“Nenhum a Menos” tem uma maravilhosa mensagem sobre determinação, sobre o que é esgotar todas as possibilidades para se alcançar aquilo que deseja, porém alguns problemas de construção da personagem principal e da história fazem o filme ser um tanto que irreal. Tudo acontece rápido demais, não dá tempo e nem aprofundamento na relação da Wei com os alunos, de uma hora para outra ela já estava se submetendo a cansativos desafios por eles ou pelo seu singelo compromisso de que mais ninguém saia da aula. Outra interpretação que pode ser feita é que ela não estava se sacrificando por ninguém, era somente uma garota com a síndrome da obsessão pelos próprios objetivos, entretanto, contradiz a menina que era no início, insegura e indiferente. Só que a defesa contra esse ponto de vista é que ela também mostrou essa insegurança na frente das câmeras, mesmo depois de toda aquela obstinação, e que também exibiu persistência no início do filme (dinheiro) para depois se comportar como uma menina tímida. Uma garota que malmente sabia se expressar com estranhos, em um momento depois já estava desafiando-os, assim do “nada”, sem conhecermos ela primeiro? É uma condução perigosa e bem pueril, mas que pode funcionar em um roteiro mais convincente. O problema de “Nenhum a Menos” é falta de convicção, pois a bravura que a menina exemplou no decorrer do filme não era qualquer coisa, não era coisa que todos podiam fazer, logo exigia um grau maior de enraizamento da história que infelizmente faltou nessa.
Uma ótima conclusão da trilogia, o problema mesmo é a comparação com os seus antecessores, fazendo o terceiro filme ser um tanto inferior. A trama mantém um grau próximo da excelência, é inteligente e complexa, mas o desenrolar chega a ser lento e bem menos interessante que nos dois primeiros filmes. Não é porque a obra enfatiza mais o drama da vida sofrida de Mike, que já está velho, doente do corpo como da alma, já que é uma personagem que todos nós queremos conhecer mais a fundo, o que estraga um pouco é o tom sentimental que parece não ser bem conduzido, não tendo aquela manha de esconder as suas reais intenções com as emoções do espectador. Não que isso seja necessariamente qualidade de um filme “maestro”, todavia, neste aqui não tem a medida ponderada. Continua sendo uma ótima película mesmo com essas sutis incoerências. Acerta bem em mostrar a juventude do Michael em flashback, tais cenas são de arrepiar, traduzem bem aquela insuportável sensação de perca, daquela vontade de controlar o incontrolável: o tempo. O ciclo se fechando ao final da trilogia é de arrasar o coração.
Como a maioria diz, o segundo filme da trilogia do Chefão é tão digno quanto o primeiro, é uma produção que dá gosto de ver em todos os sentidos. A condução do enredo, porém, é diferente, e essa distinção veio a funcionar bastante bem. Cada parte da história do presente e passado era encerrado no momento certo, quando ambas atingiam o ápice da condição do momento. O roteiro parece ser bem mais complexo e criminal, com o avanço da época os negócios ficam mais ardilosos e bem difíceis de entender, já que não sabemos direito quem são aliados ou inimigos, como se não bastasse a complicação, ainda tem o envolvimento de um importante membro da família Corleone contra o próprio Michael, aí o bicho pega de verdade. Situação que gerou uma épica cena (You broke my heart). Ao final da obra-prima, a atitude do Mike é bastante questionável, reforçando ainda mais o que seria o genuíno caráter dele: um homem frio, calculista, vingativo, que põe o seu trabalho em primeiro plano ou alguém que se viu sem opção. De toda forma, não surgem dúvidas sobre a definição de verdadeiro chefão.
ALGUMAS CURIOSIDADES: - O Poderoso Chefão 2 foi a 1ª sequência a ganhar o Oscar de Melhor Filme.
- Para se preparar para o papel, Robert DeNiro viveu durante certo período na Sicília. Ele faz parte da trinca de atores que ganhou um Oscar falando a maior parte de seus diálogos numa língua diferente da inglesa (os demais foram Sophia Loren e Roberto Benigni).
- O Poderoso Chefão 2 é o 2º de 3 filmes que tratam da saga da família Corleone. Os demais foram O Poderoso Chefão (1972) e O Poderoso Chefão 3 (1990).
“The Godfather” representa fielmente um mundo que não permite vacilões, que não dá para abaixar a guarda em um momento sequer, somente as maiores inteligências sobrevivem nesse universo tão hostil e traiçoeiro, enfeitado pelo glamour das relações, pela classe fina que contrasta de forma extrema a brutalidade e frieza dos negócios mais ambiciosos. Qual é o treinamento para sentir o podre em um ambiente repleto com os mais agradáveis perfumes? É preciso ter um sexto sentido. A grande sacada dessa obra-prima é nisso, de passar essa visão de forma clara e com muito charme. Filme completo. Filme perfeito.
ALGUMAS CURIOSIDADES DO FILME:
- Os avós maternos de Al Pacino emigraram da cidade de Corleone, na Sicília, para os Estados Unidos, assim como Don Vito.
- Em uma das primeiras tomadas da sequência em que Don Vito Corleone volta para casa e seu pessoal o carrega pelos degraus, Marlon Brando fez uma travessura: ele se deitou sobre alguns pesos na cama para que ficasse mais difícil levantá-lo.
- Quando Don Vito Corleone compra laranjas antes da tentativa de assassinato, podemos ver um cartaz na janela da loja anunciando uma luta de boxe com Jake LaMotta. Em 1980, Robert De Niro (que em O Poderoso Chefão – Parte II vive Don Corleone na juventude) interpretou o próprio LaMotta em Touro Indomável, de Martin Scorsese.
- A presença de laranjas em qualquer cena de qualquer um dos três filmes da trilogia indica que uma morte, ou algo próximo disso, vai acontecer brevemente.
- Para fazer a voz de Don Vito Corleone, Marlon Brando se baseou no gângster Frank Costello. Brando havia visto o criminoso na TV uma vez e decidiu imitar o tom rouco de sua voz para compor seu personagem (imaginem o trabalho que Robert De Niro teve pra incorporar essa voz rouca na sua interpretação do jovem Don Corleone sem cair na caricatura?)
