6 - Um filme, realizado por Fernando Lopes, que segue a "fuga" de duas pessoas desconhecidas entre elas, mas que decidem fâze-la em conjunto. Protagonizado por Rogério Samora e a bela Carla Chambel, o par fugido a algo do passado (que se desconhece), que se vai "conhecendo" e partilhando experiências passadas em viagem, a película tem diálogos interessantes e algo "intensos", mas um ritmo um pouco lento, interpretações seguras mas um desenrolar da história, também um pouco sem "sentido" aparente (assim à maneira das personagens). A acompanhar, em nota positiva, a música com a qualidade garantida, de Bernardo Sassetti.
9.1 - Uma película belíssima, realizada por Niki Caro, com um lirismo extraordinário, que acompanha a "luta" de uma pequena rapariga (Keisha Castle-Hughes, numa fenomenal interpretação), órfã de mãe, à nascença e rejeitada (de certo modo) também pelo pai e pelo avô (que esperava a nascença de um primogénito - também falecido no mesmo momento do seu nascimento - para continuar a tradição de líder do povo Maori, a que pertencem). Mas, esta rapariga, Paikea, não desiste fácilmente à rejeição do avô Koro, a quem adora. Um filme que retrata, simultaneamente, a luta da mulher numa sociedade patriarcal e também o eterno conflito entre o mundo moderno, em constante evolução, e o mundo tradicional, e da sua necessidade de preservação, até como factor de união dessas mesmas comunidades.
6.0 - Um filme algo esotérico, com um casal estrangeiro (Catherine Deneuve e John Malkovich), um professor americano em busca de provas para uma investigação teórica sobre a origem de Shakespeare e sua loura e bonita esposa, que chegam a um Convento na Arrábida, na sequência dessa pesquisa. Por outro lado, a história "macabra" do Convento e dos monges que nele habitaram, um cuidador deste, algo estranho, sinistro e sombrio (Luís Miguel Cintra), uma "ameaça jovem" (Leonor Silveira) ao casamento deste casal estrangeiro e ainda referências à obra "Fausto", quer visualmente (do livro de Goethe), quer literáriamente (citações) e até na essência do tema da película. Muito arrastado e algo maçador. Nota positiva apenas para a banda sonora, clássica e sinistra, daí perfeitamente adequada ao tema retratado.
7.5 - Um filme-ópera, realizado por Manoel de Oliveira, onde a trama é "cantada"! Uma película surpreendente, onde da desconfiança inicial, acabamos com um delicioso final trágico-cómico e satírico, e passando de uma história de amor trágica a uma espécie de crítica social cómica! Protagonizado por Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Diogo Dória e Rogério Samora.
A Rebelião
2.6 126 Assista Agora8.6 - Um dos maiores "flops" cinematográficos de 2019, que embora seja um filme de Ficção Científica, onde assistimos à invasão de uma força alienígena que subjuga os líderes terrestres, mas onde temos um toque de "diferença" relativamente ao habitual estilo hollywoodiano, o que talvez tenha sido a razão do seu próprio fracasso nas bilheteiras (N.R. - de um custo de produção de 25 milhões de dólares, esta película, realizada por Rupert Wyatt, apenas rendeu "quase" 9 milhões de dólares!). Em vez de uma película com muita acção e efeitos especiais (ao jeito Marvel), assistimos a algo mais contido, ainda assim com alguma acção e efeitos especiais, mas com maior amplitude psicológica das personagens e da própria história/argumento, com um desenvolvimento mais lento mas seguro, acompanhado de boas e intensas interpretações (sobretudo de John Goodman) e de uma banda sonora sóbria mas bem adequada ao clima cinematográfico da película, escolhida por Rob Simonsen. É de mencionar também a clara alusão e analogia existente na película, a um estado Ditatorial, entre Resistência e Colaboracionismo, entre a Ditadura encapotada de apaziguadora e defensora do bem-estar e paz social e mundial (dos aliens, e seus colaboradores, governantes, a soldo dos mesmos, e seus "bufos"/denunciadores) e a vontade de libertação de um jugo opressor, por parte da "arraia miúda", dos mais afectados na distribuição dos recursos (os lutadores/resistentes), com uns de um lado, e outros de outro, em facções antagónicas. Uma agradável surpresa... apesar da falha nas bilheteiras mundiais!
