Drive My Car (ou my van?) dessa temporada. rs Brincadeiras à parte, esse é o tipo de filme que é tão delicioso quanto um passeio gostoso em um parque numa tarde de outono. A sinestesia é o mais importante nele, pois ele te faz sentir a si mesmo e o mundo ao redor. E quando você sente, você entende que nem tudo precisa ser entendido; Que o silêncio pode ser tanto ensurdecedor quanto opulento e que
"a próxima vez é a próxima vez, o agora é o agora".
No cotidiano aparentemente monótono e solitário do limpador de banheiros Hirayama (Kōji Yakusho), o diretor alemão Wim Wenders convida o espectador a uma jornada intimista e magistral no dia a dia do cativante personagem. Ele é uma pessoa que vive e celebra os lugares, e não apenas passa por eles. Tudo para ele tem vida, tem movimento e alma. E mesmo diante de uma rotina pesada e que muitos considerariam insalubre ou ruim, Hirayama aparece por entre sorrisos de gratidão, vislumbre e contemplação da natureza, um bom gosto para música inquestionável e uma paz de espírito ao deitar a noite invejável. Talvez ele seja acusado de alienação, por silenciar o mundo ao redor e criar a sua própria paz, mas a certo ponto do filme, fica claro - embora o roteiro prefira respeitar a intimidade do personagem - que essa escolha custou caro e, ainda sim, ele está bem com isso.
É tanto conflito, correria e barulho nos dias de hoje, que fica difícil ter 'Dias Perfeitos'. E é por isso que o filme é tão adorável e competente, pois consegue fazer com que o público pare por cerca de 2 horas sua vida agitada e propõe uma imersão em uma vida que quase ninguém está tendo mais por conta desse mundo caótico. O filme propõe: pare e entenda que um dia perfeito reside em um estado de espírito que nem sempre é fácil atingir, mas que é um fator interno, muito mais que externo. E o ator Kōji Yakusho constrói um personagem tão admirável e sensível que faz esse exercício ainda melhor.
Eu amei! Fabuloso e imperdível! (OBS: não perca a cena pós créditos)
A ideia até é boa e poderia render um filme divertido e que não se leva a sério, mas não é o caso aqui. Além de ignorar algumas questões básicas da física, biologia e da medicina, o filme não empolga muito e desenvolve de forma pífia personagens importantes e seus para a história. e seus dramas Nem mesmo as cenas com o tubarão são interessantes e causam angustia. Eu esperava pelo menos um filme b divertido e nem isso eles entregaram. UMA DECEPÇÃO.
Inferior às outras duas temporadas, essa terceira parte da série de sucesso da Netflix abandona toda a lógica construída até aqui e entrega uma temporada, embora interessante na ideia, cheia de inconsistências, furos e absurdos. Salve a intenção da temporada e a atuação e caracterização do Santoro, tudo é tão mal construído e trai até mesmo a personagem que não parece estar em seu estado normal. Parte desse problemão todo talvez seja por causa do numero reduzido de episódios. É nítido que eles correm com a história e que muitas cenas foram priorizadas em detrimento de outras que possivelmente foram para o lixo, o que é uma pena, já que a série merecia muito mais. Mas valeu a pena sem dúvida acompanhar até aqui e tomara que cada vez mais as produtoras invistam em histórias assim.
Este filme é o que o cinema nos proporciona de melhor... ele é uma clássica comédia romântica para descontrair e ver nos intervalos entre filmes mais sérios e pesados. Não leve muito a sério, deixe-se contagiar e você vai aproveitar muito.
Resgatando um grande caso da aviação brasileira que ficou esquecido no passado, "O Sequestro do Voo 375" não só remonta todo o crime, as negociações e as manobras de tirar o fôlego que o comandante executou, mas também reconstrói o contexto político daquela época de modo competente.
O ambicioso projeto é também audacioso quando traz esse caso grande para as telonas, caso esse que muitos já haviam esquecido e outros nem conheciam. E com o sequestro, vem junto toda a interação do comandante com o sequestrador e os tramites em terra para decidir o que seria feito e a própria negociação através do rádio.
Pode-se dizer que essa reconstrução de crime não tão frequente no cinema nacional é impressionante e corajosa, mesmo sabendo das limitações de orçamento que afetaram negativamente os efeitos especiais, por exemplo. Ainda sim, o filme tem êxito e consegue prender a atenção do começo ao fim, com inúmeras cenas de roer as unhas. Infelizmente parte do drama construído acaba ficando mais raso em comparação com o desenvolvimento dos demais personagens e suas interações, o que não estraga tanto a experiência, só evidencia o potencial maior que o filme tinha.
O contexto histórico e político que o filme traz de volta é bem acurado e evidencia um momento difícil para a economia brasileira que, ainda com resquícios da ditadura, flertava com autoritarismo em frente às tomadas de decisões, em especial na tentativa de filtrar o que seria divulgado para o público para blindar o então presidente.
"O Sequestro do Voo 375" é uma ótima opção para quem busca um filme intenso, além de aprender sobre o passado do país que muito explica outros acontecimentos da história recente e do presente.
É uma história pouco corajosa de ir onde poderia. Não é tão condizente com a verdade. Com isso o filme da voltas e voltas, se alonga e termina bem morno. É um suspense policial mediano e sem muito entusiasmo, e que faz o básico apenas. Até as atuações parecem estar no automático, cumprindo tabela apenas.
Com uma história delicada, "Meu Amigo Robô" se assemelha a animações adultas, como o profundo e melancólico "Mary e Max - Uma Amizade Diferente", as quais trazem discussões maduras, com toques agridoces.
A animação não só tem um charme com seu visual e estilo incomuns para os filmes de hoje em dia, mas também consegue desenvolver personagens cativantes e profundos apostando em uma linguagem universal: a dos sentimentos. Não há um diálogo se quer no filme, o que era um risco, mas acabou tornando-se um grande triunfo.
Curioso como o filme se encaixa bem com o tema de outro filme também indicado no Oscar 2024. Em "Vidas Passadas", uma personagem diz:
"Se você deixa algo para trás, você também ganha algo", e isso justifica muito bem o final de "Meu Amigo Robô". As vezes na vida é necessário abrir mão de algo ou alguém pela felicidade de outros, até pelo fato de que em determinadas situações duas pessoas não se encaixam mais como no passado. É preciso saber a hora de seguir em frente e deixar que essas vidas passadas fiquem no passado. Aceitar e respeitar isso é uma das atitudes mais maduras que alguém pode ter. Se um robô sem coração pôde, qualquer ser humano também pode.
