Em um mundo pós-apocalíptico, Alita é encontrada no ferro-velho pelo Dr. Ido, que a reconstrói e a transforma em uma caçadora na sombria Cidade de Ferro. A menina dos olhos grandes, inspirada no mangá de Yukito Kishiro, acorda sem lembranças de sua vida anterior, mas logo, como uma adolescente normal, descobre o amor, o chocolate e o interesse pela corrida mortal ao estilo gladiador. Só que ela não poderá confiar em todos que estão à sua volta. ALITA: ANJO DE COMBATE (Alita: Battle Angel, 2019) é a junção das forças de Robert Rodriguez e James Cameron, e embora emocionante, consegue causar uma confusão no roteiro - talvez porque a dupla esteja mais interessada na construção de um mundo de CGI perfeitamente detalhado em duas horas. Mais do que qualquer efeito especial ou sequência de ação, Alita é agradável e Rosa Salazar, como Andy Serkis, mais ainda. Pelo que parece, Alita ainda terá outras aventuras pela frente e quem sabe tudo fará mais sentido e nós teremos uma franquia complexa para habitar este mundo fascinante. Até lá, Alita não é nada de excepcional; apenas um bom filme-pipoca. IG @omelhordocinema
Disponível no YouTube a versão completa desse clássico da infância. Uma das melhores animações brasileiras, o primeiro longa totalmente animado de Maurício de Sousa. Imperdível!
Melissa McCarthy comanda o drama da brilhante escritora que preferiu usar seu talento para falsificar cartas de famosos em PODERIA ME PERDOAR? (Can You Ever Forgive Me?, 2018). Distante de ser uma história de redenção, apesar de seu título, o filme é baseado na autobiografia confessional de Lee Israel. É 1991 e Lee não consegue voltar à lista de best-seller, que um dia fez parte. Desempregada, ignorada por sua agente e sem dinheiro e amigos, ela descobre que pode faturar alto forjando cartas de artistas já falecidos, como Noel Coward e Dorothy Parker. E será através desses manuscritos que ela finalmente se orgulhará de seu trabalho e será reconhecida por sua competência literária. Um relato curioso com uma boa direção e um desempenho notável de McCarthy, que clama (e nós também) por mais papéis como esse. IG @omelhordocinema
É sério mesmo que Jake, Toni, Rene e Malkovich se meteram neste novo fiasco da Netflix? Sim, pode acreditar. A impressão que eu tenho é de que assinaram o contrato sem antes ler o roteiro de VELVET BUZZSAW (2019). Ou, como nós mortais, os boletos estão batendo à porta. Na trama, que tenta (e falha com louvor) ser um terror/suspense, o mercado de arte contemporânea é questionado e colocado à prova após a descoberta de um artista para lá de sombrio, que decreta vingança contra aqueles que lucraram em cima de suas obras viscerais - em todos os sentidos. A gente não tem dúvida de que a crítica a essa mercantilização voraz vale a pena ser discutida, mas a obra de Gilroy não a explora em profundidade e, além de desperdiçar um elencão, tem uma mensagem exageradamente confusa. Se, como diz o personagem de Gyllenhaal, "uma crítica ruim é melhor do que mergulhar na grande saturação do anonimato", aí vai a minha crítica ruim, só que ela não salvará Velvet Buzzsaw do (meu) esquecimento. IG @omelhordocinema
Willem Dafoe é o pintor holandês pós-impressionista Vincent van Gogh neste drama biográfico de Julian Schnabel que demora tanto a terminar. NO PORTAL DA ETERNIDADE (At Eternity's Gate, 2018) retrata os últimos anos de um dos artistas mais geniais e perturbados da história, que cortou a própria orelha e morreu acreditando ser medíocre. O resultado é um filme lento, pesado e pretensioso, que só ganha relevância pelo desempenho comprometido de Willem Dafoe, rendendo uma merecida indicação ao Oscar. O foco aqui está mais na arte do que no gênio das telas e sua loucura; em sua capacidade de ver o que os outros não enxergam e de ser um pintor para pessoas que ainda não existem. Transmitido através de closes frontais, diálogos em looping, imagens sobrepostas, foco difuso e cores desbotadas, No Portal da Eternidade não passa de uma série confusa de fragmentos dos meses finais - e mais produtivos - de Van Gogh em Arles, sul da França, que só fará sentido àqueles que já tiverem familiaridade com sua biografia. Se Dafoe merecia uma obra melhor, imagina então Van Gogh. É o mínimo que os fãs, de ambos, como eu, esperavam. IG @omelhordocinema
DUMPLIN' (2018) abraça o amor americano inesgotável por Dolly Parton e uma mensagem fortalecedora de autoaceitação. Usando sua música para impulsionar a história de Willowdean, a adaptação do romance de Julie Murphy centra sua dramédia em torno dos relacionamentos da garota fora dos padrões que resolve participar de um concurso de beleza. Ele mergulha na sua melhor amizade, no distanciamento com a mãe, na falta da tia recém-falecida e no romance com seu colega de trabalho. Todas essas relações moldaram sua heroína exatamente como ela é hoje, e por mais previsíveis que sejam seus eventos, eles são agradáveis, reconfortantes e educativos. Dumplin’ pode ter sido menos do que o esperado (por mim), mas seria uma injustiça não reconhecer que é um filme adolescente de bem-estar, com uma tonelada de afeto e boa música. IG @omelhordocinema
A história de SEQUESTRADA À LUZ DO DIA (Abducted in Plain Sight, 2017) é tão absurda que a gente não sabe se sente mais raiva dos pais da garota de 12 anos ou do vizinho que a sequestrou duas vezes (praticamente com o consentimento de seus genitores). O novo documentário da Netflix é chocante e a mulher no centro dele é Jan Broberg Felt, hoje atriz e escritora. Na época, nos anos 1970, a menina virou objeto da obsessão de Robert Berchtold, o “B”, um homem de 40 anos que morava ao lado de sua casa e frequentava a mesma igreja de sua família. Ele conseguiu manipular os pais, aliado a uma ingenuidade inacreditável de quem teria o dever de protegê-la, para molestar, estuprar, raptar (em duas oportunidades) e casar com a garota - sem maiores problemas. Composta por depoimentos, fotos e gravações de voz, e repleta de reviravoltas cada vez mais bizarras e de lenta digestão, é uma mensagem obscura e gritante sobre abusos na infância, que apesar da compreensão da pedofilia ter aumentado, infelizmente continuam acontecendo, e que dificilmente será apagada de sua memória tão cedo. IG @omelhordocinema
