O diretor alemão Christian Petzold é ótimo em construir uma história inicialmente sutil, impossível prever onde irá culminar, e que sempre termina em algo impactante. Não é diferente com "Phoenix"; o filme começa com a sobrevivente do holocausto Nelly (Nina Hoss), toda enfaixada por ter ficado desfigurada no genocídio. Ela faz um tratamento de reconstrução facial e em algum tempo recupera-se, tornando-se uma mulher que ela não reconhece mais. A história até ai tem um ritmo lento, mas nem por isso desinteressante, pelo contrário. A forma com que as camadas vão sendo reveladas, paulatinamente e de modo misterioso, prende o espectador. Nelly descobre que o marido está vivo e trabalhando de garçom em um bar chamado Phoenix. Ela vai até o homem e ele surpreendentemente não a reconhece, o que choca Nelly. Então, o homem faz uma proposta um tanto quanto inusitada para ela.
O título do longa refere-se literalmente ao nome do bar, mas também traz consigo a metáfora da própria jornada de Nelly que, como a fênix (tradução de Phoenix), renasce das cinzas após ter sua identidade arrancada de si mesma no holocausto. Infelizmente certas situações na vida nos afetam de tal modo que fazem com que nos percamos de nós mesmos e para a maior parte disso não há volta, resta apenas renascer das cinzas.
E como não podia faltar um final surpreendente, este de Phoenix não é nada mirabolante, mas choca e arrepia pela tamanha potência com que foi feito. A letra da música cantada no final e as atuações dos dois personagens centrais tornam a cena impactante e inesquecível.
Do diretor alemão Christian Petzold, 'Afire' é uma força da natureza que aparentemente parece controlada, mas vai agitando-se até culminar em um final surpreendente. E essa é uma característica bem marcante no cinema de Petzold. Suas histórias sempre tem inícios singelos e calmos, em oposição a finais de revelações e acontecimentos estarrecedores.
Na história, os amigos Leon (Thomas Schubert) e Felix (Langston Uibel) vão para a casa de praia, na região do mar Báltico, que pertencia à mãe de Felix para que eles tenham sossego ao trabalhar. O filho da dona da casa precisa montar seu portfólio fotográfico e o outro, um jovem escritor, pretende se isolar para trabalhar em seu mais novo livro. Acontece que a casa também fora emprestada para a jovem Nadja (Paula Beer) que está trabalhando durante o verão em uma empresa local e sua presença tumultua os planos dos dois amigos. Felix se adapta fácil a situação e acaba fazendo amizade com Nadja e com um salva-vidas da praia próxima a residência, contudo, Leon se distancia e torna-se a pessoa mais irritadiça e grosseira do mundo.
Enquanto os três jovens aproveitam o tempo livre em jantares, mergulhos na praia e jogos noturnos, Leon tenta trabalhar e punir os outros por seus próprios fracassos e frustrações. Há um incêndio florestal colossal na região e ele vai tomando a cidade aos poucos ao longo do filme. Conforme ele se aproxima da casa onde Leon está hospedado, seus ânimos vão se exaltando ainda mais, até o ponto em que ele próprio se torna, como um comentário do Letterboxd brinca, O Retrato de um Incel Em Chamas. Tal qual como em 'Incêndios', do Franco-Canadense Denis Villeneuve, chega a ser arrepiante como o desfecho de 'Afire' nos pega de surpresa e traz à luz discussões acerca de como julgamos um livro pela capa, de como às vezes estamos tão focados em nossas próprias vidas e perdemos oportunidades de viver com as pessoas ao redor e de como deixamos o amor escapar fácil por estarmos distraídos ou enfurecidos com pouco.
O título original do filme, Roter Himmel, significa Céu Vermelho em alemão e obviamente tem relação direta com o incêndio florestal, mas também é uma metáfora à montanha russa de sentimentos que aquele verão despertou em Leon. Vermelho representa o desejo sexual, também a energia criativa da qual o personagem anseia trabalhar e a fúria psicológica em que ele se afunda. Petzold cria com Leon um personagem tão desprezível, quanto passível de perdão e com isso ele torna seu filme tão crível quanto humano. E mesmo com essa aspereza, a história consegue ter pinceladas poéticas que amaciam o desfecho.
Visualmente um deleite, 'Please Baby Please' encanta os olhos dos espectadores com uma estética noir e cheia de cores fortes neon. As atuações sólidas e competentes e os personagens interessantes, tornam o longa ainda mais atrativo de acompanhar, mesmo que o filme peque em desenvolver mais a parte técnica do que a história em si.
Na história, o casal improvável Suze (Andrea Riseborough, do recente e polêmico 'A Sorte Grande') e Arthur (Harry Melling, o eterno Dudley de 'Harry Potter') cruzam caminho com uma gangue que acabava de assassinar outro casal e eles criam uma ligação com o grupo criminoso, mais em especial com seu líder, Teddy (Karl Glusman, astro de 'Love' de Gaspar Noé). Esse esbarrão gera consequências para o trio e faz todos questionarem suas identidades sexuais, bem como o papel social de cada um na sociedade e em seus relacionamentos. Os desdobramentos que o filme levanta são bem atrativos e podem gerar discussões, embora o filme não se aprofunde neles. O longa também traz a participação especial da atriz Demi Moore.
Com um climinha semelhante ao filme de 2003 'No Cair da Noite', com o qual eu tenho um laço afetivo e nostálgico bem grande, eu acabei indo assistir Boogeyman com expectativas altas e me decepcionei bastante. Ele começa até bem, mas não consegue se sustentar com uma história cheia de cliches, furos e sem criar aquela aflição e suspense que um filme desse tipo requer. Talvez com baixas expectativas a experiência seja diferente, mas acho difícil. Não tem muita coisa nesse filme que se salva. Nem mesmo o monstro é bem retratado e aparece tao sem contexto quanto todo o restante do filme. Eu esperava mais.
Um whodunit com um aspecto quase inteiramente em plano sequencia, mergulhado em intrigas e mistérios do mundo da moda e com uma trilha sonora tão bem trabalhada e interessante que quase torna-se uma personagem dentro da história, aumentando em progressão concomitantemente ao suspense que se intensifica ao longo do filme.
