"A única coisa que realmente importa neste mundo são as mulheres. Os homens são apenas acessórios decorativos e, muitas vezes, nem pra isso servem". "Quando te chamam de gênio em Hollywood, é sinal de que você está morto ou em desuso". Assim falou o grande Orson Welles (aqui vivido por Arrigo Barnabé) neste genial "docudrama" dirigido por um dos maiores fãs que Mr. Welles possuía neste mundo: Rogério Sganzerla. O filme conta o episódio real envolvendo a histórica visita de Welles ao Brasil, em 1942, durante a qual o cineasta pretendia realizar um gigantesco documentário sobre a cultura brasileira, em especial, a do Rio de Janeiro. Tudo ia bem até que o "D.I.P" (Departamento de Imprensa e Propaganda) da ditadura Vargas, deu-se conta de que o cineasta norte-americano havia filmado a revolta dos jangadeiros baianos por melhores condições de trabalho, bem como as favelas do morro carioca. Resumo da ópera: na visão do governo brasileiro, tal imagem realista acerca de nossa realidade social, "não pegaria bem lá fora", junto a opinião pública internacional. Por isso, boa parte deste material foi confiscado pela censura federal, fazendo com que Welles jamais conseguisse finalizar esse filme, ao qual pretendia chamar de "Tudo é Verdade" (It´s All True). Por que recontar essa história por meio de outro filme? Ora, porque, segundo Sganzerla: "Welles fez cinema realista antes do neo-realismo italiano e do cinema verité de Jean Rouch". E, cá entre nós, Sganzerla estava certíssimo quanto a isto...
A trama é bastante ingênua, sobretudo p\ os padrões de hoje. É fato que o produtor\diretor (Cláudio Cunha), fez coisas bem melhores do que isso, a começar pelo clássico "Amada Amante", uma ótima sátira à hipocrisia da classe média. Mas, "O Clube dos Infiéis" ao menos é bem produzido, conta c\ lindos figurinos, etc. Destaque p\ a presença das futuras musas: Helena Ramos e Aldine Muller, ainda muito jovens (e muito belas).
"Eis a diferença entre o selvagem e o civilizado: O selvagem possui apenas sentimentos, enquanto o civilizado, possui sentimentos e também ideias". Assim falou Balzac e também a protagonista deste belo filme que possui um dos mais inteligentes roteiros do cinema contemporâneo. O diretor e roteirista (Dai Sijie) baseou-se em sua própria experiência vivida sob o período da "Revolução Cultural" chinesa, p\ fazer uma divertida e inteligente crítica a um mundo no qual, "revolucionários" que nem mesmo sabiam ler, tachavam como "burguês reacionário" qualquer indivíduo que ousasse demonstrar um razoável conhecimento intelectual. Independente de tomarmos qualquer partido em relação às visões de mundo e posicionamentos ideológicos aqui discutidos, é inegável que o filme em questão aborda de forma criativa o choque cultural provocado pelo confronto entre padrões culturais distintos.
Conservadores e moralistas de plantão, tremeis!!! Eis o mais polêmico filme do grande Jean Garrett aquele que, conforme ouvi diretamente da deusa, Nicole Puzzi: "Foi o mais perseguido diretor da era de ouro do cinema da boca". Em primeiro lugar, é preciso lembrar o desfile de gênios que colaboraram na execução desta ousadíssima jóia do cinema brasileiro: Carlos Reichenbach (fotografia), Walter Wanny (montagem) e o intelectual da boca, Ody Fraga (co-roteirista). "Mulher, Mulher" discute de forma absolutamente original, a liberdade sexual, sobretudo do ponto de vista feminino. Destaque p\ a eterna musa, Helena Ramos, no auge da beleza. Obs: e para os pseudo-moralistas que não viram aqui nada além de nudez, fica a dica: Vão, urgentemente, ao psicanalista e aprendam a serem verdadeiramente livres!
Está longe de ser um dos melhores westerns que já vi, mas é bem produzido e aborda o tema do racismo de forma interessante. Merecem destaque a presença da maravilhosaaaa, Raquel Welch, e também a pequena participação da não menos bela musa da "exploitation", Soledad Miranda.
Filme da fase pré-dogma do futuramente badalado Lars Von Trier. Embora "Epidemia" tenha sido feito bem antes do manifesto dogma 95, já apresenta algumas características que se tornariam marca da estética "dogmática": é bastante simples em termos de produção, foi rodado em inglês (embora seja uma produção 100% dinamarquesa) e praticamente não possui trilha sonora... No entanto, o uso de câmera na mão (que se tornaria a principal marca do dogma 95) ocorre em pouquíssimos momentos do filme em questão. Obs: ainda que levemos em conta o fato de que "Epidemia" seja claramente um trabalho experimental, chega a ser decepcionante a total ineficiência do roteiro, em termos de desenvolvimento e fluência narrativa. É visível que, nesse momento, Von Trier ainda estava longe de possuir, enquanto roteirista, o talento e eficácia narrativa que podemos observar em filmes posteriores como "Ondas do Destino" e "Dogville". Mas, ok, o garoto Lars ainda estava aprendendo a dirigir e roteirizar seus trabalhos... Vale uma conferida!
