O cineasta mexicano Alfonso Cuarón é, sem dubiedade alguma, um dos diretores mais competentes que Hollywood abriga nos dias atuais. A sua técnica primorosa em criar sequências visualmente perfeitas e que em muitas vezes impressionam pela escacez de cortes (sequências aparentemente rodadas em um único corte) e/ou por movimentos de câmeras originais e dinâmicos, são alguns dos motivos que garantem às suas obras um estilo incrivelmente único. Portanto, após ficar de queixo caído com a sua direção antológica em "Filhos da Esperança", me vi contando os dias para a estreia do mais novo filme do diretor: o incrível, fabuloso e supreendente "Gravidade", que é - sem dúvidas alguma - um dos melhores filmes do ano.
Utilizando mais uma vez sequências relativamente longas (o incrível início de dez minutos, por exemplo) rodadas aparentemente sem corte algum, Cuarón retorna à sua direção incrivelmente original marcada principalmente (neste novo trabalho) por criativas escolhas de ângulos. Sua câmera está sempre rodando e rodando - seja em volta dos personagens ou em volta dos satélites - explorando com competência a ideia da inexistência dos sentidos no espaço (cima, baixo, esquerda, direita) e conferindo ao espectador a sensação vertiginosa de estar flutuando pelo vácuo. Esta sensação "espacial" torna-se ainda mais acentuada pela falta de som existentes nas sequências de ação (o som não se propaga pelo vácuo) e pela incrível fotografia do planeta Terra vista do espaço, que tenho que dizer, é a melhor fotografia espacial já utilizada em uma obra cinematográfica.
Os efeitos especiais são mais do que dignos de Oscar (da mesma forma que a direção do Cuarón), trazendo sequências de destruição catastróficas de satélites até objetos flutuando pelo vácuo de forma tão convincente à ponto de não convencer ao espectador de que tudo aquilo foi realmente filmado em estúdio (convenceria mais dizer que o filme foi realmente feito no espaço).
Sandra Bullock apresenta, em minha opinião, a melhor interpretação de sua carreira ao retratar os medos e os traumas da astronauta Ryan, enquanto George Clooney não faz nada demais além de sorrir e de servir como uma espécie de "garanhão astronauta" para que a relação entre seu personagem e o da Sandra funcione de forma convincente, mas infelizmente (sinto muito em dizer isso) a relação de ambos acaba se tornando artificial desde o início do filme. Um outro pequeno problema de "Gravidade" consta na petrificação do cabelo da Ryan (e logo torna-se meio constrangedor perceber o corpo da astronauta flutuando por conta da falta de gravidade, enquanto seu cabelo permanece à todo instante imóvel, sem sair do lugar). Erros que, felizmente, tornam-se ocultados pelo espetacular trabalho de Cuarón na direção.
Indo além da fotografia e dos efeitos especiais, "Gravidade" ainda trás em seu roteiro temas que lembram muito os de obras-primas do mesmo gênero (como por exemplo "2001 - uma odisséia no espaço"): a tranquilidade do espaço em relação a Terra; o debate sobre a vida e a morte; o sentimento de solidão, entre outros. Claro que o filme não foca nestes temas com profundidade, mas mesmo assim propõe-se à discutí-los de forma mais oculta e delicada.
Este é, sem fazer hipérboles, o filme mais imperdível do ano. Assistí-lo é presenciar a melhor forma de um diretor que, além de realizar o melhor filme da série Harry Potter ("Prisioneiro de Azkaban"), te fez acreditar em sonhos ("A Princesinha"), te fez conhecer a adolescência de uma forma nunca vista antes ("Y tu mama tambíen"), lhe levou para uma incrível Londres futura ("Filhos da Esperança") e que agora estará te levando para o espaço-sideral de uma forma totalmente nova e imperdível ("Gravidade").
OBS: o 3D é incrível - a melhor utilização de campo de profundidade na história do cinema em 3D! - e merece ser desfrutado em cada segundo de projeção.
David Fincher não é apenas um diretor que sabe filmar muito bem. Sua direção rápida e estilosa é extremamente engenhosa em abordar temas que tem como plano de fundo o suspense e o drama, que vai crescendo aos poucos, como balões de ar, até atingirem ao àpice e explodirem no clímax, acabando por trazer conclusões impressionantes e muito bem planejadas para seus filmes. Não satisfeito em deixar todos absolutamente eufóricos com o seu excepcional e inteligentíssimo trabalho anterior, o maravilhoso e injustiçado pela academia "A Rede Social" (2010), eis que ele trás uma adaptação do best-seller do escritor sueco Stieg Larsson "Millennium - os homens que não amavam as mulheres"... E que adaptação excepcional.