Na primeira cena de 'Tia Virgínia' a personagem do título, vivida magistralmente por Vera Holtz, a mulher volta repetidamente os ponteiros de um relógio de parede sempre para a mesma hora. Isso prenuncia que o tempo naquela casa parece ter parado, embora as pessoas não, e esse ato insistente de querer mudar o tempo muito tem a ver com a própria sanidade de Virgínia.
Embora simples, a história se aprofunda na vida de uma família tradicional brasileira que decide se reunir na antiga casa dos pais durante a véspera de natal. A viúva já centenária e acamada vive aos cuidados da filha Virgínia, a qual abriu mão de sua vida para morar com a mãe. As irmãs Vanda (Arlete Salles) e Valquíria (Louise Cardoso) chegam com alguns membros de suas famílias, como marido e filhos. Cada um traz consigo para esse feriado um drama pessoal, um ressentimento, um segredo... e essa união resgata alegrias e dores, aproximando o público daquela família que é igual a qualquer outra nesse país, em especial durante reuniões.
É certo que alguns pontos do filme são mal desenvolvidos ou até batidos, como a história do filho de Valquíria, mas o drama central das três irmãs é interessante, bem construído, real e muito bem atuado. As três atrizes conduzem com tanta segurança suas personagens que instigam o público a querer saber mais sobre seus dramas, além do fato de ser impossível não se identificar e lembrar dos próprios irmãos, da tia que passou por situações semelhantes.... e apesar das atuações das três serem ótimas, é a Vera Holtz que se destaca com uma personagem que, embora tão cheia de camadas, defeitos e mistérios, faz o espectador torcer por ela.
O desfecho que ela escolhe para ela mesma pode soar triste, mas também representa uma grande redenção e se analisado,
Virgínia oferece tantas discussões interessantes, indo desde a preocupação com a saúde mental de quem cuida de um parente doente, passando pelas intrigas entre irmãos e indo até a saúde mental e física de quem é impedido de ser quem é.
'Tia Virgínia' vem especificando o nome de uma personagem no título, no entanto ele é sobre toda uma família como qualquer outra no Brasil. Uma família cujo os irmãos parecem voltar no tempo quando estão juntos e implicam uns com os outros quando querem fazer suas vontades as verdades universais e ao mesmo tempo escondem seus problemas pessoais para manterem aparências, sobrinhos que tratam os tios bem por interesse, entre outros problemas... e tudo isso reforça a ideia de que em família, juntos, às vezes as pessoas se machucam, mas sozinhos, não são ninguém.
Adaptação corajosa e audaciosa do romance escocês de mesmo título, escrito por Alasdair Gray, inúmeras produtoras tem tentado tirar o filme do papel há mais de 15 anos atrás, contudo, a história controversa criava um empecilho. O cineasta grego, Yorgos Lanthimos, já demonstrava interesse na adaptação desde a época em que fez 'O Dente Canino' (2009) e com os subsequentes sucessos em sua carreira, ele finalmente deu luz a esse ambicioso projeto.
'Pobres Criaturas' é uma fábula sobre o amadurecimento aos moldes de uma versão feminina de 'Frankenstein', onde uma mulher é trazida de volta à vida, no entanto, alguns remendos e modificações a tornam nova para esse mundo. Portanto, ela precisa reaprender tudo como uma criança. É sob esse olhar que o espectador vê a história.
O ponto de partida é absorver um modo de andar, de falar e de interagir com as pessoas e objetos ao redor. Posteriormente a personagem central descobre o sexo e o explora da maneira mais selvagem e natural possível. Talvez essa parte seja a mais chocante para parte da audiência, mas ela faz todo o sentido para o filme e é explorada de modo inocente e nunca gratuito. Um amadurecimento vem a partir do momento em que a personagem se da conta de que é a dona de seu próprio destino.
Yorgos Lanthimos trabalha o filme de um modo tão frenético e corajoso, que nem a sua longa duração desanima ou cansa. Tudo é impecável, desde a fotografia surrealista e linda, a direção, o som e a trilha sonora, os figurinos maravilhosos e que nunca se repetem, a maquiagem, até a lente olho de peixe que em algumas cenas aproxima o espectador da história. E o que falar das atuações? Obviamente Willem Dafoe, Mark Ruffalo e demais atores estão todos incríveis, mas é a Emma Stone que entrega mais uma vez uma atuação de outro mundo, se consagrando ainda mais como uma atriz multifacetada e corajosa demais!
'Pobres Criaturas' é o tipo de filme que prova que o cinema está vivo e muito bem. Com sua aventura fantástica e surrealista, o filme imprime impecavelmente discussões sobre amadurecimento, sobre relacionamento, empoderamento feminino, machismo, ciência e traz uma variedade riquíssima de referências culturais que somente revisitas são capazes de contemplar com plenitude esse trabalho tão minucioso do diretor. Que Yorgos Lanthimos continue nos surpreendendo e Emma Stone se superando.
Eu não sei nem o que escrever aqui depois de ver esse filme... Ainda estou digerindo toda essa obra prima insana do Yorgos Lanthimos. Mas de uma coisa estou certo: EMMA STONE, vc é patrimônio do cinema!!
"A Sala dos Professores" é o tipo de filme em que nenhuma informação é dada de graça, porque cada detalhe apresentado no filme tem uma importância enorme para o todo, além de que as explicações nunca são de forma didática e minuciosa aqui. Isso vai permear desde a primeira cena do filme, até a última, perpassando até mesmo os sentimentos e emoções de cada um dos personagens. Fica à cargo do espectador juntar as informações e interpretar os fatos, atitudes e expressões corporais dos personagens. E isso tudo joga o espectador dentro da história, tornando ele um personagem que está ali naquela escola observando todos aqueles acontecimentos insanos e angustiantes crescendo vertiginosamente. E como qualquer pessoa, seja dentro do filme ou na vida real, o espectador também vai ter sua própria visão e opinião sobre tudo que ele está testemunhando. Essa é uma das maiores genialidades do filme, porque ele não toma partidos, mas permite que os personagens e espectadores façam seus próprios julgamentos.