Como atriz, Jennifer Lopez adora apostar em comédias românticas e até que acertou em duas delas: A Sogra e Plano B. Contudo, não se pode dizer que teve o mesmo êxito em UMA NOVA CHANCE (Second Act, 2018), uma nem comédia, nem romance, que se perde no enredo de crise de identidade de sua heroína. Maya trabalha há doze anos em uma grande loja e espera uma promoção, mas o trabalho executivo não se interessa pela experiência das gôndolas, e sim por diplomas universitários. E apenas através de um mal entendido é que ela poderá mostrar toda sua competência. Mesmo que você esteja disposto a dar crédito a esse golpe de sorte que provisoriamente resolve alguns dos problemas de Maya, Uma Nova Chance não tem voz suficiente para torná-la autêntica como personagem, tampouco como história. Não convence em nenhum momento. Ainda, para o nosso desespero, todos os clichês, como uma amiga maluca, uma criança com um linguajar esquisito e uma cena de dança inesperada, são utilizados. Carente de personalidade, igual a sua protagonista, Uma Nova Chance não merece uma chance sua. Dá bem para aguardar chegar na Sessão da Tarde. IG @omelhordocinema
Quando Detona Ralph foi lançado em 2012, a mensagem do adorável vilão dos fliperamas - cansado de desempenhar tal papel e que então decide ir em busca de um prêmio que apenas os mocinhos ganham - era de autoaceitação. Agora em WIFI RALPH: QUEBRANDO A INTERNET (Ralph Breaks the Internet, 2018), junto da doce e carismática Vanellope, o grandalhão entra na internet atrás de um volante para salvar o jogo de sua melhor amiga. E nessa aventura em um mundo completamente desconhecido, muito colorido e dinâmico, os dois vão fortalecer os laços de amizade e proporcionar, além de um encontro inédito entre as princesas e outros personagens da Disney, uma reflexão interessante sobre esse lugar que tem/sabe de tudo e transporta as pessoas em alta velocidade, mas que ao mesmo tempo, dá liberdade para mostrarem o seu pior. Um sucessor melhor, mais emocional e divertido do que o original - das poucas sequências de animação que a Disney se permitiu fazer. IG @omelhordocinema
Ele nunca quis um cargo decorativo. E, assim, Dick Cheney discretamente exerceu e transformou o poder na Casa Branca como vice-presidente de George W. Bush, remodelando o país e o mundo de maneira que ainda sentimos hoje. Por quase 50 anos, o calado e despretensioso ex-congressista tem sido o pescador aparentemente inofensivo que devora - sem piedade - aqueles que atravessam o seu caminho. Nessa dualidade, a pesca, uma de suas paixões, a todo o momento, entra como simbolismo na biografia morna de um dos homens mais esquecidos da história política americana. Obscuro em alguns momentos, apressado em outros, mas sempre provocativo, VICE (2018) é desenvolvido por três vozes: a do próprio protagonista, desde sua juventude bêbada até à (quase) máxima autoridade em Washington; a de sua fiel companheira, Lynne; e a de um terceiro narrador, que somente ao final sabemos de sua relação com Dick. De maneira ambiciosa, porém confusa, Adam McKay costura o roteiro fora da linha do tempo normal e pinta Cheney como um oportunista que fará todo o necessário para as famílias americanas dormirem em paz. No fim, mais cansativo do que interessante, Vice é apenas impulsionado pelo desempenho e caracterização impecáveis de Bale, e a decepção acaba recaindo em todo o restante. IG @omelhordocinema
POLAR (2019) não sabe bem ao certo se diverte, dramatiza ou se ensanguenta. E só não é tão ruim quanto parece (100%) pela presença de Mads Mikkelsen, um assassino profissional prestes a se aposentar que passa a ser um problema para a empresa em que trabalha. Não tão atraente quanto John Wick, a adaptação da webcomic de Victor Santos é mais colorida e tem tomadas frenéticas promissoras, porém superestima seu potencial e charme, resultando em um thriller tão energético quanto vazio. Fora que perde o tempo de terminar e nem mesmo consegue lidar com clichês básicos do gênero. É um filme de streaming que a gente só não se arrepende de ter assistido por presenciar como um ator tão talentoso quanto ele pode fazer a diferença. IG @omelhordocinema
Baseado em um evento real, SOLO (2018) oferece a história de sobrevivência de Alvaro Vizcaino, um surfista que, em busca de liberdade e da onda perfeita, sofre um grave acidente ao cair de um penhasco em uma parte mais inacessível da ilha que estava com os amigos. A promessa de um dia incrível de surfe se transforma em uma luta angustiante para deixar aquele paraíso transformado em inferno. Uma proposta entediante, superficial e escassa de originalidade com um mar de reflexão que não leva - nem a gente e nem o personagem - a lugar nenhum. Definitivamente, Solo não é a melhor opção da Netflix. Nesse gênero, será bem mais negócio rever 127 Horas ou Águas Rasas. IG @omelhordocinema
COMO TREINAR O SEU DRAGÃO 3 (How To Train Your Dragon: The Hidden World, 2019) é o fim da franquia de uma das animações mais queridas da DreamWorks, iniciada em 2010. Ao longo de alguns anos, presenciamos Soluço amadurecer à medida que crescia sua amizade com Banguela, o mais feroz dos Fúrias da Noite. Altos e baixos acompanharam a trajetória dessa dupla em busca de harmonia entre as pessoas e os dragões, e agora no capítulo final, com a introdução de uma Fúria da Luz, o perigo aparece com Grimmel, um caçador mortal dos bichanos, que resolve mirar sua fúria em Banguela e sua nova amiga. A história se inicia devagar e, por vezes, cansa; pouco é explorado do mundo escondido que intitula o filme, mas gradualmente as coisas melhoram e a magia que encantou na primeira versão volta a explodir, entregando um desfecho emocionalmente satisfatório para a trilogia, que vai agradar (bem mais) os menores e os fãs de carteirinha da saga. IG @omelhordocinema