São cinco motivos para assistir a versão americana de "Millennium" (além da direção excepcional de David Fincher, é claro!):
1. FOTOGRAFIA- Sem dúvidas o maior mérito do filme. O diretor de fotografia opta por cores frias e quentes, como o azul e amarelo (sempre presentes em cena) para conferir um estilo ao filme que lembra muito o visual fotográfico presente em "A Rede Social". As sequências externas são tão bem fotografadas com o azul gélido, que termina por conferir uma sensação real de frio ao espectador (A sequência em que o carro de Mikael atravessa os portões que levam a casa do Henrik pela primeira vez é visualmente perfeita e extremamente gélida). A sensação de frio é aumentada ainda mais ao percebemos uma utilização de cores amareladas presentes nos ambientes internos, conferindo uma sensação de aconchego e proteção. Isto sem mencionar a Estocolmo ao mesmo tempo charmosa e cinzenta.
2. DESIGN DE PRODUÇÃO - completa a fotografia. Os ambientes internos são extremamente bem decorados, trazendo desde móveis modernos e sofisticados (A mansão do Martin é de cair o queixo), até os mais sombrios (O escritório do tutor sádico da Lisbeth acaba causando medo e o apartamento da garota faz jus ao seu estilo punk).
3. ROTEIRO - extremamente bem escrito e organizado. Diferente do roteiro da adaptação sueca, o roteiro da versão americana consegue encaixar todo conteúdo presente no livro de forma àgil e competente. As informações transmitidas do Henrik para o Mikael sobre a família Vanger é muito bem explicada, como também a razão dele ter contratado o jornalista para investigar o desaparecimento de sua sobrinha. O roteirista merece ainda uma salva de palmas por trazer um clímax superior ao do livro, encerrando todo o mistério do filme de maneira épica.
4. O ELENCO - um show. Daniel Craig faz um ótimo trabalho como o Mikael Bloomkvist, trazendo um certo charme e calma ao personagem principal. Mas a escolha da Rooney Mara como a Lisbeth Salander é o grande acerto que Fincher trouxe ao filme. Mara como Salander é absolutamente genial. Sua interpretação merecedora da indicação ao Oscar de Melhor Atriz é talvez o que faça a versão americana de "Millennium" ser mais fiél ao livro do que a versão sueca (que explorava uma Lisbeth mais sociável e tranquila). A Salander de Rooney Mara não encara as pessoas nos olhos na maior parte do tempo; parece sempre ameacadora e perigosa, apesar de ser muito pequena e magricela; Diz "Dane-se" quando um tatuador a informa que a tatuagem que ela está prestes a fazer no pé doerá excessivamente; e consegue ser escrota ao mesmo tempo que é maravilhosamente linda.
5. SEQUÊNCIA DE ABERTURA - não poderia não ser citada. Estéticamente criativa e musicalmente "lisbethiana", a sequência de abertura de "Millennium" esclarece a todos que a personagem mais interessante da trama é sem dúvidas a Salander. Uma sequência original e muito bem executada.
Uma última nota para aqueles que adoram criticar o título "Os homens que não amavam as mulheres": " The Girl with the dragon tattoo" é o título que a versão americana deu para o livro sueco "Män som hatar kvinnor" (que na traducão livre de sueco para português quer dizer "Os homens que odeiam as mulheres"). Portanto, foi a versão americana que "inventou" um título novo e não a versão brasileira. Temos que parar de achar que sempre estamos errados e que os estadunidenses estão sempre certos. Mas principalmente temos que pesquisar se aquilo que estamos falando é realmente certo antes de julgarmos algo com tanta certeza.
Passado nos anos 60, "É o que eu sou" é um filme doce, envolvente, e em alguns momentos emocionante. Contando com uma história baseada em fatos reais, o filme narra a passagem de Andy, um garoto de 13 anos, da oitava série até o colegial, enquanto o garoto amadurece tanto sexualmente quanto pscicologicamente.
"Jogos Mortais" é um interessante filme que mistura cenas grotescas de mutilacão humana com uma história, que mesmo sendo muito absurda, acaba sendo também bem planejada e empolgante.
"Alice" é uma adaptação cinematográfica do famoso conto "Alice no país das maravilhas" de Lewis Carroll.
Uma adaptação completamente surrealista, que impressiona pela criatividade e originalidade da direção ilusionista do diretor Jan Svankmajer. Recheado de efeitos manuais, como o famoso stop-motion, o filme acerta na mosca ao evitar efeitos computadorizados, permitindo que a imaginação do espectador faça parte daquele universo incrivelmente bem construído. Não me lembro de ter visto algo tão original e simples assim há tanto tempo.