O Rei das Berlengas
4.0 16.9 - Um filme de comédia ligeira, realizado por Artur Semedo, e protagonizado por Mário Viegas, que começa por um estilo de documentário televisivo, em jeito de entrevistas de um jornalista (aliás verdadeiro: Joaquim Letria), mas que acaba numa série de "flashbacks" a contarem a estranha história de D. Lucas Telmo de Midões, pretendente ao trono das Berlengas, território insular perdido séculos atrás, para D. Afonso Henriques, o Conquistador de Portugal. Tendo como ponto de partida uma espécie de biografia pessoal, passamos a visualizar, nesta película, o desenrolar de alguns episódios relevantes da própria História colectiva de Portugal, em tom jocoso e em jeito de ligeira crítica social. Interessante e, a espaços, com alguma comicidade.
Peregrinação
2.4 36.9 - Filme que retrata as aventuras e desventuras do navegador português, Fernão Mendes Pinto, a partir dos textos que nos deixou, efectuado e realizado por João Botelho, de forma algo teatral, com apontamentos musicais baseados na obra "Por Este Rio Acima", do músico e compositor português Fausto. Esquecido e relegado para 2º ou 3º plano pelos seus conterrâneos (face a nomes mais sonoros como Luís Vaz de Camões, João de Barros e Fernão Lopes de Castanheda), assistimos também aos seus últimos dias na nossa pátria, terra que o viu nascer, mas que não o reconheceu em vida. Interessante como crónica histórica, mas demasiado teatral e encenado (dir-se-ia, até, "fantasioso demais", um pouco à semelhança da opinião, dada na altura, à obra original de Fernão Mendes Pinto, com o mesmo nome do título deste filme).
A Jornada
3.4 51 Assista Agora7.5 - Antes de mais, uma película "diferente", é a sensação com que ficamos ao visualizar este filme, realizado por Alice Winocour. O tema é sobre a ida ao espaço de uma astronauta, que se separa da sua filha de 8 anos de idade, para prosseguir o seu "sonho de vida": ser astronauta e viajar no Espaço sideral. Podia-se esperar um filme de acção, suspense ou mesmo terror, mas em vez disso, assistimos a toda a problemática que envolve a vida, o esforço pessoal, e os laços que se expõem a um duro teste, perante uma situação que se pode considerar "de limite", pois tal viagem (a espacial), acarreta riscos (de separação, de isolamento, e em último e pior caso, de vida). Um filme interessante, talvez com um ritmo algo lento e contemplativo, mas com bastante força psicológica, chegando ao ponto de ser até emocionante, ao que não é alheio o excepcional e convincente desempenho de Eva Green. A acompanhar, e para destacar também, a música de Ryuichi Sakamoto.
A Música da Minha Vida
3.6 106 Assista Agora8.9 - Um filme tipo "feel good movie", com comédia, drama e boa música, realizado por Gurinder Chadha. A narrativa gira à volta de um jovem de origem paquistanesa, a viver em Luton Town, um subúrbio de Londres, numa tradicional família, com um pai rígido na manutenção das tradições originárias. Contudo o jovem aspira a mais e a algo diferente, a nível pessoal e profissional (quer ser escritor), perseguindo os seus sonhos e conhecendo um "Mundo" melhor e maior. Entre dois mundos, e face ao marasmo e falta de perspectivas profissionais e de futuro, acrescida da desconfiança e até racismo da comunidade britânica (ou pelo menos, de parte da mesma), este jovem refugia-se na música de Bruce Springsteen, que aqui se torna o fio condutor da película e da mente do jovem e, também, do seu "crescimento" pessoal. A realizadora Gurinder Chadha alia uma temática já recorrente na sua filmografia, do jovem "deslocado", a viver numa sociedade diferente da dos seus pais, e do equilíbrio complicado entre tradição familiar e "novos costumes", neste caso, à música e letras de Bruce Springsteen, sempre omnipresentes ao longo da película, como uma espécie de força motivadora e condutora desse jovem, e sua respectiva ânsia de mudança e "alargar de horizontes" pessoais. Um filme emocionante e divertido, com a música de qualidade reconhecida do intérprete já citado, mas também de outros clássicos dos anos 80, escolhidos pelo encarregado da banda sonora: A. R. Rahman. Muito aconselhável, pelas razões já citadas mas também pela beleza da "piquena" Nell Williams!