- James Caan e Al Pacino eram apenas dez anos mais novos que Morgana King, que interpretou a mãe deles. Já John Cazale era apenas cinco anos mais novo que ela.
- Os salários recebidos pelos principais atores: Al Pacino, James Caan e Diane Keaton, US$ 35 mil cada um; Robert Duval, US$ 36 mil; Marlon Brando, US$ 50 mil, mais 1% dos lucros do filme, além de despesas adicionais.
- Marlon Brando tinha dificuldade em decorar suas falas, para resolver o problema, foram espalhados cartões por todo o estúdio com o texto que ele deveria interpretar. Chegaram até a colar cartazes com suas falas na roupas de outros personagens que atuavam de costas para as câmeras.
Pensem numa obra que tinha todo o potencial para ser tão digna quanto aos trabalhos do Miyazaki, que apresentasse verdadeira proposta reflexiva sobre as questões do meio ambiente, do aquecimento global, do uso desenfreado dos recursos naturais, mas não, a animação perde, ou melhor, troca a profundidade por uma história meia-boca que já estamos cansados de ver. Que desperdício do gráfico perfeito, tanto primor visual para mais um filme clichê (detalhe: assistindo pelo Media Player Classic, não passou um minuto em que eu não dava “Alt + i” para capturar as cenas tão bem feitas, queria transformar todas elas em Wallpaper, isto é, “queria”). Filme como esse deveria ser íntegro, e não se estagnar no meio termo entre a grande lucubração e um romance enfeitado de maniqueísmo entre personagens que se conhecem ao acaso através de uma grande aventura, tendo seus momentos de descobertas, contradições, conflitos, que por mais dramáticos que sejam, já sabemos que tudo se resumirá em um final feliz e extremamente piegas. Porém a película não é ruim e é indicada as crianças, tem todos os elementos que elas precisam para se desenvolver e se entreter nesse mundo utópico belíssimo.
Meu Blog de Cinema: http://diariofilmes.blogspot.com.br/
Esse grande filme nos transforma para diversas partes do mundo e vimos como ele realmente é, a sensação de aproximação é tão grande que podemos degustar a cultura de cada uma delas, o choque de costumes é uma das grandes marcas de Babel. E mais uma vez Iñárritu enfatiza como nossas ações podem redirecionar a trajetória de vida de diversas pessoas, tudo se encaixa perfeitamente. Outro fator interessante é que o filme não julga quem tem os problemas mais graves, todos eles são graves no mesmo nível, porém em distintas dinâmicas. Sofrer não é apenas "privilégio" dos que passam fome e vivem na seca, até mesmo os de barriga cheia não ficam atrás. (03/12/2014 – 23hs43mins)
É 100% válido fazer a analogia de "será que todos nós também estamos em um Show de Truman? Quem são os diretores e produtores desse imenso Reality Show em que somos jogados sem o nosso consciente discernimento? E a plateia? Para quais tipos de criaturas servimos entretenimento? Para os deuses?" O filme pode ter um tom leve e cômico, mas as indagações que ele propõe são surpreendentemente abissais e filosóficas. Inovador. Obra de muita qualidade.
Grandiosa obra. Bastante inteligente, criativa, sem máscaras fantasiosas, ficando com a atmosfera tão densa como a realidade que a maioria de nós, mortais, conhece. É quase impossível não notar o estilo do diretor, lembra bastante “21 Gramas”, o que fiquei surpreso é que enquanto via “Amores Perros”, um outro filme que me veio à mente foi “Babel”, e eu não sabia que era o mesmo diretor. A impressão que me deu quando terminei a sessão e ter confirmado esse detalhe, é que o cara tem mesmo uma marca. Sorte e competência dele.
Quanto à narrativa da película, que primor. Tudo muito bem interligado, uma das melhores provas que nossas pequenas atitudes podem afetar a nossa vida e a alheia. A nossa vida tem tudo a ver com a do vizinho, elas estão indiretamente interligadas.
Frase marcante: “Porque também somos o que perdemos.”
Tão bom encontrar um filme que a gente não tem dúvidas de que seja realmente um grande filme. Obra da mais alta qualidade dramática.
“...ele vive em outra vida, mas nós nos comunicamos. Não há linha divisória, nem muralha intransponível. Eu queria saber como é a vida onde meu filho vive. Eu sei que não dá para descrever. É um mundo de sentimentos livres. Sabe o que eu quero dizer? Para mim, o homem é uma criação incrível... uma ideia inconcebível. No homem existe tudo, do começo ao fim. O homem é a imagem de Deus e, em Deus, existe tudo. E o ser humano foi criado, mas também os demônios, os santos, os profetas, os artistas e os iconoclastas. Tudo existe paralelamente. São como padrões grandiosos mudando o tempo todo. Da mesma forma, deve haver inúmeras realidades... não só esta que percebemos com nossos sentidos embotados, mas um amontoado de realidades se sobrepondo umas às outras. É medo e presunção acreditar em limites. Não existem limites, nem para os pensamentos, nem para os sentimentos. É a ansiedade que impõe limites. Ao tocar a parte lenta da sonata de Hammerklavier você deve sentir que o mundo não tem limites, em uma atividade que você nunca entenderá nem explorará.” – Eva.
É só aparecer o Al Pacino pela primeira vez no filme que já dá um impacto, o talento na atuação é tão grande que transborda pela pele. Incrível! A palavra “Perfeição” define esse filme. Magnífico!
Aquele final, hein? “Sal? Não quer nenhum acidente agora, certo?”
Filme que consegue conciliar drama e comédia em dose certa. Maravilhosa película, existencialista e com teor fortemente reflexivo. Não julguem o filme pela capa!
“Vê, eu sempre quis ser um pintor. E como muitos artistas antes de mim, a forma feminina tem sido sempre uma ótima fonte de inspiração... Sempre fiquei espantado pelo poder que elas, inadvertidamente possuem.” – Ben.
Atenção! Comentário solto. Recomendo que só leia quem assistiu. Existem filmes que são assim: até a sua metade não demonstram nem um pouco ser o que serão, apenas chegando em ¾ percebemos o real sentido e o término é de lucubrar de emoção. Que neste caso é forte e delicada.
