Ao contrário do que a maioria das pessoas disseram sobre, a parte final de "Jogos Vorazes - A Esperança" revela-se como um filme forte, bem dirigido - as sequências fantásticas de ação - e extremamente surpreendente até o último minuto. Nos presenteia com sequências poderosas em sua essência; um design de produção fantástico - desde os figurinos até os devastados e geniais cenários - além da melhor interpretação de Lawrence da franquia.
Com um roteiro sem desenvolvimento algum de personagem ou de trama, Mel Gibson usa as doze últimas horas de Jesus Cristo para criar um espetáculo masoquista que acrescenta absolutamente nada à história do filho de Deus. Subestimando a figura de Jesus Cristo, que muito provavelmente foi um homem de grande inteligência, bondade e força, - e digo isso como um ser não-religioso! - Gibson ignora todos os ensinamentos do Filho para nos presenteiar (ou não) com detalhes da tortura de Cristo, no claríssimo - e único - propósito de chocar imensamente o espectador com tamanha brutalidade e violência, marcas já conhecidas do diretor.
Nem vou falar do anti-semitismo presente tão forte no filme... Ou das dezenas de desnecessárias cenas com câmera-lenta; ou a repetição sem fim das quedas de Jesus durante seu trajeto percorrido com a cruz; ou dos jump scares completamente desnecessários pra qualquer elemento do filme; ou da falta de identificação que o espectador cria com Cristo, já que o mesmo não tem desenvolvimento algum de personagem e só faz sofrer sadicamente o filme inteiro.
No final, fica a incerteza das razões que levaram Gibson à ter feito este projeto desastroso. Creio eu que seja pelo sadismo irrefreável do diretor, misturado com um pouquinho - bem pouquinho mesmo - de motivos claramente mercantilistas.
Um retrato realista da atual sociedade brasileira que - sem exageiros ou eufemismos - foca, através de uma direção humana e refinada - e excelentes atuações, vale ressaltar - nos problemas sociais tão presentes no nosso cotidiano, como a tão assustadora época dos vestibulares, as cotas raciais, desigualdade social, segurança, entre diversos outros.
Pinta esses quadros das contraditórias realidades brasileiras com fidelidade - aliáis, realidades tão diversas entre si - e faz o espectador refletir sobre o discurso proposto pelo roteiro simplista e tão repleto de informações que nos cercam a todo instante.
O roteiro tem algumas falhas, como o super descartável romance entre o Joe e a Betty, que protagonizam a pior cena do filme (o beijo), mas se sobressai como uma notável critica a indústria de cinema hollywoodiana nos mais variados aspectos, além de servir como um deleite metalinguístico para os fãs de cinema. Dentre os pontos positivos está a antológica e inesquecível interpretação de Gloria Swanson; os cenários grandiosos da mansão de Norma, muito bem fotografados em preto e branco; e a direção fluida e clássica de Billy Wilder. A sequência final é simplesmente genial.
Excelentes atuações, uma fotografia em preto e branco deslumbrante, cenários assustadores e uma trilha arrepiante. Peca em seu final totalmente previsível e mal resolvido, mas no restante, "Os Inocentes" é um filme tenso e recheado de sequências assustadoras que parecerem ser extraídas de pesadelos.
Claramente inspirado em "Kes", - espetacular longa inglês dos anos sessenta - "Kauwboy" expõe, de maneira naturalista e delicada, a amizade entre um garoto chamado Jojo e um filhote de gralha com o nome de Jack.
Amizade, aliais, que é desenvolvida por um trauma na vida do menino: a notória e dolorosa ausência de sua mãe, uma cantora famosa que - supostamente - está em tour pelos EUA. E é justamente utilizando-se desse princípio que o diretor consegue diferenciar "Kauwboy" de um filme qualquer, já que a manifestação da dor ocasionada pela ausência da mãe é manifestada em cada ação minimalista do protagonista e, até mesmo, em vários dos aspectos técnicos do filme. Desta forma, é claro o porquê do extremo cuidado e amor do Jojo em relação ao seu filhote de gralha, - já que, como o próprio garoto admite para o pai, ele se sente como a sua "mãe". E quando notamos o menino lavando as roupas, cozinhando e servindo ao pai (como faria a sua mamãe), ou até mesmo escutando as suas canções todas as noites antes de dormir, essa ausência materna demonstra-se ainda mais realista como, também, revela-se ainda mais dolorosa para Jojo e para o espectador.
E por mais previsível que seja o desfecho da narrativa, a mesma permanece satisfatoriamente comovente como o restante do filme, provando, desta maneira, que a atenção e o reconhecimento tido pelo diretor em relação ao seu protagonista era muito maior do que já havíamos concluído até então.
O primeiro filme da saga Crepúsculo é também o melhor filme da série. Por mais fraco que seja o seu elenco de feições plastificadas, ou seus diálogos constrangedores, a direção de Catherine Hardwicke acerta ao criar um clima romântico e melancólico com a ajuda da excelente trilha sonora minimalista e da fotografia fria e solitária, transformando Forks em uma cidade verossímil e sedutora.
Uma pena que depois deste bom filme (mesmo que com os seus erros), a saga tenha decrescido em qualidade.