Certamente a conclusão é anticlimax, mas tão proposital quanto no recente
. E isso pode desagradar alguns espectadores que, em conformidade com a evolução crescente do suspense, imaginam um final apoteótico e caótico. Ainda sim, isso não faz de 'Medusa Deluxe' um filme ruim, pelo contrário, ele é genial em tudo que propõe e desenvolve. É como se a Agatha Christie escrevesse um dos seus misteriosos romances nos dias de hoje de forma bem alternativa e moderninha.
Filmão! 'Efeito Borboleta' encontra 'Dois Minutos Além do Infinito' e de um modo totalmente diferente e criativo. 'Lola' é um filme curto, objetivo, bem divertido e que mesmo com poucos recursos consegue construir uma história intrigante e instigante. Não deixa a desejar em nada para séries como Doctor Who, Fringe, Arquivo x e Além da Imaginação. É uma aula de cinema!
O episódio 6 e o último são perigosos para quem tem ansiedade. Eu terminei ambos tremendo e com o coração acelerado. Essa série é realmente o retrato fiel da sociedade em modo acelerado, onde tudo tem que acontecer para ontem, e ninguém tem tempo para mais nada nem ninguém, e as contas vão acumulando, os sonhos se tornam pesadelos e traumas geram novos traumas em uma bola de neve. Eu estou curioso para saber como vão desenrolar aquele final... mas por ora, estou me recuperando dessa temporada intensa.
Ahh e não poderia deixar de destacar a atuação monstruosa da
O interessante no filme é que é um terror fora de Hollywood bem feitinho... mas no geral é um filme que não traz nada de novo. Nem se quer empolga com essa colcha de retalhos que ele cria. Se você não for muito exigente... talvez até goste. Mas não espere muito.
Com uma atmosfera tão carregada e sombria quanto em 'O Chamado' e 'Corrente do Mal', 'Fale Comigo' não só tem essa ambientação primorosa que por si própria já e um elemento assustador no filme, mas também traz um frescor de filmes de adolescentes estúpidos cometendo erros estúpidos. E esse clima com sensação de estar testemunhando algo proibido ou amaldiçoado se une a um roteiro criativo e extremamente insano e macabro, dando origem a uma das histórias mais intensas e assustadoras dos últimos anos, sem nem ao menos apelar para jump scares baratos. O final mergulha o espectador em uma sensação de aflição, angustia e desespero e traz à tona uma discussão pertinente sobre o porquê os mortos devem ser deixados em paz. 'Fale Comigo' é um terror pesado, eficiente na criação de tensão e bem competente, mas para quem não está acostumado com esse nível de horror, ou tem medo de espíritos, eu recomendo passar longe, pois esse filme vai te manter acordado por noites. rs
Sobrenatural é o caso clássico da falta de criatividade em Hollywood. Mesmo sem ter um planejamento e uma história para tantos filmes, os estúdios continuam sugando até o fim dessa ideia em que misteriosamente o público permanece fiel, mesmo com a queda vertiginosa e abruta da qualidade em comparação com o primeiro filme. Que essa porta vermelha se feche para sempre ou até que eles tenham uma ideia decente para retornar.
A ideia é boa e mesmo o desenvolvimento deixando a desejar em alguns quesitos, esse é aquele suspense bem Supercine que diverte àqueles que curtem esse tipo de filme. Não espere muito e você pode acabar gostando.
Alguns amores permanecem em vidas passadas, e não precisa nem mesmo morrer para isso acontecer. São pessoas que nos conheceram quando éramos jovens, ou antes de uma grande mudança na vida, ou até o amor nostálgico por nós mesmos em uma fase de nossas vidas que acabou.
“É verdade que se você partir, você realmente perde coisas, mas você também ganha coisas”
E citando o Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças: “você pode apagar alguém da sua mente, removê-la do seu coração é uma outra história”… Portanto um amor que se foi, você nunca perde, ele apenas abre espaço para um novo quando imigra para partes remotas do coração.
''Poker Face'' é uma deliciosa e surpreendente série investigativa que fica ainda mais gostosa de assistir com sua protagonista, a excelente Natasha Lyonne. Contendo uma história central, a da própria Lyonne, que dá vida a sua irreverente e divertida Charlie, a série apresenta um novo mistério em cada episódio e coloca a personagem para desvendá-lo. São inúmeras histórias e personagens nas situações mais imprevisíveis e impagáveis possíveis e é impossível não se apaixonar por esse jeito doidão e cativante da Charlie e suas habilidades quase sobrenaturais de se meter em confusão.
Na história, Charlie é funcionária de um cassino/hotel em Las Vegas e possui uma habilidade especial. Ela é um detector de mentiras humano. A mulher consegue detectar a mentira de longe. Por conta disso, ela acaba descobrindo que o desaparecimento de uma colega no trabalho foi na verdade um crime, e isso a coloca em uma posição de risco, a fazendo fugir da cidade. Portanto, em cada episódio é mostrado Charlie não só fugindo dos criminosos do primeiro episódio, mas se envolvendo com mais crimes que ela encontra pela estrada e que ela tenta solucionar.
Poker face é uma expressão inglesa que denota uma feição humana impassível e sem emoção e é usada na série como um antagonismo à habilidade da protagonista de detectar as mentiras das pessoas, mesmo que elas tentem fazer uma poker face. E Natasha Lyonne interpreta essa personagem com esse poder de modo tão genuíno e espirituoso, que mesmo a personagem sendo loucona, a ingenuidade dela cativa o espectador. Podem até falar que Lyonne frequentemente interpreta versões diferentes dela mesma em todo papel dela, mas isso não é um defeito, porque ela preenche sempre a tela com seu carisma, talento cômico e sua aparência e voz singulares.
Poker face é um divertido 'road-movie' (ou road-série?) investigativo que fica melhor a cada episódio e é recheado de participações especiais. Felizmente a série foi renovada para a segunda temporada, mas é um sacrilégio ela ainda não ter nem previsão de estreia no Brasil. Que algum streaming ou TV compre logo.
Um espetáculo visual, sonoro e psicológico, Oppenheimer é sem dúvida o trabalho mais maduro e profundo de Christopher Nolan. O filme mergulha na política da época, mais precisamente na dos EUA, e nas camadas complexas do cientista norte-americano J. Robert Oppenheimer, o qual levou a física quântica para o seu país e mudou completamente o mundo e a si mesmo.