Acho que o filme se diferencia mesmo dos demais envolvendo nazistas e judeus, “Adeus, Meninos” não se utiliza de nenhuma brutalidade física para causar comoção, não que filmes que façam isso tenham essa pretensão, mas mostrar a pura realidade. De toda forma, o diretor deste encontra uma maneira sutil de exibir essa brutalidade com sutileza.
Destaque também para as situações do internato. Tem tudo o que é preciso para tratar a rebeldia da formação infantil, mesmo que esses sejam os “futuros” padres, não lhes faltam as características da época, como Bullying, atitudes depravadas (incluindo até mesmo referência à masturbação, cuja cena achei bastante hilária, ainda mais quando um dos alunos que observava dizia à Julien Quentin: “Dizem que deixa você burro.”), leituras proibidas, que, diga-se de passagem, é uma sacanagem de classe, algo que seria bem diferente em nosso amado Brasil que não tem a menor intimidade com os livros (lá crianças liam livros volumosos por pura diversão).
E quem não sentiu um carinho especial pelo genial Bonnett? O talento dele junto com a sua personalidade introvertida me cativou durante a película toda. Serve igualmente como mais um peso para a obra, por representar a perca de pessoas que poderiam ser bastante valiosas para a sociedade por consequência da irracionalidade nazista. Foi de cortar o coração quando descobriram ele, a maneira como ele guardou seus pertences e se despediu de seus colegas, especialmente de Quentin.
Ao final: “Bonnett, Negus e Dupré morreram em Auschwitz. Padre Jean, no campo de Mathausen. O colégio reabriu em outubro de 1944. Mais de 40 anos passaram, mas até minha morte, lembrarei de cada minuto desta manhã de janeiro.” Sensação máxima de “Au Revoir, les Enfants”, tive a impressão que envelheci e vi o tempo passar junto com o Quentin. (04/07/2014 – 15h34min)
Kim Ki-duk não vende mesmo sua alma ao comércio. Ele tem a capacidade de traduzir de forma profunda os seus sentimentos mais densos e contundentes. A impressão que dá, é que ele não faz filmes para fãs ou para a crítica, mas somente para ele mesmo, e no final, é como se estivesse dizendo: "Foda-se!".
Pelo visto, o filme é dividido em duas histórias, entretanto, talvez por falta de atenção minha, vi como se fosse uma história só, mas em períodos de vida diferentes. O sujeito da primeira parte tem a petulância de realizar o “grande ato”, que segundo ele, é o mais extremo que pode ser cometido contra um ser humano, penetrando nos mistérios da criação e sendo temporariamente o “Deus” disso. A meu ver, os diálogos da narração foram bem profundos e até mesmo sérios, tendo a disposição de ir além da consciência comum, e não é preciso estar de acordo com eles para considerar que o sentido foi bem trabalhado e honesto. “Subconscious Cruelty” tem enigmas inteligentes que nos fazem “quebrar a cabeça”, só para citar, o que achei mais interessante foi a de seis pessoas despidas, aparentemente alucinadas, rastejando pela terra que sangra, como se fosse um grande órgão vital, ou melhor, sexual. A segunda parte do filme contem algumas metáforas pra lá de surreais e doentias, capazes de deixar qualquer cristão revoltado, não é nem preciso pensar bastante para notar a miséria que faz ao cristianismo. http://diariofilmes.blogspot.com/
Este filme parece (não que realmente tenha) que só tem de verdade um único propósito, que apesar de ser intenso, vai perdendo sentido no decorrer da duração. Possuindo momentos pra lá de esquisitos e com ligeira incoerência, no entanto, detentor de um encanto bastante veemente envolvendo situações que conectam a apaixonante beleza de Liv Tyler. Prova disso é aquela cena de beijo com o Niccolo, mais sedutora não poderia ter. Apesar de algumas qualidades, não considerei essa película tão boa. Pretendo rever em um momento melhor para notar se mudo de opinião.
Interessante como as coincidências são conduzidas nesse ótimo filme, de tal maneira que nos permite vislumbrar beleza até mesmo nos desfechos fatídicos. Paixões pueris, percas, desencontros, ciclos e consequentes situações compõem bem as reflexões que a obra pretende tratar.
Belo, intenso e sensível, porém contundente, tenebroso e cruel. É sem dúvida alguma um dos melhores musicais que já vi, mesmo que tenham sido poucos, garanto que muitas pessoas estão de acordo sobre isso. Consegue ter o encanto fantasioso sem sair da atmosfera realista, possuindo uma densidade psicológica para lá de respeitável, traduzindo o mais perto possível à imaginação que foge do controle, os sonhos sublimes como necessidade imprescindível de viver. Como seres humanos, a trajetória da Selma Jezková nos inspira, fere e revolta. Uma das maiores injustiças que já presenciei em uma obra cinematográfica, assim como uma das maiores heroínas.
Acho que foi a melhor tradução de pesadelo que já vi em filme. A agonia e a desesperadora incógnita do fenômeno parecem que são transmitidas na veia vital do espectador, de tal forma que se coloca no lugar em uma situação semelhante que aparentemente não há escapatória. O que começou como uma simples história de recomeço da vida amorosa, tendo um romantismo até bem cuidado e com delicadezas marcantes, terminou com fortes impressões psicológicas que nos transportam para um surrealismo que beira a loucura. Sobre a lógica aqui (se é que existe), acredito que todos que viram esse filme têm uma pergunta fundamental: O que aconteceu foi real ou peso na consciência? É verdade que o protagonista não demonstra tanto esse tipo de comportamento, porém dá alguns sinais evidentes que posteriormente são acumulados naquela sequência de tortura macabra (“kirim kirim kirim” – descrição pessoal do sonido, rs), só que a obra também dá sinais de realidade, complicando ainda mais a interpretação e enriquecendo o conteúdo da fita. A potência mesmo talvez esteja mais no sentimento. Uma ótima película do Takashi Miike, só não recomendo para pessoas com estômago fraco. http://diariofilmes.blogspot.com.br/
A ideia do filme parece que cabe perfeitamente em duas linhas e foi estendida para mais de uma hora e meia de longa-metragem, tanto é que a obra trabalhou demasiada para mostrar o potencial da Carrie, algo que o espectador já sabia bem longo no início. Ou seja, não houve desenvolvimento, apenas exibição. É apenas um bom filme para curtir em momentos climáticos, deixando lá suas críticas contundentes à sociedade, à educação e ao fanatismo religioso. O desfecho é tenebroso e com boas lucubrações.