Eu estava prometendo a mim mesmo ser o mais crítico possível em relação à "Boyhood" quando o fosse ver no cinema, afinal, muitos o elegeram o melhor filme de 2014 e outros até mesmo como melhor filme da década - por conta disso, minha mente já o havia catalogado como superestimado até então. Após meses de espera, pude desfrutar da experiência de ver este filme nas telonas e, sinceramente, a sua doçura e delicadeza me fizeram ficar apaixonado pela história simplista - mas inesquecível - de Mason e da sua família. Afinal, é essa história simplista que torna o filme tão especial, pois "Boyhood" não pretende ser um grande drama, com grandes reviravoltas típicas do cinema como conhecemos - ele deve ser encarado como um retrato do que é a vida, de como crescemos, cometemos burradas, aprendemos e como nos relacionamos com as pessoas e com nós mesmos.
Enfim, é um filme único que mexe em algo profundo. Impossível não se identificar com algumas das situações enfrentadas por Mason e pela sua familia. Absolutamente inesquecível, principalmente para um garoto - igual à mim e ao Mason - que acabou de terminar uma fase da vida (juventude) e parte para uma outra nova.
O roteiro é apenas uma junção de clichês de contos de fada adaptados para o brasileiro, juntado à milhões de referências à Xuxa e ao seu programa da época; as atuações são desastrosas, com destaque para a da própria Xuxa, que deveria se envergonhar por algo do tipo (sua interpretação pobre me fez rir involuntariamente durante o filme todo); e a conclusão é um tanto quanto forçada. Mas...
A direção de Tizuka Yamasaki faz o melhor possível com o material que tem em mãos - isso o podendo ser observado nas escolha do enquadramento da câmera (o contra-plongée utilizado após a chega de Maria da Graça na cidade, por exemplo, ressalta o quão "grandioso" aquele mundo novo é para ela), e nas eficientes conexões entre uma sequência e outra (a sequência do "DJ", - um número musical que além de ilustrar a importância da cultura negra nas cidades grandes, se revela como uma eficiente ligação entre a sequência anterior e a posterior, tornando o filme mais fluido e menos episódico - como diversas outras).
A trilha sonora, apesar de brega, é muito eficiente em trazer o tipo de emoção que remete à nostalgia de quem assistiu "Lua de Cristal" na infância. Talvez esse seja o maior mérito do filme: servir como uma máquina do tempo que nos leva a um período no qual ver Sérgio Mallandro vestido de príncipe, cavalgando num cavalo branco e gritando repetidas vezes "Maria! Maria!", era tido como algo que não era super brega, mas sim digno de se emocionar.
É um filme bem ruim em quase todos os seus aspectos, sem falar que é extremamente datado - mas é justamente o fato de ser datado que torna o filme gostoso de assistir para quem o viu numa época em que os filmes da Xuxa e do Didi eram as melhores referências nacionais do que era cinema brasileiro.
Que personagens complexos, instigantes e fascinantes! Que direção segura, inteligente e enérgica! Que atuação espetacular do Miles Teller e, principalmente, do JK Simmons que merece - com toda a justiça do mundo - uma indicação ao Oscar de Melhor Ator.
O roteiro de "Whiplash" conhece o seus personagens de maneira tão intensa e profunda que, ao longo das situações que os mesmos vão enfrentando durante a trama, o espectador se pega pensando diversas vezes: "Cara, isso é realmente o que este personagem faria se ele fosse real!". Desta forma, é fantástico notar, por exemplo, a determinação desenfreada do Andrew (Miles) em alcançar o estrelato como baterista, ao vermos o garoto terminar com a sua "namorada" de maneira tão fria que apenas assistir a sequência se torna um incômodo para o espectador. Ou simplesmente notar a complexidade de Fletcher (Simmons) e a sua busca pela perfeição, juntamente com o Andrew, do início ao final do filme - final, a propósito, que trás uma reviravolta sensacional do roteiro, que aprofunda-se ainda mais na personalidade de seus personagens principais.
"Whiplash - em busca da perfeição" é um filme forte, enérgico (como a sua direção) e muito bem atuado. Mas, além de tudo isso, é um filme que ensina o quanto um bom roteiro - principalmente o roteiro que trás um estudo de personagens tão intenso quanto esse - faz a diferença na qualidade final de um longa.
Extremamente divertido, crítico na dosagem certa e excepcionalmente bem dirigido, escrito e atuado!
"Relatos Selvagens" não é apenas o melhor filme de 2014, como também é uma obra-prima cinematográfica em todos os sentidos da palavra! Este é um filme absolutamente irretocável em todos os seus divertidíssimos e - ao mesmo tempo tensos - seis episódios, que impressionam pelo humor crítico e pelas situações absurdas criadas pelo roteiro inteligente através de problemas típicos do cotidiano de qualquer ser-humano.
Um filme que merece ser visto e apreciado pelo maior número possível de pessoas! Absolutamente irretocável desde a criação de seu roteiro até o seu último plano em projeção.
Acabei de ver e estou impressionado. Estou até agora refletindo sobre o comportamento muitas vezes irracional do ser-humano e até onde uma pessoa - cujo peito arde de raiva - pode chegar para executar sua vingança contra o autor de sua fúria.
