1) os 47 segundos de participação de Rodrigo Santoro (kkkkk...);
2) o fato de que, apesar de cada pessoa morta parecer ter a mesma quantidade de sangue de um boi adulto, ninguém se suja com o sangue dos outros... (kkkkk.... cada personagem mata uns 50 outros personagens, mas tá sempre limpinho, como se tivesse acabado de sair do banho...kkkk);
3) Eva Green.
Falando sério: quando a gente resolve assistir a um filme desses, a gente já sabe que não vai ver uma obra-prima do cinema... Acho que o filme faz bem aquilo a que se propõe: entreter, sem exigir muito do expectador. Nem todo filme precisa ser cult; tem filme que é feito apenas para entreter mesmo. Esse é um exemplo e, nisso, ele cumpre o objetivo. Nada mais.
Por incrível que pareça, os jovens atores se saem muito bem e, na verdade, carregam o filme, já que o roteiro é o ponto fraco dessa obra. A construção dos personagens foi pouco convincente e a história não consegue manter o foco, porque tentaram resumir o mundo e a vida dentro de um único filme: bullying, mundo dos esportes, homossexualidade, alcoolismo, drogas e muito mais, mas tudo tratado com superficialidade. De toda forma, o filme - e os atores - tem potencial. Merece um remake, com um bom diretor e um bom roteirista. Daí sim.
S-U-R-P-R-E-E-N-D-E-N-T-E!!! Esse é um daqueles filmes aos quais a gente assiste, sem esperar muito e, de repente, nos arrebata. História muito bacana, com boas atuações, boa fotografia e trilha sonora fantástica. A música final é incrível. O título já é sugestivo e a coragem de ir "contracorriente" é muito, muito bem trabalhada nessa obra sensível e inteligente. Emoções na medida certa, sem pirotecnia desnecessária. Só faltou um orçamento um pouco mais pomposo, para poder colocar uns efeitos especiais que tornassem a coisa toda um pouco mais convincente, mas, de certa forma, essa limitação acaba dando ao filme um aspecto quase teatral, que é bem interessante. A ideia de se poder fazer aquilo que se tem vontade, sem que ninguém "veja" é simplesmente genial. Engraçado a capacidade que temos de nos tornar invisíveis - e a cara de pau que temos em pedir que outras pessoas se tornem invisíveis por nós. Parece mesmo que "uma cidade pequena" ou "uma comunidade isolada" são uma receita para uma boa história. Acho que esse é o primeiro filme peruano a que assisto e fiquei muito, muito satisfeito. Aprovadíssimo e recomendadíssimo. E pra quem curtiu a música final, taí o link:
Já ouvi falar tanto deste filme, que realmente esperava mais. O filme é bom, retrata muito bem a questão das aparências e das máscaras sociais, mas não achei tão extraordinário assim. Além do mais, eu não sou um grande admirador de filmes com narrador e nem desse recurso de ficar mostrando cenas que só ocorrem na imaginação dos personagens. Aquele negócio de ficar mostrando pétalas de rosa para todos os lados é bem chatinho. Ainda assim, vale a pena assistir; só não vale a pena manter no HD.
Antes de mais nada, quero deixar uma coisa bem clara: eu adorei o filme. Isso não significa que eu seja incapaz de perceber suas falhas. Vamos começar pelos aspectos negativos:
1) Os primeiros 30 minutos são difíceis de vencer, sobretudo, por causa da montagem entrecortada, que dá ao filme todo um ritmo quase enfadonho. Sei que muita gente gosta desse formato - e, às vezes, ele até funciona - mas é um recurso que poucos diretores conseguiram usar com sucesso. Sei que é uma forma de construir os personagens e a trama aos poucos, mas, quando é usado com exagero, acaba fazendo com que o filme pareça um rascunho de um filme de verdade.
2) Como tantas outras adaptações, o roteiro deixa algumas lacunas, dentre as quais eu destaco: o desaparecimento do pai a uma certa altura da história e a situação que envolve o "acidente" com Celia, que fica realmente muito mal explicada.
3) Exageros: o grande mal deste filme (e de tantos outros) é o excesso... Falta sutileza no simbolismo e sobra sutileza na ação. Os caras realmente forçam a barra com o lance do vermelho e acabam sendo comedidos demais nas cenas de ação. Ficaria melhor se não mostrassem ação nenhuma, concentrando-se apenas nos desdobramentos dos fatos, ou então que mostrassem os acontecimentos na sua íntegra. Mas, do jeito que fizeram, ficou incompleto. Tudo bem não querer apelar para o grotesco, mas realmente exageraram na sutileza.
4) John Reilly está totalmente avulso na história; ele realmente destoa de tudo e de todos. Acho que foi uma péssima escolha, com aquela cara de bonachão, ele realmente não convence ninguém. Não é que seja mau ator, apenas está no papel errado.
Bem, dito isso, vamos combinar: que filmaço! Vamos agora aos aspectos positivos:
1) Nenhum clichê: em tempos em que a própria palavra "clichê" virou um clichê, este filme consegue uma proeza: contar a história de um filho problemático sem usar nenhuma das fórmulas prontas. Nada de famílias desfuncionais, bandas satânicas, desenhos macabros, símbolos nazistas, animais torturados (exceto pela morte de um bichinho, mas essa não conta...kkk). É a psicopatia na sua forma mais pura; é a natureza maligna do ser humano na sua condição mais primitiva.
2) Atuações: Tilda Swinton, Ezra Miller e Jasper Newell (jovem Kevin) estão perfeitos. Perfeita caracterização dos personagens, que realmente parecem mãe e filho, em todas as fases da vida. Que atuações brilhantes! Esse rapaz, Ezra Miller, promete: em poucos anos de carreira, ele já coleciona sucessos, com personagens marcantes e atuações impecáveis. Espero apenas que ele não se torne refém de seus próprios personagens e seja capaz de interpretar mais do que jovens introspectivos. Mas até aqui, tem se saído muito bem.
3) Realidade ampliada: vi algumas pessoas reclamando de que o filme não é muito realista, que uma criança jamais agiria daquela forma e tals. Bem, se a intenção fosse ver apenas "realidade", não existiria a menor razão de ser no próprio cinema... Poderíamos passar o dia assistindo a filmes caseiros, documentários sobre bichinhos e telejornais sensacionalistas. Esse é o grande barato da arte: não apenas mostrar a vida como ela é; mas também como poderia ser.
4) Freudiano ao extremo: esse filme é um prato cheio para os fãs de Freud! Tudo se concentra na relação mãe-e-filho. O pai - e todo o resto do mundo - são meros coadjuvantes. É o Complexo de Édipo levado ao extremo.
5) Estranhas formas de amar: essa é a coisa mais surpreendente do filme todo. Por incrível que pareça, a mãe e o filho se amam profundamente. É o amor cego, na raiz das palavras.
6) Cenas fortes: o negócio com as fezes, a reação dele à agressão sofrida (tornando-a refém de sua própria mentira) e a cena da masturbação são realmente perturbadoras. É filme para render um tratado de psicologia.
Finalmente, vale ratificar: é realmente um grande filme, com ótimas atuações e feito para mexer com a cabeça de qualquer um. Para quem curte histórias sobre crianças transtornadas, recomendaria ainda "O anjo malvado" e "O aprendiz"; para quem curte histórias sobre relacionamentos entre mães e filhos, as dicas são o francês "O sopro do coração" e o australiano "Amor sem pecado". Ah, apenas uma última reclamação: esse título não ajuda; poderia ser mais sugestivo.
Comecei a ver esse filme 3 vezes e, por alguma razão que nem sei dizer qual é, acabava não terminando. Foi melhor assim...porque hoje parece que eu estava com o espírito ideal para curtir o filme e acabei aproveitando-o ao máximo. O filme tem um quê de melancolia (inevitável tratando-se de um tema como esse), mas conduz a trama de uma forma surpreendentemente leve. Emoções na medida certa e dois personagens muito bem construídos e interpretados.
Fabuloso ver a naturalidade com que eles encaravam temas, situações e lugares que intimidariam a maioria de nós. E o que é aquela trilha sonora? Caraca, que trilha boa!
No início eu me sentia um pouco incomodado pela presença do Hiroshi, mas depois entrei no clima do filme e até isso começou a fazer sentido. Parece que ele era, ao mesmo tempo, uma espécie de alter ego e um sintoma de delírio mesmo.