É, provavelmente, o filme mais convencional (em termos narrativos) que David Lynch já dirigiu. Mas isso não significa que seja um trabalho ruim, muito pelo contrário, trata-se de um ótimo tratado acerca da intolerância humana em relação ao diferente. Ao invés das referências surrealistas e "fellinianas" (constantes na obra de Lynch), aqui o diretor parece ter se orientado pela estética expressionista, tanto na composição do protagonista, quanto no uso da linda fotografia em preto e branco.
O título marqueteiro (como era comum aos filmes do período), por si só, já seria suficiente p\ horrorizar os pseudo-moralistas e politicamente corretos de plantão que povoam o Brasil contemporâneo. A estes indivíduos, digo apenas que lamento o fato de que, por "convicções morais" deixem de apreciar esta pérola esquecida da fase final do heróico "cinema da boca". Aliás, este filme foi pioneiro, em terras tupiniquins, no sentido de seguir uma tendência característica do cinema oitentista internacional: a dos filmes pós-apocalípticos e de catástrofe nuclear. De George Miller ("Mad Max") na Austrália, a Umberto Lenzi ("Cannibal Ferox") na Itália, o mundo produzia, aos montes, tal tipo de filme, no decorrer dos anos 80. Mas, falando especificamente de "As Ninfetas", a trama estilo "Mad Max do Terceiro Mundo" pode até provocar risos devido a certos absurdos e furos de roteiro; mas possui um competente trabalho de direção e, além disso, a beleza de algumas atrizes em cena, até compensa as deficiências em termos de produção e roteiro...
Mais um filme (ao lado de "Adaptação" e "Quero Ser John Malkovich") p\ comprovar minha constatação de que, nenhum outro roteirista contemporâneo, consegue ser, ao mesmo tempo, tão pop e tão erudito como Charlie Kaufman. Após acompanhar esse roteiro verdadeiramente "rousseauniano", concluo: como seríamos felizes longe do mito da civilização e dos interditos impostos por nossa cultura... Afinal, pensadores que vão desde Nietzsche, passando por Freud, até Lévi-Strauss, sempre souberam que a repressão de nossos instintos primários, embora permita a vida em sociedade, nos traz muita frustração...
"Símbolo maior de felicidade e, ao mesmo tempo, infelicidade: a imagem de minha mãe". Eis, sem dúvida, um dos mais belos filmes de Walter Hugo, que se inicia c\ uma bela narração em off do ótimo Roberto Maya, acompanhada por imagens dos grandes edifícios de São Paulo, que funcionam, claramente, como símbolos fálicos. É criativo o uso de câmera subjetiva p\ construir todo o filme a partir da perspectiva (do olhar) do protagonista, Marcelo, o eterno alter-ego do diretor. Como sempre ocorre nos filmes de Khouri, a trama obedece a visão de mundo do diretor, profundamente influenciada pela filosofia de Schopenhauer, segundo a qual, a insatisfação humana é eterna. No entanto, é possível pensarmos num certo toque proustiano, devido a recorrência da memória associativa do protagonista, ao longo de todo o roteiro. Merecem destaque a bela fotografia a cargo de Antônio Meliande, a ultra charmosa professora de inglês vivida por Kate Lyra e também a presença da sempre bela Nicole Puzzi, protagonizando uma linda cena ao lado de Roberto Maya. Obs: segundo palavras da própria Nicole, em entrevista a mim concedida, há poucos dias atrás: "Foi a mais bela cena que realizei em toda a minha carreira". E eu concordo!
"A vida é como o beisebol, é preciso rebater tudo o que vem, até você acordar e se dar conta de que o jogo acabou"... Eis um exemplo dos diálogos afiados contidos neste ótimo noir, dirigido pelo pouco conhecido e injustiçado Edgar G. Ulmer que, não por acaso, era idolatrado por diretores do porte de François Truffaut e Peter Bogdanovich. Destaque p\ a ótima atuação como "femme fatale" de Ann Savage, outra figura injustiçada pela história do cinema hollywoodiano.
E o existencialismo vai ao cinema c\ o grande Walter Hugo Khouri. Está longe de ser um dos melhores trabalhos do diretor, mas é coerente c\ sua visão de mundo "shopenhaueriana", segundo a qual, o desejo humano é eternamente insatisfeito. Destaque p\ a bela fotografia a cargo de Antônio Meliande e p\ a presença das charmosíssimas Sandra Bréa e Kate Lyra. Obs: a então jovem e bela, Nicole Puzzi, aparece em pequena participação.