Kiss Me
3.5 18.5 - Um filme onde se assiste à emancipação de uma mulher (Laura/Marisa Cruz), vítima de um casamento "quase" forçado (estando grávida), de violência doméstica por parte do marido, e de uma sociedade rural, retrógada e repressiva (Portugal dos anos 50/60), que foge para uma cidade, sem o filho recém-nascido (mas não esquecido) e que se transforma numa mulher sensual e desejada pela maioria dos homens, com a ajuda de uma tia "diferente". E até no aspecto visual, essa transformação se dá: do inicial aspecto recatado , à paixão pela diva Marylin Monroe, a quem se acaba por parecer esteticamente, e também fisicamente, na cor loura do cabelo. Pelo meio, temos um filme de visualização fácil, recheado de grandes nomes da nossa praça (Nicolau Breyner à cabeça, mas também, Rui Unas, Marcantonio Del Carlo, João Lagarto, Susana Mendes, Teresa Madruga, e Afonso Pimentel, entre outros), com imagens icónicas em jeito de homenagem (aliás assumida pelo realizador António da Cunha Telles) ao cinema de outros grandes realizadores, uma boa banda sonora escolhida por José Calvário e sensualidade... muita sensualidade!!!
Virados do avesso
2.4 37.5 - Uma película, de Edgar Pêra, de comédia "fácil" e recheada de estereótipos usuais (na linha da temática escolhida), além de figuras conhecidas dos ecrãs portugueses, como: Diogo Morgado, Jorge Corrula, Diana Monteiro, Nuno Melo, Marina Albuquerque, Melânia Gomes, Rui Unas, Nicolau Breyner, José Wallenstein e até Anselmo Ralph e Bárbara Guimarães como "eles próprios". A trama gira à volta da "amnésia" de um escritor de sucesso, gay, que acorda sem se recordar da sua preferência sexual específica, rejeitando, assim, o namorado (de à 5 anos), e tudo o que lhe parece "gay" e até procurando os prazeres heterossexuais. Embora com comédia divertida q.b., o filme demonstra uma superficialidade elevada e uma ligeireza enorme no tratamento do tema em questão.
Presas no Paraíso
2.5 1267.4 - Uma espécie de ficção-científica retro-futurista, realizada por Alice Waddington, onde raparigas rebeldes são "institucionalizadas" à força, numa ilha paradisíaca, para se tornarem jovens submissas e obedientes, a seus pais e/ou futuros maridos, numa sociedade dividida entre "Superiores" e "Inferiores". Apesar da premissa promissora, de análise e crítica social implícita (e relevante) na referida divisão social, e apesar da qualidade cénica da película, esta perde-se numa junção de vários estilos (ora ficção científica, ora romance, ora terror ou thriller) e temas (sociedade, géneros sexuais ou identitários e até outros temas mais esotéricos, estranhos ou fantasiosos ( - N.R. - Se visionarem até ao fim da película irão perceber!), que aliada à fraqueza psicológica dos personagens e à falta de originalidade ( N.R. - Muitas vezes acaba-se a pensar: "Onde é que já vi isto?", embora se diga ou considere, que se tratam de homenagens aos filmes dos anos 80), tornam o filme um verdadeiro "flop"! Vale pelas "babes" (Emma Roberts, Eiza González, Awkwafina e Milla Jovovich) e pela cenografia toda... e pouco mais!