Não há como não notar as semelhanças com a trama do clássico "Ensina-me a viver", mas a arte é assim mesmo: uma constante releitura da vida ou até mesmo uma releitura da própria arte.
De todas as coisas legais que esse filme mostra, a que eu mais gostei foi da naturalidade com que ela recebe a notícia de que ele fala com um fantasma. A despeito da temática do filme, acho que esse aspecto é o mais importante de todos. Digo isso porque, no fundo, o que mais queremos é encontrar uma pessoa que verdadeiramente aceite aquilo que somos, ainda que estejamos abaixo das expectativas do restante do mundo. Acho mesmo que essa é a grande sacada desse filme: mostrar 2 pessoas que, em nenhum momento, tentam mudar um ao outro, mas apenas se aceitam mutuamente e tentam aproveitar o breve período de tempo que resta diante de uma morte anunciada. Genial.
Muitos filmes já abordaram a questão de pacientes terminais e de como as pessoas lidam com a morte anunciada. Este filme poderia ser apenas mais um, mas, embora não tenha tido a preocupação de desviar-se de todos os clichês desse tipo de trama, conseguiu mostrar as coisas de modo mais realista, mais verossímil. Nada de pegar uma moto e sair pela Rota 66, mas apenas pequenos prazeres dos quais a vida priva muitos de nós. Nesse fim-de-semana eu também assisti ao exageradíssimo "Álbum de família", cujo tratamento das emoções humanas contrasta muito com o dado em "My life without me". Este último, bem mais contido, mais abafado, menos hollywoodiano.
Interessante o fato de que Ann quis viver uma paixão com outro homem, embora amasse seu marido - e, em nenhum momento, a gente sente raiva dela por isso. Na verdade, aquilo nem parece uma traição; parece apenas que ela está resgatando uma parte de sua vida que lhe foi roubada, parece que ela está apenas exercendo o seu direito de navegar por outros mares antes de partir.
O problema desse tipo de filme é que, se, por um lado, a verossimilhança é sua maior virtude, por outro, é também seu maior defeito... Afinal, quando a gente resolve assistir a um filme, apreciar uma obra de arte, a gente quer mais do que a gente já tem todos os dias. Gosto de filmes realistas, mas gosto ainda mais daqueles que extrapolam as janelas de nossas casas, que nos levam a lugares mais bonitos, ainda que idílicos...
De toda forma, é um bom programa. E, pra quem curte o tema, recomendaria os clássicos "Tudo por amor", "Somente elas" e também "Amor e outras drogas" e "One week" (e uma caixa grande de lenços).
Todos já viram inúmeros filmes que retratam os horrores da Segunda Guerra, os campos de concentração e a perseguição nazista aos judeus. Esse filme, no entanto, aborda uma faceta menos difundida do nazismo: a perseguição aos homossexuais. Talvez muita gente não saiba que os primeiros prisioneiros do regime nazista não eram prisioneiros de guerra; os primeiros campos de concentração surgiram já em 1934, assim que Hitler subiu ao poder. Nesses campos, eles começaram prendendo pessoas do seu próprio país, sob os mais diversos pretextos. Assim, Hitler perseguiu não apenas os judeus, mas também os negros, os ciganos, os homossexuais, os deficientes físicos e os opositores do regime. Conhecer essa história é fundamental para garantir que ela nunca mais irá se repetir.
Quanto ao filme em si, é tão triste - e revoltante - quanto poderia ser. O destaque fica por conta do "sexo virtual", das grandes atuações e de uma curiosa aparição de Mick Jagger.
Grandes atuações, num roteiro que mais parece uma novela mexicana. Muito exagero nas situações criadas. A opção por deixar em suspenso o fim da situação que envolve a personagem Ivy também foi um grande tiro no pé. Normalmente a gente diz que esperava mais, mas, nesse caso, eu, literalmente, esperava menos... menos exagero.
Pra quem curte filmes de suspense e mistério, é uma boa pedida. Trama bem escrita, embora o ritmo do filme, cheio de flashbacks, torne-o um pouco cansativo.
Parece que existe muito preconceito contra atores que se tornam célebres por causa de um único personagem, sobretudo se esse personagem for de uma franquia, mas o fato é que muitos deles têm conseguido mostrar o seu talento como atores e superar o brilho ofuscante de seus personagens de estreia. Este é o caso de Daniel Radcliffe (que se saiu muito bem em "A mulher de preto"), de Emma Watson, (que arrasou em "As vantagens de ser invisível") e do próprio Robert Pattinson, que se saiu bem nesse filme estilo Sessão da Tarde, embora sua atuação em "Água para elefantes" seja melhor. Ainda vai levar um tempo para que ele se liberte do estereótipo de galã melancólico e introspectivo, mas acho que ele está no caminho certo. Penso que seu próximo desafio devesse ser o de encarnar um vilão, mas boto fé no cara. "Remember me" é um filme "legalzinho", apesar do fim ridículo e forçadíssimo. Ainda assim, vale como entretenimento.
O filme retrata algo repugnante, ou que, pelo menos, nos ensinam ser repugnante. Também liquida com a ideia de amor romântico e com os estereótipos das relações entre homens e mulheres, entre mães e filhos, entre professores e alunos, entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. Nesse sentido, é uma obra-prima, extremamente provocadora, cujo resultado final deve-se muito ao brilhantismo das atuações do trio central. Acho que apenas um grupo muito seleto de atores e atrizes seria capaz de dar vida a personagens tão densamente construídos e tais atuações podem facilmente figurar numa lista top 5 da história do cinema. Parece que existe quase uma unanimidade em relação aos aspectos técnicos do filme e a polêmica parece mesmo girar em torno do tema, que envolve não apenas as perversões sexuais, mas quase todo tipo de transtorno comportamental que um ser humano possa ter. Provavelmente é um prato cheio para o pessoal da área e não me espantaria saber que ele faz parte de muitos currículos de psicologia e psiquiatria. Em se tratando do tema, acho que podemos dividir a discussão em 2 partes: o tratamento artístico dado ao tema e a natureza dos sentimentos retratados:
1) Tratamento artístico:
Lembro-me de uma professora de artes cênicas que um dia nos explicou o segredo das boas atuações no palco: o exagero. Segundo ela, num palco, todos ficam pequenos e por isso o público é incapaz de perceber as emoções dos artistas, a não ser que eles exagerem. Isso me remete àquelas imagens de ópera, em que os cantores usam maquiagens carregadíssimas e fazem caras e bocas que, fora do palco, seriam caricatas, mas que, naquele contexto, parecem muito naturais. Na verdade, esse exagero permeia toda forma de arte: a arte precisa intensificar tudo, para chamar a atenção para aquilo que, no dia a dia, passa despercebido. Esse exagero pode se dar de duas formas: por mostrar demais ou por mostrar "de menos". Assim sendo, nas boas obras de arte, se tivermos um olhar atento, sempre vamos perceber uma dessas duas formas de exagero. Com "La Pianiste" é isso o que acontece: as coisas são exageradas, para chamar nossa atenção para questões que achamos que estão resolvidas - mas não estão. Todo mundo diz coisas do tipo "eu não me importo com a vida de ninguém", "cada um deve cuidar da sua vida", "cada um deve ser feliz do jeito que quiser" etc, mas há um detalhe que todos nós ocultamos: somos tolerantes apenas com aquilo que está de acordo com nossa própria visão de mundo. No fundo, todo mundo pode fazer o que quiser... desde que todos façam do nosso jeito...