O elenco é ótimo (só não entendi até agora o porquê de todos falarem que a interpretação da Leandra Leal é a melhor coisa do filme, porque pra mim o restante do elenco atuou com o mesmo realismo e competência que ela); a direção principal e de fotografia são eficientes, utilizando-se bem de planos fechados, a fim de centrar a história inteiramente nos personagens (para também, consequentemente, diminuir o gasto financeiro); e o roteiro se destaca pela intensidade das situações e dos diálogos - especialmente quando o policial explica à Rosa que, dentro da delegacia, ele pode fazer o que quiser com ela.
"O lobo atrás da porta" é um filme simplista e com baixo orçamento, mas que têm a sua qualidade marcada, principalmente, no roteiro e nas atuações. É um dos filmes mais interessantes que vi deste ano e um dos mais surpreendentes também.
O tipo de filme que mostra que um orçamento gigantesco não é sinônimo de qualidade.
Mais um gratificante suspense do David Fincher, que mesmo com o seu primeiro ato mediano (numa clara tentativa do diretor de retomar aos rápidos e espertos diálogos de "A Rede Social", mas desta vez sem sucesso) se recupera totalmente do meio para o fim, com um terceiro ato espetacular. A interpretação de Rosamund Pike é, realmente muito boa como todos andavam falando, junto com a direção ágil e mais uma vez fria do cara que dirigiu "Clube da Luta".
Uma prova de que a solidariedade é a maior arma a favor do bem coletivo. Um filme que toca em algo único e que nos faz refletir e melhorar nossas atitudes como seres-humanos.
O filme perde muito tempo em sub-tramas que em pouco acrescenta ao desenvolvimento da trama principal, além de trazer sequências mais longas do que o necessário, diálogos arrastados (a demora do Luke para contar a Leia que ambos são irmãos é uma enrrolação interminável!) e frases que se repetem exaustivamente ao longo do filme, como "eu sinto que...". Porém, funciona como um bom entretenimento e, mesmo com todos esses erros, é um bom encerramento para a trilogia clássica de Star Wars.
O capitalismo foi eleito, no início da década de noventa, o sistema político/econômico/social/ideológico predominante em quase todo o mundo, trazendo, desta maneira, diversos debates à respeito de seus efeitos na sociedade contemporânea. Utilizando-se deste tema, os irmãos Dardenne nos presenteiam com o fantástico "Dois Dias, Uma Noite" - um filme que faz o espectador sair do cinema refletindo sobre o lado negro do capitalismo e sobre outros temas relacionados com o mesmo.
Após um período depressivo de sua vida, Sandra (Marion Cotillard) acha que está pronta para voltar ao trabalho, mas descobre que seus colegas de emprego aceitaram receber um "aumento salarial" caso a mesma fosse demitida. A partir daí, seu final de semana se resume a correr atrás de seus colegas para convencê-los a mudarem de ideia antes que a Segunda-Feira se torne presente. Já até aqui, temos uma lista dos efeitos negros do capitalismo na sociedade atual, tais como a depressão, o desemprego e o poder de um empregado sob o outro (Sandra é demitida, também, por conta da pressão de um funcionário chefe sob os funcionários menores). Se Sandra sofre de maneira dolorosamente verossímil, isso se deve à espetacular interpretação de Marion Cotillard, que carrega nas costas - com uma naturalidade assustadora - a angústia e o estado depressivo vivenciado pela sua personagem.
Mas, mais do que sobre a Sandra, o filme é sobre todos nós - seres capitalistas consumistas - e o quanto sofremos diariamente com o pagamento do aluguel da casa, da faculdade dos filhos ou da água, gás e luz. Isto se torna completamente evidente a partir da sequência em que Sandra, ao pedir à um de seus colegas de trabalho um voto que lhe ajudará a manter-se empregada, têm o seu pedido negado pela mulher do homem que, consciente da ajuda que o "aumento salarial" trará à sua família, põe em prioridade os seus problemas financeiros. Em vez de demonizar a tal mulher após a negação, os irmãos Dardenne vão justamente ao lado oposto ao a colocarem para oferecer - com simpatia - um suco ou algo para beber à Sandra, demonstrando que aquela figura não é um ser sem coração ou pouco caridosa, mas sim uma mãe - como a personagem principal - preocupada com as suas contas,
Poderia continuar falando sem parar sobre as reflexões despertadas em mim por esse filme. Poderia escrever sem parar sobre o quão gratificante é ver um retrato tão realista e inteligente deste drama universal compartilhado por tantas pessoas ao redor do mundo e não apenas por Sandra. Porém, demandaria escrever um livro para refletir tudo aquilo que o filme se propõe à abordar e, como estou nos comentários de uma rede social, pararemos por aqui. Este é um filme que deve ser interpretado e discutido com qualquer um que o assistir, para o seu entendimento completo. Sem dúvidas, um dos melhores do ano.