Talvez o filme seja difícil de acompanhar pela quantidade enorme de personalidades, sua história recheada de diálogos longos e sua duração excessiva, mas este é sem dúvida um ambicioso projeto que vale a pena ser conferido, e no cinema de preferência por conta do cuidado minucioso de Nolan e sua equipe. Cada detalhe foi muito bem orquestrado e montado. O espectador consegue perceber o refinamento desde os diálogos bem escritos, perpassando pelas excelentes atuações e maquiagens de primeira, o poderoso som e trilha sonora, a edição e direção frenéticas, até o visual esplêndido que não usa CGI algum e trabalha com tudo o mais real possível. Duas cenas se destacam nessa qualidade ímpar de Oppenheimer:
a da explosão do teste que é tensão pura e a longa cena do julgamento que não era julgamento rs
Ao mesmo tempo em que Nolan remonta com perspicácia e acurácia os acontecimentos, os atores dão um banho assustador de atuação, em especial Cillian Murphy, Robert Downey Jr e Emily Blunt e a mensagem final do filme é um recado assustador quanto ao caminho sem volta em que a humanidade entrou, e faz o provérbio de Confúcio bem adequado: "Antes de iniciar uma vingança, cave duas covas”, e a palavra vingança ali pode ser facilmente substituída por guerra.
Originalmente uma produção Blue Sky, subsidiária da Fox, a qual foi adquirida pela Disney e fechou não só o estúdio mas cancelou a animação já em estágios avançados de produção. Com isso, e após assistir ao filme, fica bem evidente o porquê do estúdio do rato ter cancelado o projeto. Por sorte o filme encontrou seu lar na Netflix e pôde nascer.
Ainda sim, essa é uma animação que está fazendo sucesso mais pelo marketing boca a boca do que por um esforço da Netflix. E felizmente mais e mais pessoas estão descobrindo essa surpresa de animação que é não só muito criativa, como corajosa por construir uma história cheia de inclusão e representatividade.
Nimona (Chloë Grace Moretz) é uma das personagens centrais que cruza caminho com um quase cavaleiro empossado, o Ballister (Riz Ahmed) depois que ele é acusado de um crime que ele não cometeu. Ela é uma excêntrica pessoa que ajuda Ballister a solucionar esse mistério e, mais que isso, o ajuda a enxergar a vida de outro prisma.
Na cativante história medieval-futurística (um conceito surpreendentemente bem construído) a personagem de Nimona é a representação do diferente na sociedade, já os costumes e preconceitos ultrapassados desse local não ornam com o futuro, mas funcionam como muros e impedem que a cidade evolua e se abra para uma nova forma de enxergar as pessoas e o mundo.
Esse é um filme não só divertido, mas essencial para trazer todos os espectadores que podem ver o filme refletirem sobre suas ações para tornar o mundo um lugar com mais amor e mais tolerância.
De uma história que poderia facilmente ter sido criada por Jordan Peele, Clonaram Tyrone é um filme divertidíssimo e que sem dúvida bebe da fonte de Peele, mas que ao contrário do que o já estelar cineasta costuma fazer, "Clonaram Tyrone!" acaba indo mais para o lado da comédia e do suspense. E como pano de fundo para tudo isso, o filme constrói uma crítica social sobre como a população negra é tratada com negligência, desdém e é até mesmo usada e abusada desde os tempos de escravidão.
Na história, o traficante Fontaine (John Boyega) acaba sendo assassinado mas reaparece vivo no dia seguinte. Para solucionar esse mistério, ele se junta a ex prostituta Teyonah Parris (Teyonah Parris) e o cafetão Slick Charles (Jamie Foxx) e eles descobrem que algo surpreendente está acontecendo naquela região da cidade de maioria negra.
A série empolga por conta da mudança de cenário e por algumas cenas bem criativas, mas honestamente eu não achei a história tão empolgante e diferente da série original. Talvez o que justifique isso é o fato de que eles estão expandindo o universo e de que essa temporada será apenas uma introdução de algo maior que virá. Vou assistir a segunda temporada e ver onde vai dar isso. Enfim, a série diverte, mas fica bem aquém o que poderia ser.
Filmão! Além do roteiro ser coerente com a própria franquia, há um grande êxito em construir cenas bem coreografadas e outras de tirar o fôlego. Todas as cenas têm um cuidado tão perceptível, seja na fotografia ou na própria criatividade e coragem em desenvolver certos segmentos e isso faz o espectador passear nas quase 3h de projeção por uma montanha russa de emoções, em especial a angustia e a tensão nas cenas mais intensas. O final deixa aquele gosto de que uma sequência épica esta por vir e só cria ainda mais ansiedade. É um filmão para ser visto na telona!
Baseado em um dos livros de mesmo título da série de 8 volumes escrita por Tom Holt, 'O Portal Secreto' abraça o fantástico e constrói um universo tão gostoso, quanto divertido. A história de mistério traz como personagem central o carismático jovem Paul Carpenter (Patrick Gibson, dos seriados 'The OA' e 'Sombra e Ossos'), que, à procura de um emprego, acaba sendo guiado até uma empresa peculiar na qual o rapaz consegue uma vaga sem saber o motivo e sem se quer ter noção do que iria fazer ali e em que área a empresa atua. Mas como nessa história não há coincidências, Paul acaba descobrindo que ele é necessário ali para uma importante missão.
O gostoso em 'O Portal Secreto' é que ele não tem pretensões megalomaníacas. Esta é uma trama pequena, mas com grande potencial de se tornar um universo progressivamente maior. E isso é um grande acerto. Os personagens também são todos cativantes e excêntricos, evocando toda a loucura e peculiaridade de filmes como 'Os Fantasmas se Divertem'. Este é um filme para assistir sem grandes expectativas e pretensões, e assim a diversão estará garantida. Espero que eles adaptem os demais livros da série.
Terror psicológico nos mesmos moldes de 'O Babadook' e 'Hereditário', 'Run Rabbit Run' começa com uma história intrigante e interessante, prometendo um filmão! Mas da metade para o final, o filme desaba em clichés e uma trama completamente sem graça. Nem mesmo a atuação da talentosa Sarah Snook salva o filme do desastre. Uma pena, mas poderia ter sido muito melhor se apostasse mais no lado ambíguo, ao contrário de expor demais.