Depois de tanto tempo longe de Rocky Balboa, o primeiro Creed chegou nocauteando a nossa saudade e nos levando às lágrimas. CREED 2 (2018) não tem o mesmo impacto do antecessor, mas a nostalgia dos corners, o carisma monossilábico de Stallone e o talento de Michael B. Jordan superam o seu roteiro mais do que previsível. Ocorrendo alguns anos após os eventos do Creed original, Adonis se estabeleceu como o campeão mundial peso-pesado de boxe, mantendo Rocky como seu treinador e levando seu relacionamento com Bianca a um próximo nível. Porém, a história de seu pai está prestes a assombrá-lo novamente, tornando sua próxima luta mais pessoal do que nunca. Na sequência, tudo parece feito sob encomenda e, apesar de não poupar melodrama, pouco emociona. É um filme sobre segundas chances, principalmente entre pai e filho, e aposto todas minhas fichas que ainda não será dessa vez que a toalha será jogada. IG @omelhordocinema
Com diálogos fracos e um amontoado de personagens estúpidos acobertando suas estupidezes, é bem difícil engolir a história de QUANDO OS ANJOS DORMEM (Cuando Los Ángeles Duermen, 2018). Gonzalo Bendala bem que tenta dar várias reviravoltas a um homem de família que se vê envolvido em um acidente de carro depois de adormecer ao volante e sua subsequente descida ao inferno, só que a sucessão de burrices não jogam a favor nem do drama e muito menos do suspense. Tudo isso arrematado - ou piorado - por um final inacreditavelmente constrangedor. Eu não sei os anjos, mas você ficará louco para dormir e só acordar quando o filme acabar. IG @omelhordocinema
A primeira pergunta que vem à cabeça é por que GREEN BOOK: O GUIA (Green Book, 2018) recebe esse título? O nome, em referência a um guia anual que listava lugares amigáveis para afro-americanos viajarem pelo sul dos EUA no meio do século passado, é o ponto de partida dessa agradável (lógico, sem considerar os absurdos racistas narrados) viagem de Viggo Mortensen e Mahershala Ali. Aquele, um brutamonte italiano contratado para ser motorista e segurança desse, um famoso pianista que ousa atravessar as fronteiras do preconceito. Enquanto excursionam as profundezas sulistas por longas oito semanas, Tony e Dr. Shirley encontram nos estabelecimentos “coloridos” as proximidades que farão superar suas diferenças pessoais e as injustiças que enfrentarão ao longo do caminho. Um assunto sério tratado com leveza e bom humor sem reduzir o cuidado que merece: mérito do roteiro, que também atrai pela estética e trilha sonora sessentistas, funcionando tão bem quanto a presença de Mortensen e Ali. É mais um filme obrigatório: tanto para os tempos que vivemos quanto como esquenta para a temporada de premiações. IG @omelhordocinema
É difícil acreditar que a trilogia de Shyamalan, iniciada 19 anos atrás, seja de super-heróis. Acho que nem ele tinha essa ideia inicial: nem de trilogia, muito menos de super-heróis. Mas agora ele junta três dos seus principais personagens para montar VIDRO (Glass, 2019). Usando seu habitué: ação e suspense sobrenatural, Shya dá continuidade à loucura das dezenas de personalidades de Kevin, todas dominadas pela Besta, que será então combatida por David, o ex-segurança de Corpo Fechado que descobre habilidades sobre-humanas depois de sobreviver a um horrível desastre de trem, causado pelo Sr. Glass, um gênio das histórias em quadrinhos sobrecarregado por um frágil esqueleto. Eventos acontecem para reunir os três poderosos homens em um hospital psiquiátrico, e mais três outros personagens são reprisados para nos convencer de que a teoria da Dra. Ellie (de que os quadrinhos são uma obsessão) pode estar errada. A câmera hipnótica de Shya ainda está onipresente, assim como as reviravoltas, mas falta em Vidro a inteligência silenciosa de seus predecessores, que fizeram deles clássicos. Definitivamente, Vidro não é o melhor deles, e como demorou muito para acontecer, a alta expectativa já era esperada. Porém, seria injusto (principalmente pelo desempenho de seus atores) dizer que Vidro não é cola suficiente e satisfatória para unir Corpo Fechado e Fragmentado. IG @omelhordocinema
“Lazzaro, Lazzaro”. É o nome de Lazzaro que mais escutamos em LAZZARO FELICE (Happy as Lazzaro, 2018), o vencedor do prêmio de roteiro em Cannes. De longe, o drama alucinógeno de Alice Rohrwacher, que acompanha o sempre sorridente e disponível Lazzaro, parece sem pé nem cabeça. Em uma comunidade italiana simples e agrária, trabalhadores labutam sob o olhar exigente e escravocrata de uma rica marquesa. Um deles é Lazzaro, um jovem de poucas palavras, o explorado dos explorados, que cria uma improvável amizade com o filho da patroa. Depois que eles forjam um sequestro, a narrativa espirala seus personagens em uma direção completamente diferente e que fará você questionar a sanidade daquilo que está assistindo. É difícil explicar sem estragar a surpresa, assim como será difícil se convencer, logo no início, de que Lazzaro faz muito sentido - ainda mais hoje. O que posso adiantar é que Lazzaro é complexo e deve ser apreciado sem pressa. E não se engane pelo seu ritmo sonâmbulo, há um confronto muito ácido e necessário sobre a marginalização das classes escondido por trás de toda uma suave alegoria. IG @omelhordocinema
Annie reluta em aceitar que tem uma vida chata. Em uma pequena vila costeira na Inglaterra, ela pouco combina com Duncan, seu namorado de longa data obcecado por um roqueiro norte-americano já decadente. Estranhamente, apesar de um oceano de distância separá-los (literal e metaforicamente), Annie e o músico criam uma amizade online que mudará suas vidas. JULIET, NUA E CRUA (Juliet, Naked, 2018) é drama, comédia e romance ao mesmo tempo, e em certos momentos, não vou mentir, dá sono. O filme de Jesse Peretz é melhor quando comenta sobre a reverência às celebridades, e igualmente bom quando deixa Hawke examinar uma vida repleta de decisões egoístas e oportunidades desperdiçadas. Mas desafina ao querer envolver Byrne em uma trama romântica sobrecarregada. Ainda bem que tem sorte com a trilha sonora, a boa química dos atores principais e um terceiro ato prazerosamente existencial quanto ao perigo de viver uma vida livre de riscos, sendo tudo que o torna aceitável no que se propõe. IG @omelhordocinema