2) Natureza dos sentimentos retratados:
a) Relação com os pais: taí um assunto para o qual quase todos temos respostas politicamente corretas, mas que, não raro, passam longe da realidade. A verdade é que essas relações são muito complicadas, mesmo quando parecem ser tranquilas. Os pais sempre vão projetar, pelo menos um pouco, de seus valores e frustrações nos filhos, por mais que gostem de dizer o contrário; e os filhos sempre terão medo de decepcionarem seus pais. Nessas relações, existe muito amor, mas também existe muita opressão, medo, recalque e até mesmo ódio. Se tem uma pessoa que você teme que descubra suas ka-gadas nessa vida, essa pessoa é seu pai ou sua mãe. A maioria de nós tem mais medo dos pais do que da polícia - e chegar à idade adulta não muda nada.
b) Desejos sexuais: parece que todo mundo é capaz de dizer que tem fantasias sexuais, mas que quase ninguém é capaz de admitir quais são....kkkkk. E não estou me referindo a admitir publicamente, que isso não teria o menor cabimento, mas, mesmo na intimidade, muitos de nós temos extrema dificuldade de verbalizar nossos mais secretos desejos (e veja bem: o fato de serem secretos não significa que sejam perversos. Acho até que as fantasias sexuais da maioria das pessoas são bem mais básicas do que o imaginário popular supõe...). Curiosamente, quando alguém nos confessa uma fantasia sexual pouco convencional (mesmo que seja num filme), ainda que tal fantasia nos excite, estamos automaticamente programados para repudiá-la de pronto. Quantos de nós, não apenas no sexo, mas também em situações análogas, já dissemos "não", quando, no fundo, gostaríamos de ter dito "SIM!!!!"? Eu realmente tenho alguma dificuldade para compreender o prazer que algumas pessoas obtêm da dor, da humilhação, da submissão, mas acho que dar vazão aos nossos reais desejos deve ser uma experiência libertadora. Particularmente não tenho fantasias sádicas ou masoquistas, mas tenho de admitir que a ideia de ter um ser humano completamente à minha mercê não deixa de ser sedutora...Mas não façamos disso um confessionário....kkkkk
Bem, se você acha que filmes como Atração fatal, 9 e 1/2 semanas de amor, Crash e Instinto selvagem foram filmes fortes, então assista "La pianiste"...
KKKKKK, e eu continuo às voltas com o overemotional cinema francês...kkkkk. Tudo é sempre levado aos recantos mais obscuros da alma humana...kkkkk, porque parece que, para ser bom, tem de ser trágico....kkkkk. Mas não me entendam mal; eu gostei do filme. Volta e meia os franceses fazem um filme leve, como o excelente "Intocáveis", mesmo abordando um tema que poderia ser trágico. Entretanto, parece mesmo que a vertente principal dos caras é a tragédia, é a coisa teatral, gutural e grave - e esse filme é um exemplo disso.
O filme tem uma montagem interessantíssima, mas que, nalguns momentos, acaba tornando o filme um pouco confuso. Eles usam um recurso que não é exatamente um flashback, já que a história fica voltando sempre ao mesmo ponto e achei isso surpreendente...a gente acha que a cena acabou e, de repente, o filme volta a ela e a cena continua! Muito legal, mas não dá para desgrudar o olho da tela nem um segundo!
A fotografia é excelente, com grandes sacadas (adorei a porta vermelha gigante) e apresenta uma ideia muito bacana que, um dia, espero poder usar em minha própria casa: um jogo de sombras na parede, sobre o qual não vou dar maiores detalhes, para não estragar a surpresa de quem ainda não assistiu.
A cena que empresta sua imagem ao poster do filme é muito surreal, pouco crível, apesar de bonita (ninguém faria um negócio daqueles...kkkk).
Os diálogos são inteligentes, mas, às vezes, soam pretensiosos, filosóficos demais. Trilha sonora bonita e boas atuações. A questão da homossexualidade é tão sutil, que é quase nula, tudo bem comportado. Enfim, é cinema-arte, coisa para cinéfilo mesmo.
O filme é uma produção caprichada, com uma atuação impecável de Sean Penn, mas realmente não é tão espetacular quanto muitos têm alardeado. É um retrato histórico de uma época em que estavam sendo construídas as bases para todas as lutas pelos direitos que hoje parecem ser tão elementares para cada um nós.
Não apenas os homossexuais, mas também os negros e as mulheres tiveram de conquistar seu lugar de direito numa sociedade que era branca, machista, pseudoreligiosa e elitista. E mesmo que, à época, muitos fossem incapazes de perceber isso, o fato é que toda vez que alguém compactua com qualquer forma de injustiça, esse alguém está se colocando na fila, para ser a próxima vítima, porque o mal contamina a sociedade inteira e, mais ou mais tarde, bate na porta de cada um nós. A criança pedindo esmola na esquina, um dia será o pai irresponsável de um jovem delinquente...
Não há dúvida de que ainda há um longo caminho a percorrer até que possamos dizer que somos uma sociedade verdadeiramente livre, que respeita os direitos individuais, sem ferir os interesses coletivos. Entretanto, se hoje é possível dizer isso sem receber uma porrada da polícia (e olhe lá...) é graças a esses pioneiros, que tiveram a coragem de erguer a sua voz em meio à toda a opressão, abrindo um precedente importante para cada ser humano deste mundo, que tiver seus direitos desrespeitados.
A despeito de tudo isso, o personagem em si não é tão carismático assim, e o filme chega a ser enfadonho em certos momentos. Vale mais como uma aula de história do que como arte propriamente dita.
Simplicidade e talento. Um filme sem diálogos profundos ou pretensa filosofia; apenas um retrato bastante convincente do dia a dia de um grupo de meninos num colégio interno durante o período mais horrendo da história da humanidade. Acho que o grande destaque do filme é a atuação impecável de Gaspard Manesse (Julien), cuja carreira como ator, infelizmente, parece não ter vingado. É impressionante que alguém tão jovem tenha sido capaz de incorporar um personagem de forma tão intensa e absoluta. Embora o filme não explicite a violência tipicamente retratada em outras obras que giram em torno da questão do nazismo, ele nos joga na cara um aspecto ainda mais perturbador por trás dessa "filosofia", que seduziu uma nação inteira e que até hoje tem admiradores dementes pelo mundo afora: a covardia que essa monstruosidade representou. Covardia de quem perseguiu implacavelmente pessoas indefesas, sem poupar nem mesmo a inocência das crianças. Covardia de tantos que, para salvar a própria pele, permitiram que tamanha bestialidade fosse cometida, bem debaixo de seus narizes, porque quem cala, consente. Para esses, acho - e espero - que vida há de ser um castigo pior do que a morte. Em tempos em que os fervores religiosos parecem estar sendo reacendidos, em que bruxas e demônios voltam à roda, em que as pessoas continuam sendo discriminadas por sua fé (ou pela falta dela), por sua cor, seu gênero, sua sexualidade, sua condição sócio-econômica e até mesmo por seu time de futebol, assistir a um filme como esse é fundamental para nos trazer à lembrança a estupidez e a covardia que qualquer forma de discriminação representa.
Quase. Na verdade o filme é uma coleção de altos e baixos, intercalando cenas bem boladas, com algumas situações incrivelmente toscas...kkkkk. Geralmente, quando o pessoal comenta um filme dizendo "adorei o silêncio", eu já pulo fora, porque tem tudo pra não prestar...kkkkk. Entretanto, nesse caso, o ritmo do filme, de fato, é interessante: é lento, mas não é monótono; é apenas na velocidade da vida das pessoas comuns, na velocidade da vida de 99,9% de nós... O argumento central é uma ideia muito boa, mas que foi desenvolvida de forma quase amadora, estilo filme de universitário que tá estudando cinema. O filme empresta elementos de "Tensão sexual", do mesmo diretor e até consegue criar algum erotismo, mas escorrega em diversos trechos. A trilha sonora é sonolenta, mas acho que, no fim das contas, o aspecto mais interessante é a construção de um universo particular, onde os personagens se isolam do mundo exterior. Enfim, é realmente uma ideia muito boa, que poderia ter sido desenvolvida de uma forma melhor, mas que não chega a ser um desastre. Filme muito focado nos homossexuais e que dificilmente irá agradar ao grande público. Merece um remake.
A última produção francesa que tinha conseguido arrancar de mim umas boas risadas foi "O sopro do coração"... de 1971!!! Já estava mais do que na hora de os franceses deixarem de lado sua pretensão e voltarem a fazer filmes sensíveis e inteligentes, sem sobrecarrega-los com aquele clima depressivo, que parece permear quase todas as produções francesas dos últimos anos. Putz, os caras parecem que só querem fazer filmes pesados, introspectivos, melodramáticos e, sobretudo, chatos. Finalmente surge uma obra leve, inteligente e com um humor refinadíssimo, sem precisar lançar mão do caricato, diferentemente de outras pretensas comédias francesas.