É inegável a importância de John Wick para o gênero. Esta é uma franquia cuja influencia ressoa e molda os filmes de ação atualmente, e, apesar de um último segmento lindíssimo visualmente e com cenas de luta impecavelmente bem desenvolvidas e orquestradas (veja por exemplo aquela cena de tirar o fôlego próxima ao Arco do Triunfo, em Paris), fica bem evidente o cansaço da franquia,. Cansaço é o que o filme transmite também com cenas excessivamente longas, tornando as suas quase 3 horas de duração um exagero extravagante. John Wick tem sim ótimas cenas de ação, diverte em todas essas, garante uma conclusão ao personagem central digna de um herói, mas peca quando esquece-se que o menos, é sempre mais! Com isso, o roteiro é deixado de lado e fica bem raso. Ainda sim, para quem é fã da franquia e acompanhou a saga até aqui, vale a pena ver essa conclusão.
Com uma história intrigante e recheada de mistérios e reviravoltas, a distopia 'Silo' é uma das maiores surpresas do ano, indiscutivelmente. Inclusive seu o autor, Hugh Howey, o qual também participou da sala de roteiro, revelou que a série da Apple Tv não só captou de forma fiel a parte que fora adaptada do primeiro livro, mas também os permitiu adicionar informações extras.
Na história, centenas de pessoas vivem em um silo - uma espécie de abrigo subterrâneo, pois o mundo exterior é supostamente tóxico para a vida humana. A vida nessa comunidade é dividida por algo como castas. As pessoas vivendo em níveis mais próximos à superfície são as mais afortunadas e consequentemente as que ocupam posições de prestígio no Silo: como políticos, juízes, policiais, médicos... e quanto mais inferior a pessoa reside dentro dessa estrutura, mais arriscado e insalubre é o trabalho dela.
O silo é regido por um conjunto de leis chamado Pacto. Dentre essas, fica discriminado que não pode haver elevadores no Silo, portanto, seus residentes só conseguem se locomover por entre os 144 níveis através da escadaria em espiral. Outro ponto do Pacto é que é permanentemente proibida a posse do que eles chamam de Relíquias - que nada mais são do que objetos de antes da ocupação do Silo. Qualquer pessoa na posse de um estará sujeita a sanções. Do mesmo modo, qualquer pessoa que falar que gostaria de deixar o Silo, mesmo que uma vez ou de brincadeira, terá de deixar o Silo sem poder retornar e deve obrigatoriamente limpar os visores que mostram à sociedade como o mundo do lado de fora está arruinado.
Com isso, sabe-se que este é um local cheio de regras e com um 'estado' regulador e ditatorial. Onde certamente existem perguntas demais, como o motivo deles terem ocupado o Silo há mais de 100 anos e o quanto tempo eles terão de ficar ali confinados, por outro lado, não existe nem a chance de resposta alguma para nenhuma dúvida. Em um local onde existem pessoas opressoras, certamente vão surgir pessoas tentando não só buscar saciar suas questões, mas também diminuir as injustiças. E nessas inúmeras dúvidas, a história começa de forma genial passando o bastão do protagonismo até que ele chega nas mãos da engenheira Juliette Nichols, interpretada magistralmente pela Rebecca Ferguson. Juliette acaba aproveitando uma oportunidade para investigar um mistério pessoal e com isso ela adiciona mais um bocado de perguntas ao seu caderno de investigação.
A série começa nesse ponto em que Rebecca Ferguson inunda a tela com seu talento. E o roteiro vai aos poucos revelando seus mistérios, ampliando o interessantíssimo universo criado aqui, criando cenas de tirar o fôlego e gerando reviravoltas inesperadas. O final da temporada é tão inteligente por optar em seguir um caminho nada expositivo que faz o espectador se questionar, como se estivesse dentro da história tendo uma visão parcial dos fatos. Mas prestando a atenção nos detalhes, tudo fica bem claro.
Silo é uma série imperdível, e, agora com a renovação garantida, resta aguardar para saber como a Apple vai adaptar a segunda temporada. Se ela vai inserir de uma vez o restante do primeiro livro ou vai partir para o segundo e deixar o final do primeiro para os episódios finais da segunda temporada. De um jeito ou de outro, Silo tem potencial para se tornar um fenômeno.
O que eu entendi do final da primeira temporada foi que
a Martha Walker, senhorinha amiga da Juliette lá das profundezas, já estava desconfiada de que o Silo mandava as pessoas para o lado de fora para que elas morressem. E a razão disso é que eles usavam uma fita de baixa qualidade para reforçar a roupa de saída do Silo e com isso o ar no exterior, que é realmente tóxico, entrava por frestas na roupa e matava as pessoas. Sem contar o visor da roupa que é manipulado e induz a pessoa a pensar que o ambiente não está arruinado e contaminado. Então a Martha consegue trocar as fitas e a Juliette sobrevive pois seu traje fica seguro. Isso prova para Martha o que ela já suspeitava. E o que ela fará com essa informação na segunda temporada pode desencadear em um confronto entre a sociedade e o Bernard.
Eu comecei a ver a série quando estreou, mas fiquei tão ansioso que larguei. Dai retornei recentemente e fiquei feliz de ter retomado. Que série ótima! História bem construída e intensa, personagens profundos, direção competente e trilha sonora incrível! Obviamente não é uma série para quem tem ansiedade ou problemas com pânico... em especial por conta do primeiro e do sétimo episódio, mas sem dúvida este é não só um recorte cru e cruel da realidade, mas também bem emocionante.
Phoenix
3.8 104 Assista AgoraO diretor alemão Christian Petzold é ótimo em construir uma história inicialmente sutil, impossível prever onde irá culminar, e que sempre termina em algo impactante. Não é diferente com "Phoenix"; o filme começa com a sobrevivente do holocausto Nelly (Nina Hoss), toda enfaixada por ter ficado desfigurada no genocídio. Ela faz um tratamento de reconstrução facial e em algum tempo recupera-se, tornando-se uma mulher que ela não reconhece mais. A história até ai tem um ritmo lento, mas nem por isso desinteressante, pelo contrário. A forma com que as camadas vão sendo reveladas, paulatinamente e de modo misterioso, prende o espectador.