Um dos maiores problemas da grande maioria dos filmes de terror é a falta de empatia estabelecida entre os seus personagens e o público - defeito recorrente na roteirização e nas atuações destes tipos de longas. Usando o fraco "Annabelle" como exemplo - filme que menos do que empatia, gera ódio no espectador por aqueles personagens (Sim, estou falando do casal mais sem sal da história do cinema!) completamente unidimensionais, fica mais óbvio que as produções de terror vêm utilizando cada vez mais o argumento de que fazer uma pessoa temer um filme é o mesmo que assustá-la utilizando-se de sustos e nada mais que isso. Para grande parte das pessoas, este tipo de produção é satisfatória, mas para um fã de cinema de terror, isso é decepcionante. Roteiros bem planejados, direções cuidadosas e atuações convincentes não podem ser substituídas por sons agudos e apenas isso. Justificando a coerência deste ideologia, eis que surge "The Babadook", um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, que resgata o verdadeiro terror psicológico e obtêm mérito em todos os seus aspectos linguísticos e visuais.
Com uma direção mais do que eficiente, a diretora Jennifer Kent demonstra competência ao estabelecer a tão faltada empatia entre os personagens que habitam o seu longa e o espectador. Mais do que interessante, a relação de mãe e filho entre Amelia (Essie Davis, em uma interpretação fantástica!) e o pequeno Samuel (o muito bom Noah Wiseman) funciona com naturalidade e fluidez, conquistando o espectador logo de cara e fazendo-o torcer por aqueles personagens e pelos seus destinos. Sem parar de fazer o papel de "boa diretora", Jennifer Kent ainda consegue (e com muita eficiência!) criar um clima doentio e sinistro com uma fotografia muito eficiente (a utilização de sombras e luzes do filme é memorável) e o restante do design de produção certeiros (a assustadora casa e até mesmo o livro do "Babadook" acentuam ainda mais a atmosfera planejada).
A complexidade dos personagens é um dos grandes acertos do roteiro. Não sabemos o que realmente se passa com o Samuel no início do longa, apenas temos uma ideia de que o menino é perturbado. E também não sabemos o que se passa com Amelia, só temos a ideia de que ela também é perturbada. E a partir daí, o roteiro justifica as personalidades de seus personagens e até mesmo as suas ações menos compreensíveis tornando-as compreensíveis - como na cena em que o Samuel acorda com fome e tira o sono da mãe, por conta disto. Irritada, Amelia o manda comer merda, o que faz o garoto sair correndo aos prantos. Por mais incompreensível que seja o ato da personagem de mandar o filho comer merda, o espectador compreende que aquilo se deve ao fato da mesma estar exausta pela inquietação do menino. E é muito gratificante vê-la, após a sua ação antes incompreensível, correr atrás do filho para pedi-lo desculpas.
"The Babadook" funciona mais do que como um filme terror psicológico. Ele foca na relação entre mãe e filho para, depois disto, investir no ato de assustar o espectador. É um filme de terror que, em meio a tantos outros, consegue manter aquilo que vêm se tornando cada vez mais escasso neste gênero cinematográfico: a humanidade de seus personagens.
O mais intenso e dramático dos filmes da saga Jogos Vorazes até agora, "A Esperança - Parte 1" apresenta a direção mais uma vez competente do Francis Lawrence com a ajuda do fantástico roteiro de Danny Strong. Roteiro muito eficiente que, baseando-se no romance de mesmo nome escrito pela Suzanne Collins, desmascara de maneira original (ao criar um mundo fictício, mas com características típicas do mundo atual, como pobreza, injustiça, guerra e revolução) o poder da mídia em situações de guerra e a forma como a mesma pode ser utilizada como uma espécie de arma de alienação contra a massa populacional de uma sociedade.
Decepciona, mas não muito, pelo final mal escolhido (que - devo admitir - não desperta a vontade no espectador de ver a continuação [a não ser para quem já é fã da saga]), mas isto pouco afeta na qualidade total do filme. A direção madura, o roteiro inteligente e o elenco bem escalado são virtudes mais que suficientes para tornar "A Esperança - Parte 1" um filme tão agradável para jovens quanto para adultos, devido ao seu alto teor crítico e político muito bem desenrolado e narrado, servindo, também, como um bom entreetenimento cinematográfico.
De uma beleza criativa sem iguais, "O Castelo Animado" é inteligente em todos os sentidos da palavra: seja no seu roteiro que promove uma crítica às guerras; em sua animação totalmente fascinante (os cenários surrealistas desenhados, grande parte deles, pelo próprio Miyazaki são inesquecíveis!) ou na profundidade e carisma de seus personagens.
Jogos Vorazes: A Esperança - O Final
3.6 1,9K Assista AgoraAo contrário do que a maioria das pessoas disseram sobre, a parte final de "Jogos Vorazes - A Esperança" revela-se como um filme forte, bem dirigido - as sequências fantásticas de ação - e extremamente surpreendente até o último minuto. Nos presenteia com sequências poderosas em sua essência; um design de produção fantástico - desde os figurinos até os devastados e geniais cenários - além da melhor interpretação de Lawrence da franquia.
Provavelmente, o melhor filme da série.
A Paixão de Cristo
3.7 1,2K Assista AgoraDesastre cinematógrafico!