As atuações também são magistrais! Desde a confusão e o esgotamento mental aos poucos possuindo a professora, até a mudança de comportamento do aluno que se torna outra criança para defender a mãe.
O filme discute, acima de tudo, como uma atitude pode ter desdobramentos e consequências que respingam em inúmeras pessoas, fazendo um caos em torno não só do problema principal, no caso o roubo (e a série de roubos), mas também todos os conflitos morais e éticos que surgem a partir disso. Ainda mais em uma escola totalmente despreparada em gestão de crise. Portanto, o filme nos leva a discutir que é preciso analisar muito antes de qualquer passo, antes de qualquer julgamento, ainda mais quando só temos posse de uma parte da informação e não da prova toda, como quando a professora
filma alguém roubando sua carteira e aparentemente a ladra é a funcionária da secretaria. A professora vai imediatamente confrontá-la sem dar o benefício da dúvida de que poderia haver mais uma pessoa naquela escola com aquela mesma camisa. (ainda sim, diante dos poderes interpretativo que o filme me deu de participar da história, eu acredito que a funcionária da escola roubou mesmo a carteira rs).
Por fim, este é o tipo de filme em que ninguém sai ileso e expõe as dificuldades de uma vivência em comunidade e em especial da educação em si. A área da educação é um desafio pouco valorizado em inúmeros sentidos e pode gerar traumas e consequências irreversíveis para crianças e para os profissionais do setor. Filmão!
Interessante a estética bem característica do Wes Anderson e como o diretor mescla literatura, cinema e teatro. As atuações também são ótimas e o fato dos personagens quebrarem a quarta parede combina muito com essa estrutura de um narrador contando uma história em um livro. O curta tem a duração correta para não entediar o espectador. Foi sábia a decisão de não torná-lo um longa e gosto da história adaptada da obra do Roald Dahl que traz uma mensagem de que um dos maiores podres que o ser humano pode vir a desenvolver é a capacidade de tirar as próprias vendas e enxergar o outro, todo o resto é vazio e uma grande ilusão. Genial!
Que filme melancólico e lindo! E nada te prepara para ele, você pensa que é sobre um assunto e é sobre outro completamente diferente (isso se vc não assistir aquele trailer cheio de spoiler).
O filme abre brechas para várias interpretações, mas eis o que eu entendi:
O Adam (Andrew Scott) é um solitário escritor que numa determinada noite recebe a visita do vizinho, Harry (Paul Mescal), com o qual ele já havia cruzado pelo prédio algumas vezes. O vizinho, aparentemente embriagado, quer sexo, mas Adam não está muito no clima e o manda embora. Harry desce para o seu apartamento e, possivelmente mistura muito álcool com droga e tem uma overdose ou coma alcóolico, o que culmina em sua morte. No dia seguinte, Adam retorna à casa onde ele cresceu, no interior, pois isso o ajudaria em seu novo roteiro. Lá ele surpreendentemente se reencontra com os fantasmas de seus pais já mortos há décadas em um acidente de transito, também causado por bebida. O escritor passa a fazer visitas frequentes aos pais e isso retorna feridas antigas, com as quais ele precisa aprender a lidar. Outro ponto importante nessas visitas ao interior, é que Adam inclui os pais em partes da vida dele que eles jamais tiveram a chance de vivenciar e isso é interessante e doloroso. Em meio a tudo isso, Adam se reencontra com o fantasma do vizinho Harry, sem nem se quer se dar conta que o homem já estava morto naquela altura. Eles vivem um romance bonito e de muita química, em especial pelo fato de serem ambos dois estranhos solitários. O Harry também não sabe que está morto e compartilha seus dramas, como o da negligência de sua família e o quanto ele se sentia à deriva na vida. Os dois seriam perfeitas companhias, se estivessem os dois vivos. E no momento em que o Adam leva o Harry para conhecer seus pais e o Harry consegue ver os fantasmas deles, ele se assusta porque começa a cair a ficha de que ele também morreu. Então ele foge. Quando Adam vai até o apartamento do Harry e encontra o corpo dele no banheiro com o mesmo moletom que ele usava na primeira noite quando o Harry tocou a campainha dele e a mesma garrafa da bebida, ele percebeu que o vizinho tinha morrido e como a família dele não se importava com ele, ninguém sentiu a falta dele todo aquele tempo. Isso faz com que o Adam seja fadado a viver para sempre com essa solidão com a qual ele já havia se acostumado.
Outra possibilidade é a de que tudo o que vimos no filme nada mais é do que a historia que o Adam está escrevendo. Mas eu fico com a versão anterior que eu escrevi rs
Wow que finale! Espero que a apple renove a série e que eles a conectem aos filmes! Esse é o monsterverse que a gente precisava. Eles conseguiram construir uma história sólida, com personagens relevantes, ao contrário dos filmes, e ainda somaram a um universo sci-fi intrigante e empolgante. Vale muito a pena.
A ambientação, assim como o clima de ação de graças, e as mortes são criativas, mas tirando isso, não tem muita coisa que salva o filme. Os personagens são rasos e os atores, em especial o elenco jovem, não ajudam pela falta de experiência. O assassino, apesar de bem caracterizado, tem uma motivação nada convincente. Eu esperava mais.
Com uma ideia interessante, atual e importante, o roteiro pega um problema bem corriqueiro e o subverte, mostrando um outro lado do medo. Embora seja sim um filme relevante, bem atuado e cheio de boas intenções, ele peca em se alongar e na inserção de algumas de cenas irrelevantes para a história central.
A história começa quando Margot (Emilia Jones, de Coda), uma estudante universitária de 20 anos, conhece Robert (Nicholas Braun, de Succession), um misterioso homem mais velho, no cinema onde ela trabalha, o que é bem inconvencional nesses tempos de aplicativos de namoro. Robert fica afim da jovem rápido, e ela também se atrai por ele, mas sempre com aquele medo que qualquer mulher tem ao conhecer ou se aproximar de um homem desconhecido. Ai que está o problema, o mundo é tão hostil com o publico feminino que até mesmo a mente das pessoas torna-se uma agressora através do medo e da paranoia. Cat Person já traz no título uma problematização. Existem pessoas que são mais de cachorro, outras de gatos e isso reflete as relações conflituosas do mundo de hoje. Nunca existe consenso, as pessoas precisam ser de um lado ou do outro completamente extremo. E a falta de diálogo joga qualquer pessoa em um território desconhecido e apavorante.