Nelly descobre que o marido está vivo e trabalhando de garçom em um bar chamado Phoenix. Ela vai até o homem e ele surpreendentemente não a reconhece, o que choca Nelly. Então, o homem faz uma proposta um tanto quanto inusitada para ela.
O título do longa refere-se literalmente ao nome do bar, mas também traz consigo a metáfora da própria jornada de Nelly que, como a fênix (tradução de Phoenix), renasce das cinzas após ter sua identidade arrancada de si mesma no holocausto. Infelizmente certas situações na vida nos afetam de tal modo que fazem com que nos percamos de nós mesmos e para a maior parte disso não há volta, resta apenas renascer das cinzas.
E como não podia faltar um final surpreendente, este de Phoenix não é nada mirabolante, mas choca e arrepia pela tamanha potência com que foi feito. A letra da música cantada no final e as atuações dos dois personagens centrais tornam a cena impactante e inesquecível.
Afire
3.8 52 Assista AgoraDo diretor alemão Christian Petzold, 'Afire' é uma força da natureza que aparentemente parece controlada, mas vai agitando-se até culminar em um final surpreendente. E essa é uma característica bem marcante no cinema de Petzold. Suas histórias sempre tem inícios singelos e calmos, em oposição a finais de revelações e acontecimentos estarrecedores.
Na história, os amigos Leon (Thomas Schubert) e Felix (Langston Uibel) vão para a casa de praia, na região do mar Báltico, que pertencia à mãe de Felix para que eles tenham sossego ao trabalhar. O filho da dona da casa precisa montar seu portfólio fotográfico e o outro, um jovem escritor, pretende se isolar para trabalhar em seu mais novo livro. Acontece que a casa também fora emprestada para a jovem Nadja (Paula Beer) que está trabalhando durante o verão em uma empresa local e sua presença tumultua os planos dos dois amigos. Felix se adapta fácil a situação e acaba fazendo amizade com Nadja e com um salva-vidas da praia próxima a residência, contudo, Leon se distancia e torna-se a pessoa mais irritadiça e grosseira do mundo.
Enquanto os três jovens aproveitam o tempo livre em jantares, mergulhos na praia e jogos noturnos, Leon tenta trabalhar e punir os outros por seus próprios fracassos e frustrações. Há um incêndio florestal colossal na região e ele vai tomando a cidade aos poucos ao longo do filme. Conforme ele se aproxima da casa onde Leon está hospedado, seus ânimos vão se exaltando ainda mais, até o ponto em que ele próprio se torna, como um comentário do Letterboxd brinca, O Retrato de um Incel Em Chamas.
Tal qual como em 'Incêndios', do Franco-Canadense Denis Villeneuve, chega a ser arrepiante como o desfecho de 'Afire' nos pega de surpresa e traz à luz discussões acerca de como julgamos um livro pela capa, de como às vezes estamos tão focados em nossas próprias vidas e perdemos oportunidades de viver com as pessoas ao redor e de como deixamos o amor escapar fácil por estarmos distraídos ou enfurecidos com pouco.
O título original do filme, Roter Himmel, significa Céu Vermelho em alemão e obviamente tem relação direta com o incêndio florestal, mas também é uma metáfora à montanha russa de sentimentos que aquele verão despertou em Leon. Vermelho representa o desejo sexual, também a energia criativa da qual o personagem anseia trabalhar e a fúria psicológica em que ele se afunda. Petzold cria com Leon um personagem tão desprezível, quanto passível de perdão e com isso ele torna seu filme tão crível quanto humano. E mesmo com essa aspereza, a história consegue ter pinceladas poéticas que amaciam o desfecho.
Please Baby Please
3.1 19 Assista AgoraVisualmente um deleite, 'Please Baby Please' encanta os olhos dos espectadores com uma estética noir e cheia de cores fortes neon. As atuações sólidas e competentes e os personagens interessantes, tornam o longa ainda mais atrativo de acompanhar, mesmo que o filme peque em desenvolver mais a parte técnica do que a história em si.
Na história, o casal improvável Suze (Andrea Riseborough, do recente e polêmico 'A Sorte Grande') e Arthur (Harry Melling, o eterno Dudley de 'Harry Potter') cruzam caminho com uma gangue que acabava de assassinar outro casal e eles criam uma ligação com o grupo criminoso, mais em especial com seu líder, Teddy (Karl Glusman, astro de 'Love' de Gaspar Noé). Esse esbarrão gera consequências para o trio e faz todos questionarem suas identidades sexuais, bem como o papel social de cada um na sociedade e em seus relacionamentos. Os desdobramentos que o filme levanta são bem atrativos e podem gerar discussões, embora o filme não se aprofunde neles.
O longa também traz a participação especial da atriz Demi Moore.
Boogeyman: Seu Medo é Real
2.8 228 Assista AgoraCom um climinha semelhante ao filme de 2003 'No Cair da Noite', com o qual eu tenho um laço afetivo e nostálgico bem grande, eu acabei indo assistir Boogeyman com expectativas altas e me decepcionei bastante. Ele começa até bem, mas não consegue se sustentar com uma história cheia de cliches, furos e sem criar aquela aflição e suspense que um filme desse tipo requer.
Talvez com baixas expectativas a experiência seja diferente, mas acho difícil. Não tem muita coisa nesse filme que se salva.
Nem mesmo o monstro é bem retratado e aparece tao sem contexto quanto todo o restante do filme. Eu esperava mais.
Medusa Deluxe
3.2 19 Assista AgoraUm whodunit com um aspecto quase inteiramente em plano sequencia, mergulhado em intrigas e mistérios do mundo da moda e com uma trilha sonora tão bem trabalhada e interessante que quase torna-se uma personagem dentro da história, aumentando em progressão concomitantemente ao suspense que se intensifica ao longo do filme.
Certamente a conclusão é anticlimax, mas tão proposital quanto no recente
'Morte Morte Morte' (2022)
Só a fala:
It's a fucking TRESemmé, your fucking Bitch! (É a porra de um TRESemmé, sua vadia da porra!)
LOLA
3.4 10Filmão!
'Efeito Borboleta' encontra 'Dois Minutos Além do Infinito' e de um modo totalmente diferente e criativo.