Baseado no romance de 1978 de Penelope Fitzgerald, A LIVRARIA (The Bookshop, 2017) tinha potencial para ser bem mais do que realmente foi, e exceto pelo belo trabalho de Emily Mortimer, o filme de Isabel Coixet não acrescenta muito à clássica filmografia britânica de dramas pitorescos. Florence é uma viúva que abre uma livraria em uma casa de pedra em ruínas em uma pequena cidade inglesa no final dos anos 50. Movida apenas pela paixão aos livros, ela não se dá conta que sua despretensiosa empreitada provocará a fúria de uma poderosa mulher e mudará radicalmente a rotina da pacata população. Sem um enredo convincente e personagens de apoio escassos de carisma, A Livraria, mesmo com um final imprevisível, erra ao tentar ser sério demais, destoando de todas as nuances que o cercam. Talvez se apostasse na sutileza da pouca graça que produz, teria dado mais certo. IG @omelhordocinema
Conexão. É isso que falta em WHITE BOY RICK (2018). A biografia de Richard Wershe Jr., um infrator juvenil de Michigan que, nos anos 80, antes de completar 16 anos já tinha sido traficante de armas e drogas e informante do FBI, parece atraente, mas acabamos por não saber de que lado ficamos. A agência de inteligência americana passa a ser o vilão da história de Yann Demange, com boas representações de Matthew McConaughey, Richie Merritt e Bel Powley, enquanto nós nem odiamos e muito menos simpatizamos com o menino branco tentando ser chefão do crime. Falho no desenvolvimento e motivação do personagem, White Boy Rick apenas serve de lição de que o mal não compensa (não importa a cor de sua pele) e nada mais. IG @omelhordocinema
Antes de estrear nos EUA, DRAGON BALL SUPER: BROLY (2018) chega aos cinemas brasileiros e eu fui conferir junto com a @ingressocom. O mangá, publicado originalmente em 1984, e que vem, desde então, pelas mãos de Akira Toriyama, conquistando gerações, segue as aventuras de Goku explorando o mundo em busca das Dragon Balls. Dezenove filmes já foram baseados na série japonesa e Dragon Ball Super dá (e, ao mesmo tempo, não dá) sequência a Dragon Ball Z. Em Broly, o enredo acompanha Goku e Vegeta tentando recuperar as seis Dragon Balls roubadas do laboratório de Bulma pelo ressuscitado Frieza, e além enfrentarem novamente o velho rival, agora também encontram a fúria incontrolável de Broly. É o primeiro que conta a história do Saiyajin quase que desconhecido e com uma estrutura clássica aborda questões complexas sobre a identidade dos protagonistas. Quem é fã, pelo tom nostálgico, que se ampara em cenas épicas e exageradas de batalha, flashbacks e no drama familiar, com certeza vai gostar. E mesmo para aqueles que não sabem muito sobre a franquia (🙋🏻♀️), Broly deixará bem localizado e satisfeito. Sem contar que, a quem dava a animação como saturada, traz um sopro de renovação e possibilidades ao universo do personagem de roupa laranja. IG @omelhordocinema
Forte e envolvente ao extremo, INSPIRE, EXPIRE (Andið eðlilega, 2018) é um drama moderno, quase que universal. Afinal, dos mais ricos aos mais pobres, poucos são os lugares intocáveis pela crise migratória. Mesmo sendo pequena e isolada, a Islândia não se livra de ser um desses corredores de passagem e será palco de encontro de duas mulheres tão distintas quanto parecidas. Uma mãe nórdica solteira que tenta se restabelecer emocional e financeiramente e outra mãe africana que tenta se refugiar do preconceito para inspirar e expirar sem medo fora de seu país natal. Uma história cativante de ritmo lento que não precisa ficcionar ou exagerar - muito menos falar o mesmo idioma - para emocionar e chama atenção pela capacidade de fazer com que nos coloquemos no lugar e na dor do outro. Difícil será, após assistir a ele, respirar normalmente. IG @omelhordocinema
Por pouco, MAUS MOMENTOS NO HOTEL ROYALE (Bad Times at the El Royale, 2018) quase chega lá. O filme de Drew Goddard promete um passeio selvagem e cheio de estilo nos anos 60, com acontecimentos estranhos e Chris Hemsworth interpretando um maníaco de abdômen definido. Sua oferta começa frenética quando junta no El Royale - um hotel outrora luxuoso, agora decadente - quatro tipos distintos: um padre, uma cantora, um vendedor de aspirador de pó tagarela e uma bonitona; sem contar com o recepcionista faz-tudo que nunca está a postos. À noite, no local cruzado pelos estados da Califórnia e Nevada, cada um cuidará de seus próprios negócios e nada será o que parecia ser - nem mesmo o próprio hotel. Os mistérios parecem não ter fim no estabelecimento e, como personagens de Agatha Christie, os hóspedes (e nós também) entram de mala e cuia na narrativa noir tarantinesca. A qualidade somente oscila na reta final, quando perde um pouco da vitalidade e da coerência; ainda assim o check-in em Maus Momentos no Hotel Royale vale a pena. IG @omelhordocinema
Alita: Anjo de Combate
3.6 814 Assista AgoraEm um mundo pós-apocalíptico, Alita é encontrada no ferro-velho pelo Dr. Ido, que a reconstrói e a transforma em uma caçadora na sombria Cidade de Ferro. A menina dos olhos grandes, inspirada no mangá de Yukito Kishiro, acorda sem lembranças de sua vida anterior, mas logo, como uma adolescente normal, descobre o amor, o chocolate e o interesse pela corrida mortal ao estilo gladiador. Só que ela não poderá confiar em todos que estão à sua volta. ALITA: ANJO DE COMBATE (Alita: Battle Angel, 2019) é a junção das forças de Robert Rodriguez e James Cameron, e embora emocionante, consegue causar uma confusão no roteiro - talvez porque a dupla esteja mais interessada na construção de um mundo de CGI perfeitamente detalhado em duas horas. Mais do que qualquer efeito especial ou sequência de ação, Alita é agradável e Rosa Salazar, como Andy Serkis, mais ainda. Pelo que parece, Alita ainda terá outras aventuras pela frente e quem sabe tudo fará mais sentido e nós teremos uma franquia complexa para habitar este mundo fascinante. Até lá, Alita não é nada de excepcional; apenas um bom filme-pipoca. IG @omelhordocinema
A Turma da Mônica em A Princesa e o Robô
3.7 80Disponível no YouTube a versão completa desse clássico da infância. Uma das melhores animações brasileiras, o primeiro longa totalmente animado de Maurício de Sousa. Imperdível!