Cat Person não é apenas sobre a constante violência e medo com que vivem as mulheres, mas também sobre como isso traz consequências para toda a sociedade. Este é um filme sobre como alguns homens agem horrivelmente e de modo machista, e como isso gera o medo em outros homens de serem interpretados de forma errada em situações que foram engendradas por essa roda que nunca para de girar. E é por isso que se faz necessário criar mecanismos que interrompam esses ciclos de medo e de violência.
Ainda sim, a duração do filme é um dos pontos problemáticos nele e torna o filme cansativo, além de fazer com que o final seja apressado. Com isso, algumas cenas poderiam ser facilmente cortadas, como parte em que a jovem visita a família. Aquela cena musical me pareceu um pouco deslocada e estranha, mesmo tentando mostrar o machismo na família. Ainda sim, esse é um filme que abre margens para discussões muito pertinentes e que deve agradar em especial o público feminino.
Biografia da icônica dupla Claudinho & Buchecha que revolucionou o funk melody com canções de amor que encantaram toda uma geração e até hoje gera um legado inigualável, 'Nosso Sonho' é não só uma importante adaptação que dá visibilidade a vida dos dois cantores cariocas, mas também dá voz e sentimento à periferia, provando que a favela também pode falar de amor, ousar sonhar e mudar sua realidade.
Apesar da história da amizade dos cantores e da ascensão deles à fama ser emocionante, o filme perde uma enorme oportunidade de se aprofundar mais na questão social do Rio de Janeiro da década de 90 e peca em não inserir mais informações tanto da vida do Claudinho, como de fatos mais jornalísticos da dupla. Ainda sim, 'Nosso Sonho' é um filme cheio de ótimas atuações, direção competente, os arranjos musicais também são incríveis e a fotografia, junto da reconstrução da década de 90, são eficientes.
Está é uma biografia linda sobre oportunidades, ou sobre a falta delas. E que, mesmo contra todas as adversidades, o talento e o carisma dos dois cantores inspirou e inspira muitas pessoas nas mesmas condições, desencadeando um efeito cascata para mostrar que quando uma pessoa periférica tem um sonho realizado, ele torna-se uma conquista coletiva no sentido de que encoraja muitos outros de também lutarem por seus sonhos.
Em 2002, quando a peça de Nia Vardalos (também roteirista e protagonista dos filmes) foi adaptada para o cinema, ninguém podia imaginar que o primeiro filme da franquia se tornaria um estrondoso sucesso de bilheteria e crítica. A história da humorada e cativante família de origem grega rendeu até uma indicação ao Oscar de melhor roteiro original para Vardalos. Uma sequência era prevista, mas ela demorou 14 anos para matar a saudade do público e agora, em 2023, uma terceira parte da franquia chega aos cinemas levando a encantadora família para a Grécia pela primeira vez.
É certo que o que mais encantou o público no primeiro 'Casamento Grego' foi o fato de que a excêntrica e divertida família Portokalos traz aquele sentimento quentinho de pertencimento e aconchego familiar. E mesmo que a família do espectador não tenha raízes gregas, é fácil identificar pelo menos um detalhe ou personagem semelhante com sua família. Além disso, os personagens são tão encantadores, quanto a história em si. Em meio a isso, há um drama sobre tolerância, migração e adaptação que trazem discussões pertinentes
Já o segundo filme tem o fator nostalgia em seu favor, e mesmo já demonstrando certo desgaste, ainda constrói uma história divertida e com debates interessantes. Mas essa terceira parte que acaba de chegar aos cinemas não tem muito do carisma que tornou o filme de 2002 um sucesso. Alguns personagens não retornam, seja por seus intérpretes terem morrido ou por qualquer outro motivo, e isso faz com que a história sobre uma família unida fique tão perdida quanto uma própria família enlutada por um ente querido. As piadas não funcionam tanto, os personagens estão perdidos e a história acaba sendo um pouco rasa, ainda sim o filme diverte um pouco.
“Nossa história vai virar cinema E a gente vai passar em Hollywood”
Eu fico pensando nesses versos e o quanto a história do Claudinho e do Buchecha ultrapassou o sonho deles que já era grande. É uma história que não passou em Hollywood, mas passou para cada brasileiro periférico como eles ou não e divertiu, encantou, deu voz, sentimento e fez perceber que todo sonho é possível.
“Quanto mais distante o passado, mais bonito parece”
Os “quase” e os “e se” do passado são sedutores e até mágicos, mas a realidade nos convida a uma outra reflexão. Às vezes ficamos presos à pessoas e situações do passado que
Certamente a série vem decaindo de umas temporadas para cá e infelizmente ela tinha a faca e o queijo na mão com personagens fortes, liberdade criativa que a série original nao tinha tanto e até alguns elementos interessantes como zumbis radioativos, furacão, acidente de avião.... Mas acredito que o saldo foi de mediano para positivo com o retorno
no último episódio da série. E encerrou essa jornada da família Clark, que sempre foi o centro da série, de modo positivo. O universo de TWD precisava de um empenho maior, tipo o que foi feito na fantástica série do Daryl e acho que com os acertos dessa série e com a do Negan, o universo caminha para uma direção muito positiva para então encerrar tudo com dignidade rs
O Natal Extraordinário de Zoey
3.9 15Disponível na Amazon Prime.
Dias Perfeitos
4.2 304 Assista AgoraDrive My Car (ou my van?) dessa temporada. rs
Brincadeiras à parte, esse é o tipo de filme que é tão delicioso quanto um passeio gostoso em um parque numa tarde de outono. A sinestesia é o mais importante nele, pois ele te faz sentir a si mesmo e o mundo ao redor. E quando você sente, você entende que nem tudo precisa ser entendido; Que o silêncio pode ser tanto ensurdecedor quanto opulento e que
"a próxima vez é a próxima vez, o agora é o agora".