Apesar de ficção, o tema Zumbi é clássico, tendo verdades definidas em seu próprio universo, assim como os vampiros. Todo detalhe conta no que se refere à autenticidade do tema (composições, hábitos, cadência, etc.), sendo surpresa (no sentido desprezível, na maioria das vezes) quando qualquer base é alterada, mesmo que de “brincadeira”. “Meu Namorado é um Zumbi” causa essa irritante impressão em suas primeiras cenas pelo abuso cômico que faz ao clássico tema da ficção, no entanto, surpreende ainda mais por vencê-la e convidar o espectador a tolerar temporariamente a sua proposta. Quem aceitar, nada perderá. O filme pode ser visto como uma bela metáfora sobre questões humanas, como conviver com as diferenças (o fato de apelar com os zumbis ressalta isso), não excluir os outros por causa de suas deficiências; também deixa forte a mensagem de determinação individual em superar os próprios limites em prol dos ideais, a personagem Julie deixa esse objetivo claro quando confessa a “R”: “É preciso lutar para melhorar.” Outro ponto em destaque é o da fé, o protagonista chega a ser quase um modelo perfeito da perseverança e seus efeitos positivos, que não importa como o mundo esteja ou como nós estejamos, pode-se perder tudo, incluindo as lembranças, entretanto, algo “imortal” existe em todos, o de acreditar no improvável e de se reconstruir através dele. A fé que cura doenças e renova a vida. Só pela fita conduzir de maneira interessante essa missiva, já valeu a pena.
Um filme repleto de sutilezas, com cenas fortes e polêmicas que nos surpreendem até mesmo em nossa época, ainda mais por repararmos que o impacto das impressões não deve necessariamente ser apelativo. “Viridiana” realiza esse feito com certa classe e, paradoxalmente, tendo um efeito até mais profundo. Quantas metáforas assustadoramente bem trabalhadas e que nos dão brechas a inúmeros significados. Acho que uma das primeiras foi o contato da virgem com o “órgão sexual masculino”, quando que por curiosidade, instinto e inocência, ela com mãos trêmulas tenta tirar leite dos mamilos da vaca (hesita até mesmo em tocar), junto ao homem do lado com feição lasciva incentivando o ato. Fantástico! O trabalho de câmera foi primoroso nesse momento! O ótimo de filmes antigos é que não podiam passar a mensagem clara devido à censura e ao conservadorismo, então grandes realizadores usavam da inteligência para chegar o mais próximo possível do “ponto x”. O que dizer da alusão a “A Última Ceia” do Leonardo Da Vinci, com um cristo cego acompanhado por desequilibrados da baixa sociedade? Em primeiro momento é difícil desvendar a mensagem exata ou mais próxima, já que cada detalhe ali pode levar a novos sentidos, no entanto, pode ser interpretada que a natureza viva e primitiva do homem é justamente aquela de que não passamos de macacos civilizados e que encontramos formas que encobrem a nossa real condição (Jesus Cristo, seus discípulos e todos nós humanos). Entretanto, em minha opinião, a virtude não é algo artificial do ser humano, talvez como o filme tenta passar, pois tudo é natureza, até mesmo as escolhas de reprimir os instintos e disciplinas isoladas de viver, na verdade, conventos, religiões, moralismos, filosofias, princípios etc., são outras intenções da natureza pulsante. Como se o bem e o mal não fossem forças totalmente distintas, mas ambas fazem parte da mesma natureza, as duas são uma força só. Excelente obra! Daria para fazer um livro de 200 páginas só com os assuntos tratados nesse filme.
A base da história de “Ichi – The Killer” é comumente simples, mas não acaba dessa maneira devido a traços e caminhos que nos levam a pensamentos mais complexos sobre o surgimento de inúmeras situações e atitudes chamativas das personagens destaque. Li um texto sobre o trabalho de Hideo Yamamoto, criador do mangá de mesmo título (Koroshiya 1 – Ichi the Killer / 1998 – 2001) que deu origem a esse filme do Takashi Miike, e dá para perceber que o mangá é notoriamente mais abrangente (aliás, comentário desnecessário, né?), dando base de entendimento a questões que o leitor vai fazendo no percurso da leitura. No filme, isso fica meio confuso, mas na revisão do longa obtemos um melhor esclarecimento. No mangá, por exemplo, parece ter uma profundidade mais proveitosa sobre o trauma de Ichi,
[Spoilers] que presenciou uma constrangedora cena de estupro, a ponto de associar violência ao desejo sexual (não é a toa que quando Ichi termina a sua chacina, fica excitado, e ao mesmo tempo, deprimido). Também é interessante destacar o fato de Ichi ter se tornado um grande mestre de Karatê por ter sido vítima constante de Bullying, o treinamento foi tal que transformou as suas pernas em poderosas armas, tanto em velocidade como em força, agora imagine isso com uma lâmina retrátil no calcanhar de seus calçados, além das manipulações hipnóticas de Jijii que induziam quase toda essa sua enorme energia. Não seria, de fato, um ser aterrador, capaz de matar até sem querer?
O “poder” assassino do Ichi na obra cinematográfica pode até não convencer tanto, parece ser apenas um jovem ingênuo e com profundos problemas, que adquiriu aquelas capacidades somente por conta de sua complexidade psicológica. No entanto, acredito que a intenção seja justamente reforçar ainda mais esse contraste, tal que aceitamos bem a personagem. “Ichi – O Assassino”, apesar de toda sua polêmica, a densidade de sua violência meio que evapora por influência do humor, cuja impressão fica apenas no visual, exigindo que nós, espectadores, busquemos um sentido mais plausível por conta própria, pois meio que parece que o filme não faça questão disso. O final é um deleite e deixa muitos pontos de interrogação para um debate, palavras e expressões como delírio, conspiração, vingança, vazio existencial, depressão, engenhoso, insanidade etc., são inevitáveis. Um ótimo filme, tanto como diversão sádica e fonte de lucubração sobre as possíveis loucuras do ser humano.