Esse Obscuro Objeto do Desejo
4.2 878.9 - Último filme de Luis Buñuel, onde assistimos ao amor, quase obssessivo, entre um senhor já de alguma idade (avançada) e uma jovem e bonita rapariga (dir-se-ia uma espécie de "Lolita" - Conchita - a belíssima Carole Bouquet), sendo ele um homem rico e abastado, e ela uma "simples" criada, de passado e presente duvidosos. Da "repulsa" inicial, por parte da jovem, presenciamos a uma espécie de jogo do "gato e rato", com a jovem a demonstrar abertura para esse amor, mas sempre recusando a concretização "física" do mesmo. Pelo meio, algumas cenas surrealistas (ou não estivéssemos perante um filme de um dos mestres deste género de arte), como a ambiência de um clima de atentados terroristas, numa película com um humor subtil e refinado, numa espécie de retrato do amor entre o Homem e a Mulher e também com alguma crítica social, relativa à diferença entre classes (sociais), à mistura. Muito aconselhável visionamento!
Até que o porno nos separe..
3.6 28.0 - Uma película, realizada por Jorge Pelicano, que partindo de uma temática "complicada" ou polémica, como é a homossexualidade e a pornografia, nos fornece uma imagem pungente da solidão, da falta ou dificuldade de comunicação entre gerações diferentes (entre pais, filhos e família) e, sobretudo, da "força" do Amor maternal. Neste filme, meio-documental, meio-ficcionado, acompanhamos a história de uma mãe (que embora nem seja a "biológica"), que apesar da repulsa inicial da descoberta de o seu filho ser gay e também actor pornográfico, tenta estabelecer laços duradouros com este filho, apesar também do seu afastamento físico (ou geográfico) e comunicacional. Assistimos, com demonstrada mestria, a ambos os lados da questão, o da mãe e também ao do filho, e no seu término, a uma espécie de "reencontro" final. Uma surpresa, interessante e até emotiva.
Coisa Ruim
3.2 268.0 - Uma película de terror portuguesa, realizada por Tiago Guedes e Frederico Serra, um pouco ao estilo de "Os Outros/The Others" e das temáticas de casas amaldiçoadas por acontecimentos macabros do passado. Recheado de actores e actrizes portuguesas já com algum destaque, tais como: Adriano Luz, Manuela Couto, Sara Carinhas, Afonso Pimentel, José Pinto, João Pedro Vaz, Elisa Lisboa, Filipe Duarte, Miguel Borges, Sara Barradas (entre outros...), é um filme que tenta juntar as velhas crenças e lendas do Interior de Portugal (com "bruxas, exorcismos, possessões, Diabo e Deus"), por um lado, e a dúvida ou rejeição científica/pensamento racional, por outro lado. Interessante história e desenvolvimento, mas com pouco (ou nenhum) "susto". Curiosidades: o argumento é de Rodrigo Guedes de Carvalho, conhecidíssimo jornalista da TV em Portugal, e também escritor literário. É também o irmão mais velho do próprio realizador Tiago Guedes.
O Fatalista
4.3 18.0 - Uma surpresa esta comédia, de João Botelho, protagonizada por Rogério Samora e com a companhia de várias actrizes (e actores) de renome em Portugal. Trata-se de uma película em que acompanhamos um motorista (algo estouvado) e seu patrão (algo temeroso), em viagem de carro, em que vão contando as histórias de amores (e sobretudo desamores) e traições amorosas que viveram ou que ouvem da boca de outros personagens, tudo em tom jocoso e divertido, numa espécie de crítica ou reflexão (negativa) sobre o Amor, um pouco na linha daquela "velha frase/pensamento" : "O Amor é a doença dos tolos"!