No cotidiano aparentemente monótono e solitário do limpador de banheiros Hirayama (Kōji Yakusho), o diretor alemão Wim Wenders convida o espectador a uma jornada intimista e magistral no dia a dia do cativante personagem. Ele é uma pessoa que vive e celebra os lugares, e não apenas passa por eles. Tudo para ele tem vida, tem movimento e alma. E mesmo diante de uma rotina pesada e que muitos considerariam insalubre ou ruim, Hirayama aparece por entre sorrisos de gratidão, vislumbre e contemplação da natureza, um bom gosto para música inquestionável e uma paz de espírito ao deitar a noite invejável.
Talvez ele seja acusado de alienação, por silenciar o mundo ao redor e criar a sua própria paz, mas a certo ponto do filme, fica claro - embora o roteiro prefira respeitar a intimidade do personagem - que essa escolha custou caro e, ainda sim, ele está bem com isso.
É tanto conflito, correria e barulho nos dias de hoje, que fica difícil ter 'Dias Perfeitos'. E é por isso que o filme é tão adorável e competente, pois consegue fazer com que o público pare por cerca de 2 horas sua vida agitada e propõe uma imersão em uma vida que quase ninguém está tendo mais por conta desse mundo caótico. O filme propõe: pare e entenda que um dia perfeito reside em um estado de espírito que nem sempre é fácil atingir, mas que é um fator interno, muito mais que externo. E o ator Kōji Yakusho constrói um personagem tão admirável e sensível que faz esse exercício ainda melhor.
Eu amei! Fabuloso e imperdível!
(OBS: não perca a cena pós créditos)
True Detective: Terra Noturna (4ª Temporada)
3.4 235 Assista AgoraA mãe natureza é chamada de Mãe, não é à toa, né ? E ela sempre cuida de seus povos nativos.
Temporada sensível, intrigante e emocionante, em especial aquele final poderoso.
Desespero Profundo
2.2 74 Assista AgoraA ideia até é boa e poderia render um filme divertido e que não se leva a sério, mas não é o caso aqui. Além de ignorar algumas questões básicas da física, biologia e da medicina, o filme não empolga muito e desenvolve de forma pífia personagens importantes e seus para a história. e seus dramas Nem mesmo as cenas com o tubarão são interessantes e causam angustia. Eu esperava pelo menos um filme b divertido e nem isso eles entregaram. UMA DECEPÇÃO.
Bom Dia, Verônica (3ª Temporada)
2.8 183 Assista AgoraInferior às outras duas temporadas, essa terceira parte da série de sucesso da Netflix abandona toda a lógica construída até aqui e entrega uma temporada, embora interessante na ideia, cheia de inconsistências, furos e absurdos.
Salve a intenção da temporada e a atuação e caracterização do Santoro, tudo é tão mal construído e trai até mesmo a personagem que não parece estar em seu estado normal.
Parte desse problemão todo talvez seja por causa do numero reduzido de episódios. É nítido que eles correm com a história e que muitas cenas foram priorizadas em detrimento de outras que possivelmente foram para o lixo, o que é uma pena, já que a série merecia muito mais.
Mas valeu a pena sem dúvida acompanhar até aqui e tomara que cada vez mais as produtoras invistam em histórias assim.
Todos Menos Você
3.1 380 Assista AgoraEste filme é o que o cinema nos proporciona de melhor... ele é uma clássica comédia romântica para descontrair e ver nos intervalos entre filmes mais sérios e pesados.
Não leve muito a sério, deixe-se contagiar e você vai aproveitar muito.
O Sequestro do Voo 375
3.8 197 Assista AgoraResgatando um grande caso da aviação brasileira que ficou esquecido no passado, "O Sequestro do Voo 375" não só remonta todo o crime, as negociações e as manobras de tirar o fôlego que o comandante executou, mas também reconstrói o contexto político daquela época de modo competente.
O ambicioso projeto é também audacioso quando traz esse caso grande para as telonas, caso esse que muitos já haviam esquecido e outros nem conheciam. E com o sequestro, vem junto toda a interação do comandante com o sequestrador e os tramites em terra para decidir o que seria feito e a própria negociação através do rádio.
Pode-se dizer que essa reconstrução de crime não tão frequente no cinema nacional é impressionante e corajosa, mesmo sabendo das limitações de orçamento que afetaram negativamente os efeitos especiais, por exemplo. Ainda sim, o filme tem êxito e consegue prender a atenção do começo ao fim, com inúmeras cenas de roer as unhas.
Infelizmente parte do drama construído acaba ficando mais raso em comparação com o desenvolvimento dos demais personagens e suas interações, o que não estraga tanto a experiência, só evidencia o potencial maior que o filme tinha.
O contexto histórico e político que o filme traz de volta é bem acurado e evidencia um momento difícil para a economia brasileira que, ainda com resquícios da ditadura, flertava com autoritarismo em frente às tomadas de decisões, em especial na tentativa de filtrar o que seria divulgado para o público para blindar o então presidente.
"O Sequestro do Voo 375" é uma ótima opção para quem busca um filme intenso, além de aprender sobre o passado do país que muito explica outros acontecimentos da história recente e do presente.
Camaleões
3.3 194 Assista AgoraÉ uma história pouco corajosa de ir onde poderia. Não é tão condizente com a verdade. Com isso o filme da voltas e voltas, se alonga e termina bem morno.
É um suspense policial mediano e sem muito entusiasmo, e que faz o básico apenas.
Até as atuações parecem estar no automático, cumprindo tabela apenas.
Meu Amigo Robô
4.0 86Com uma história delicada, "Meu Amigo Robô" se assemelha a animações adultas, como o profundo e melancólico "Mary e Max - Uma Amizade Diferente", as quais trazem discussões maduras, com toques agridoces.
A animação não só tem um charme com seu visual e estilo incomuns para os filmes de hoje em dia, mas também consegue desenvolver personagens cativantes e profundos apostando em uma linguagem universal: a dos sentimentos. Não há um diálogo se quer no filme, o que era um risco, mas acabou tornando-se um grande triunfo.