Nenhum a Menos
4.2 105 Assista Agora“Nenhum a Menos” tem uma maravilhosa mensagem sobre determinação, sobre o que é esgotar todas as possibilidades para se alcançar aquilo que deseja, porém alguns problemas de construção da personagem principal e da história fazem o filme ser um tanto que irreal. Tudo acontece rápido demais, não dá tempo e nem aprofundamento na relação da Wei com os alunos, de uma hora para outra ela já estava se submetendo a cansativos desafios por eles ou pelo seu singelo compromisso de que mais ninguém saia da aula. Outra interpretação que pode ser feita é que ela não estava se sacrificando por ninguém, era somente uma garota com a síndrome da obsessão pelos próprios objetivos, entretanto, contradiz a menina que era no início, insegura e indiferente. Só que a defesa contra esse ponto de vista é que ela também mostrou essa insegurança na frente das câmeras, mesmo depois de toda aquela obstinação, e que também exibiu persistência no início do filme (dinheiro) para depois se comportar como uma menina tímida. Uma garota que malmente sabia se expressar com estranhos, em um momento depois já estava desafiando-os, assim do “nada”, sem conhecermos ela primeiro? É uma condução perigosa e bem pueril, mas que pode funcionar em um roteiro mais convincente. O problema de “Nenhum a Menos” é falta de convicção, pois a bravura que a menina exemplou no decorrer do filme não era qualquer coisa, não era coisa que todos podiam fazer, logo exigia um grau maior de enraizamento da história que infelizmente faltou nessa.
O Poderoso Chefão: Parte III
4.2 1,1K Assista AgoraUma ótima conclusão da trilogia, o problema mesmo é a comparação com os seus antecessores, fazendo o terceiro filme ser um tanto inferior. A trama mantém um grau próximo da excelência, é inteligente e complexa, mas o desenrolar chega a ser lento e bem menos interessante que nos dois primeiros filmes. Não é porque a obra enfatiza mais o drama da vida sofrida de Mike, que já está velho, doente do corpo como da alma, já que é uma personagem que todos nós queremos conhecer mais a fundo, o que estraga um pouco é o tom sentimental que parece não ser bem conduzido, não tendo aquela manha de esconder as suas reais intenções com as emoções do espectador. Não que isso seja necessariamente qualidade de um filme “maestro”, todavia, neste aqui não tem a medida ponderada. Continua sendo uma ótima película mesmo com essas sutis incoerências. Acerta bem em mostrar a juventude do Michael em flashback, tais cenas são de arrepiar, traduzem bem aquela insuportável sensação de perca, daquela vontade de controlar o incontrolável: o tempo. O ciclo se fechando ao final da trilogia é de arrasar o coração.
O Poderoso Chefão: Parte II
4.6 1,2K Assista AgoraComo a maioria diz, o segundo filme da trilogia do Chefão é tão digno quanto o primeiro, é uma produção que dá gosto de ver em todos os sentidos. A condução do enredo, porém, é diferente, e essa distinção veio a funcionar bastante bem. Cada parte da história do presente e passado era encerrado no momento certo, quando ambas atingiam o ápice da condição do momento. O roteiro parece ser bem mais complexo e criminal, com o avanço da época os negócios ficam mais ardilosos e bem difíceis de entender, já que não sabemos direito quem são aliados ou inimigos, como se não bastasse a complicação, ainda tem o envolvimento de um importante membro da família Corleone contra o próprio Michael, aí o bicho pega de verdade. Situação que gerou uma épica cena (You broke my heart).
Ao final da obra-prima, a atitude do Mike é bastante questionável, reforçando ainda mais o que seria o genuíno caráter dele: um homem frio, calculista, vingativo, que põe o seu trabalho em primeiro plano ou alguém que se viu sem opção. De toda forma, não surgem dúvidas sobre a definição de verdadeiro chefão.
ALGUMAS CURIOSIDADES:
- O Poderoso Chefão 2 foi a 1ª sequência a ganhar o Oscar de Melhor Filme.
- Para se preparar para o papel, Robert DeNiro viveu durante certo período na Sicília. Ele faz parte da trinca de atores que ganhou um Oscar falando a maior parte de seus diálogos numa língua diferente da inglesa (os demais foram Sophia Loren e Roberto Benigni).
- O Poderoso Chefão 2 é o 2º de 3 filmes que tratam da saga da família Corleone. Os demais foram O Poderoso Chefão (1972) e O Poderoso Chefão 3 (1990).
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O Poderoso Chefão
4.7 2,9K Assista Agora“The Godfather” representa fielmente um mundo que não permite vacilões, que não dá para abaixar a guarda em um momento sequer, somente as maiores inteligências sobrevivem nesse universo tão hostil e traiçoeiro, enfeitado pelo glamour das relações, pela classe fina que contrasta de forma extrema a brutalidade e frieza dos negócios mais ambiciosos. Qual é o treinamento para sentir o podre em um ambiente repleto com os mais agradáveis perfumes? É preciso ter um sexto sentido. A grande sacada dessa obra-prima é nisso, de passar essa visão de forma clara e com muito charme. Filme completo. Filme perfeito.
ALGUMAS CURIOSIDADES DO FILME:
- Os avós maternos de Al Pacino emigraram da cidade de Corleone, na Sicília, para os Estados Unidos, assim como Don Vito.
- Em uma das primeiras tomadas da sequência em que Don Vito Corleone volta para casa e seu pessoal o carrega pelos degraus, Marlon Brando fez uma travessura: ele se deitou sobre alguns pesos na cama para que ficasse mais difícil levantá-lo.
- Quando Don Vito Corleone compra laranjas antes da tentativa de assassinato, podemos ver um cartaz na janela da loja anunciando uma luta de boxe com Jake LaMotta. Em 1980, Robert De Niro (que em O Poderoso Chefão – Parte II vive Don Corleone na juventude)
interpretou o próprio LaMotta em Touro Indomável, de Martin Scorsese.
- A presença de laranjas em qualquer cena de qualquer um dos três filmes da trilogia indica que uma morte, ou algo próximo disso, vai acontecer brevemente.
- Para fazer a voz de Don Vito Corleone, Marlon Brando se baseou no gângster Frank Costello. Brando havia visto o criminoso na TV uma vez e decidiu imitar o tom rouco de sua voz para compor seu personagem (imaginem o trabalho que Robert De Niro teve pra incorporar essa voz rouca na sua interpretação do jovem Don Corleone sem cair na caricatura?)