'Lola' é um filme curto, objetivo, bem divertido e que mesmo com poucos recursos consegue construir uma história intrigante e instigante. Não deixa a desejar em nada para séries como Doctor Who, Fringe, Arquivo x e Além da Imaginação.
É uma aula de cinema!
Bare
1.0 1Um belo sonífero!
O Urso (2ª Temporada)
4.5 240O episódio 6 e o último são perigosos para quem tem ansiedade. Eu terminei ambos tremendo e com o coração acelerado.
Essa série é realmente o retrato fiel da sociedade em modo acelerado, onde tudo tem que acontecer para ontem, e ninguém tem tempo para mais nada nem ninguém, e as contas vão acumulando, os sonhos se tornam pesadelos e traumas geram novos traumas em uma bola de neve.
Eu estou curioso para saber como vão desenrolar aquele final... mas por ora, estou me recuperando dessa temporada intensa.
Ahh e não poderia deixar de destacar a atuação monstruosa da
Jamie Lee Curtis. Ela merece todos os prêmios. E claro a deliciosa participação da Olivia Colman onipresente como sempre rs
O Clube de Leitores Assassinos
2.3 99 Assista AgoraO interessante no filme é que é um terror fora de Hollywood bem feitinho... mas no geral é um filme que não traz nada de novo. Nem se quer empolga com essa colcha de retalhos que ele cria. Se você não for muito exigente... talvez até goste. Mas não espere muito.
Fale Comigo
3.6 975 Assista AgoraCom uma atmosfera tão carregada e sombria quanto em 'O Chamado' e 'Corrente do Mal', 'Fale Comigo' não só tem essa ambientação primorosa que por si própria já e um elemento assustador no filme, mas também traz um frescor de filmes de adolescentes estúpidos cometendo erros estúpidos. E esse clima com sensação de estar testemunhando algo proibido ou amaldiçoado se une a um roteiro criativo e extremamente insano e macabro, dando origem a uma das histórias mais intensas e assustadoras dos últimos anos, sem nem ao menos apelar para jump scares baratos. O final mergulha o espectador em uma sensação de aflição, angustia e desespero e traz à tona uma discussão pertinente sobre o porquê os mortos devem ser deixados em paz.
'Fale Comigo' é um terror pesado, eficiente na criação de tensão e bem competente, mas para quem não está acostumado com esse nível de horror, ou tem medo de espíritos, eu recomendo passar longe, pois esse filme vai te manter acordado por noites. rs
Sobrenatural: A Porta Vermelha
2.6 314 Assista AgoraSobrenatural é o caso clássico da falta de criatividade em Hollywood. Mesmo sem ter um planejamento e uma história para tantos filmes, os estúdios continuam sugando até o fim dessa ideia em que misteriosamente o público permanece fiel, mesmo com a queda vertiginosa e abruta da qualidade em comparação com o primeiro filme.
Que essa porta vermelha se feche para sempre ou até que eles tenham uma ideia decente para retornar.
Toc Toc Toc: Ecos do Além
2.6 237 Assista AgoraA ideia é boa e mesmo o desenvolvimento deixando a desejar em alguns quesitos, esse é aquele suspense bem Supercine que diverte àqueles que curtem esse tipo de filme. Não espere muito e você pode acabar gostando.
Vidas Passadas
4.2 776 Assista AgoraAlguns amores permanecem em vidas passadas, e não precisa nem mesmo morrer para isso acontecer.
São pessoas que nos conheceram quando éramos jovens, ou antes de uma grande mudança na vida, ou até o amor nostálgico por nós mesmos em uma fase de nossas vidas que acabou.
Como a mãe da Nora diz no começo do filme:
“É verdade que se você partir, você realmente perde coisas, mas você também ganha coisas”
E citando o Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças: “você pode apagar alguém da sua mente, removê-la do seu coração é uma outra história”…
Portanto um amor que se foi, você nunca perde, ele apenas abre espaço para um novo quando imigra para partes remotas do coração.
Poker Face (1ª Temporada)
4.1 28 Assista Agora''Poker Face'' é uma deliciosa e surpreendente série investigativa que fica ainda mais gostosa de assistir com sua protagonista, a excelente Natasha Lyonne.
Contendo uma história central, a da própria Lyonne, que dá vida a sua irreverente e divertida Charlie, a série apresenta um novo mistério em cada episódio e coloca a personagem para desvendá-lo. São inúmeras histórias e personagens nas situações mais imprevisíveis e impagáveis possíveis e é impossível não se apaixonar por esse jeito doidão e cativante da Charlie e suas habilidades quase sobrenaturais de se meter em confusão.
Na história, Charlie é funcionária de um cassino/hotel em Las Vegas e possui uma habilidade especial. Ela é um detector de mentiras humano. A mulher consegue detectar a mentira de longe. Por conta disso, ela acaba descobrindo que o desaparecimento de uma colega no trabalho foi na verdade um crime, e isso a coloca em uma posição de risco, a fazendo fugir da cidade. Portanto, em cada episódio é mostrado Charlie não só fugindo dos criminosos do primeiro episódio, mas se envolvendo com mais crimes que ela encontra pela estrada e que ela tenta solucionar.
Poker face é uma expressão inglesa que denota uma feição humana impassível e sem emoção e é usada na série como um antagonismo à habilidade da protagonista de detectar as mentiras das pessoas, mesmo que elas tentem fazer uma poker face.
E Natasha Lyonne interpreta essa personagem com esse poder de modo tão genuíno e espirituoso, que mesmo a personagem sendo loucona, a ingenuidade dela cativa o espectador. Podem até falar que Lyonne frequentemente interpreta versões diferentes dela mesma em todo papel dela, mas isso não é um defeito, porque ela preenche sempre a tela com seu carisma, talento cômico e sua aparência e voz singulares.
Poker face é um divertido 'road-movie' (ou road-série?) investigativo que fica melhor a cada episódio e é recheado de participações especiais. Felizmente a série foi renovada para a segunda temporada, mas é um sacrilégio ela ainda não ter nem previsão de estreia no Brasil. Que algum streaming ou TV compre logo.
Oppenheimer
4.0 1,1KUm espetáculo visual, sonoro e psicológico, Oppenheimer é sem dúvida o trabalho mais maduro e profundo de Christopher Nolan.