Poderia Me Perdoar?
3.6 266Melissa McCarthy comanda o drama da brilhante escritora que preferiu usar seu talento para falsificar cartas de famosos em PODERIA ME PERDOAR? (Can You Ever Forgive Me?, 2018). Distante de ser uma história de redenção, apesar de seu título, o filme é baseado na autobiografia confessional de Lee Israel. É 1991 e Lee não consegue voltar à lista de best-seller, que um dia fez parte. Desempregada, ignorada por sua agente e sem dinheiro e amigos, ela descobre que pode faturar alto forjando cartas de artistas já falecidos, como Noel Coward e Dorothy Parker. E será através desses manuscritos que ela finalmente se orgulhará de seu trabalho e será reconhecida por sua competência literária. Um relato curioso com uma boa direção e um desempenho notável de McCarthy, que clama (e nós também) por mais papéis como esse.
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Toda Arte é Perigosa
2.6 496 Assista AgoraÉ sério mesmo que Jake, Toni, Rene e Malkovich se meteram neste novo fiasco da Netflix? Sim, pode acreditar. A impressão que eu tenho é de que assinaram o contrato sem antes ler o roteiro de VELVET BUZZSAW (2019). Ou, como nós mortais, os boletos estão batendo à porta. Na trama, que tenta (e falha com louvor) ser um terror/suspense, o mercado de arte contemporânea é questionado e colocado à prova após a descoberta de um artista para lá de sombrio, que decreta vingança contra aqueles que lucraram em cima de suas obras viscerais - em todos os sentidos. A gente não tem dúvida de que a crítica a essa mercantilização voraz vale a pena ser discutida, mas a obra de Gilroy não a explora em profundidade e, além de desperdiçar um elencão, tem uma mensagem exageradamente confusa. Se, como diz o personagem de Gyllenhaal, "uma crítica ruim é melhor do que mergulhar na grande saturação do anonimato", aí vai a minha crítica ruim, só que ela não salvará Velvet Buzzsaw do (meu) esquecimento.
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No Portal da Eternidade
3.8 348 Assista AgoraWillem Dafoe é o pintor holandês pós-impressionista Vincent van Gogh neste drama biográfico de Julian Schnabel que demora tanto a terminar. NO PORTAL DA ETERNIDADE (At Eternity's Gate, 2018) retrata os últimos anos de um dos artistas mais geniais e perturbados da história, que cortou a própria orelha e morreu acreditando ser medíocre. O resultado é um filme lento, pesado e pretensioso, que só ganha relevância pelo desempenho comprometido de Willem Dafoe, rendendo uma merecida indicação ao Oscar. O foco aqui está mais na arte do que no gênio das telas e sua loucura; em sua capacidade de ver o que os outros não enxergam e de ser um pintor para pessoas que ainda não existem. Transmitido através de closes frontais, diálogos em looping, imagens sobrepostas, foco difuso e cores desbotadas, No Portal da Eternidade não passa de uma série confusa de fragmentos dos meses finais - e mais produtivos - de Van Gogh em Arles, sul da França, que só fará sentido àqueles que já tiverem familiaridade com sua biografia. Se Dafoe merecia uma obra melhor, imagina então Van Gogh. É o mínimo que os fãs, de ambos, como eu, esperavam.
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Dumplin'
3.5 421 Assista AgoraDUMPLIN' (2018) abraça o amor americano inesgotável por Dolly Parton e uma mensagem fortalecedora de autoaceitação. Usando sua música para impulsionar a história de Willowdean, a adaptação do romance de Julie Murphy centra sua dramédia em torno dos relacionamentos da garota fora dos padrões que resolve participar de um concurso de beleza. Ele mergulha na sua melhor amizade, no distanciamento com a mãe, na falta da tia recém-falecida e no romance com seu colega de trabalho. Todas essas relações moldaram sua heroína exatamente como ela é hoje, e por mais previsíveis que sejam seus eventos, eles são agradáveis, reconfortantes e educativos. Dumplin’ pode ter sido menos do que o esperado (por mim), mas seria uma injustiça não reconhecer que é um filme adolescente de bem-estar, com uma tonelada de afeto e boa música.
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Sequestrada à Luz do Dia
3.4 226 Assista AgoraA história de SEQUESTRADA À LUZ DO DIA (Abducted in Plain Sight, 2017) é tão absurda que a gente não sabe se sente mais raiva dos pais da garota de 12 anos ou do vizinho que a sequestrou duas vezes (praticamente com o consentimento de seus genitores). O novo documentário da Netflix é chocante e a mulher no centro dele é Jan Broberg Felt, hoje atriz e escritora. Na época, nos anos 1970, a menina virou objeto da obsessão de Robert Berchtold, o “B”, um homem de 40 anos que morava ao lado de sua casa e frequentava a mesma igreja de sua família. Ele conseguiu manipular os pais, aliado a uma ingenuidade inacreditável de quem teria o dever de protegê-la, para molestar, estuprar, raptar (em duas oportunidades) e casar com a garota - sem maiores problemas. Composta por depoimentos, fotos e gravações de voz, e repleta de reviravoltas cada vez mais bizarras e de lenta digestão, é uma mensagem obscura e gritante sobre abusos na infância, que apesar da compreensão da pedofilia ter aumentado, infelizmente continuam acontecendo, e que dificilmente será apagada de sua memória tão cedo.