Com um roteiro sem desenvolvimento algum de personagem ou de trama, Mel Gibson usa as doze últimas horas de Jesus Cristo para criar um espetáculo masoquista que acrescenta absolutamente nada à história do filho de Deus. Subestimando a figura de Jesus Cristo, que muito provavelmente foi um homem de grande inteligência, bondade e força, - e digo isso como um ser não-religioso! - Gibson ignora todos os ensinamentos do Filho para nos presenteiar (ou não) com detalhes da tortura de Cristo, no claríssimo - e único - propósito de chocar imensamente o espectador com tamanha brutalidade e violência, marcas já conhecidas do diretor.
Nem vou falar do anti-semitismo presente tão forte no filme... Ou das dezenas de desnecessárias cenas com câmera-lenta; ou a repetição sem fim das quedas de Jesus durante seu trajeto percorrido com a cruz; ou dos jump scares completamente desnecessários pra qualquer elemento do filme; ou da falta de identificação que o espectador cria com Cristo, já que o mesmo não tem desenvolvimento algum de personagem e só faz sofrer sadicamente o filme inteiro.
No final, fica a incerteza das razões que levaram Gibson à ter feito este projeto desastroso. Creio eu que seja pelo sadismo irrefreável do diretor, misturado com um pouquinho - bem pouquinho mesmo - de motivos claramente mercantilistas.
Meu Nome é Khan
4.4 262O "Forrest Gump" indiano! Precisa de um elogio maior?!
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraO maior defeito do filme é durar tão pouco.
O Sol É Para Todos
4.3 414 Assista AgoraUm soco na cara e no estômago da sociedade conservadora dos anos 60 e dos dias atuais.
Casa Grande
3.5 575 Assista AgoraUm retrato realista da atual sociedade brasileira que - sem exageiros ou eufemismos - foca, através de uma direção humana e refinada - e excelentes atuações, vale ressaltar - nos problemas sociais tão presentes no nosso cotidiano, como a tão assustadora época dos vestibulares, as cotas raciais, desigualdade social, segurança, entre diversos outros.
Pinta esses quadros das contraditórias realidades brasileiras com fidelidade - aliáis, realidades tão diversas entre si - e faz o espectador refletir sobre o discurso proposto pelo roteiro simplista e tão repleto de informações que nos cercam a todo instante.
Crepúsculo dos Deuses
4.5 794 Assista AgoraO roteiro tem algumas falhas, como o super descartável romance entre o Joe e a Betty, que protagonizam a pior cena do filme (o beijo), mas se sobressai como uma notável critica a indústria de cinema hollywoodiana nos mais variados aspectos, além de servir como um deleite metalinguístico para os fãs de cinema. Dentre os pontos positivos está a antológica e inesquecível interpretação de Gloria Swanson; os cenários grandiosos da mansão de Norma, muito bem fotografados em preto e branco; e a direção fluida e clássica de Billy Wilder. A sequência final é simplesmente genial.
Os Inocentes
4.1 396Excelentes atuações, uma fotografia em preto e branco deslumbrante, cenários assustadores e uma trilha arrepiante. Peca em seu final totalmente previsível e mal resolvido, mas no restante, "Os Inocentes" é um filme tenso e recheado de sequências assustadoras que parecerem ser extraídas de pesadelos.
Túmulo dos Vagalumes
4.6 2,2KO filme mais triste que já assisti em toda minha vida. Não consigo conter as lágrimas até agora.
Kauwboy
4.0 64Claramente inspirado em "Kes", - espetacular longa inglês dos anos sessenta - "Kauwboy" expõe, de maneira naturalista e delicada, a amizade entre um garoto chamado Jojo e um filhote de gralha com o nome de Jack.
Amizade, aliais, que é desenvolvida por um trauma na vida do menino: a notória e dolorosa ausência de sua mãe, uma cantora famosa que - supostamente - está em tour pelos EUA. E é justamente utilizando-se desse princípio que o diretor consegue diferenciar "Kauwboy" de um filme qualquer, já que a manifestação da dor ocasionada pela ausência da mãe é manifestada em cada ação minimalista do protagonista e, até mesmo, em vários dos aspectos técnicos do filme. Desta forma, é claro o porquê do extremo cuidado e amor do Jojo em relação ao seu filhote de gralha, - já que, como o próprio garoto admite para o pai, ele se sente como a sua "mãe". E quando notamos o menino lavando as roupas, cozinhando e servindo ao pai (como faria a sua mamãe), ou até mesmo escutando as suas canções todas as noites antes de dormir, essa ausência materna demonstra-se ainda mais realista como, também, revela-se ainda mais dolorosa para Jojo e para o espectador.
E por mais previsível que seja o desfecho da narrativa, a mesma permanece satisfatoriamente comovente como o restante do filme, provando, desta maneira, que a atenção e o reconhecimento tido pelo diretor em relação ao seu protagonista era muito maior do que já havíamos concluído até então.
Crepúsculo
2.5 4,1K Assista AgoraO primeiro filme da saga Crepúsculo é também o melhor filme da série. Por mais fraco que seja o seu elenco de feições plastificadas, ou seus diálogos constrangedores, a direção de Catherine Hardwicke acerta ao criar um clima romântico e melancólico com a ajuda da excelente trilha sonora minimalista e da fotografia fria e solitária, transformando Forks em uma cidade verossímil e sedutora.