O filme mergulha na política da época, mais precisamente na dos EUA, e nas camadas complexas do cientista norte-americano J. Robert Oppenheimer, o qual levou a física quântica para o seu país e mudou completamente o mundo e a si mesmo.
Talvez o filme seja difícil de acompanhar pela quantidade enorme de personalidades, sua história recheada de diálogos longos e sua duração excessiva, mas este é sem dúvida um ambicioso projeto que vale a pena ser conferido, e no cinema de preferência por conta do cuidado minucioso de Nolan e sua equipe. Cada detalhe foi muito bem orquestrado e montado. O espectador consegue perceber o refinamento desde os diálogos bem escritos, perpassando pelas excelentes atuações e maquiagens de primeira, o poderoso som e trilha sonora, a edição e direção frenéticas, até o visual esplêndido que não usa CGI algum e trabalha com tudo o mais real possível. Duas cenas se destacam nessa qualidade ímpar de Oppenheimer:
a da explosão do teste que é tensão pura e a longa cena do julgamento que não era julgamento rs
Ao mesmo tempo em que Nolan remonta com perspicácia e acurácia os acontecimentos, os atores dão um banho assustador de atuação, em especial Cillian Murphy, Robert Downey Jr e Emily Blunt e a mensagem final do filme é um recado assustador quanto ao caminho sem volta em que a humanidade entrou, e faz o provérbio de Confúcio bem adequado: "Antes de iniciar uma vingança, cave duas covas”, e a palavra vingança ali pode ser facilmente substituída por guerra.
Nimona
4.1 234 Assista AgoraOriginalmente uma produção Blue Sky, subsidiária da Fox, a qual foi adquirida pela Disney e fechou não só o estúdio mas cancelou a animação já em estágios avançados de produção.
Com isso, e após assistir ao filme, fica bem evidente o porquê do estúdio do rato ter cancelado o projeto. Por sorte o filme encontrou seu lar na Netflix e pôde nascer.
Ainda sim, essa é uma animação que está fazendo sucesso mais pelo marketing boca a boca do que por um esforço da Netflix. E felizmente mais e mais pessoas estão descobrindo essa surpresa de animação que é não só muito criativa, como corajosa por construir uma história cheia de inclusão e representatividade.
Nimona (Chloë Grace Moretz) é uma das personagens centrais que cruza caminho com um quase cavaleiro empossado, o Ballister (Riz Ahmed) depois que ele é acusado de um crime que ele não cometeu. Ela é uma excêntrica pessoa que ajuda Ballister a solucionar esse mistério e, mais que isso, o ajuda a enxergar a vida de outro prisma.
Na cativante história medieval-futurística (um conceito surpreendentemente bem construído) a personagem de Nimona é a representação do diferente na sociedade, já os costumes e preconceitos ultrapassados desse local não ornam com o futuro, mas funcionam como muros e impedem que a cidade evolua e se abra para uma nova forma de enxergar as pessoas e o mundo.
Esse é um filme não só divertido, mas essencial para trazer todos os espectadores que podem ver o filme refletirem sobre suas ações para tornar o mundo um lugar com mais amor e mais tolerância.
Clonaram Tyrone!
3.4 83 Assista AgoraDe uma história que poderia facilmente ter sido criada por Jordan Peele, Clonaram Tyrone é um filme divertidíssimo e que sem dúvida bebe da fonte de Peele, mas que ao contrário do que o já estelar cineasta costuma fazer, "Clonaram Tyrone!" acaba indo mais para o lado da comédia e do suspense. E como pano de fundo para tudo isso, o filme constrói uma crítica social sobre como a população negra é tratada com negligência, desdém e é até mesmo usada e abusada desde os tempos de escravidão.
Na história, o traficante Fontaine (John Boyega) acaba sendo assassinado mas reaparece vivo no dia seguinte. Para solucionar esse mistério, ele se junta a ex prostituta Teyonah Parris (Teyonah Parris) e o cafetão Slick Charles (Jamie Foxx) e eles descobrem que algo surpreendente está acontecendo naquela região da cidade de maioria negra.
The Walking Dead: Dead City (1ª Temporada)
3.4 63 Assista AgoraA série empolga por conta da mudança de cenário e por algumas cenas bem criativas, mas honestamente eu não achei a história tão empolgante e diferente da série original. Talvez o que justifique isso é o fato de que eles estão expandindo o universo e de que essa temporada será apenas uma introdução de algo maior que virá. Vou assistir a segunda temporada e ver onde vai dar isso. Enfim, a série diverte, mas fica bem aquém o que poderia ser.
Missão: Impossível 7 - Acerto De Contas - Parte 1
3.9 395 Assista AgoraFilmão!
Além do roteiro ser coerente com a própria franquia, há um grande êxito em construir cenas bem coreografadas e outras de tirar o fôlego. Todas as cenas têm um cuidado tão perceptível, seja na fotografia ou na própria criatividade e coragem em desenvolver certos segmentos e isso faz o espectador passear nas quase 3h de projeção por uma montanha russa de emoções, em especial a angustia e a tensão nas cenas mais intensas.
O final deixa aquele gosto de que uma sequência épica esta por vir e só cria ainda mais ansiedade. É um filmão para ser visto na telona!
O Portal Secreto
3.0 11 Assista AgoraBaseado em um dos livros de mesmo título da série de 8 volumes escrita por Tom Holt, 'O Portal Secreto' abraça o fantástico e constrói um universo tão gostoso, quanto divertido. A história de mistério traz como personagem central o carismático jovem Paul Carpenter (Patrick Gibson, dos seriados 'The OA' e 'Sombra e Ossos'), que, à procura de um emprego, acaba sendo guiado até uma empresa peculiar na qual o rapaz consegue uma vaga sem saber o motivo e sem se quer ter noção do que iria fazer ali e em que área a empresa atua.
Mas como nessa história não há coincidências, Paul acaba descobrindo que ele é necessário ali para uma importante missão.
O gostoso em 'O Portal Secreto' é que ele não tem pretensões megalomaníacas. Esta é uma trama pequena, mas com grande potencial de se tornar um universo progressivamente maior. E isso é um grande acerto.
Os personagens também são todos cativantes e excêntricos, evocando toda a loucura e peculiaridade de filmes como 'Os Fantasmas se Divertem'.
Este é um filme para assistir sem grandes expectativas e pretensões, e assim a diversão estará garantida.