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Uma Nova Chance
3.1 164 Assista AgoraComo atriz, Jennifer Lopez adora apostar em comédias românticas e até que acertou em duas delas: A Sogra e Plano B. Contudo, não se pode dizer que teve o mesmo êxito em UMA NOVA CHANCE (Second Act, 2018), uma nem comédia, nem romance, que se perde no enredo de crise de identidade de sua heroína. Maya trabalha há doze anos em uma grande loja e espera uma promoção, mas o trabalho executivo não se interessa pela experiência das gôndolas, e sim por diplomas universitários. E apenas através de um mal entendido é que ela poderá mostrar toda sua competência. Mesmo que você esteja disposto a dar crédito a esse golpe de sorte que provisoriamente resolve alguns dos problemas de Maya, Uma Nova Chance não tem voz suficiente para torná-la autêntica como personagem, tampouco como história. Não convence em nenhum momento. Ainda, para o nosso desespero, todos os clichês, como uma amiga maluca, uma criança com um linguajar esquisito e uma cena de dança inesperada, são utilizados. Carente de personalidade, igual a sua protagonista, Uma Nova Chance não merece uma chance sua. Dá bem para aguardar chegar na Sessão da Tarde.
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WiFi Ralph: Quebrando a Internet
3.7 740 Assista AgoraQuando Detona Ralph foi lançado em 2012, a mensagem do adorável vilão dos fliperamas - cansado de desempenhar tal papel e que então decide ir em busca de um prêmio que apenas os mocinhos ganham - era de autoaceitação. Agora em WIFI RALPH: QUEBRANDO A INTERNET (Ralph Breaks the Internet, 2018), junto da doce e carismática Vanellope, o grandalhão entra na internet atrás de um volante para salvar o jogo de sua melhor amiga. E nessa aventura em um mundo completamente desconhecido, muito colorido e dinâmico, os dois vão fortalecer os laços de amizade e proporcionar, além de um encontro inédito entre as princesas e outros personagens da Disney, uma reflexão interessante sobre esse lugar que tem/sabe de tudo e transporta as pessoas em alta velocidade, mas que ao mesmo tempo, dá liberdade para mostrarem o seu pior. Um sucessor melhor, mais emocional e divertido do que o original - das poucas sequências de animação que a Disney se permitiu fazer.
IG @omelhordocinema
Vice
3.5 488 Assista AgoraEle nunca quis um cargo decorativo. E, assim, Dick Cheney discretamente exerceu e transformou o poder na Casa Branca como vice-presidente de George W. Bush, remodelando o país e o mundo de maneira que ainda sentimos hoje. Por quase 50 anos, o calado e despretensioso ex-congressista tem sido o pescador aparentemente inofensivo que devora - sem piedade - aqueles que atravessam o seu caminho. Nessa dualidade, a pesca, uma de suas paixões, a todo o momento, entra como simbolismo na biografia morna de um dos homens mais esquecidos da história política americana. Obscuro em alguns momentos, apressado em outros, mas sempre provocativo, VICE (2018) é desenvolvido por três vozes: a do próprio protagonista, desde sua juventude bêbada até à (quase) máxima autoridade em Washington; a de sua fiel companheira, Lynne; e a de um terceiro narrador, que somente ao final sabemos de sua relação com Dick. De maneira ambiciosa, porém confusa, Adam McKay costura o roteiro fora da linha do tempo normal e pinta Cheney como um oportunista que fará todo o necessário para as famílias americanas dormirem em paz. No fim, mais cansativo do que interessante, Vice é apenas impulsionado pelo desempenho e caracterização impecáveis de Bale, e a decepção acaba recaindo em todo o restante.
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Polar
3.2 426 Assista AgoraPOLAR (2019) não sabe bem ao certo se diverte, dramatiza ou se ensanguenta. E só não é tão ruim quanto parece (100%) pela presença de Mads Mikkelsen, um assassino profissional prestes a se aposentar que passa a ser um problema para a empresa em que trabalha. Não tão atraente quanto John Wick, a adaptação da webcomic de Victor Santos é mais colorida e tem tomadas frenéticas promissoras, porém superestima seu potencial e charme, resultando em um thriller tão energético quanto vazio. Fora que perde o tempo de terminar e nem mesmo consegue lidar com clichês básicos do gênero. É um filme de streaming que a gente só não se arrepende de ter assistido por presenciar como um ator tão talentoso quanto ele pode fazer a diferença.
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Solo
2.5 91 Assista AgoraBaseado em um evento real, SOLO (2018) oferece a história de sobrevivência de Alvaro Vizcaino, um surfista que, em busca de liberdade e da onda perfeita, sofre um grave acidente ao cair de um penhasco em uma parte mais inacessível da ilha que estava com os amigos. A promessa de um dia incrível de surfe se transforma em uma luta angustiante para deixar aquele paraíso transformado em inferno. Uma proposta entediante, superficial e escassa de originalidade com um mar de reflexão que não leva - nem a gente e nem o personagem - a lugar nenhum. Definitivamente, Solo não é a melhor opção da Netflix. Nesse gênero, será bem mais negócio rever 127 Horas ou Águas Rasas.
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Como Treinar o Seu Dragão 3
4.0 498 Assista AgoraCOMO TREINAR O SEU DRAGÃO 3 (How To Train Your Dragon: The Hidden World, 2019) é o fim da franquia de uma das animações mais queridas da DreamWorks, iniciada em 2010. Ao longo de alguns anos, presenciamos Soluço amadurecer à medida que crescia sua amizade com Banguela, o mais feroz dos Fúrias da Noite. Altos e baixos acompanharam a trajetória dessa dupla em busca de harmonia entre as pessoas e os dragões, e agora no capítulo final, com a introdução de uma Fúria da Luz, o perigo aparece com Grimmel, um caçador mortal dos bichanos, que resolve mirar sua fúria em Banguela e sua nova amiga. A história se inicia devagar e, por vezes, cansa; pouco é explorado do mundo escondido que intitula o filme, mas gradualmente as coisas melhoram e a magia que encantou na primeira versão volta a explodir, entregando um desfecho emocionalmente satisfatório para a trilogia, que vai agradar (bem mais) os menores e os fãs de carteirinha da saga.