A fotografia é linda, a trilha sonora é bacana e as atuações, puxa, as atuações são realmente excepcionais!!! Eu ainda não estou acreditando que eu consegui rir de verdade com um filme francês!!!! E é claro que também me emocionei, embora, confesso, estivesse esperando muito mais melodrama... que bom que não teve....kkkk
Esse filme é a prova de que uma obra não precisa ser densa para ser profunda. E aquele sorriso do Driss espanta qualquer tristeza! Eu ria só de ver o cara rindo...kkkk
Muito legal assistir a um filme francês e depois não ficar pensando em suicídio...kkkkk
De todos os filmes aos quais assisti e que abordam a viagem no tempo, este é, sem dúvida, O MAIS INSPIRADOR. Ao trazer uma abordagem que, de certa forma, propõe que todos já somos viajantes do tempo, o filme conseguiu oferecer uma visão inovadora sobre um tema que já foi amplamente explorado - e esse é o seu maior mérito e o motivo desta obra despertar tantas paixões, a despeito de alguns furos teóricos do roteiro.
Penso que a proposta principal desse filme, ao contrário do clássico "Efeito Borboleta", não é sobre a possibilidade de viajar no tempo e suas implicações, mas justamente sobre a nossa obsessão por querer voltar no tempo e corrigir as coisas. Nesse sentido, o filme não se preocupa muito em explicar a viagem no tempo, focando-se mais nos motivos por trás desse desejo humano. E faz isso muito bem.
Grande trilha sonora, boas atuações e alguns personagens muito curiosos. É uma excelente pedida para quem curte o gênero dramédia ou está cansado da velha fórmula "rapaz-encontra-garota", que permeia praticamente todas as comédias românticas produzidas nos últimos anos.
Apenas senti falta de um roteiro um pouco mais conciso, porque fiquei com a impressão de que o filme demorou para achar o seu rumo. Não se deixe decepcionar pelos primeiros momentos "About time", porque a última meia hora já é uma obra-prima à parte.
Aqui não é o espaço apropriado para propor discussões sobre viagens no tempo e suas implicações filosóficas, por isso vou propor esse debate no nosso grupo de discussão no Facebook. Quem quiser participar, sinta-se convidado!
Típico filme que se propõe a ser "cult" - e, até certo ponto, consegue. Não há dúvida de que é um filme pretensioso e intelectualmente elitista, talvez por ser uma adaptação de uma peça de teatro. O filme guarda muitas semelhanças com o clássico "Sociedade dos poetas mortos", embora traga uma visão mais intimista do que aquele. The history boys vai mais fundo na subjetividade, com um roteiro menos previsível e até mesmo confuso em certos pontos. O filme usa uma receita conhecida (escola tradicional + alunos inquietos + professor subversivo), adicionando-lhe ingredientes surreais, como as relações nada convencionais entre alunos e professores, ou, até mesmo, entre alunos e alunos. Talvez esse seja o grande mérito desse filme: o aspecto fantasioso com que retrata as relações humanas, usando a arte para sua principal função: extrapolar a realidade, para evidenciar o que deveria ser óbvio. O filme está muito fundamentado na língua, na arte e no sistema educacional da Inglaterra, o que pode empobrecê-lo para o público não-britânico, já que poesia traduzida deixa de ser poesia e o sistema educacional deles não se assemelha em nada com o nosso (embora eu ache que nenhum sistema educacional do mundo se assemelhe ao nosso...). Ainda assim, é um filme bem feito, de muito bom gosto, com excelentes atuações e uma trilha sonora oitentista muito interessante. Para quem curte filmes com temática LGBT pode acabar sendo decepcionante, já que apresenta um aspecto menos glamoroso da homossexualidade. Filme nostálgico, para quem curte refletir sobre questões existenciais e não exige ideias que já venham muito trituradas.
Filme chato, insosso. Só não dei uma nota mais baixa, porque eu não quero me deixar influenciar pelo fato de não ir muito com a cara do Joseph Gordon-Levitt e não suportar o Seth Rogen. Conseguiram reunir, num filme sem graça, dois dos atores com quem eu mais antipatizo... E o pior é que eu nem sei por quê. Enfim, acho que tem gente que gostou bastante, mas, pra mim, não rolou.
Esse é um daqueles filmes que eu assisti até o fim, só pra poder falar mal...kkkk... Me senti como se estivesse assistindo a um seriado dos anos 80, tipo Flipper. O filme é extremamente amador, as tensões e conflitos saem do nada: do nada, alguém se apaixona; do nada, alguém está com tesão; do nada, alguém está com dúvida...kkk...tudo forçado para criar situações que não são nada convincentes. O tempo todo eu fiquei com a sensação de que, a qualquer momento, o Flipper iria aparecer na piscina....kkkkkk.... o filme é muito tosco. Eu estava esperando questionamentos sobre a fé e a moralidade, mas que nada...kkkkk....Barrados no Baile tinha mais conteúdo do que essa droga de filme. Putz, foi um usuário do Filmow que me recomendou e eu embarquei...kkkk. Que dica furada! Nem percam seu tempo!
Assim como em On the road, Kristen Stewart mostra-se muito mais à vontade fazendo papeis de vadias do que tentando interpretar a virginal Bella....kkkkk. O destaque do filme é mesmo a atuação dela. No mais, o filme é chocho: sai do nada e chega a lugar nenhum.
Não tenho dúvida de que a grande questão que esse filme nos apresenta é sobre o quanto nós somos capazes de ignorar os defeitos e o passado de uma pessoa, em nome do amor que sentimos por ela. Será que somos capazes de amar alguém que nosso senso de moral nos diz ser uma pessoa maligna? Dizem que "a quem ama, o feio bonito lhe parece", mas realmente é uma questão intrigante e esse é um dos grandes méritos desse filme. As atuações de Kate Winslet e de David Kross são impecáveis. As cenas íntimas são de muito bom gosto. Recentemente propus, no Gente Estranha, grupo de discussão do qual participo no Facebook, um debate sobre a nudez masculina no cinema e sobre o quanto o cinema insiste em fazer isso de uma forma tosca. Casualmente, esse filme foi uma exceção. Embora eu tenha gostado realmente desse filme, tenho de ser imparcial e reconhecer que ele apresenta algumas falhas, quais sejam:
1) Como boa parte do filme gira em torno da questão do letramento e o filme é ambientado na Alemanha, o fato de ele ser falado e escrito em inglês acaba sendo uma incongruência. O ideal seria mesmo que ele fosse todo falado em alemão, o que faria dessa obra uma produção ainda mais memorável;
2) A caracterização dos personagens / trabalho de maquiagem realmente não é convincente, já que o jovem Michael não passaria por um garoto de 15, nem na China... A aparência dele aos 15 e depois aos vinte e poucos, já na faculdade, é exatamente a mesma: a de um cara de vinte e poucos anos de idade.... Embora a atuação de David Kross seja perfeita, a escolha de Ralph Fiennes para representá-lo na idade adulta não foi das mais felizes, já que eles não se parecem nem um pouco.
3) O argumento central é um tanto forçado, e eu realmente duvido muito que alguém se permitisse punir daquela forma, apenas para não revelar esse tal "segredo", que não é nada tão grave assim, sobretudo quando comparado aos demais segredos do passado de Hanna.
Ainda assim, é um grande filme, com momentos muito emocionantes e que propõe uma discussão muito válida. E para quem curte "amores estranhos" e romances improváveis, recomendo o belíssimo "Amor sem pecado" e "Verão de 42", que pretendo rever nos próximos dias.
300: A Ascensão do Império
3.2 1,6K Assista Agora3 coisas chamam a atenção no filme:
1) os 47 segundos de participação de Rodrigo Santoro (kkkkk...);
2) o fato de que, apesar de cada pessoa morta parecer ter a mesma quantidade de sangue de um boi adulto, ninguém se suja com o sangue dos outros... (kkkkk.... cada personagem mata uns 50 outros personagens, mas tá sempre limpinho, como se tivesse acabado de sair do banho...kkkk);
3) Eva Green.
Falando sério: quando a gente resolve assistir a um filme desses, a gente já sabe que não vai ver uma obra-prima do cinema... Acho que o filme faz bem aquilo a que se propõe: entreter, sem exigir muito do expectador. Nem todo filme precisa ser cult; tem filme que é feito apenas para entreter mesmo. Esse é um exemplo e, nisso, ele cumpre o objetivo. Nada mais.