Como diria A.P. Galante: "Nos filmes do Carlão, as pessoas dizem coisas estranhas, mas o povo vai ver"... É mesmo uma agradável surpresa saber que um filme permeado por diálogos quase "godardianos", em sua época de lançamento, foi visto (nos cinemas) por quase 5 milhões de espectadores! Considero "A Ilha" inferior ao longa de estreia de Reichenbach ("Liliam M"), mas o trabalho de direção é competente, aliás, Carlão atuou como um verdadeiro "multi-homem" neste filme, sendo também responsável pela fotografia e operação de câmera, e deu conta do recado! Merecem destaque também o competente trabalho de montagem a cargo do grande Walter Wanny e a beleza da protagonista, Neide Ribeiro.
É interessante notar que a reunião dos dois intelectuais da "Boca" (Sternheim e Fraga), como co-roteiristas de "Corpo Devasso" rendeu um filme que, apesar de seu apelo bastante popular, consegue discutir questões como homossexualismo, amor-livre, choque cultural, política, etc; com eficiência. É uma pena que, no entanto, o desenvolvimento da trama acabe desandando um pouco na parte final. Mas, em termos gerais, o saldo é bastante positivo!
Na minha modesta opinião, não está entre os melhores trabalhos do grande Hitchcock, mas tem aos menos o mérito de ser o filme que praticamente lançou a moda (difundida entre os anos 70 e 80) do "filme catástrofe", ou melhor, envolvendo a "revolta da natureza" contra os seres humanos. Exemplos? Vão desde o divertido filme B "A Invasão das Mulheres Abelhas"(1970) até o pai do blockbuster "Tubarão"(1975). Mas, voltando ao filme propriamente dito, a trama de fundo envolvendo a sempre complicada relação entre mãe e filho, é bem conduzida. Os efeitos especiais (leia-se chroma-key), hoje capazes de provocar risos, são bastante eficientes p\ os padrões da época. Obs: nos dias de hoje, seria possível classificar como politicamente incorreta a atitude do diretor de colocar os pássaros como "vilões" de seu filme. Mas, num contexto não dominado pelo império do politicamente correto sob o qual hoje vivemos, tal questão nem foi cogitada... Destaque p\ a bela e charmosa, Tippi Hedren, como protagonista.
Um belo representante do "melodrama com conteúdo social" característico da obra do grande Douglas Sirk. A hipocrisia dos valores típicos da classe média norte-americana (ou poderia até ser brasileira) é desnudada num filme que é um verdadeiro primor em termos técnicos, c\ destaque p\ os belíssimos figurinos.
"O que importa é o que se vê e não o que se sabe"... Eis uma das muitas pérolas contidas neste filme, no qual a inteligência do grande Ody Fraga é capaz de, mesmo num filme de apelo bastante popular, discutir de forma divertida, questões como virgindade, machismo, libertação feminina, etc. Destaque p\ a bela Sandra Graffi, num momento ainda contido como protagonista.
Um belíssimo noir de inspiração freudiana dirigido pelo grande Fritz Lang. Todos os elementos característicos da estética noir (narração em off, anti-herói, femme fatale, etc) estão aqui presentes, bem como uma pitada de melodrama clássico. Merece destaque a menção feita, durante a cena das velas, ao "TOC" (Transtorno Obsessivo Compulsivo) do protagonista, numa época em que tal conceito psiquiátrico nem mesmo existia oficialmente! Obs: infelizmente, quando este belo filme foi exibido, em película, aqui no CCBB-SP, durante uma mostra dedicada a Lang, eu não pude estar presente, pois os ingressos p\ tal sessão, se esgotaram c\ horas de antecedência! De qualquer modo, independente do meio (cinema ou dvd) em que o assistimos, "O Segredo da Porta Fechada" merece ser visto!
Um autêntico "ponto de virada" na carreira de Rossellini, pois, "Viagem à Itália" rompe, quase que totalmente, o compromisso do diretor em relação à típica estética neorrealista, visto que faz uso frequente do planoXplano e do close nos protagonistas; além do fato de que não há aqui o engajamento político e social característico da fase neorrealista do diretor. Ao contrário disso, o que vemos aqui é uma obra intimista que retrata a crise existencial vivida por um típico casal burguês. Não por acaso, este filme iria influenciar praticamente toda a obra de Antonioni, a partir de "A Aventura"(1960) e também o belíssimo filme "O Desprezo"(1963) de Godard que, não por acaso, também retrata um casal burguês em crise conjugal e existencial, em plena ilha de Capri, na Itália. Em resumo, "Viagem à Itália"(1954), foi um filme incompreendido em sua época de lançamento, mas merece ser revisto c\ atenção!