Curioso como o filme se encaixa bem com o tema de outro filme também indicado no Oscar 2024. Em "Vidas Passadas", uma personagem diz:
"Se você deixa algo para trás, você também ganha algo", e isso justifica muito bem o final de "Meu Amigo Robô". As vezes na vida é necessário abrir mão de algo ou alguém pela felicidade de outros, até pelo fato de que em determinadas situações duas pessoas não se encaixam mais como no passado. É preciso saber a hora de seguir em frente e deixar que essas vidas passadas fiquem no passado. Aceitar e respeitar isso é uma das atitudes mais maduras que alguém pode ter. Se um robô sem coração pôde, qualquer ser humano também pode.
Tia Virgínia
3.9 27Na primeira cena de 'Tia Virgínia' a personagem do título, vivida magistralmente por Vera Holtz, a mulher volta repetidamente os ponteiros de um relógio de parede sempre para a mesma hora. Isso prenuncia que o tempo naquela casa parece ter parado, embora as pessoas não, e esse ato insistente de querer mudar o tempo muito tem a ver com a própria sanidade de Virgínia.
Embora simples, a história se aprofunda na vida de uma família tradicional brasileira que decide se reunir na antiga casa dos pais durante a véspera de natal. A viúva já centenária e acamada vive aos cuidados da filha Virgínia, a qual abriu mão de sua vida para morar com a mãe. As irmãs Vanda (Arlete Salles) e Valquíria (Louise Cardoso) chegam com alguns membros de suas famílias, como marido e filhos. Cada um traz consigo para esse feriado um drama pessoal, um ressentimento, um segredo... e essa união resgata alegrias e dores, aproximando o público daquela família que é igual a qualquer outra nesse país, em especial durante reuniões.
É certo que alguns pontos do filme são mal desenvolvidos ou até batidos, como a história do filho de Valquíria, mas o drama central das três irmãs é interessante, bem construído, real e muito bem atuado. As três atrizes conduzem com tanta segurança suas personagens que instigam o público a querer saber mais sobre seus dramas, além do fato de ser impossível não se identificar e lembrar dos próprios irmãos, da tia que passou por situações semelhantes.... e apesar das atuações das três serem ótimas, é a Vera Holtz que se destaca com uma personagem que, embora tão cheia de camadas, defeitos e mistérios, faz o espectador torcer por ela.
O desfecho que ela escolhe para ela mesma pode soar triste, mas também representa uma grande redenção e se analisado,
'Tia Virgínia' vem especificando o nome de uma personagem no título, no entanto ele é sobre toda uma família como qualquer outra no Brasil. Uma família cujo os irmãos parecem voltar no tempo quando estão juntos e implicam uns com os outros quando querem fazer suas vontades as verdades universais e ao mesmo tempo escondem seus problemas pessoais para manterem aparências, sobrinhos que tratam os tios bem por interesse, entre outros problemas... e tudo isso reforça a ideia de que em família, juntos, às vezes as pessoas se machucam, mas sozinhos, não são ninguém.
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista AgoraAdaptação corajosa e audaciosa do romance escocês de mesmo título, escrito por Alasdair Gray, inúmeras produtoras tem tentado tirar o filme do papel há mais de 15 anos atrás, contudo, a história controversa criava um empecilho.
O cineasta grego, Yorgos Lanthimos, já demonstrava interesse na adaptação desde a época em que fez 'O Dente Canino' (2009) e com os subsequentes sucessos em sua carreira, ele finalmente deu luz a esse ambicioso projeto.
'Pobres Criaturas' é uma fábula sobre o amadurecimento aos moldes de uma versão feminina de 'Frankenstein', onde uma mulher é trazida de volta à vida, no entanto, alguns remendos e modificações a tornam nova para esse mundo. Portanto, ela precisa reaprender tudo como uma criança. É sob esse olhar que o espectador vê a história.
O ponto de partida é absorver um modo de andar, de falar e de interagir com as pessoas e objetos ao redor. Posteriormente a personagem central descobre o sexo e o explora da maneira mais selvagem e natural possível. Talvez essa parte seja a mais chocante para parte da audiência, mas ela faz todo o sentido para o filme e é explorada de modo inocente e nunca gratuito. Um amadurecimento vem a partir do momento em que a personagem se da conta de que é a dona de seu próprio destino.
Yorgos Lanthimos trabalha o filme de um modo tão frenético e corajoso, que nem a sua longa duração desanima ou cansa. Tudo é impecável, desde a fotografia surrealista e linda, a direção, o som e a trilha sonora, os figurinos maravilhosos e que nunca se repetem, a maquiagem, até a lente olho de peixe que em algumas cenas aproxima o espectador da história. E o que falar das atuações? Obviamente Willem Dafoe, Mark Ruffalo e demais atores estão todos incríveis, mas é a Emma Stone que entrega mais uma vez uma atuação de outro mundo, se consagrando ainda mais como uma atriz multifacetada e corajosa demais!
'Pobres Criaturas' é o tipo de filme que prova que o cinema está vivo e muito bem. Com sua aventura fantástica e surrealista, o filme imprime impecavelmente discussões sobre amadurecimento, sobre relacionamento, empoderamento feminino, machismo, ciência e traz uma variedade riquíssima de referências culturais que somente revisitas são capazes de contemplar com plenitude esse trabalho tão minucioso do diretor.
Que Yorgos Lanthimos continue nos surpreendendo e Emma Stone se superando.
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista AgoraEu não sei nem o que escrever aqui depois de ver esse filme...
Ainda estou digerindo toda essa obra prima insana do Yorgos Lanthimos.
Mas de uma coisa estou certo: EMMA STONE, vc é patrimônio do cinema!!
The Palace
2.7 4Primo extravagante e bobo de 'O Triângulo da Tristeza' haha
Mas me diverti muito.
A Sala dos Professores
3.9 141 Assista Agora"A Sala dos Professores" é o tipo de filme em que nenhuma informação é dada de graça, porque cada detalhe apresentado no filme tem uma importância enorme para o todo, além de que as explicações nunca são de forma didática e minuciosa aqui. Isso vai permear desde a primeira cena do filme, até a última, perpassando até mesmo os sentimentos e emoções de cada um dos personagens. Fica à cargo do espectador juntar as informações e interpretar os fatos, atitudes e expressões corporais dos personagens. E isso tudo joga o espectador dentro da história, tornando ele um personagem que está ali naquela escola observando todos aqueles acontecimentos insanos e angustiantes crescendo vertiginosamente. E como qualquer pessoa, seja dentro do filme ou na vida real, o espectador também vai ter sua própria visão e opinião sobre tudo que ele está testemunhando.