Aquarela - As Cores de uma Paixão
3.2 69Por incrível que pareça, os jovens atores se saem muito bem e, na verdade, carregam o filme, já que o roteiro é o ponto fraco dessa obra. A construção dos personagens foi pouco convincente e a história não consegue manter o foco, porque tentaram resumir o mundo e a vida dentro de um único filme: bullying, mundo dos esportes, homossexualidade, alcoolismo, drogas e muito mais, mas tudo tratado com superficialidade. De toda forma, o filme - e os atores - tem potencial. Merece um remake, com um bom diretor e um bom roteirista. Daí sim.
Contra Corrente
4.0 408S-U-R-P-R-E-E-N-D-E-N-T-E!!! Esse é um daqueles filmes aos quais a gente assiste, sem esperar muito e, de repente, nos arrebata. História muito bacana, com boas atuações, boa fotografia e trilha sonora fantástica. A música final é incrível. O título já é sugestivo e a coragem de ir "contracorriente" é muito, muito bem trabalhada nessa obra sensível e inteligente. Emoções na medida certa, sem pirotecnia desnecessária. Só faltou um orçamento um pouco mais pomposo, para poder colocar uns efeitos especiais que tornassem a coisa toda um pouco mais convincente, mas, de certa forma, essa limitação acaba dando ao filme um aspecto quase teatral, que é bem interessante. A ideia de se poder fazer aquilo que se tem vontade, sem que ninguém "veja" é simplesmente genial. Engraçado a capacidade que temos de nos tornar invisíveis - e a cara de pau que temos em pedir que outras pessoas se tornem invisíveis por nós. Parece mesmo que "uma cidade pequena" ou "uma comunidade isolada" são uma receita para uma boa história. Acho que esse é o primeiro filme peruano a que assisto e fiquei muito, muito satisfeito. Aprovadíssimo e recomendadíssimo. E pra quem curtiu a música final, taí o link:
http://www.youtube.com/watch?v=vHPLhPLKvCA
Beleza Americana
4.1 2,9K Assista AgoraJá ouvi falar tanto deste filme, que realmente esperava mais. O filme é bom, retrata muito bem a questão das aparências e das máscaras sociais, mas não achei tão extraordinário assim. Além do mais, eu não sou um grande admirador de filmes com narrador e nem desse recurso de ficar mostrando cenas que só ocorrem na imaginação dos personagens. Aquele negócio de ficar mostrando pétalas de rosa para todos os lados é bem chatinho. Ainda assim, vale a pena assistir; só não vale a pena manter no HD.
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraAntes de mais nada, quero deixar uma coisa bem clara: eu adorei o filme. Isso não significa que eu seja incapaz de perceber suas falhas. Vamos começar pelos aspectos negativos:
1) Os primeiros 30 minutos são difíceis de vencer, sobretudo, por causa da montagem entrecortada, que dá ao filme todo um ritmo quase enfadonho. Sei que muita gente gosta desse formato - e, às vezes, ele até funciona - mas é um recurso que poucos diretores conseguiram usar com sucesso. Sei que é uma forma de construir os personagens e a trama aos poucos, mas, quando é usado com exagero, acaba fazendo com que o filme pareça um rascunho de um filme de verdade.
2) Como tantas outras adaptações, o roteiro deixa algumas lacunas, dentre as quais eu destaco: o desaparecimento do pai a uma certa altura da história e a situação que envolve o "acidente" com Celia, que fica realmente muito mal explicada.
3) Exageros: o grande mal deste filme (e de tantos outros) é o excesso... Falta sutileza no simbolismo e sobra sutileza na ação. Os caras realmente forçam a barra com o lance do vermelho e acabam sendo comedidos demais nas cenas de ação. Ficaria melhor se não mostrassem ação nenhuma, concentrando-se apenas nos desdobramentos dos fatos, ou então que mostrassem os acontecimentos na sua íntegra. Mas, do jeito que fizeram, ficou incompleto. Tudo bem não querer apelar para o grotesco, mas realmente exageraram na sutileza.
4) John Reilly está totalmente avulso na história; ele realmente destoa de tudo e de todos. Acho que foi uma péssima escolha, com aquela cara de bonachão, ele realmente não convence ninguém. Não é que seja mau ator, apenas está no papel errado.
Bem, dito isso, vamos combinar: que filmaço! Vamos agora aos aspectos positivos:
1) Nenhum clichê: em tempos em que a própria palavra "clichê" virou um clichê, este filme consegue uma proeza: contar a história de um filho problemático sem usar nenhuma das fórmulas prontas. Nada de famílias desfuncionais, bandas satânicas, desenhos macabros, símbolos nazistas, animais torturados (exceto pela morte de um bichinho, mas essa não conta...kkk). É a psicopatia na sua forma mais pura; é a natureza maligna do ser humano na sua condição mais primitiva.
2) Atuações: Tilda Swinton, Ezra Miller e Jasper Newell (jovem Kevin) estão perfeitos. Perfeita caracterização dos personagens, que realmente parecem mãe e filho, em todas as fases da vida. Que atuações brilhantes! Esse rapaz, Ezra Miller, promete: em poucos anos de carreira, ele já coleciona sucessos, com personagens marcantes e atuações impecáveis. Espero apenas que ele não se torne refém de seus próprios personagens e seja capaz de interpretar mais do que jovens introspectivos. Mas até aqui, tem se saído muito bem.
3) Realidade ampliada: vi algumas pessoas reclamando de que o filme não é muito realista, que uma criança jamais agiria daquela forma e tals. Bem, se a intenção fosse ver apenas "realidade", não existiria a menor razão de ser no próprio cinema... Poderíamos passar o dia assistindo a filmes caseiros, documentários sobre bichinhos e telejornais sensacionalistas. Esse é o grande barato da arte: não apenas mostrar a vida como ela é; mas também como poderia ser.
4) Freudiano ao extremo: esse filme é um prato cheio para os fãs de Freud! Tudo se concentra na relação mãe-e-filho. O pai - e todo o resto do mundo - são meros coadjuvantes. É o Complexo de Édipo levado ao extremo.
5) Estranhas formas de amar: essa é a coisa mais surpreendente do filme todo. Por incrível que pareça, a mãe e o filho se amam profundamente. É o amor cego, na raiz das palavras.
6) Cenas fortes: o negócio com as fezes, a reação dele à agressão sofrida (tornando-a refém de sua própria mentira) e a cena da masturbação são realmente perturbadoras. É filme para render um tratado de psicologia.
Finalmente, vale ratificar: é realmente um grande filme, com ótimas atuações e feito para mexer com a cabeça de qualquer um. Para quem curte histórias sobre crianças transtornadas, recomendaria ainda "O anjo malvado" e "O aprendiz"; para quem curte histórias sobre relacionamentos entre mães e filhos, as dicas são o francês "O sopro do coração" e o australiano "Amor sem pecado". Ah, apenas uma última reclamação: esse título não ajuda; poderia ser mais sugestivo.
Inquietos
3.9 1,6K Assista AgoraComecei a ver esse filme 3 vezes e, por alguma razão que nem sei dizer qual é, acabava não terminando. Foi melhor assim...porque hoje parece que eu estava com o espírito ideal para curtir o filme e acabei aproveitando-o ao máximo. O filme tem um quê de melancolia (inevitável tratando-se de um tema como esse), mas conduz a trama de uma forma surpreendentemente leve. Emoções na medida certa e dois personagens muito bem construídos e interpretados.
Fabuloso ver a naturalidade com que eles encaravam temas, situações e lugares que intimidariam a maioria de nós. E o que é aquela trilha sonora? Caraca, que trilha boa!
No início eu me sentia um pouco incomodado pela presença do Hiroshi, mas depois entrei no clima do filme e até isso começou a fazer sentido. Parece que ele era, ao mesmo tempo, uma espécie de alter ego e um sintoma de delírio mesmo.
Não há como não notar as semelhanças com a trama do clássico "Ensina-me a viver", mas a arte é assim mesmo: uma constante releitura da vida ou até mesmo uma releitura da própria arte.