É no mínimo curioso notar que, mesmo num filme estrelado pela diva Ingrid Bergman, Rossellini permaneceu fiel aos princípios do neorrealismo, até porque é visível notar que a protagonista de "Stromboli" não recebeu tratamento de estrela hollywoodiana, sendo colocada em cena, em pé de igualdade aos atores não profissionais c\ os quais contracena na maior parte do filme. Além disso, outros elementos característicos da estética neorrealista, tais como a recusa ao planoXplano tradicional, bem como a quase inexistência de closes (um diretor norte-americano, por exemplo, abusaria de closes explorando a beleza da atriz). Em lugar disso, o que vemos na quase totalidade do filme, é o uso de planos-médios e plano conjunto ou geral, de forma coerente à busca pelo realismo cênico (sem excesso de dramaticidade) que sempre caracterizou os melhores filmes neorrealistas. Há também uma interação quase que geográfica entre o homem e o meio-ambiente. Merece destaque a visão crua e isenta de posturas politicamente corretas no modo como é retratado o embate entre o homem e a natureza, como por exemplo na cena de pescaria e na do confronto entre o furão e o coelho, cenas estas, que horrorizam a protagonista vivida por Bergman, em função da incompatibilidade entre seus valores culturais e os da comunidade na qual tenta se inserir. Em suma, um belíssimo filme, que peca, apenas, por seu desfecho um tanto precipitado...
Filme da fase final do heróico "Cinema da Boca", assemelha-se bastante aos filmes do subgênero "W.I.P" (Women in Prison) que, mais ou menos nesse mesmo período, eram produzidos, em grande escala, em alguns países europeus. "Curral de Mulheres" foi dirigido por Osvaldo de Oliveira, conhecido pelos amigos como "Carcaça", devido a fama de ser um indivíduo temperamental, difícil de se lidar, etc. O filme segue também outra tendência tipicamente oitentista: a do filme de selva. Destaque p\ a exuberante protagonista, Sandra Graffi e também p\ a pequena participação da ainda muito jovem, Vanessa Alves, uma pessoa muito especial a quem tive a honra de entrevistar recentemente...
Uma coisa me incomodou bastante em "Eles Voltam": o fato de o filme seguir uma tendência que já virou lugar comum no cinema latino-americano contemporâneo de viés mais "autoral": o desnecessário e excessivo uso do silêncio como elemento narrativo; tendência a qual eu já apelidei como "síndrome de Antonioni" (que, aliás, é um dos meus diretores favoritos), o problema é que, quando se faz mau uso deste recurso, ele soa artificial... Mas "Eles Voltam" tem lá suas qualidades, em termos gerais, acho o filme bem dirigido, fazendo uso de lindos planos-detalhe na forma como nos apresenta a protagonista da trama. Marcelo Lordello (diretor) tem talento, só precisa aprimorá-lo. Destaque também p\ a ainda inexperiente, mas bastante charmosa Malu Tavares.
Como diria o grande Ody Fraga: "Há tecnologia em tudo o que nos oprime"... Eis aqui um dos melhores representantes do cinema político e engajado praticado por Costa-Gavras. Escancara a hipocrisia praticada pela "doce terra da liberdade" (EUA) ao retratar um episódio real em que, um agente a serviço da CIA, vem à América Latina (Uruguai e Brasil) p\ ensinar a nossa polícia, técnicas de tortura que deverão ser aplicadas em presos políticos. E como é comum a indivíduos dessa laia, quando questionado sobre seu "trabalho", assim responde: "Eu estava apenas fazendo o meu trabalho, sou um técnico em manutenção da ordem"... Tamanha podridão ideológica, não pode ser simplesmente apagada da memória daqueles que viveram os anos de chumbo das ditaduras latino-americanas. Destaque p\ o ótimo elenco e p\ o competente trabalho de direção.
Apesar de muito badalado por público e crítica, não chega a ser um melhores trabalhos do grande Brian De Palma, até porque o filme depende demais da célebre atuação e do carisma de Al Pacino e, sem dúvida, a trama não fluiria bem sem a presença do mesmo. Ao lembrar que o roteiro desta releitura de "Scarface" foi escrito pelo eterno polemista, Oliver Stone, fico me perguntando: estaria mesmo ele dizendo, indiretamente, que a ruína do inculto Tony Montana foi ter se deixado seduzir pelo sonho capitalista de poder e riqueza? Nesse sentido, creio que o grande mérito do filme é nos apresentar o outro lado do "american dream", destinado aos excluídos do "american way of life". Destaque p\ a presença da então jovem e bela Michelle Pfeiffer.