Essa é uma das maiores genialidades do filme, porque ele não toma partidos, mas permite que os personagens e espectadores façam seus próprios julgamentos.
As atuações também são magistrais! Desde a confusão e o esgotamento mental aos poucos possuindo a professora, até a mudança de comportamento do aluno que se torna outra criança para defender a mãe.
O filme discute, acima de tudo, como uma atitude pode ter desdobramentos e consequências que respingam em inúmeras pessoas, fazendo um caos em torno não só do problema principal, no caso o roubo (e a série de roubos), mas também todos os conflitos morais e éticos que surgem a partir disso. Ainda mais em uma escola totalmente despreparada em gestão de crise. Portanto, o filme nos leva a discutir que é preciso analisar muito antes de qualquer passo, antes de qualquer julgamento, ainda mais quando só temos posse de uma parte da informação e não da prova toda, como quando a professora
filma alguém roubando sua carteira e aparentemente a ladra é a funcionária da secretaria. A professora vai imediatamente confrontá-la sem dar o benefício da dúvida de que poderia haver mais uma pessoa naquela escola com aquela mesma camisa. (ainda sim, diante dos poderes interpretativo que o filme me deu de participar da história, eu acredito que a funcionária da escola roubou mesmo a carteira rs).
Por fim, este é o tipo de filme em que ninguém sai ileso e expõe as dificuldades de uma vivência em comunidade e em especial da educação em si. A área da educação é um desafio pouco valorizado em inúmeros sentidos e pode gerar traumas e consequências irreversíveis para crianças e para os profissionais do setor. Filmão!
A Incrível História de Henry Sugar
3.6 164 Assista AgoraInteressante a estética bem característica do Wes Anderson e como o diretor mescla literatura, cinema e teatro. As atuações também são ótimas e o fato dos personagens quebrarem a quarta parede combina muito com essa estrutura de um narrador contando uma história em um livro.
O curta tem a duração correta para não entediar o espectador. Foi sábia a decisão de não torná-lo um longa e gosto da história adaptada da obra do Roald Dahl que traz uma mensagem de que um dos maiores podres que o ser humano pode vir a desenvolver é a capacidade de tirar as próprias vendas e enxergar o outro, todo o resto é vazio e uma grande ilusão.
Genial!
Todos Nós Desconhecidos
3.8 199 Assista AgoraQue filme melancólico e lindo!
E nada te prepara para ele, você pensa que é sobre um assunto e é sobre outro completamente diferente (isso se vc não assistir aquele trailer cheio de spoiler).
O filme abre brechas para várias interpretações, mas
eis o que eu entendi:
O Adam (Andrew Scott) é um solitário escritor que numa determinada noite recebe a visita do vizinho, Harry (Paul Mescal), com o qual ele já havia cruzado pelo prédio algumas vezes. O vizinho, aparentemente embriagado, quer sexo, mas Adam não está muito no clima e o manda embora. Harry desce para o seu apartamento e, possivelmente mistura muito álcool com droga e tem uma overdose ou coma alcóolico, o que culmina em sua morte.
No dia seguinte, Adam retorna à casa onde ele cresceu, no interior, pois isso o ajudaria em seu novo roteiro. Lá ele surpreendentemente se reencontra com os fantasmas de seus pais já mortos há décadas em um acidente de transito, também causado por bebida. O escritor passa a fazer visitas frequentes aos pais e isso retorna feridas antigas, com as quais ele precisa aprender a lidar. Outro ponto importante nessas visitas ao interior, é que Adam inclui os pais em partes da vida dele que eles jamais tiveram a chance de vivenciar e isso é interessante e doloroso.
Em meio a tudo isso, Adam se reencontra com o fantasma do vizinho Harry, sem nem se quer se dar conta que o homem já estava morto naquela altura. Eles vivem um romance bonito e de muita química, em especial pelo fato de serem ambos dois estranhos solitários.
O Harry também não sabe que está morto e compartilha seus dramas, como o da negligência de sua família e o quanto ele se sentia à deriva na vida. Os dois seriam perfeitas companhias, se estivessem os dois vivos. E no momento em que o Adam leva o Harry para conhecer seus pais e o Harry consegue ver os fantasmas deles, ele se assusta porque começa a cair a ficha de que ele também morreu. Então ele foge.
Quando Adam vai até o apartamento do Harry e encontra o corpo dele no banheiro com o mesmo moletom que ele usava na primeira noite quando o Harry tocou a campainha dele e a mesma garrafa da bebida, ele percebeu que o vizinho tinha morrido e como a família dele não se importava com ele, ninguém sentiu a falta dele todo aquele tempo.
Isso faz com que o Adam seja fadado a viver para sempre com essa solidão com a qual ele já havia se acostumado.
Outra possibilidade é a de que tudo o que vimos no filme nada mais é do que a historia que o Adam está escrevendo. Mas eu fico com a versão anterior que eu escrevi rs
Monarch: Legado de Monstros (1ª Temporada)
3.3 63 Assista AgoraWow que finale! Espero que a apple renove a série e que eles a conectem aos filmes! Esse é o monsterverse que a gente precisava. Eles conseguiram construir uma história sólida, com personagens relevantes, ao contrário dos filmes, e ainda somaram a um universo sci-fi intrigante e empolgante. Vale muito a pena.
Feriado Sangrento
3.1 405A ambientação, assim como o clima de ação de graças, e as mortes são criativas, mas tirando isso, não tem muita coisa que salva o filme. Os personagens são rasos e os atores, em especial o elenco jovem, não ajudam pela falta de experiência.
O assassino, apesar de bem caracterizado, tem uma motivação nada convincente. Eu esperava mais.
Cat Person
3.0 17Com uma ideia interessante, atual e importante, o roteiro pega um problema bem corriqueiro e o subverte, mostrando um outro lado do medo. Embora seja sim um filme relevante, bem atuado e cheio de boas intenções, ele peca em se alongar e na inserção de algumas de cenas irrelevantes para a história central.