De todas as coisas legais que esse filme mostra, a que eu mais gostei foi da naturalidade com que ela recebe a notícia de que ele fala com um fantasma. A despeito da temática do filme, acho que esse aspecto é o mais importante de todos. Digo isso porque, no fundo, o que mais queremos é encontrar uma pessoa que verdadeiramente aceite aquilo que somos, ainda que estejamos abaixo das expectativas do restante do mundo. Acho mesmo que essa é a grande sacada desse filme: mostrar 2 pessoas que, em nenhum momento, tentam mudar um ao outro, mas apenas se aceitam mutuamente e tentam aproveitar o breve período de tempo que resta diante de uma morte anunciada. Genial.
Filme ideal para assistir sozinho.
Minha Vida Sem Mim
4.0 807 Assista AgoraMuitos filmes já abordaram a questão de pacientes terminais e de como as pessoas lidam com a morte anunciada. Este filme poderia ser apenas mais um, mas, embora não tenha tido a preocupação de desviar-se de todos os clichês desse tipo de trama, conseguiu mostrar as coisas de modo mais realista, mais verossímil. Nada de pegar uma moto e sair pela Rota 66, mas apenas pequenos prazeres dos quais a vida priva muitos de nós. Nesse fim-de-semana eu também assisti ao exageradíssimo "Álbum de família", cujo tratamento das emoções humanas contrasta muito com o dado em "My life without me". Este último, bem mais contido, mais abafado, menos hollywoodiano.
Interessante o fato de que Ann quis viver uma paixão com outro homem, embora amasse seu marido - e, em nenhum momento, a gente sente raiva dela por isso. Na verdade, aquilo nem parece uma traição; parece apenas que ela está resgatando uma parte de sua vida que lhe foi roubada, parece que ela está apenas exercendo o seu direito de navegar por outros mares antes de partir.
O problema desse tipo de filme é que, se, por um lado, a verossimilhança é sua maior virtude, por outro, é também seu maior defeito... Afinal, quando a gente resolve assistir a um filme, apreciar uma obra de arte, a gente quer mais do que a gente já tem todos os dias. Gosto de filmes realistas, mas gosto ainda mais daqueles que extrapolam as janelas de nossas casas, que nos levam a lugares mais bonitos, ainda que idílicos...
De toda forma, é um bom programa. E, pra quem curte o tema, recomendaria os clássicos "Tudo por amor", "Somente elas" e também "Amor e outras drogas" e "One week" (e uma caixa grande de lenços).
Bent
3.8 206Todos já viram inúmeros filmes que retratam os horrores da Segunda Guerra, os campos de concentração e a perseguição nazista aos judeus. Esse filme, no entanto, aborda uma faceta menos difundida do nazismo: a perseguição aos homossexuais. Talvez muita gente não saiba que os primeiros prisioneiros do regime nazista não eram prisioneiros de guerra; os primeiros campos de concentração surgiram já em 1934, assim que Hitler subiu ao poder. Nesses campos, eles começaram prendendo pessoas do seu próprio país, sob os mais diversos pretextos. Assim, Hitler perseguiu não apenas os judeus, mas também os negros, os ciganos, os homossexuais, os deficientes físicos e os opositores do regime. Conhecer essa história é fundamental para garantir que ela nunca mais irá se repetir.
Quanto ao filme em si, é tão triste - e revoltante - quanto poderia ser. O destaque fica por conta do "sexo virtual", das grandes atuações e de uma curiosa aparição de Mick Jagger.
Álbum de Família
3.9 1,4K Assista AgoraGrandes atuações, num roteiro que mais parece uma novela mexicana. Muito exagero nas situações criadas. A opção por deixar em suspenso o fim da situação que envolve a personagem Ivy também foi um grande tiro no pé. Normalmente a gente diz que esperava mais, mas, nesse caso, eu, literalmente, esperava menos... menos exagero.
Ilha do Medo
4.2 4,0K Assista AgoraPra quem curte filmes de suspense e mistério, é uma boa pedida. Trama bem escrita, embora o ritmo do filme, cheio de flashbacks, torne-o um pouco cansativo.
Lembranças
3.7 2,7KParece que existe muito preconceito contra atores que se tornam célebres por causa de um único personagem, sobretudo se esse personagem for de uma franquia, mas o fato é que muitos deles têm conseguido mostrar o seu talento como atores e superar o brilho ofuscante de seus personagens de estreia. Este é o caso de Daniel Radcliffe (que se saiu muito bem em "A mulher de preto"), de Emma Watson, (que arrasou em "As vantagens de ser invisível") e do próprio Robert Pattinson, que se saiu bem nesse filme estilo Sessão da Tarde, embora sua atuação em "Água para elefantes" seja melhor. Ainda vai levar um tempo para que ele se liberte do estereótipo de galã melancólico e introspectivo, mas acho que ele está no caminho certo. Penso que seu próximo desafio devesse ser o de encarnar um vilão, mas boto fé no cara. "Remember me" é um filme "legalzinho", apesar do fim ridículo e forçadíssimo. Ainda assim, vale como entretenimento.
A Professora de Piano
4.0 685 Assista AgoraO filme retrata algo repugnante, ou que, pelo menos, nos ensinam ser repugnante. Também liquida com a ideia de amor romântico e com os estereótipos das relações entre homens e mulheres, entre mães e filhos, entre professores e alunos, entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. Nesse sentido, é uma obra-prima, extremamente provocadora, cujo resultado final deve-se muito ao brilhantismo das atuações do trio central. Acho que apenas um grupo muito seleto de atores e atrizes seria capaz de dar vida a personagens tão densamente construídos e tais atuações podem facilmente figurar numa lista top 5 da história do cinema. Parece que existe quase uma unanimidade em relação aos aspectos técnicos do filme e a polêmica parece mesmo girar em torno do tema, que envolve não apenas as perversões sexuais, mas quase todo tipo de transtorno comportamental que um ser humano possa ter. Provavelmente é um prato cheio para o pessoal da área e não me espantaria saber que ele faz parte de muitos currículos de psicologia e psiquiatria. Em se tratando do tema, acho que podemos dividir a discussão em 2 partes: o tratamento artístico dado ao tema e a natureza dos sentimentos retratados:
1) Tratamento artístico:
Lembro-me de uma professora de artes cênicas que um dia nos explicou o segredo das boas atuações no palco: o exagero. Segundo ela, num palco, todos ficam pequenos e por isso o público é incapaz de perceber as emoções dos artistas, a não ser que eles exagerem. Isso me remete àquelas imagens de ópera, em que os cantores usam maquiagens carregadíssimas e fazem caras e bocas que, fora do palco, seriam caricatas, mas que, naquele contexto, parecem muito naturais. Na verdade, esse exagero permeia toda forma de arte: a arte precisa intensificar tudo, para chamar a atenção para aquilo que, no dia a dia, passa despercebido. Esse exagero pode se dar de duas formas: por mostrar demais ou por mostrar "de menos". Assim sendo, nas boas obras de arte, se tivermos um olhar atento, sempre vamos perceber uma dessas duas formas de exagero. Com "La Pianiste" é isso o que acontece: as coisas são exageradas, para chamar nossa atenção para questões que achamos que estão resolvidas - mas não estão. Todo mundo diz coisas do tipo "eu não me importo com a vida de ninguém", "cada um deve cuidar da sua vida", "cada um deve ser feliz do jeito que quiser" etc, mas há um detalhe que todos nós ocultamos: somos tolerantes apenas com aquilo que está de acordo com nossa própria visão de mundo. No fundo, todo mundo pode fazer o que quiser... desde que todos façam do nosso jeito...