Nem tudo é verdade (Welles Nô Brasil)
3.7 11"A única coisa que realmente importa neste mundo são as mulheres. Os homens são apenas acessórios decorativos e, muitas vezes, nem pra isso servem". "Quando te chamam de gênio em Hollywood, é sinal de que você está morto ou em desuso". Assim falou o grande Orson Welles (aqui vivido por Arrigo Barnabé) neste genial "docudrama" dirigido por um dos maiores fãs que Mr. Welles possuía neste mundo: Rogério Sganzerla. O filme conta o episódio real envolvendo a histórica visita de Welles ao Brasil, em 1942, durante a qual o cineasta pretendia realizar um gigantesco documentário sobre a cultura brasileira, em especial, a do Rio de Janeiro. Tudo ia bem até que o "D.I.P" (Departamento de Imprensa e Propaganda) da ditadura Vargas, deu-se conta de que o cineasta norte-americano havia filmado a revolta dos jangadeiros baianos por melhores condições de trabalho, bem como as favelas do morro carioca. Resumo da ópera: na visão do governo brasileiro, tal imagem realista acerca de nossa realidade social, "não pegaria bem lá fora", junto a opinião pública internacional. Por isso, boa parte deste material foi confiscado pela censura federal, fazendo com que Welles jamais conseguisse finalizar esse filme, ao qual pretendia chamar de "Tudo é Verdade" (It´s All True). Por que recontar essa história por meio de outro filme? Ora, porque, segundo Sganzerla: "Welles fez cinema realista antes do neo-realismo italiano e do cinema verité de Jean Rouch". E, cá entre nós, Sganzerla estava certíssimo quanto a isto...
O Clube das Infiéis
2.6 9A trama é bastante ingênua, sobretudo p\ os padrões de hoje. É fato que o produtor\diretor (Cláudio Cunha), fez coisas bem melhores do que isso, a começar pelo clássico "Amada Amante", uma ótima sátira à hipocrisia da classe média. Mas, "O Clube dos Infiéis" ao menos é bem produzido, conta c\ lindos figurinos, etc. Destaque p\ a presença das futuras musas: Helena Ramos e Aldine Muller, ainda muito jovens (e muito belas).
Balzac e a Costureirinha Chinesa
4.2 96 Assista Agora"Eis a diferença entre o selvagem e o civilizado: O selvagem possui apenas sentimentos, enquanto o civilizado, possui sentimentos e também ideias". Assim falou Balzac e também a protagonista deste belo filme que possui um dos mais inteligentes roteiros do cinema contemporâneo. O diretor e roteirista (Dai Sijie) baseou-se em sua própria experiência vivida sob o período da "Revolução Cultural" chinesa, p\ fazer uma divertida e inteligente crítica a um mundo no qual, "revolucionários" que nem mesmo sabiam ler, tachavam como "burguês reacionário" qualquer indivíduo que ousasse demonstrar um razoável conhecimento intelectual. Independente de tomarmos qualquer partido em relação às visões de mundo e posicionamentos ideológicos aqui discutidos, é inegável que o filme em questão aborda de forma criativa o choque cultural provocado pelo confronto entre padrões culturais distintos.
Mulher Mulher
3.2 14Conservadores e moralistas de plantão, tremeis!!! Eis o mais polêmico filme do grande Jean Garrett aquele que, conforme ouvi diretamente da deusa, Nicole Puzzi: "Foi o mais perseguido diretor da era de ouro do cinema da boca". Em primeiro lugar, é preciso lembrar o desfile de gênios que colaboraram na execução desta ousadíssima jóia do cinema brasileiro: Carlos Reichenbach (fotografia), Walter Wanny (montagem) e o intelectual da boca, Ody Fraga (co-roteirista). "Mulher, Mulher" discute de forma absolutamente original, a liberdade sexual, sobretudo do ponto de vista feminino. Destaque p\ a eterna musa, Helena Ramos, no auge da beleza. Obs: e para os pseudo-moralistas que não viram aqui nada além de nudez, fica a dica: Vão, urgentemente, ao psicanalista e aprendam a serem verdadeiramente livres!
100 Rifles
3.4 12Está longe de ser um dos melhores westerns que já vi, mas é bem produzido e aborda o tema do racismo de forma interessante. Merecem destaque a presença da maravilhosaaaa, Raquel Welch, e também a pequena participação da não menos bela musa da "exploitation", Soledad Miranda.
Epidemia
3.0 42 Assista AgoraFilme da fase pré-dogma do futuramente badalado Lars Von Trier. Embora "Epidemia" tenha sido feito bem antes do manifesto dogma 95, já apresenta algumas características que se tornariam marca da estética "dogmática": é bastante simples em termos de produção, foi rodado em inglês (embora seja uma produção 100% dinamarquesa) e praticamente não possui trilha sonora... No entanto, o uso de câmera na mão (que se tornaria a principal marca do dogma 95) ocorre em pouquíssimos momentos do filme em questão. Obs: ainda que levemos em conta o fato de que "Epidemia" seja claramente um trabalho experimental, chega a ser decepcionante a total ineficiência do roteiro, em termos de desenvolvimento e fluência narrativa. É visível que, nesse momento, Von Trier ainda estava longe de possuir, enquanto roteirista, o talento e eficácia narrativa que podemos observar em filmes posteriores como "Ondas do Destino" e "Dogville". Mas, ok, o garoto Lars ainda estava aprendendo a dirigir e roteirizar seus trabalhos... Vale uma conferida!