- James Caan e Al Pacino eram apenas dez anos mais novos que Morgana King, que interpretou a mãe deles. Já John Cazale era apenas cinco anos mais novo que ela.
- Os salários recebidos pelos principais atores: Al Pacino, James Caan e Diane Keaton, US$ 35 mil cada um; Robert Duval, US$ 36 mil; Marlon Brando, US$ 50 mil, mais 1% dos lucros do filme, além de despesas adicionais.
- Marlon Brando tinha dificuldade em decorar suas falas, para resolver o problema, foram espalhados cartões por todo o estúdio com o texto que ele deveria interpretar. Chegaram até a colar cartazes com suas falas na roupas de outros personagens que atuavam de costas para as câmeras.
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Origem: Espíritos do Passado
3.3 43 Assista AgoraPensem numa obra que tinha todo o potencial para ser tão digna quanto aos trabalhos do Miyazaki, que apresentasse verdadeira proposta reflexiva sobre as questões do meio ambiente, do aquecimento global, do uso desenfreado dos recursos naturais, mas não, a animação perde, ou melhor, troca a profundidade por uma história meia-boca que já estamos cansados de ver. Que desperdício do gráfico perfeito, tanto primor visual para mais um filme clichê (detalhe: assistindo pelo Media Player Classic, não passou um minuto em que eu não dava “Alt + i” para capturar as cenas tão bem feitas, queria transformar todas elas em Wallpaper, isto é, “queria”). Filme como esse deveria ser íntegro, e não se estagnar no meio termo entre a grande lucubração e um romance enfeitado de maniqueísmo entre personagens que se conhecem ao acaso através de uma grande aventura, tendo seus momentos de descobertas, contradições, conflitos, que por mais dramáticos que sejam, já sabemos que tudo se resumirá em um final feliz e extremamente piegas. Porém a película não é ruim e é indicada as crianças, tem todos os elementos que elas precisam para se desenvolver e se entreter nesse mundo utópico belíssimo.
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Babel
3.9 996 Assista AgoraEsse grande filme nos transforma para diversas partes do mundo e vimos como ele realmente é, a sensação de aproximação é tão grande que podemos degustar a cultura de cada uma delas, o choque de costumes é uma das grandes marcas de Babel. E mais uma vez Iñárritu enfatiza como nossas ações podem redirecionar a trajetória de vida de diversas pessoas, tudo se encaixa perfeitamente. Outro fator interessante é que o filme não julga quem tem os problemas mais graves, todos eles são graves no mesmo nível, porém em distintas dinâmicas. Sofrer não é apenas "privilégio" dos que passam fome e vivem na seca, até mesmo os de barriga cheia não ficam atrás.
(03/12/2014 – 23hs43mins)
O Show de Truman
4.2 2,6K Assista AgoraÉ 100% válido fazer a analogia de "será que todos nós também estamos em um Show de Truman? Quem são os diretores e produtores desse imenso Reality Show em que somos jogados sem o nosso consciente discernimento? E a plateia? Para quais tipos de criaturas servimos entretenimento? Para os deuses?" O filme pode ter um tom leve e cômico, mas as indagações que ele propõe são surpreendentemente abissais e filosóficas. Inovador. Obra de muita qualidade.
Amores Brutos
4.2 818 Assista AgoraGrandiosa obra. Bastante inteligente, criativa, sem máscaras fantasiosas, ficando com a atmosfera tão densa como a realidade que a maioria de nós, mortais, conhece. É quase impossível não notar o estilo do diretor, lembra bastante “21 Gramas”, o que fiquei surpreso é que enquanto via “Amores Perros”, um outro filme que me veio à mente foi “Babel”, e eu não sabia que era o mesmo diretor. A impressão que me deu quando terminei a sessão e ter confirmado esse detalhe, é que o cara tem mesmo uma marca. Sorte e competência dele.
Quanto à narrativa da película, que primor. Tudo muito bem interligado, uma das melhores provas que nossas pequenas atitudes podem afetar a nossa vida e a alheia. A nossa vida tem tudo a ver com a do vizinho, elas estão indiretamente interligadas.
Frase marcante:
“Porque também somos o que perdemos.”
Sonata de Outono
4.5 492Tão bom encontrar um filme que a gente não tem dúvidas de que seja realmente um grande filme. Obra da mais alta qualidade dramática.
“...ele vive em outra vida, mas nós nos comunicamos. Não há linha divisória, nem muralha intransponível. Eu queria saber como é a vida onde meu filho vive. Eu sei que não dá para descrever. É um mundo de sentimentos livres. Sabe o que eu quero dizer? Para mim, o homem é uma criação incrível... uma ideia inconcebível. No homem existe tudo, do começo ao fim. O homem é a imagem de Deus e, em Deus, existe tudo. E o ser humano foi criado, mas também os demônios, os santos, os profetas, os artistas e os iconoclastas. Tudo existe paralelamente. São como padrões grandiosos mudando o tempo todo. Da mesma forma, deve haver inúmeras realidades... não só esta que percebemos com nossos sentidos embotados, mas um amontoado de realidades se sobrepondo umas às outras. É medo e presunção acreditar em limites. Não existem limites, nem para os pensamentos, nem para os sentimentos. É a ansiedade que impõe limites. Ao tocar a parte lenta da sonata de Hammerklavier você deve sentir que o mundo não tem limites, em uma atividade que você nunca entenderá nem explorará.” – Eva.
Um Dia de Cão
4.2 734 Assista AgoraÉ só aparecer o Al Pacino pela primeira vez no filme que já dá um impacto, o talento na atuação é tão grande que transborda pela pele. Incrível! A palavra “Perfeição” define esse filme. Magnífico!
Aquele final, hein?
“Sal? Não quer nenhum acidente agora, certo?”
Cashback, Bem-vindo ao Turno da Noite
3.7 523Filme que consegue conciliar drama e comédia em dose certa. Maravilhosa película, existencialista e com teor fortemente reflexivo. Não julguem o filme pela capa!
“Vê, eu sempre quis ser um pintor. E como muitos artistas antes de mim, a forma feminina tem sido sempre uma ótima fonte de inspiração... Sempre fiquei espantado pelo poder que elas, inadvertidamente possuem.” – Ben.