Uma pena que depois deste bom filme (mesmo que com os seus erros), a saga tenha decrescido em qualidade.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraEu estava prometendo a mim mesmo ser o mais crítico possível em relação à "Boyhood" quando o fosse ver no cinema, afinal, muitos o elegeram o melhor filme de 2014 e outros até mesmo como melhor filme da década - por conta disso, minha mente já o havia catalogado como superestimado até então. Após meses de espera, pude desfrutar da experiência de ver este filme nas telonas e, sinceramente, a sua doçura e delicadeza me fizeram ficar apaixonado pela história simplista - mas inesquecível - de Mason e da sua família. Afinal, é essa história simplista que torna o filme tão especial, pois "Boyhood" não pretende ser um grande drama, com grandes reviravoltas típicas do cinema como conhecemos - ele deve ser encarado como um retrato do que é a vida, de como crescemos, cometemos burradas, aprendemos e como nos relacionamos com as pessoas e com nós mesmos.
Enfim, é um filme único que mexe em algo profundo. Impossível não se identificar com algumas das situações enfrentadas por Mason e pela sua familia. Absolutamente inesquecível, principalmente para um garoto - igual à mim e ao Mason - que acabou de terminar uma fase da vida (juventude) e parte para uma outra nova.
Lua de Cristal
2.4 940 Assista AgoraO roteiro é apenas uma junção de clichês de contos de fada adaptados para o brasileiro, juntado à milhões de referências à Xuxa e ao seu programa da época; as atuações são desastrosas, com destaque para a da própria Xuxa, que deveria se envergonhar por algo do tipo (sua interpretação pobre me fez rir involuntariamente durante o filme todo); e a conclusão é um tanto quanto forçada. Mas...
A direção de Tizuka Yamasaki faz o melhor possível com o material que tem em mãos - isso o podendo ser observado nas escolha do enquadramento da câmera (o contra-plongée utilizado após a chega de Maria da Graça na cidade, por exemplo, ressalta o quão "grandioso" aquele mundo novo é para ela), e nas eficientes conexões entre uma sequência e outra (a sequência do "DJ", - um número musical que além de ilustrar a importância da cultura negra nas cidades grandes, se revela como uma eficiente ligação entre a sequência anterior e a posterior, tornando o filme mais fluido e menos episódico - como diversas outras).
A trilha sonora, apesar de brega, é muito eficiente em trazer o tipo de emoção que remete à nostalgia de quem assistiu "Lua de Cristal" na infância. Talvez esse seja o maior mérito do filme: servir como uma máquina do tempo que nos leva a um período no qual ver Sérgio Mallandro vestido de príncipe, cavalgando num cavalo branco e gritando repetidas vezes "Maria! Maria!", era tido como algo que não era super brega, mas sim digno de se emocionar.
É um filme bem ruim em quase todos os seus aspectos, sem falar que é extremamente datado - mas é justamente o fato de ser datado que torna o filme gostoso de assistir para quem o viu numa época em que os filmes da Xuxa e do Didi eram as melhores referências nacionais do que era cinema brasileiro.
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraQue personagens complexos, instigantes e fascinantes! Que direção segura, inteligente e enérgica! Que atuação espetacular do Miles Teller e, principalmente, do JK Simmons que merece - com toda a justiça do mundo - uma indicação ao Oscar de Melhor Ator.
O roteiro de "Whiplash" conhece o seus personagens de maneira tão intensa e profunda que, ao longo das situações que os mesmos vão enfrentando durante a trama, o espectador se pega pensando diversas vezes: "Cara, isso é realmente o que este personagem faria se ele fosse real!". Desta forma, é fantástico notar, por exemplo, a determinação desenfreada do Andrew (Miles) em alcançar o estrelato como baterista, ao vermos o garoto terminar com a sua "namorada" de maneira tão fria que apenas assistir a sequência se torna um incômodo para o espectador. Ou simplesmente notar a complexidade de Fletcher (Simmons) e a sua busca pela perfeição, juntamente com o Andrew, do início ao final do filme - final, a propósito, que trás uma reviravolta sensacional do roteiro, que aprofunda-se ainda mais na personalidade de seus personagens principais.
"Whiplash - em busca da perfeição" é um filme forte, enérgico (como a sua direção) e muito bem atuado. Mas, além de tudo isso, é um filme que ensina o quanto um bom roteiro - principalmente o roteiro que trás um estudo de personagens tão intenso quanto esse - faz a diferença na qualidade final de um longa.
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraExtremamente divertido, crítico na dosagem certa e excepcionalmente bem dirigido, escrito e atuado!
"Relatos Selvagens" não é apenas o melhor filme de 2014, como também é uma obra-prima cinematográfica em todos os sentidos da palavra! Este é um filme absolutamente irretocável em todos os seus divertidíssimos e - ao mesmo tempo tensos - seis episódios, que impressionam pelo humor crítico e pelas situações absurdas criadas pelo roteiro inteligente através de problemas típicos do cotidiano de qualquer ser-humano.