Espero que eles adaptem os demais livros da série.
Apenas Corra
2.5 27Terror psicológico nos mesmos moldes de 'O Babadook' e 'Hereditário', 'Run Rabbit Run' começa com uma história intrigante e interessante, prometendo um filmão! Mas da metade para o final, o filme desaba em clichés e uma trama completamente sem graça.
Nem mesmo a atuação da talentosa Sarah Snook salva o filme do desastre.
Uma pena, mas poderia ter sido muito melhor se apostasse mais no lado ambíguo, ao contrário de expor demais.
John Wick 4: Baba Yaga
3.9 695 Assista AgoraÉ inegável a importância de John Wick para o gênero. Esta é uma franquia cuja influencia ressoa e molda os filmes de ação atualmente, e, apesar de um último segmento lindíssimo visualmente e com cenas de luta impecavelmente bem desenvolvidas e orquestradas (veja por exemplo aquela cena de tirar o fôlego próxima ao Arco do Triunfo, em Paris), fica bem evidente o cansaço da franquia,. Cansaço é o que o filme transmite também com cenas excessivamente longas, tornando as suas quase 3 horas de duração um exagero extravagante.
John Wick tem sim ótimas cenas de ação, diverte em todas essas, garante uma conclusão ao personagem central digna de um herói, mas peca quando esquece-se que o menos, é sempre mais! Com isso, o roteiro é deixado de lado e fica bem raso. Ainda sim, para quem é fã da franquia e acompanhou a saga até aqui, vale a pena ver essa conclusão.
Silo (1ª Temporada)
4.0 144 Assista AgoraCom uma história intrigante e recheada de mistérios e reviravoltas, a distopia 'Silo' é uma das maiores surpresas do ano, indiscutivelmente. Inclusive seu o autor, Hugh Howey, o qual também participou da sala de roteiro, revelou que a série da Apple Tv não só captou de forma fiel a parte que fora adaptada do primeiro livro, mas também os permitiu adicionar informações extras.
Na história, centenas de pessoas vivem em um silo - uma espécie de abrigo subterrâneo, pois o mundo exterior é supostamente tóxico para a vida humana. A vida nessa comunidade é dividida por algo como castas. As pessoas vivendo em níveis mais próximos à superfície são as mais afortunadas e consequentemente as que ocupam posições de prestígio no Silo: como políticos, juízes, policiais, médicos... e quanto mais inferior a pessoa reside dentro dessa estrutura, mais arriscado e insalubre é o trabalho dela.
O silo é regido por um conjunto de leis chamado Pacto. Dentre essas, fica discriminado que não pode haver elevadores no Silo, portanto, seus residentes só conseguem se locomover por entre os 144 níveis através da escadaria em espiral. Outro ponto do Pacto é que é permanentemente proibida a posse do que eles chamam de Relíquias - que nada mais são do que objetos de antes da ocupação do Silo. Qualquer pessoa na posse de um estará sujeita a sanções. Do mesmo modo, qualquer pessoa que falar que gostaria de deixar o Silo, mesmo que uma vez ou de brincadeira, terá de deixar o Silo sem poder retornar e deve obrigatoriamente limpar os visores que mostram à sociedade como o mundo do lado de fora está arruinado.
Com isso, sabe-se que este é um local cheio de regras e com um 'estado' regulador e ditatorial. Onde certamente existem perguntas demais, como o motivo deles terem ocupado o Silo há mais de 100 anos e o quanto tempo eles terão de ficar ali confinados, por outro lado, não existe nem a chance de resposta alguma para nenhuma dúvida. Em um local onde existem pessoas opressoras, certamente vão surgir pessoas tentando não só buscar saciar suas questões, mas também diminuir as injustiças. E nessas inúmeras dúvidas, a história começa de forma genial passando o bastão do protagonismo até que ele chega nas mãos da engenheira Juliette Nichols, interpretada magistralmente pela Rebecca Ferguson. Juliette acaba aproveitando uma oportunidade para investigar um mistério pessoal e com isso ela adiciona mais um bocado de perguntas ao seu caderno de investigação.
A série começa nesse ponto em que Rebecca Ferguson inunda a tela com seu talento. E o roteiro vai aos poucos revelando seus mistérios, ampliando o interessantíssimo universo criado aqui, criando cenas de tirar o fôlego e gerando reviravoltas inesperadas.
O final da temporada é tão inteligente por optar em seguir um caminho nada expositivo que faz o espectador se questionar, como se estivesse dentro da história tendo uma visão parcial dos fatos. Mas prestando a atenção nos detalhes, tudo fica bem claro.
Silo é uma série imperdível, e, agora com a renovação garantida, resta aguardar para saber como a Apple vai adaptar a segunda temporada. Se ela vai inserir de uma vez o restante do primeiro livro ou vai partir para o segundo e deixar o final do primeiro para os episódios finais da segunda temporada. De um jeito ou de outro, Silo tem potencial para se tornar um fenômeno.
O que eu entendi do final da primeira temporada foi que
a Martha Walker, senhorinha amiga da Juliette lá das profundezas, já estava desconfiada de que o Silo mandava as pessoas para o lado de fora para que elas morressem. E a razão disso é que eles usavam uma fita de baixa qualidade para reforçar a roupa de saída do Silo e com isso o ar no exterior, que é realmente tóxico, entrava por frestas na roupa e matava as pessoas. Sem contar o visor da roupa que é manipulado e induz a pessoa a pensar que o ambiente não está arruinado e contaminado. Então a Martha consegue trocar as fitas e a Juliette sobrevive pois seu traje fica seguro. Isso prova para Martha o que ela já suspeitava. E o que ela fará com essa informação na segunda temporada pode desencadear em um confronto entre a sociedade e o Bernard.
O Urso (1ª Temporada)
4.3 414 Assista AgoraEu comecei a ver a série quando estreou, mas fiquei tão ansioso que larguei. Dai retornei recentemente e fiquei feliz de ter retomado. Que série ótima!
História bem construída e intensa, personagens profundos, direção competente e trilha sonora incrível! Obviamente não é uma série para quem tem ansiedade ou problemas com pânico... em especial por conta do primeiro e do sétimo episódio, mas sem dúvida este é não só um recorte cru e cruel da realidade, mas também bem emocionante.