O Homem Elefante
4.4 1,0K Assista AgoraÉ, provavelmente, o filme mais convencional (em termos narrativos) que David Lynch já dirigiu. Mas isso não significa que seja um trabalho ruim, muito pelo contrário, trata-se de um ótimo tratado acerca da intolerância humana em relação ao diferente. Ao invés das referências surrealistas e "fellinianas" (constantes na obra de Lynch), aqui o diretor parece ter se orientado pela estética expressionista, tanto na composição do protagonista, quanto no uso da linda fotografia em preto e branco.
As Ninfetas do Sexo Selvagem
2.6 9O título marqueteiro (como era comum aos filmes do período), por si só, já seria suficiente p\ horrorizar os pseudo-moralistas e politicamente corretos de plantão que povoam o Brasil contemporâneo. A estes indivíduos, digo apenas que lamento o fato de que, por "convicções morais" deixem de apreciar esta pérola esquecida da fase final do heróico "cinema da boca". Aliás, este filme foi pioneiro, em terras tupiniquins, no sentido de seguir uma tendência característica do cinema oitentista internacional: a dos filmes pós-apocalípticos e de catástrofe nuclear. De George Miller ("Mad Max") na Austrália, a Umberto Lenzi ("Cannibal Ferox") na Itália, o mundo produzia, aos montes, tal tipo de filme, no decorrer dos anos 80. Mas, falando especificamente de "As Ninfetas", a trama estilo "Mad Max do Terceiro Mundo" pode até provocar risos devido a certos absurdos e furos de roteiro; mas possui um competente trabalho de direção e, além disso, a beleza de algumas atrizes em cena, até compensa as deficiências em termos de produção e roteiro...
A Natureza Quase Humana
3.7 98 Assista AgoraMais um filme (ao lado de "Adaptação" e "Quero Ser John Malkovich") p\ comprovar minha constatação de que, nenhum outro roteirista contemporâneo, consegue ser, ao mesmo tempo, tão pop e tão erudito como Charlie Kaufman. Após acompanhar esse roteiro verdadeiramente "rousseauniano", concluo: como seríamos felizes longe do mito da civilização e dos interditos impostos por nossa cultura... Afinal, pensadores que vão desde Nietzsche, passando por Freud, até Lévi-Strauss, sempre souberam que a repressão de nossos instintos primários, embora permita a vida em sociedade, nos traz muita frustração...
Eros, O Deus do Amor
3.3 12"Símbolo maior de felicidade e, ao mesmo tempo, infelicidade: a imagem de minha mãe". Eis, sem dúvida, um dos mais belos filmes de Walter Hugo, que se inicia c\ uma bela narração em off do ótimo Roberto Maya, acompanhada por imagens dos grandes edifícios de São Paulo, que funcionam, claramente, como símbolos fálicos. É criativo o uso de câmera subjetiva p\ construir todo o filme a partir da perspectiva (do olhar) do protagonista, Marcelo, o eterno alter-ego do diretor. Como sempre ocorre nos filmes de Khouri, a trama obedece a visão de mundo do diretor, profundamente influenciada pela filosofia de Schopenhauer, segundo a qual, a insatisfação humana é eterna. No entanto, é possível pensarmos num certo toque proustiano, devido a recorrência da memória associativa do protagonista, ao longo de todo o roteiro. Merecem destaque a bela fotografia a cargo de Antônio Meliande, a ultra charmosa professora de inglês vivida por Kate Lyra e também a presença da sempre bela Nicole Puzzi, protagonizando uma linda cena ao lado de Roberto Maya. Obs: segundo palavras da própria Nicole, em entrevista a mim concedida, há poucos dias atrás: "Foi a mais bela cena que realizei em toda a minha carreira". E eu concordo!
A Curva do Destino
3.8 49 Assista Agora"A vida é como o beisebol, é preciso rebater tudo o que vem, até você acordar e se dar conta de que o jogo acabou"... Eis um exemplo dos diálogos afiados contidos neste ótimo noir, dirigido pelo pouco conhecido e injustiçado Edgar G. Ulmer que, não por acaso, era idolatrado por diretores do porte de François Truffaut e Peter Bogdanovich. Destaque p\ a ótima atuação como "femme fatale" de Ann Savage, outra figura injustiçada pela história do cinema hollywoodiano.
O Convite ao Prazer
3.2 19E o existencialismo vai ao cinema c\ o grande Walter Hugo Khouri. Está longe de ser um dos melhores trabalhos do diretor, mas é coerente c\ sua visão de mundo "shopenhaueriana", segundo a qual, o desejo humano é eternamente insatisfeito. Destaque p\ a bela fotografia a cargo de Antônio Meliande e p\ a presença das charmosíssimas Sandra Bréa e Kate Lyra. Obs: a então jovem e bela, Nicole Puzzi, aparece em pequena participação.