Ossos
3.8 193.8 - Uma película, de Pedro Costa, que se poderá chamar de "esquisita", não só pela ambiência e imagens nela visualizadas, como também pelos diálogos quase inexistentes, ou que a existirem, são monocórdicos e esquálidos. Tal deve-se, em parte (ou mesmo, devido a esta mesmíssima razão) ao tema retratado: a miséria, a pobreza extrema, o desespero e até a depressão (pessoal e também social).
Vitalina Varela
3.8 24 Assista Agora5.7 - Uma película, realizada por Pedro Costa, com uma temática e imagética algo sombria e pesada. Tendo como ponto de partida a morte de um imigrante de Cabo Verde, assistimos à vinda da sua esposa ("que lá ficou", e que chega agora a Portugal, já depois do marido estar enterrado), numa espécie de crítica social da pobreza, desespero, degradação, abandono e condições de vida destes imigrantes em Portugal (ou na Europa), ao aliar as imagens escuras, sombrias, pesadas, recheadas de ambiência negra (tal como a cor dos próprios), aos diálogos/pensamentos/vivências dos personagens. Demasiado longo, experimental e difícil de visualizar.
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3.3 107.0 - Um filme baseado em factos reais (de práticas abusivas, por parte dos Serviços de Assistência Social Britânicos, sobre famílias emigrantes), realizado por Ana Rocha (uma conhecida actriz portuguesa), e protagonizado por Lúcia Moniz (numa excelente interpretação) e Ruben Garcia (outra boa interpretação, mas mais secundária ou de menor impacto), que opta por uma abordagem quase documental, embora ficcionada. De facto, embora a referida ficção, seja baseada na realidade, a cinematografia usada e o tom do filme parece mais de um formato documental. Destaque para o tema, e sua importância, e para o desempenho multi-premiado de Lúcia Moniz (dentro e fora de fronteiras, inclusíve no Reino Unido).
A Metamorfose dos Pássaros
4.3 414.5 - Uma película, de Catarina Vasconcelos, feita sobretudo, de imagens montadas, a acompanhar textos e cartas de um casal, ele embarcado, ela em terra, a cuidar dos filhos. Demasiado autoral e recheado de metáforas filosóficas, muitas vezes ou a maior parte delas, de difícil compreensão ou decifração. Apenas interessante numa ou outra alegoria imagética.
O Último Banho
3.3 15.8 - Uma pequena história, realizada por David Bonneville, de uma freira prestes a fazer os seus votos definitivos, que com a morte súbita de seu pai, fica com um jovem sobrinho, de 15 anos, a seu cargo. Da rejeição e dificuldade inicial à ideia de ficar com o seu sobrinho, passamos a uma aceitação, empatia mútua e até a um "amor" (quase incestuoso) entre ambos. Meramente interessante.
Raiva
3.2 147.6 - Uma ficção semi-documental, realizada por Sérgio Trefaut, que retrata a pobreza/vivência da maioria dos Alentejanos, na época Salazarista, onde "não há pão, os pobres nascem pobres, os ricos nascem ricos; os pobres morrem pobres, os ricos morrem ricos". Assiste-se, assim, à dicotomia vivida (e sentida) da pobreza extrema, da exclusão (social), de um lado, e do outro, da riqueza e suas mordomias, poder e influência (também social), e em último caso, da revolta emergente, de quem "sente na pele" essa mesma discrepância. De destacar, nesta película algo arrastada em termos de desenvolvimento visual da narrativa, e recheada de alguns nomes grandes do cinema português (ex: Isabel Ruth, Adriano Luz, Lia Gama, Rogério Samora, Leonor Silveira e Luís Miguel Cintra, só para referir os de maior destaque) a premiada fotografia, a preto e branco, de Acácio de Almeida!