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Creed II
3.8 540Depois de tanto tempo longe de Rocky Balboa, o primeiro Creed chegou nocauteando a nossa saudade e nos levando às lágrimas. CREED 2 (2018) não tem o mesmo impacto do antecessor, mas a nostalgia dos corners, o carisma monossilábico de Stallone e o talento de Michael B. Jordan superam o seu roteiro mais do que previsível. Ocorrendo alguns anos após os eventos do Creed original, Adonis se estabeleceu como o campeão mundial peso-pesado de boxe, mantendo Rocky como seu treinador e levando seu relacionamento com Bianca a um próximo nível. Porém, a história de seu pai está prestes a assombrá-lo novamente, tornando sua próxima luta mais pessoal do que nunca. Na sequência, tudo parece feito sob encomenda e, apesar de não poupar melodrama, pouco emociona. É um filme sobre segundas chances, principalmente entre pai e filho, e aposto todas minhas fichas que ainda não será dessa vez que a toalha será jogada.
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Quando os Anjos Dormem
2.5 230 Assista AgoraCom diálogos fracos e um amontoado de personagens estúpidos acobertando suas estupidezes, é bem difícil engolir a história de QUANDO OS ANJOS DORMEM (Cuando Los Ángeles Duermen, 2018). Gonzalo Bendala bem que tenta dar várias reviravoltas a um homem de família que se vê envolvido em um acidente de carro depois de adormecer ao volante e sua subsequente descida ao inferno, só que a sucessão de burrices não jogam a favor nem do drama e muito menos do suspense. Tudo isso arrematado - ou piorado - por um final inacreditavelmente constrangedor. Eu não sei os anjos, mas você ficará louco para dormir e só acordar quando o filme acabar.
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Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraA primeira pergunta que vem à cabeça é por que GREEN BOOK: O GUIA (Green Book, 2018) recebe esse título? O nome, em referência a um guia anual que listava lugares amigáveis para afro-americanos viajarem pelo sul dos EUA no meio do século passado, é o ponto de partida dessa agradável (lógico, sem considerar os absurdos racistas narrados) viagem de Viggo Mortensen e Mahershala Ali. Aquele, um brutamonte italiano contratado para ser motorista e segurança desse, um famoso pianista que ousa atravessar as fronteiras do preconceito. Enquanto excursionam as profundezas sulistas por longas oito semanas, Tony e Dr. Shirley encontram nos estabelecimentos “coloridos” as proximidades que farão superar suas diferenças pessoais e as injustiças que enfrentarão ao longo do caminho. Um assunto sério tratado com leveza e bom humor sem reduzir o cuidado que merece: mérito do roteiro, que também atrai pela estética e trilha sonora sessentistas, funcionando tão bem quanto a presença de Mortensen e Ali. É mais um filme obrigatório: tanto para os tempos que vivemos quanto como esquenta para a temporada de premiações.
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Vidro
3.5 1,3K Assista AgoraÉ difícil acreditar que a trilogia de Shyamalan, iniciada 19 anos atrás, seja de super-heróis. Acho que nem ele tinha essa ideia inicial: nem de trilogia, muito menos de super-heróis. Mas agora ele junta três dos seus principais personagens para montar VIDRO (Glass, 2019). Usando seu habitué: ação e suspense sobrenatural, Shya dá continuidade à loucura das dezenas de personalidades de Kevin, todas dominadas pela Besta, que será então combatida por David, o ex-segurança de Corpo Fechado que descobre habilidades sobre-humanas depois de sobreviver a um horrível desastre de trem, causado pelo Sr. Glass, um gênio das histórias em quadrinhos sobrecarregado por um frágil esqueleto. Eventos acontecem para reunir os três poderosos homens em um hospital psiquiátrico, e mais três outros personagens são reprisados para nos convencer de que a teoria da Dra. Ellie (de que os quadrinhos são uma obsessão) pode estar errada. A câmera hipnótica de Shya ainda está onipresente, assim como as reviravoltas, mas falta em Vidro a inteligência silenciosa de seus predecessores, que fizeram deles clássicos. Definitivamente, Vidro não é o melhor deles, e como demorou muito para acontecer, a alta expectativa já era esperada. Porém, seria injusto (principalmente pelo desempenho de seus atores) dizer que Vidro não é cola suficiente e satisfatória para unir Corpo Fechado e Fragmentado.
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Lazzaro Felice
4.1 217 Assista Agora“Lazzaro, Lazzaro”. É o nome de Lazzaro que mais escutamos em LAZZARO FELICE (Happy as Lazzaro, 2018), o vencedor do prêmio de roteiro em Cannes. De longe, o drama alucinógeno de Alice Rohrwacher, que acompanha o sempre sorridente e disponível Lazzaro, parece sem pé nem cabeça. Em uma comunidade italiana simples e agrária, trabalhadores labutam sob o olhar exigente e escravocrata de uma rica marquesa. Um deles é Lazzaro, um jovem de poucas palavras, o explorado dos explorados, que cria uma improvável amizade com o filho da patroa. Depois que eles forjam um sequestro, a narrativa espirala seus personagens em uma direção completamente diferente e que fará você questionar a sanidade daquilo que está assistindo. É difícil explicar sem estragar a surpresa, assim como será difícil se convencer, logo no início, de que Lazzaro faz muito sentido - ainda mais hoje. O que posso adiantar é que Lazzaro é complexo e deve ser apreciado sem pressa. E não se engane pelo seu ritmo sonâmbulo, há um confronto muito ácido e necessário sobre a marginalização das classes escondido por trás de toda uma suave alegoria.