2) Natureza dos sentimentos retratados:
a) Relação com os pais: taí um assunto para o qual quase todos temos respostas politicamente corretas, mas que, não raro, passam longe da realidade. A verdade é que essas relações são muito complicadas, mesmo quando parecem ser tranquilas. Os pais sempre vão projetar, pelo menos um pouco, de seus valores e frustrações nos filhos, por mais que gostem de dizer o contrário; e os filhos sempre terão medo de decepcionarem seus pais. Nessas relações, existe muito amor, mas também existe muita opressão, medo, recalque e até mesmo ódio. Se tem uma pessoa que você teme que descubra suas ka-gadas nessa vida, essa pessoa é seu pai ou sua mãe. A maioria de nós tem mais medo dos pais do que da polícia - e chegar à idade adulta não muda nada.
b) Desejos sexuais: parece que todo mundo é capaz de dizer que tem fantasias sexuais, mas que quase ninguém é capaz de admitir quais são....kkkkk. E não estou me referindo a admitir publicamente, que isso não teria o menor cabimento, mas, mesmo na intimidade, muitos de nós temos extrema dificuldade de verbalizar nossos mais secretos desejos (e veja bem: o fato de serem secretos não significa que sejam perversos. Acho até que as fantasias sexuais da maioria das pessoas são bem mais básicas do que o imaginário popular supõe...). Curiosamente, quando alguém nos confessa uma fantasia sexual pouco convencional (mesmo que seja num filme), ainda que tal fantasia nos excite, estamos automaticamente programados para repudiá-la de pronto. Quantos de nós, não apenas no sexo, mas também em situações análogas, já dissemos "não", quando, no fundo, gostaríamos de ter dito "SIM!!!!"? Eu realmente tenho alguma dificuldade para compreender o prazer que algumas pessoas obtêm da dor, da humilhação, da submissão, mas acho que dar vazão aos nossos reais desejos deve ser uma experiência libertadora. Particularmente não tenho fantasias sádicas ou masoquistas, mas tenho de admitir que a ideia de ter um ser humano completamente à minha mercê não deixa de ser sedutora...Mas não façamos disso um confessionário....kkkkk
Bem, se você acha que filmes como Atração fatal, 9 e 1/2 semanas de amor, Crash e Instinto selvagem foram filmes fortes, então assista "La pianiste"...
Filme para quem curte cinema-arte e mindfuckers.
O Homem da Minha Vida
3.6 43KKKKKK, e eu continuo às voltas com o overemotional cinema francês...kkkkk. Tudo é sempre levado aos recantos mais obscuros da alma humana...kkkkk, porque parece que, para ser bom, tem de ser trágico....kkkkk. Mas não me entendam mal; eu gostei do filme. Volta e meia os franceses fazem um filme leve, como o excelente "Intocáveis", mesmo abordando um tema que poderia ser trágico. Entretanto, parece mesmo que a vertente principal dos caras é a tragédia, é a coisa teatral, gutural e grave - e esse filme é um exemplo disso.
O filme tem uma montagem interessantíssima, mas que, nalguns momentos, acaba tornando o filme um pouco confuso. Eles usam um recurso que não é exatamente um flashback, já que a história fica voltando sempre ao mesmo ponto e achei isso surpreendente...a gente acha que a cena acabou e, de repente, o filme volta a ela e a cena continua! Muito legal, mas não dá para desgrudar o olho da tela nem um segundo!
A fotografia é excelente, com grandes sacadas (adorei a porta vermelha gigante) e apresenta uma ideia muito bacana que, um dia, espero poder usar em minha própria casa: um jogo de sombras na parede, sobre o qual não vou dar maiores detalhes, para não estragar a surpresa de quem ainda não assistiu.
A cena que empresta sua imagem ao poster do filme é muito surreal, pouco crível, apesar de bonita (ninguém faria um negócio daqueles...kkkk).
Os diálogos são inteligentes, mas, às vezes, soam pretensiosos, filosóficos demais. Trilha sonora bonita e boas atuações. A questão da homossexualidade é tão sutil, que é quase nula, tudo bem comportado. Enfim, é cinema-arte, coisa para cinéfilo mesmo.
Milk: A Voz da Igualdade
4.1 878O filme é uma produção caprichada, com uma atuação impecável de Sean Penn, mas realmente não é tão espetacular quanto muitos têm alardeado. É um retrato histórico de uma época em que estavam sendo construídas as bases para todas as lutas pelos direitos que hoje parecem ser tão elementares para cada um nós.
Não apenas os homossexuais, mas também os negros e as mulheres tiveram de conquistar seu lugar de direito numa sociedade que era branca, machista, pseudoreligiosa e elitista. E mesmo que, à época, muitos fossem incapazes de perceber isso, o fato é que toda vez que alguém compactua com qualquer forma de injustiça, esse alguém está se colocando na fila, para ser a próxima vítima, porque o mal contamina a sociedade inteira e, mais ou mais tarde, bate na porta de cada um nós. A criança pedindo esmola na esquina, um dia será o pai irresponsável de um jovem delinquente...
Não há dúvida de que ainda há um longo caminho a percorrer até que possamos dizer que somos uma sociedade verdadeiramente livre, que respeita os direitos individuais, sem ferir os interesses coletivos. Entretanto, se hoje é possível dizer isso sem receber uma porrada da polícia (e olhe lá...) é graças a esses pioneiros, que tiveram a coragem de erguer a sua voz em meio à toda a opressão, abrindo um precedente importante para cada ser humano deste mundo, que tiver seus direitos desrespeitados.
A despeito de tudo isso, o personagem em si não é tão carismático assim, e o filme chega a ser enfadonho em certos momentos. Vale mais como uma aula de história do que como arte propriamente dita.
Adeus, Meninos
4.2 257 Assista AgoraSimplicidade e talento. Um filme sem diálogos profundos ou pretensa filosofia; apenas um retrato bastante convincente do dia a dia de um grupo de meninos num colégio interno durante o período mais horrendo da história da humanidade. Acho que o grande destaque do filme é a atuação impecável de Gaspard Manesse (Julien), cuja carreira como ator, infelizmente, parece não ter vingado. É impressionante que alguém tão jovem tenha sido capaz de incorporar um personagem de forma tão intensa e absoluta. Embora o filme não explicite a violência tipicamente retratada em outras obras que giram em torno da questão do nazismo, ele nos joga na cara um aspecto ainda mais perturbador por trás dessa "filosofia", que seduziu uma nação inteira e que até hoje tem admiradores dementes pelo mundo afora: a covardia que essa monstruosidade representou. Covardia de quem perseguiu implacavelmente pessoas indefesas, sem poupar nem mesmo a inocência das crianças. Covardia de tantos que, para salvar a própria pele, permitiram que tamanha bestialidade fosse cometida, bem debaixo de seus narizes, porque quem cala, consente. Para esses, acho - e espero - que vida há de ser um castigo pior do que a morte. Em tempos em que os fervores religiosos parecem estar sendo reacendidos, em que bruxas e demônios voltam à roda, em que as pessoas continuam sendo discriminadas por sua fé (ou pela falta dela), por sua cor, seu gênero, sua sexualidade, sua condição sócio-econômica e até mesmo por seu time de futebol, assistir a um filme como esse é fundamental para nos trazer à lembrança a estupidez e a covardia que qualquer forma de discriminação representa.
Havaí
3.7 198Quase. Na verdade o filme é uma coleção de altos e baixos, intercalando cenas bem boladas, com algumas situações incrivelmente toscas...kkkkk. Geralmente, quando o pessoal comenta um filme dizendo "adorei o silêncio", eu já pulo fora, porque tem tudo pra não prestar...kkkkk. Entretanto, nesse caso, o ritmo do filme, de fato, é interessante: é lento, mas não é monótono; é apenas na velocidade da vida das pessoas comuns, na velocidade da vida de 99,9% de nós... O argumento central é uma ideia muito boa, mas que foi desenvolvida de forma quase amadora, estilo filme de universitário que tá estudando cinema. O filme empresta elementos de "Tensão sexual", do mesmo diretor e até consegue criar algum erotismo, mas escorrega em diversos trechos. A trilha sonora é sonolenta, mas acho que, no fim das contas, o aspecto mais interessante é a construção de um universo particular, onde os personagens se isolam do mundo exterior. Enfim, é realmente uma ideia muito boa, que poderia ter sido desenvolvida de uma forma melhor, mas que não chega a ser um desastre. Filme muito focado nos homossexuais e que dificilmente irá agradar ao grande público. Merece um remake.
Intocáveis
4.4 4,1K Assista AgoraA última produção francesa que tinha conseguido arrancar de mim umas boas risadas foi "O sopro do coração"... de 1971!!! Já estava mais do que na hora de os franceses deixarem de lado sua pretensão e voltarem a fazer filmes sensíveis e inteligentes, sem sobrecarrega-los com aquele clima depressivo, que parece permear quase todas as produções francesas dos últimos anos. Putz, os caras parecem que só querem fazer filmes pesados, introspectivos, melodramáticos e, sobretudo, chatos. Finalmente surge uma obra leve, inteligente e com um humor refinadíssimo, sem precisar lançar mão do caricato, diferentemente de outras pretensas comédias francesas.