O Segredo dos Seus Olhos
4.3 2,1K Assista Agora"Você disse perpétua..." - Ricardo Morales.
Adeus, Meninos
4.2 257 Assista AgoraAtenção! Comentário solto. Recomendo que só leia quem assistiu.
Existem filmes que são assim: até a sua metade não demonstram nem um pouco ser o que serão, apenas chegando em ¾ percebemos o real sentido e o término é de lucubrar de emoção. Que neste caso é forte e delicada.
Acho que o filme se diferencia mesmo dos demais envolvendo nazistas e judeus, “Adeus, Meninos” não se utiliza de nenhuma brutalidade física para causar comoção, não que filmes que façam isso tenham essa pretensão, mas mostrar a pura realidade. De toda forma, o diretor deste encontra uma maneira sutil de exibir essa brutalidade com sutileza.
Destaque também para as situações do internato. Tem tudo o que é preciso para tratar a rebeldia da formação infantil, mesmo que esses sejam os “futuros” padres, não lhes faltam as características da época, como Bullying, atitudes depravadas (incluindo até mesmo referência à masturbação, cuja cena achei bastante hilária, ainda mais quando um dos alunos que observava dizia à Julien Quentin: “Dizem que deixa você burro.”), leituras proibidas, que, diga-se de passagem, é uma sacanagem de classe, algo que seria bem diferente em nosso amado Brasil que não tem a menor intimidade com os livros (lá crianças liam livros volumosos por pura diversão).
E quem não sentiu um carinho especial pelo genial Bonnett? O talento dele junto com a sua personalidade introvertida me cativou durante a película toda. Serve igualmente como mais um peso para a obra, por representar a perca de pessoas que poderiam ser bastante valiosas para a sociedade por consequência da irracionalidade nazista. Foi de cortar o coração quando descobriram ele, a maneira como ele guardou seus pertences e se despediu de seus colegas, especialmente de Quentin.
Ao final:
“Bonnett, Negus e Dupré morreram em Auschwitz. Padre Jean, no campo de Mathausen. O colégio reabriu em outubro de 1944. Mais de 40 anos passaram, mas até minha morte, lembrarei de cada minuto desta manhã de janeiro.” Sensação máxima de “Au Revoir, les Enfants”, tive a impressão que envelheci e vi o tempo passar junto com o Quentin.
(04/07/2014 – 15h34min)
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O Menino e o Mundo
4.3 734 Assista AgoraQuem souber de um link torrent, por favor, ajude.
Moebius
3.3 100Kim Ki-duk não vende mesmo sua alma ao comércio. Ele tem a capacidade de traduzir de forma profunda os seus sentimentos mais densos e contundentes. A impressão que dá, é que ele não faz filmes para fãs ou para a crítica, mas somente para ele mesmo, e no final, é como se estivesse dizendo: "Foda-se!".
Subconscious Cruelty
3.0 243Pelo visto, o filme é dividido em duas histórias, entretanto, talvez por falta de atenção minha, vi como se fosse uma história só, mas em períodos de vida diferentes. O sujeito da primeira parte tem a petulância de realizar o “grande ato”, que segundo ele, é o mais extremo que pode ser cometido contra um ser humano, penetrando nos mistérios da criação e sendo temporariamente o “Deus” disso. A meu ver, os diálogos da narração foram bem profundos e até mesmo sérios, tendo a disposição de ir além da consciência comum, e não é preciso estar de acordo com eles para considerar que o sentido foi bem trabalhado e honesto. “Subconscious Cruelty” tem enigmas inteligentes que nos fazem “quebrar a cabeça”, só para citar, o que achei mais interessante foi a de seis pessoas despidas, aparentemente alucinadas, rastejando pela terra que sangra, como se fosse um grande órgão vital, ou melhor, sexual. A segunda parte do filme contem algumas metáforas pra lá de surreais e doentias, capazes de deixar qualquer cristão revoltado, não é nem preciso pensar bastante para notar a miséria que faz ao cristianismo.
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Beleza Roubada
3.5 259Este filme parece (não que realmente tenha) que só tem de verdade um único propósito, que apesar de ser intenso, vai perdendo sentido no decorrer da duração. Possuindo momentos pra lá de esquisitos e com ligeira incoerência, no entanto, detentor de um encanto bastante veemente envolvendo situações que conectam a apaixonante beleza de Liv Tyler. Prova disso é aquela cena de beijo com o Niccolo, mais sedutora não poderia ter. Apesar de algumas qualidades, não considerei essa película tão boa. Pretendo rever em um momento melhor para notar se mudo de opinião.
Os Amantes do Círculo Polar
4.2 154Interessante como as coincidências são conduzidas nesse ótimo filme, de tal maneira que nos permite vislumbrar beleza até mesmo nos desfechos fatídicos. Paixões pueris, percas, desencontros, ciclos e consequentes situações compõem bem as reflexões que a obra pretende tratar.
Dançando no Escuro
4.4 2,3K Assista AgoraBelo, intenso e sensível, porém contundente, tenebroso e cruel. É sem dúvida alguma um dos melhores musicais que já vi, mesmo que tenham sido poucos, garanto que muitas pessoas estão de acordo sobre isso. Consegue ter o encanto fantasioso sem sair da atmosfera realista, possuindo uma densidade psicológica para lá de respeitável, traduzindo o mais perto possível à imaginação que foge do controle, os sonhos sublimes como necessidade imprescindível de viver. Como seres humanos, a trajetória da Selma Jezková nos inspira, fere e revolta. Uma das maiores injustiças que já presenciei em uma obra cinematográfica, assim como uma das maiores heroínas.
O Teste Decisivo
3.6 381Acho que foi a melhor tradução de pesadelo que já vi em filme. A agonia e a desesperadora incógnita do fenômeno parecem que são transmitidas na veia vital do espectador, de tal forma que se coloca no lugar em uma situação semelhante que aparentemente não há escapatória. O que começou como uma simples história de recomeço da vida amorosa, tendo um romantismo até bem cuidado e com delicadezas marcantes, terminou com fortes impressões psicológicas que nos transportam para um surrealismo que beira a loucura. Sobre a lógica aqui (se é que existe), acredito que todos que viram esse filme têm uma pergunta fundamental: O que aconteceu foi real ou peso na consciência? É verdade que o protagonista não demonstra tanto esse tipo de comportamento, porém dá alguns sinais evidentes que posteriormente são acumulados naquela sequência de tortura macabra (“kirim kirim kirim” – descrição pessoal do sonido, rs), só que a obra também dá sinais de realidade, complicando ainda mais a interpretação e enriquecendo o conteúdo da fita. A potência mesmo talvez esteja mais no sentimento. Uma ótima película do Takashi Miike, só não recomendo para pessoas com estômago fraco.