Um filme que merece ser visto e apreciado pelo maior número possível de pessoas! Absolutamente irretocável desde a criação de seu roteiro até o seu último plano em projeção.
O Lobo Atrás da Porta
4.0 1,3K Assista AgoraAcabei de ver e estou impressionado. Estou até agora refletindo sobre o comportamento muitas vezes irracional do ser-humano e até onde uma pessoa - cujo peito arde de raiva - pode chegar para executar sua vingança contra o autor de sua fúria.
O elenco é ótimo (só não entendi até agora o porquê de todos falarem que a interpretação da Leandra Leal é a melhor coisa do filme, porque pra mim o restante do elenco atuou com o mesmo realismo e competência que ela); a direção principal e de fotografia são eficientes, utilizando-se bem de planos fechados, a fim de centrar a história inteiramente nos personagens (para também, consequentemente, diminuir o gasto financeiro); e o roteiro se destaca pela intensidade das situações e dos diálogos - especialmente quando o policial explica à Rosa que, dentro da delegacia, ele pode fazer o que quiser com ela.
"O lobo atrás da porta" é um filme simplista e com baixo orçamento, mas que têm a sua qualidade marcada, principalmente, no roteiro e nas atuações. É um dos filmes mais interessantes que vi deste ano e um dos mais surpreendentes também.
O tipo de filme que mostra que um orçamento gigantesco não é sinônimo de qualidade.
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraMais um gratificante suspense do David Fincher, que mesmo com o seu primeiro ato mediano (numa clara tentativa do diretor de retomar aos rápidos e espertos diálogos de "A Rede Social", mas desta vez sem sucesso) se recupera totalmente do meio para o fim, com um terceiro ato espetacular. A interpretação de Rosamund Pike é, realmente muito boa como todos andavam falando, junto com a direção ágil e mais uma vez fria do cara que dirigiu "Clube da Luta".
Orgulho e Esperança
4.3 293 Assista AgoraUma prova de que a solidariedade é a maior arma a favor do bem coletivo. Um filme que toca em algo único e que nos faz refletir e melhorar nossas atitudes como seres-humanos.
Star Wars, Episódio VI: O Retorno do Jedi
4.3 915 Assista AgoraO filme perde muito tempo em sub-tramas que em pouco acrescenta ao desenvolvimento da trama principal, além de trazer sequências mais longas do que o necessário, diálogos arrastados (a demora do Luke para contar a Leia que ambos são irmãos é uma enrrolação interminável!) e frases que se repetem exaustivamente ao longo do filme, como "eu sinto que...". Porém, funciona como um bom entretenimento e, mesmo com todos esses erros, é um bom encerramento para a trilogia clássica de Star Wars.
Dois Dias, Uma Noite
3.9 542O capitalismo foi eleito, no início da década de noventa, o sistema político/econômico/social/ideológico predominante em quase todo o mundo, trazendo, desta maneira, diversos debates à respeito de seus efeitos na sociedade contemporânea. Utilizando-se deste tema, os irmãos Dardenne nos presenteiam com o fantástico "Dois Dias, Uma Noite" - um filme que faz o espectador sair do cinema refletindo sobre o lado negro do capitalismo e sobre outros temas relacionados com o mesmo.
Após um período depressivo de sua vida, Sandra (Marion Cotillard) acha que está pronta para voltar ao trabalho, mas descobre que seus colegas de emprego aceitaram receber um "aumento salarial" caso a mesma fosse demitida. A partir daí, seu final de semana se resume a correr atrás de seus colegas para convencê-los a mudarem de ideia antes que a Segunda-Feira se torne presente. Já até aqui, temos uma lista dos efeitos negros do capitalismo na sociedade atual, tais como a depressão, o desemprego e o poder de um empregado sob o outro (Sandra é demitida, também, por conta da pressão de um funcionário chefe sob os funcionários menores). Se Sandra sofre de maneira dolorosamente verossímil, isso se deve à espetacular interpretação de Marion Cotillard, que carrega nas costas - com uma naturalidade assustadora - a angústia e o estado depressivo vivenciado pela sua personagem.
Mas, mais do que sobre a Sandra, o filme é sobre todos nós - seres capitalistas consumistas - e o quanto sofremos diariamente com o pagamento do aluguel da casa, da faculdade dos filhos ou da água, gás e luz. Isto se torna completamente evidente a partir da sequência em que Sandra, ao pedir à um de seus colegas de trabalho um voto que lhe ajudará a manter-se empregada, têm o seu pedido negado pela mulher do homem que, consciente da ajuda que o "aumento salarial" trará à sua família, põe em prioridade os seus problemas financeiros. Em vez de demonizar a tal mulher após a negação, os irmãos Dardenne vão justamente ao lado oposto ao a colocarem para oferecer - com simpatia - um suco ou algo para beber à Sandra, demonstrando que aquela figura não é um ser sem coração ou pouco caridosa, mas sim uma mãe - como a personagem principal - preocupada com as suas contas,
Poderia continuar falando sem parar sobre as reflexões despertadas em mim por esse filme. Poderia escrever sem parar sobre o quão gratificante é ver um retrato tão realista e inteligente deste drama universal compartilhado por tantas pessoas ao redor do mundo e não apenas por Sandra. Porém, demandaria escrever um livro para refletir tudo aquilo que o filme se propõe à abordar e, como estou nos comentários de uma rede social, pararemos por aqui. Este é um filme que deve ser interpretado e discutido com qualquer um que o assistir, para o seu entendimento completo. Sem dúvidas, um dos melhores do ano.