A Ilha dos Prazeres Proibidos
3.0 25Como diria A.P. Galante: "Nos filmes do Carlão, as pessoas dizem coisas estranhas, mas o povo vai ver"... É mesmo uma agradável surpresa saber que um filme permeado por diálogos quase "godardianos", em sua época de lançamento, foi visto (nos cinemas) por quase 5 milhões de espectadores! Considero "A Ilha" inferior ao longa de estreia de Reichenbach ("Liliam M"), mas o trabalho de direção é competente, aliás, Carlão atuou como um verdadeiro "multi-homem" neste filme, sendo também responsável pela fotografia e operação de câmera, e deu conta do recado! Merecem destaque também o competente trabalho de montagem a cargo do grande Walter Wanny e a beleza da protagonista, Neide Ribeiro.
Corpo Devasso
3.1 7É interessante notar que a reunião dos dois intelectuais da "Boca" (Sternheim e Fraga), como co-roteiristas de "Corpo Devasso" rendeu um filme que, apesar de seu apelo bastante popular, consegue discutir questões como homossexualismo, amor-livre, choque cultural, política, etc; com eficiência. É uma pena que, no entanto, o desenvolvimento da trama acabe desandando um pouco na parte final. Mas, em termos gerais, o saldo é bastante positivo!
Os Pássaros
3.9 1,1KNa minha modesta opinião, não está entre os melhores trabalhos do grande Hitchcock, mas tem aos menos o mérito de ser o filme que praticamente lançou a moda (difundida entre os anos 70 e 80) do "filme catástrofe", ou melhor, envolvendo a "revolta da natureza" contra os seres humanos. Exemplos? Vão desde o divertido filme B "A Invasão das Mulheres Abelhas"(1970) até o pai do blockbuster "Tubarão"(1975). Mas, voltando ao filme propriamente dito, a trama de fundo envolvendo a sempre complicada relação entre mãe e filho, é bem conduzida. Os efeitos especiais (leia-se chroma-key), hoje capazes de provocar risos, são bastante eficientes p\ os padrões da época. Obs: nos dias de hoje, seria possível classificar como politicamente incorreta a atitude do diretor de colocar os pássaros como "vilões" de seu filme. Mas, num contexto não dominado pelo império do politicamente correto sob o qual hoje vivemos, tal questão nem foi cogitada... Destaque p\ a bela e charmosa, Tippi Hedren, como protagonista.
Desejo Atroz
3.9 11Um belo representante do "melodrama com conteúdo social" característico da obra do grande Douglas Sirk. A hipocrisia dos valores típicos da classe média norte-americana (ou poderia até ser brasileira) é desnudada num filme que é um verdadeiro primor em termos técnicos, c\ destaque p\ os belíssimos figurinos.
Mulher Tentação
2.2 13"O que importa é o que se vê e não o que se sabe"... Eis uma das muitas pérolas contidas neste filme, no qual a inteligência do grande Ody Fraga é capaz de, mesmo num filme de apelo bastante popular, discutir de forma divertida, questões como virgindade, machismo, libertação feminina, etc. Destaque p\ a bela Sandra Graffi, num momento ainda contido como protagonista.
O Segredo da Porta Fechada
3.7 50Um belíssimo noir de inspiração freudiana dirigido pelo grande Fritz Lang. Todos os elementos característicos da estética noir (narração em off, anti-herói, femme fatale, etc) estão aqui presentes, bem como uma pitada de melodrama clássico. Merece destaque a menção feita, durante a cena das velas, ao "TOC" (Transtorno Obsessivo Compulsivo) do protagonista, numa época em que tal conceito psiquiátrico nem mesmo existia oficialmente! Obs: infelizmente, quando este belo filme foi exibido, em película, aqui no CCBB-SP, durante uma mostra dedicada a Lang, eu não pude estar presente, pois os ingressos p\ tal sessão, se esgotaram c\ horas de antecedência! De qualquer modo, independente do meio (cinema ou dvd) em que o assistimos, "O Segredo da Porta Fechada" merece ser visto!
Romance na Itália
3.9 34Um autêntico "ponto de virada" na carreira de Rossellini, pois, "Viagem à Itália" rompe, quase que totalmente, o compromisso do diretor em relação à típica estética neorrealista, visto que faz uso frequente do planoXplano e do close nos protagonistas; além do fato de que não há aqui o engajamento político e social característico da fase neorrealista do diretor. Ao contrário disso, o que vemos aqui é uma obra intimista que retrata a crise existencial vivida por um típico casal burguês. Não por acaso, este filme iria influenciar praticamente toda a obra de Antonioni, a partir de "A Aventura"(1960) e também o belíssimo filme "O Desprezo"(1963) de Godard que, não por acaso, também retrata um casal burguês em crise conjugal e existencial, em plena ilha de Capri, na Itália. Em resumo, "Viagem à Itália"(1954), foi um filme incompreendido em sua época de lançamento, mas merece ser revisto c\ atenção!