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
3.1 580 Assista Agora8.5 - Um filme de ficção científica, realizado por Luc Besson, com muitos efeitos especiais, um universo rico e recheado de espécies alienígenas, uma história épica, tudo "normal" numa película do género, excepto na caracterização psicológica dos personagens principais e na, igualmente "fraquinha" química, do par amoroso protagonista (Cara Delevingne e o imberbe Dane DeHaan). Uma película baseada numa BD francesa, acompanhada da música de Alexandre Desplat, com a presença de uma surpreendente Rihanna e alguns actores de Hollywood de renome, como: Clive Owen, Ethan Hawke e Rutger Hauer. Curiosidade: a presença no elenco de alguns realizadores conhecidos do cinema francês, tais como, Louis Leterrier, Mathieu Kassovitz, Alain Chabat, Olivier Megaton, Gérard Krawczyk e Benoît Jacquot, em papéis secundários ou muito secundários.
Hotel Império
2.5 16.4 - Uma película onde o ambiente do território de Macau em modernização acentuada para a criação de hóteis e casinos, é o "factor determinante" de toda a imagética e história da mesma. De resto, temos uma história enigmática e algo imperceptível de uma mulher portuguesa, a tentar salvar uma velha pensão/hotel, um pai viciado no jogo e que desistiu de lutar, e um jovem empresário, que fez parte do passado de ambos. Com a presença, numa interpretação interessante, mas prejudicada pelo argumento débil do filme, de Margarida Vila-Nova.
98 Octanas
3.5 17.6 - Um filme, realizado por Fernando Lopes, que segue a "fuga" de duas pessoas desconhecidas entre elas, mas que decidem fâze-la em conjunto. Protagonizado por Rogério Samora e a bela Carla Chambel, o par fugido a algo do passado (que se desconhece), que se vai "conhecendo" e partilhando experiências passadas em viagem, a película tem diálogos interessantes e algo "intensos", mas um ritmo um pouco lento, interpretações seguras mas um desenrolar da história, também um pouco sem "sentido" aparente (assim à maneira das personagens). A acompanhar, em nota positiva, a música com a qualidade garantida, de Bernardo Sassetti.
Encantadora de Baleias
3.8 1029.1 - Uma película belíssima, realizada por Niki Caro, com um lirismo extraordinário, que acompanha a "luta" de uma pequena rapariga (Keisha Castle-Hughes, numa fenomenal interpretação), órfã de mãe, à nascença e rejeitada (de certo modo) também pelo pai e pelo avô (que esperava a nascença de um primogénito - também falecido no mesmo momento do seu nascimento - para continuar a tradição de líder do povo Maori, a que pertencem). Mas, esta rapariga, Paikea, não desiste fácilmente à rejeição do avô Koro, a quem adora. Um filme que retrata, simultaneamente, a luta da mulher numa sociedade patriarcal e também o eterno conflito entre o mundo moderno, em constante evolução, e o mundo tradicional, e da sua necessidade de preservação, até como factor de união dessas mesmas comunidades.
O Convento
3.5 66.0 - Um filme algo esotérico, com um casal estrangeiro (Catherine Deneuve e John Malkovich), um professor americano em busca de provas para uma investigação teórica sobre a origem de Shakespeare e sua loura e bonita esposa, que chegam a um Convento na Arrábida, na sequência dessa pesquisa. Por outro lado, a história "macabra" do Convento e dos monges que nele habitaram, um cuidador deste, algo estranho, sinistro e sombrio (Luís Miguel Cintra), uma "ameaça jovem" (Leonor Silveira) ao casamento deste casal estrangeiro e ainda referências à obra "Fausto", quer visualmente (do livro de Goethe), quer literáriamente (citações) e até na essência do tema da película. Muito arrastado e algo maçador. Nota positiva apenas para a banda sonora, clássica e sinistra, daí perfeitamente adequada ao tema retratado.
Os Canibais
4.1 57.5 - Um filme-ópera, realizado por Manoel de Oliveira, onde a trama é "cantada"! Uma película surpreendente, onde da desconfiança inicial, acabamos com um delicioso final trágico-cómico e satírico, e passando de uma história de amor trágica a uma espécie de crítica social cómica! Protagonizado por Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Diogo Dória e Rogério Samora.