O Babadook
3.5 2,0KUm dos maiores problemas da grande maioria dos filmes de terror é a falta de empatia estabelecida entre os seus personagens e o público - defeito recorrente na roteirização e nas atuações destes tipos de longas. Usando o fraco "Annabelle" como exemplo - filme que menos do que empatia, gera ódio no espectador por aqueles personagens (Sim, estou falando do casal mais sem sal da história do cinema!) completamente unidimensionais, fica mais óbvio que as produções de terror vêm utilizando cada vez mais o argumento de que fazer uma pessoa temer um filme é o mesmo que assustá-la utilizando-se de sustos e nada mais que isso. Para grande parte das pessoas, este tipo de produção é satisfatória, mas para um fã de cinema de terror, isso é decepcionante. Roteiros bem planejados, direções cuidadosas e atuações convincentes não podem ser substituídas por sons agudos e apenas isso. Justificando a coerência deste ideologia, eis que surge "The Babadook", um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, que resgata o verdadeiro terror psicológico e obtêm mérito em todos os seus aspectos linguísticos e visuais.
Com uma direção mais do que eficiente, a diretora Jennifer Kent demonstra competência ao estabelecer a tão faltada empatia entre os personagens que habitam o seu longa e o espectador. Mais do que interessante, a relação de mãe e filho entre Amelia (Essie Davis, em uma interpretação fantástica!) e o pequeno Samuel (o muito bom Noah Wiseman) funciona com naturalidade e fluidez, conquistando o espectador logo de cara e fazendo-o torcer por aqueles personagens e pelos seus destinos. Sem parar de fazer o papel de "boa diretora", Jennifer Kent ainda consegue (e com muita eficiência!) criar um clima doentio e sinistro com uma fotografia muito eficiente (a utilização de sombras e luzes do filme é memorável) e o restante do design de produção certeiros (a assustadora casa e até mesmo o livro do "Babadook" acentuam ainda mais a atmosfera planejada).
A complexidade dos personagens é um dos grandes acertos do roteiro. Não sabemos o que realmente se passa com o Samuel no início do longa, apenas temos uma ideia de que o menino é perturbado. E também não sabemos o que se passa com Amelia, só temos a ideia de que ela também é perturbada. E a partir daí, o roteiro justifica as personalidades de seus personagens e até mesmo as suas ações menos compreensíveis tornando-as compreensíveis - como na cena em que o Samuel acorda com fome e tira o sono da mãe, por conta disto. Irritada, Amelia o manda comer merda, o que faz o garoto sair correndo aos prantos. Por mais incompreensível que seja o ato da personagem de mandar o filho comer merda, o espectador compreende que aquilo se deve ao fato da mesma estar exausta pela inquietação do menino. E é muito gratificante vê-la, após a sua ação antes incompreensível, correr atrás do filho para pedi-lo desculpas.
"The Babadook" funciona mais do que como um filme terror psicológico. Ele foca na relação entre mãe e filho para, depois disto, investir no ato de assustar o espectador. É um filme de terror que, em meio a tantos outros, consegue manter aquilo que vêm se tornando cada vez mais escasso neste gênero cinematográfico: a humanidade de seus personagens.
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1
3.8 2,4K Assista AgoraO mais intenso e dramático dos filmes da saga Jogos Vorazes até agora, "A Esperança - Parte 1" apresenta a direção mais uma vez competente do Francis Lawrence com a ajuda do fantástico roteiro de Danny Strong. Roteiro muito eficiente que, baseando-se no romance de mesmo nome escrito pela Suzanne Collins, desmascara de maneira original (ao criar um mundo fictício, mas com características típicas do mundo atual, como pobreza, injustiça, guerra e revolução) o poder da mídia em situações de guerra e a forma como a mesma pode ser utilizada como uma espécie de arma de alienação contra a massa populacional de uma sociedade.
Decepciona, mas não muito, pelo final mal escolhido (que - devo admitir - não desperta a vontade no espectador de ver a continuação [a não ser para quem já é fã da saga]), mas isto pouco afeta na qualidade total do filme. A direção madura, o roteiro inteligente e o elenco bem escalado são virtudes mais que suficientes para tornar "A Esperança - Parte 1" um filme tão agradável para jovens quanto para adultos, devido ao seu alto teor crítico e político muito bem desenrolado e narrado, servindo, também, como um bom entreetenimento cinematográfico.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraUma inesquecível experiência cinematográfica pelo universo e além!
O Castelo Animado
4.4 1,3K Assista AgoraDe uma beleza criativa sem iguais, "O Castelo Animado" é inteligente em todos os sentidos da palavra: seja no seu roteiro que promove uma crítica às guerras; em sua animação totalmente fascinante (os cenários surrealistas desenhados, grande parte deles, pelo próprio Miyazaki são inesquecíveis!) ou na profundidade e carisma de seus personagens.