Stromboli
4.0 40É no mínimo curioso notar que, mesmo num filme estrelado pela diva Ingrid Bergman, Rossellini permaneceu fiel aos princípios do neorrealismo, até porque é visível notar que a protagonista de "Stromboli" não recebeu tratamento de estrela hollywoodiana, sendo colocada em cena, em pé de igualdade aos atores não profissionais c\ os quais contracena na maior parte do filme. Além disso, outros elementos característicos da estética neorrealista, tais como a recusa ao planoXplano tradicional, bem como a quase inexistência de closes (um diretor norte-americano, por exemplo, abusaria de closes explorando a beleza da atriz). Em lugar disso, o que vemos na quase totalidade do filme, é o uso de planos-médios e plano conjunto ou geral, de forma coerente à busca pelo realismo cênico (sem excesso de dramaticidade) que sempre caracterizou os melhores filmes neorrealistas. Há também uma interação quase que geográfica entre o homem e o meio-ambiente. Merece destaque a visão crua e isenta de posturas politicamente corretas no modo como é retratado o embate entre o homem e a natureza, como por exemplo na cena de pescaria e na do confronto entre o furão e o coelho, cenas estas, que horrorizam a protagonista vivida por Bergman, em função da incompatibilidade entre seus valores culturais e os da comunidade na qual tenta se inserir. Em suma, um belíssimo filme, que peca, apenas, por seu desfecho um tanto precipitado...
Curral de Mulheres
2.7 9Filme da fase final do heróico "Cinema da Boca", assemelha-se bastante aos filmes do subgênero "W.I.P" (Women in Prison) que, mais ou menos nesse mesmo período, eram produzidos, em grande escala, em alguns países europeus. "Curral de Mulheres" foi dirigido por Osvaldo de Oliveira, conhecido pelos amigos como "Carcaça", devido a fama de ser um indivíduo temperamental, difícil de se lidar, etc. O filme segue também outra tendência tipicamente oitentista: a do filme de selva. Destaque p\ a exuberante protagonista, Sandra Graffi e também p\ a pequena participação da ainda muito jovem, Vanessa Alves, uma pessoa muito especial a quem tive a honra de entrevistar recentemente...
Eles Voltam
3.2 76Uma coisa me incomodou bastante em "Eles Voltam": o fato de o filme seguir uma tendência que já virou lugar comum no cinema latino-americano contemporâneo de viés mais "autoral": o desnecessário e excessivo uso do silêncio como elemento narrativo; tendência a qual eu já apelidei como "síndrome de Antonioni" (que, aliás, é um dos meus diretores favoritos), o problema é que, quando se faz mau uso deste recurso, ele soa artificial... Mas "Eles Voltam" tem lá suas qualidades, em termos gerais, acho o filme bem dirigido, fazendo uso de lindos planos-detalhe na forma como nos apresenta a protagonista da trama. Marcelo Lordello (diretor) tem talento, só precisa aprimorá-lo. Destaque também p\ a ainda inexperiente, mas bastante charmosa Malu Tavares.
Estado de Sítio
4.3 39Como diria o grande Ody Fraga: "Há tecnologia em tudo o que nos oprime"... Eis aqui um dos melhores representantes do cinema político e engajado praticado por Costa-Gavras. Escancara a hipocrisia praticada pela "doce terra da liberdade" (EUA) ao retratar um episódio real em que, um agente a serviço da CIA, vem à América Latina (Uruguai e Brasil) p\ ensinar a nossa polícia, técnicas de tortura que deverão ser aplicadas em presos políticos. E como é comum a indivíduos dessa laia, quando questionado sobre seu "trabalho", assim responde: "Eu estava apenas fazendo o meu trabalho, sou um técnico em manutenção da ordem"... Tamanha podridão ideológica, não pode ser simplesmente apagada da memória daqueles que viveram os anos de chumbo das ditaduras latino-americanas. Destaque p\ o ótimo elenco e p\ o competente trabalho de direção.
Scarface
4.4 1,8K Assista AgoraApesar de muito badalado por público e crítica, não chega a ser um melhores trabalhos do grande Brian De Palma, até porque o filme depende demais da célebre atuação e do carisma de Al Pacino e, sem dúvida, a trama não fluiria bem sem a presença do mesmo. Ao lembrar que o roteiro desta releitura de "Scarface" foi escrito pelo eterno polemista, Oliver Stone, fico me perguntando: estaria mesmo ele dizendo, indiretamente, que a ruína do inculto Tony Montana foi ter se deixado seduzir pelo sonho capitalista de poder e riqueza? Nesse sentido, creio que o grande mérito do filme é nos apresentar o outro lado do "american dream", destinado aos excluídos do "american way of life". Destaque p\ a presença da então jovem e bela Michelle Pfeiffer.