A história começa quando Margot (Emilia Jones, de Coda), uma estudante universitária de 20 anos, conhece Robert (Nicholas Braun, de Succession), um misterioso homem mais velho, no cinema onde ela trabalha, o que é bem inconvencional nesses tempos de aplicativos de namoro. Robert fica afim da jovem rápido, e ela também se atrai por ele, mas sempre com aquele medo que qualquer mulher tem ao conhecer ou se aproximar de um homem desconhecido. Ai que está o problema, o mundo é tão hostil com o publico feminino que até mesmo a mente das pessoas torna-se uma agressora através do medo e da paranoia. Cat Person já traz no título uma problematização. Existem pessoas que são mais de cachorro, outras de gatos e isso reflete as relações conflituosas do mundo de hoje. Nunca existe consenso, as pessoas precisam ser de um lado ou do outro completamente extremo. E a falta de diálogo joga qualquer pessoa em um território desconhecido e apavorante.
Cat Person não é apenas sobre a constante violência e medo com que vivem as mulheres, mas também sobre como isso traz consequências para toda a sociedade. Este é um filme sobre como alguns homens agem horrivelmente e de modo machista, e como isso gera o medo em outros homens de serem interpretados de forma errada em situações que foram engendradas por essa roda que nunca para de girar. E é por isso que se faz necessário criar mecanismos que interrompam esses ciclos de medo e de violência.
Ainda sim, a duração do filme é um dos pontos problemáticos nele e torna o filme cansativo, além de fazer com que o final seja apressado. Com isso, algumas cenas poderiam ser facilmente cortadas, como parte em que a jovem visita a família. Aquela cena musical me pareceu um pouco deslocada e estranha, mesmo tentando mostrar o machismo na família. Ainda sim, esse é um filme que abre margens para discussões muito pertinentes e que deve agradar em especial o público feminino.
Nosso Sonho
3.8 182Biografia da icônica dupla Claudinho & Buchecha que revolucionou o funk melody com canções de amor que encantaram toda uma geração e até hoje gera um legado inigualável, 'Nosso Sonho' é não só uma importante adaptação que dá visibilidade a vida dos dois cantores cariocas, mas também dá voz e sentimento à periferia, provando que a favela também pode falar de amor, ousar sonhar e mudar sua realidade.
Apesar da história da amizade dos cantores e da ascensão deles à fama ser emocionante, o filme perde uma enorme oportunidade de se aprofundar mais na questão social do Rio de Janeiro da década de 90 e peca em não inserir mais informações tanto da vida do Claudinho, como de fatos mais jornalísticos da dupla. Ainda sim, 'Nosso Sonho' é um filme cheio de ótimas atuações, direção competente, os arranjos musicais também são incríveis e a fotografia, junto da reconstrução da década de 90, são eficientes.
Está é uma biografia linda sobre oportunidades, ou sobre a falta delas. E que, mesmo contra todas as adversidades, o talento e o carisma dos dois cantores inspirou e inspira muitas pessoas nas mesmas condições, desencadeando um efeito cascata para mostrar que quando uma pessoa periférica tem um sonho realizado, ele torna-se uma conquista coletiva no sentido de que encoraja muitos outros de também lutarem por seus sonhos.
Casamento Grego 3
2.7 25 Assista AgoraEm 2002, quando a peça de Nia Vardalos (também roteirista e protagonista dos filmes) foi adaptada para o cinema, ninguém podia imaginar que o primeiro filme da franquia se tornaria um estrondoso sucesso de bilheteria e crítica. A história da humorada e cativante família de origem grega rendeu até uma indicação ao Oscar de melhor roteiro original para Vardalos. Uma sequência era prevista, mas ela demorou 14 anos para matar a saudade do público e agora, em 2023, uma terceira parte da franquia chega aos cinemas levando a encantadora família para a Grécia pela primeira vez.
É certo que o que mais encantou o público no primeiro 'Casamento Grego' foi o fato de que a excêntrica e divertida família Portokalos traz aquele sentimento quentinho de pertencimento e aconchego familiar. E mesmo que a família do espectador não tenha raízes gregas, é fácil identificar pelo menos um detalhe ou personagem semelhante com sua família. Além disso, os personagens são tão encantadores, quanto a história em si.
Em meio a isso, há um drama sobre tolerância, migração e adaptação que trazem discussões pertinentes
Já o segundo filme tem o fator nostalgia em seu favor, e mesmo já demonstrando certo desgaste, ainda constrói uma história divertida e com debates interessantes.
Mas essa terceira parte que acaba de chegar aos cinemas não tem muito do carisma que tornou o filme de 2002 um sucesso. Alguns personagens não retornam, seja por seus intérpretes terem morrido ou por qualquer outro motivo, e isso faz com que a história sobre uma família unida fique tão perdida quanto uma própria família enlutada por um ente querido. As piadas não funcionam tanto, os personagens estão perdidos e a história acaba sendo um pouco rasa, ainda sim o filme diverte um pouco.
Nosso Sonho
3.8 182“Nossa história vai virar cinema
E a gente vai passar em Hollywood”
Eu fico pensando nesses versos e o quanto a história do Claudinho e do Buchecha ultrapassou o sonho deles que já era grande.
É uma história que não passou em Hollywood, mas passou para cada brasileiro periférico como eles ou não e divertiu, encantou, deu voz, sentimento e fez perceber que todo sonho é possível.
Nuovo Olimpo
3.6 61 Assista Agora“Quanto mais distante o passado, mais bonito parece”
Os “quase” e os “e se” do passado são sedutores e até mágicos, mas a realidade nos convida a uma outra reflexão. Às vezes ficamos presos à pessoas e situações do passado que
já não existem mais e portanto não se encaixam no nosso presente. Alguns amores resistem ao tempo apenas em nossas lembranças.
Fear the Walking Dead (8ª Temporada)
2.5 45Certamente a série vem decaindo de umas temporadas para cá e infelizmente ela tinha a faca e o queijo na mão com personagens fortes, liberdade criativa que a série original nao tinha tanto e até alguns elementos interessantes como zumbis radioativos, furacão, acidente de avião....
Mas acredito que o saldo foi de mediano para positivo com o retorno
da Madison
dela com a Alicia
O universo de TWD precisava de um empenho maior, tipo o que foi feito na fantástica série do Daryl e acho que com os acertos dessa série e com a do Negan, o universo caminha para uma direção muito positiva para então encerrar tudo com dignidade rs