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Juliet, Nua e Crua
3.4 67 Assista AgoraAnnie reluta em aceitar que tem uma vida chata. Em uma pequena vila costeira na Inglaterra, ela pouco combina com Duncan, seu namorado de longa data obcecado por um roqueiro norte-americano já decadente. Estranhamente, apesar de um oceano de distância separá-los (literal e metaforicamente), Annie e o músico criam uma amizade online que mudará suas vidas. JULIET, NUA E CRUA (Juliet, Naked, 2018) é drama, comédia e romance ao mesmo tempo, e em certos momentos, não vou mentir, dá sono. O filme de Jesse Peretz é melhor quando comenta sobre a reverência às celebridades, e igualmente bom quando deixa Hawke examinar uma vida repleta de decisões egoístas e oportunidades desperdiçadas. Mas desafina ao querer envolver Byrne em uma trama romântica sobrecarregada. Ainda bem que tem sorte com a trilha sonora, a boa química dos atores principais e um terceiro ato prazerosamente existencial quanto ao perigo de viver uma vida livre de riscos, sendo tudo que o torna aceitável no que se propõe.
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A Livraria
3.6 218 Assista AgoraBaseado no romance de 1978 de Penelope Fitzgerald, A LIVRARIA (The Bookshop, 2017) tinha potencial para ser bem mais do que realmente foi, e exceto pelo belo trabalho de Emily Mortimer, o filme de Isabel Coixet não acrescenta muito à clássica filmografia britânica de dramas pitorescos. Florence é uma viúva que abre uma livraria em uma casa de pedra em ruínas em uma pequena cidade inglesa no final dos anos 50. Movida apenas pela paixão aos livros, ela não se dá conta que sua despretensiosa empreitada provocará a fúria de uma poderosa mulher e mudará radicalmente a rotina da pacata população. Sem um enredo convincente e personagens de apoio escassos de carisma, A Livraria, mesmo com um final imprevisível, erra ao tentar ser sério demais, destoando de todas as nuances que o cercam. Talvez se apostasse na sutileza da pouca graça que produz, teria dado mais certo.
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White Boy Rick
3.4 94 Assista AgoraConexão. É isso que falta em WHITE BOY RICK (2018). A biografia de Richard Wershe Jr., um infrator juvenil de Michigan que, nos anos 80, antes de completar 16 anos já tinha sido traficante de armas e drogas e informante do FBI, parece atraente, mas acabamos por não saber de que lado ficamos. A agência de inteligência americana passa a ser o vilão da história de Yann Demange, com boas representações de Matthew McConaughey, Richie Merritt e Bel Powley, enquanto nós nem odiamos e muito menos simpatizamos com o menino branco tentando ser chefão do crime. Falho no desenvolvimento e motivação do personagem, White Boy Rick apenas serve de lição de que o mal não compensa (não importa a cor de sua pele) e nada mais.
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Dragon Ball Super: Broly
3.8 211Antes de estrear nos EUA, DRAGON BALL SUPER: BROLY (2018) chega aos cinemas brasileiros e eu fui conferir junto com a @ingressocom. O mangá, publicado originalmente em 1984, e que vem, desde então, pelas mãos de Akira Toriyama, conquistando gerações, segue as aventuras de Goku explorando o mundo em busca das Dragon Balls. Dezenove filmes já foram baseados na série japonesa e Dragon Ball Super dá (e, ao mesmo tempo, não dá) sequência a Dragon Ball Z. Em Broly, o enredo acompanha Goku e Vegeta tentando recuperar as seis Dragon Balls roubadas do laboratório de Bulma pelo ressuscitado Frieza, e além enfrentarem novamente o velho rival, agora também encontram a fúria incontrolável de Broly. É o primeiro que conta a história do Saiyajin quase que desconhecido e com uma estrutura clássica aborda questões complexas sobre a identidade dos protagonistas. Quem é fã, pelo tom nostálgico, que se ampara em cenas épicas e exageradas de batalha, flashbacks e no drama familiar, com certeza vai gostar. E mesmo para aqueles que não sabem muito sobre a franquia (🙋🏻♀️), Broly deixará bem localizado e satisfeito. Sem contar que, a quem dava a animação como saturada, traz um sopro de renovação e possibilidades ao universo do personagem de roupa laranja.
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Inspire, Expire
3.6 70Forte e envolvente ao extremo, INSPIRE, EXPIRE (Andið eðlilega, 2018) é um drama moderno, quase que universal. Afinal, dos mais ricos aos mais pobres, poucos são os lugares intocáveis pela crise migratória. Mesmo sendo pequena e isolada, a Islândia não se livra de ser um desses corredores de passagem e será palco de encontro de duas mulheres tão distintas quanto parecidas. Uma mãe nórdica solteira que tenta se restabelecer emocional e financeiramente e outra mãe africana que tenta se refugiar do preconceito para inspirar e expirar sem medo fora de seu país natal. Uma história cativante de ritmo lento que não precisa ficcionar ou exagerar - muito menos falar o mesmo idioma - para emocionar e chama atenção pela capacidade de fazer com que nos coloquemos no lugar e na dor do outro. Difícil será, após assistir a ele, respirar normalmente.
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Maus Momentos no Hotel Royale
3.6 339 Assista AgoraPor pouco, MAUS MOMENTOS NO HOTEL ROYALE (Bad Times at the El Royale, 2018) quase chega lá. O filme de Drew Goddard promete um passeio selvagem e cheio de estilo nos anos 60, com acontecimentos estranhos e Chris Hemsworth interpretando um maníaco de abdômen definido. Sua oferta começa frenética quando junta no El Royale - um hotel outrora luxuoso, agora decadente - quatro tipos distintos: um padre, uma cantora, um vendedor de aspirador de pó tagarela e uma bonitona; sem contar com o recepcionista faz-tudo que nunca está a postos. À noite, no local cruzado pelos estados da Califórnia e Nevada, cada um cuidará de seus próprios negócios e nada será o que parecia ser - nem mesmo o próprio hotel. Os mistérios parecem não ter fim no estabelecimento e, como personagens de Agatha Christie, os hóspedes (e nós também) entram de mala e cuia na narrativa noir tarantinesca. A qualidade somente oscila na reta final, quando perde um pouco da vitalidade e da coerência; ainda assim o check-in em Maus Momentos no Hotel Royale vale a pena.
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