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Carrie, a Estranha
3.7 1,4K Assista AgoraA ideia do filme parece que cabe perfeitamente em duas linhas e foi estendida para mais de uma hora e meia de longa-metragem, tanto é que a obra trabalhou demasiada para mostrar o potencial da Carrie, algo que o espectador já sabia bem longo no início. Ou seja, não houve desenvolvimento, apenas exibição. É apenas um bom filme para curtir em momentos climáticos, deixando lá suas críticas contundentes à sociedade, à educação e ao fanatismo religioso. O desfecho é tenebroso e com boas lucubrações.
Meu Namorado é um Zumbi
2.9 2,6K Assista AgoraApesar de ficção, o tema Zumbi é clássico, tendo verdades definidas em seu próprio universo, assim como os vampiros. Todo detalhe conta no que se refere à autenticidade do tema (composições, hábitos, cadência, etc.), sendo surpresa (no sentido desprezível, na maioria das vezes) quando qualquer base é alterada, mesmo que de “brincadeira”. “Meu Namorado é um Zumbi” causa essa irritante impressão em suas primeiras cenas pelo abuso cômico que faz ao clássico tema da ficção, no entanto, surpreende ainda mais por vencê-la e convidar o espectador a tolerar temporariamente a sua proposta. Quem aceitar, nada perderá. O filme pode ser visto como uma bela metáfora sobre questões humanas, como conviver com as diferenças (o fato de apelar com os zumbis ressalta isso), não excluir os outros por causa de suas deficiências; também deixa forte a mensagem de determinação individual em superar os próprios limites em prol dos ideais, a personagem Julie deixa esse objetivo claro quando confessa a “R”: “É preciso lutar para melhorar.” Outro ponto em destaque é o da fé, o protagonista chega a ser quase um modelo perfeito da perseverança e seus efeitos positivos, que não importa como o mundo esteja ou como nós estejamos, pode-se perder tudo, incluindo as lembranças, entretanto, algo “imortal” existe em todos, o de acreditar no improvável e de se reconstruir através dele. A fé que cura doenças e renova a vida. Só pela fita conduzir de maneira interessante essa missiva, já valeu a pena.
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Viridiana
4.2 141Um filme repleto de sutilezas, com cenas fortes e polêmicas que nos surpreendem até mesmo em nossa época, ainda mais por repararmos que o impacto das impressões não deve necessariamente ser apelativo. “Viridiana” realiza esse feito com certa classe e, paradoxalmente, tendo um efeito até mais profundo. Quantas metáforas assustadoramente bem trabalhadas e que nos dão brechas a inúmeros significados. Acho que uma das primeiras foi o contato da virgem com o “órgão sexual masculino”, quando que por curiosidade, instinto e inocência, ela com mãos trêmulas tenta tirar leite dos mamilos da vaca (hesita até mesmo em tocar), junto ao homem do lado com feição lasciva incentivando o ato. Fantástico! O trabalho de câmera foi primoroso nesse momento! O ótimo de filmes antigos é que não podiam passar a mensagem clara devido à censura e ao conservadorismo, então grandes realizadores usavam da inteligência para chegar o mais próximo possível do “ponto x”. O que dizer da alusão a “A Última Ceia” do Leonardo Da Vinci, com um cristo cego acompanhado por desequilibrados da baixa sociedade? Em primeiro momento é difícil desvendar a mensagem exata ou mais próxima, já que cada detalhe ali pode levar a novos sentidos, no entanto, pode ser interpretada que a natureza viva e primitiva do homem é justamente aquela de que não passamos de macacos civilizados e que encontramos formas que encobrem a nossa real condição (Jesus Cristo, seus discípulos e todos nós humanos). Entretanto, em minha opinião, a virtude não é algo artificial do ser humano, talvez como o filme tenta passar, pois tudo é natureza, até mesmo as escolhas de reprimir os instintos e disciplinas isoladas de viver, na verdade, conventos, religiões, moralismos, filosofias, princípios etc., são outras intenções da natureza pulsante. Como se o bem e o mal não fossem forças totalmente distintas, mas ambas fazem parte da mesma natureza, as duas são uma força só. Excelente obra! Daria para fazer um livro de 200 páginas só com os assuntos tratados nesse filme.
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Ichi: O Assassino
3.7 303 Assista AgoraA base da história de “Ichi – The Killer” é comumente simples, mas não acaba dessa maneira devido a traços e caminhos que nos levam a pensamentos mais complexos sobre o surgimento de inúmeras situações e atitudes chamativas das personagens destaque. Li um texto sobre o trabalho de Hideo Yamamoto, criador do mangá de mesmo título (Koroshiya 1 – Ichi the Killer / 1998 – 2001) que deu origem a esse filme do Takashi Miike, e dá para perceber que o mangá é notoriamente mais abrangente (aliás, comentário desnecessário, né?), dando base de entendimento a questões que o leitor vai fazendo no percurso da leitura. No filme, isso fica meio confuso, mas na revisão do longa obtemos um melhor esclarecimento. No mangá, por exemplo, parece ter uma profundidade mais proveitosa sobre o trauma de Ichi,
[Spoilers] que presenciou uma constrangedora cena de estupro, a ponto de associar violência ao desejo sexual (não é a toa que quando Ichi termina a sua chacina, fica excitado, e ao mesmo tempo, deprimido). Também é interessante destacar o fato de Ichi ter se tornado um grande mestre de Karatê por ter sido vítima constante de Bullying, o treinamento foi tal que transformou as suas pernas em poderosas armas, tanto em velocidade como em força, agora imagine isso com uma lâmina retrátil no calcanhar de seus calçados, além das manipulações hipnóticas de Jijii que induziam quase toda essa sua enorme energia. Não seria, de fato, um ser aterrador, capaz de matar até sem querer?
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