A fotografia é linda, a trilha sonora é bacana e as atuações, puxa, as atuações são realmente excepcionais!!! Eu ainda não estou acreditando que eu consegui rir de verdade com um filme francês!!!! E é claro que também me emocionei, embora, confesso, estivesse esperando muito mais melodrama... que bom que não teve....kkkk
Esse filme é a prova de que uma obra não precisa ser densa para ser profunda. E aquele sorriso do Driss espanta qualquer tristeza! Eu ria só de ver o cara rindo...kkkk
Muito legal assistir a um filme francês e depois não ficar pensando em suicídio...kkkkk
Aprovado.
Questão de Tempo
4.3 4,0K Assista AgoraDe todos os filmes aos quais assisti e que abordam a viagem no tempo, este é, sem dúvida, O MAIS INSPIRADOR. Ao trazer uma abordagem que, de certa forma, propõe que todos já somos viajantes do tempo, o filme conseguiu oferecer uma visão inovadora sobre um tema que já foi amplamente explorado - e esse é o seu maior mérito e o motivo desta obra despertar tantas paixões, a despeito de alguns furos teóricos do roteiro.
Penso que a proposta principal desse filme, ao contrário do clássico "Efeito Borboleta", não é sobre a possibilidade de viajar no tempo e suas implicações, mas justamente sobre a nossa obsessão por querer voltar no tempo e corrigir as coisas. Nesse sentido, o filme não se preocupa muito em explicar a viagem no tempo, focando-se mais nos motivos por trás desse desejo humano. E faz isso muito bem.
Grande trilha sonora, boas atuações e alguns personagens muito curiosos. É uma excelente pedida para quem curte o gênero dramédia ou está cansado da velha fórmula "rapaz-encontra-garota", que permeia praticamente todas as comédias românticas produzidas nos últimos anos.
Apenas senti falta de um roteiro um pouco mais conciso, porque fiquei com a impressão de que o filme demorou para achar o seu rumo. Não se deixe decepcionar pelos primeiros momentos "About time", porque a última meia hora já é uma obra-prima à parte.
Aqui não é o espaço apropriado para propor discussões sobre viagens no tempo e suas implicações filosóficas, por isso vou propor esse debate no nosso grupo de discussão no Facebook. Quem quiser participar, sinta-se convidado!
https://www.facebook.com/groups/236245309887291/
Fazendo História
3.8 56Típico filme que se propõe a ser "cult" - e, até certo ponto, consegue. Não há dúvida de que é um filme pretensioso e intelectualmente elitista, talvez por ser uma adaptação de uma peça de teatro. O filme guarda muitas semelhanças com o clássico "Sociedade dos poetas mortos", embora traga uma visão mais intimista do que aquele. The history boys vai mais fundo na subjetividade, com um roteiro menos previsível e até mesmo confuso em certos pontos. O filme usa uma receita conhecida (escola tradicional + alunos inquietos + professor subversivo), adicionando-lhe ingredientes surreais, como as relações nada convencionais entre alunos e professores, ou, até mesmo, entre alunos e alunos. Talvez esse seja o grande mérito desse filme: o aspecto fantasioso com que retrata as relações humanas, usando a arte para sua principal função: extrapolar a realidade, para evidenciar o que deveria ser óbvio. O filme está muito fundamentado na língua, na arte e no sistema educacional da Inglaterra, o que pode empobrecê-lo para o público não-britânico, já que poesia traduzida deixa de ser poesia e o sistema educacional deles não se assemelha em nada com o nosso (embora eu ache que nenhum sistema educacional do mundo se assemelhe ao nosso...). Ainda assim, é um filme bem feito, de muito bom gosto, com excelentes atuações e uma trilha sonora oitentista muito interessante. Para quem curte filmes com temática LGBT pode acabar sendo decepcionante, já que apresenta um aspecto menos glamoroso da homossexualidade. Filme nostálgico, para quem curte refletir sobre questões existenciais e não exige ideias que já venham muito trituradas.
50%
3.9 2,2K Assista AgoraFilme chato, insosso. Só não dei uma nota mais baixa, porque eu não quero me deixar influenciar pelo fato de não ir muito com a cara do Joseph Gordon-Levitt e não suportar o Seth Rogen. Conseguiram reunir, num filme sem graça, dois dos atores com quem eu mais antipatizo... E o pior é que eu nem sei por quê. Enfim, acho que tem gente que gostou bastante, mas, pra mim, não rolou.
O Clã
2.9 15Que decepção. Filme chato, com trilha sonora irritante e atores que mais gritam do que interpretam. Pura perda de tempo.
The Wise Kids
2.9 10Esse é um daqueles filmes que eu assisti até o fim, só pra poder falar mal...kkkk... Me senti como se estivesse assistindo a um seriado dos anos 80, tipo Flipper. O filme é extremamente amador, as tensões e conflitos saem do nada: do nada, alguém se apaixona; do nada, alguém está com tesão; do nada, alguém está com dúvida...kkk...tudo forçado para criar situações que não são nada convincentes. O tempo todo eu fiquei com a sensação de que, a qualquer momento, o Flipper iria aparecer na piscina....kkkkkk.... o filme é muito tosco. Eu estava esperando questionamentos sobre a fé e a moralidade, mas que nada...kkkkk....Barrados no Baile tinha mais conteúdo do que essa droga de filme. Putz, foi um usuário do Filmow que me recomendou e eu embarquei...kkkk. Que dica furada! Nem percam seu tempo!
Corações Perdidos
3.6 565Assim como em On the road, Kristen Stewart mostra-se muito mais à vontade fazendo papeis de vadias do que tentando interpretar a virginal Bella....kkkkk. O destaque do filme é mesmo a atuação dela. No mais, o filme é chocho: sai do nada e chega a lugar nenhum.
O Leitor
4.1 1,8K Assista AgoraNão tenho dúvida de que a grande questão que esse filme nos apresenta é sobre o quanto nós somos capazes de ignorar os defeitos e o passado de uma pessoa, em nome do amor que sentimos por ela. Será que somos capazes de amar alguém que nosso senso de moral nos diz ser uma pessoa maligna? Dizem que "a quem ama, o feio bonito lhe parece", mas realmente é uma questão intrigante e esse é um dos grandes méritos desse filme. As atuações de Kate Winslet e de David Kross são impecáveis. As cenas íntimas são de muito bom gosto. Recentemente propus, no Gente Estranha, grupo de discussão do qual participo no Facebook, um debate sobre a nudez masculina no cinema e sobre o quanto o cinema insiste em fazer isso de uma forma tosca. Casualmente, esse filme foi uma exceção. Embora eu tenha gostado realmente desse filme, tenho de ser imparcial e reconhecer que ele apresenta algumas falhas, quais sejam:
1) Como boa parte do filme gira em torno da questão do letramento e o filme é ambientado na Alemanha, o fato de ele ser falado e escrito em inglês acaba sendo uma incongruência. O ideal seria mesmo que ele fosse todo falado em alemão, o que faria dessa obra uma produção ainda mais memorável;
2) A caracterização dos personagens / trabalho de maquiagem realmente não é convincente, já que o jovem Michael não passaria por um garoto de 15, nem na China... A aparência dele aos 15 e depois aos vinte e poucos, já na faculdade, é exatamente a mesma: a de um cara de vinte e poucos anos de idade.... Embora a atuação de David Kross seja perfeita, a escolha de Ralph Fiennes para representá-lo na idade adulta não foi das mais felizes, já que eles não se parecem nem um pouco.
3) O argumento central é um tanto forçado, e eu realmente duvido muito que alguém se permitisse punir daquela forma, apenas para não revelar esse tal "segredo", que não é nada tão grave assim, sobretudo quando comparado aos demais segredos do passado de Hanna.
Ainda assim, é um grande filme, com momentos muito emocionantes e que propõe uma discussão muito válida. E para quem curte "amores estranhos" e romances improváveis, recomendo o belíssimo "Amor sem pecado" e "Verão de 42", que pretendo rever nos próximos dias.