Um som impressionante, uma direção de arte impecável e uma narrativa única!
Não seria uma novidade dizer que o diretor sul-africano, Neil Blomkamp, demonstrou um talento excepcional em criar sequências de ação e tensão beirando à perfeição em seu primeiro e último filme antes do atual "Elysium: o fantástico "Distrito 9". Um estreante diretor que parecia absolutamente imperdível e consequentemente incapaz de realizar algum trabalho que pudesse ser classificado como ruim: este mesmo diretor chega às telas mundiais com o seu segundo filme, "Elysium", que é - em minha humilde opinião - um entretenimento esteticamente espetacular, mas narrativamente fraco.
Todo o problema de “Elysium” consiste no péssimo roteiro, que tenta a todo custo causar a impressão de estar criando uma história original e inteligente, quando na realidade está apenas servindo de base para o maior objetivo do filme (segundo os produtores e o diretor, acho eu): exibir gratuitamente efeitos especiais fantásticos e cabeças humanas sendo explodidas - uma marca que Distrito 9 usava com primor, mas que “Elysium” faz sem absoluto estilo algum. Não satisfeito com o péssimo desenvolvimento dramático dos personagens, o fraco roteiro de Blomkamp ainda resolve investir na busca de uma mãe (Alice Braga) em salvar sua filha de uma leucemia terminal – e ficamos surpresos ao perceber que tal drama só tem início nos trinta minutos finais do filme, após a personagem da Alice Braga pedir ao Max (Matt Damon) que leve sua filha à nave Elysium para assim tentar salvá-la da doença (sem spoilers!). Torna-se evidente então a fraqueza do roteiro de Blomkamp ao percebemos que aquela história da pequena garotinha com leucemia é na realidade uma mera desculpa investida pelo roteirista para tentar gerar algum drama ao filme – mas o resultado é tão ridículo que, sério, fica difícil não rir da situação. E o roteiro tem que ser muito ruim mesmo para conseguir fazer pessoas rirem de uma garota com leucemia terminal.
Porém - visualmente falando - Blomkamp continua a ser um diretor irresistível. Sua direção rápida e dinâmica consegue deixar todos atentos ao filme e, de certa forma, um pouco tensos (pelo o amor de Deus, não é a mesma tensão excepcional que Distrito 9 conseguiu causar!). Os atores são ótimos, com destaque para Matt Damon e Alice Braga. Já Wagner Moura e Jodie Foster ficam mais para trás, mas não por conta de suas interpretações (que são boas) e sim pelo fraco desenvolvimento dramático conferido aos seus personagens. Mas, sem dúvidas, o maior mérito de “Elysium” é o seu design de produção: as “favelas terrestres” e os terrenos por dentro da nave Elysium são incrivelmente bem feitos e fazem com que o espectador se sinta dentro daquele mundo muitíssimo bem construído (visualmente falando).
Podem apostar que as minhas expectativas não foram cumpridas. Fica a mensagem então ao Neil Blomkamp para que invista um pouco mais no roteiro de seu próximo filme, e que não fique apenas se preocupando com a estética visual do mesmo. Até porque, mesmo nos dias atuais, o atual objetivo do cinema não mudou: e tentar fazer um filme se sustentando apenas nos méritos técnicos do mesmo, é ainda, com toda a certeza do mundo, um sinal de fraqueza.
"The Kings Of Summer" é um bom filme. Nada mais além disto.
Contando com uma história que lembra muito o maravilhoso clássico dos anos oitenta "Conta Comigo", este filme sobre amadurecimento, amizades e amores se sai bem por trazer bons atores e personagens carismáticos. Além disto "The Kings of Summer" conta com a direção muito charmosa de Jordan Vogt-Roberts, que optando pelo excesso de sequências em câmera lenta, consegue passar a sensação de que cada momento vivenciado pelos protagonistas é único, fazendo assim o espectador ser o quarto membro daquele grupo.
Mas, infelizmente, o roteiro peca ao abordar os conflitos presentes entre os personagens. Desta forma, as relações entre melhores amigos e entre pais e filhos soam artificiais, sendo melhoradas apenas pelo bom elenco que consegue dar uma disfarçada no erro do roteiro.
A montagem do filme se revela excepcional ao misturar acontecimentos reais e fictícios, conseguindo transmitir as inseguranças e os desejos ocultos na mente dos personagens. O design de som se mostra muito eficiente também ao utilizar com frequência o som de batuques (aumentam a tensão em certos momentos) e o canto dos bichos (fazendo o espectador se sentir ainda mais dentro daquela floresta).
Um bom filme, mas completamente inferior à outros que abordam os mesmos temas e assuntos presentes nele.
Não acertando como um filme histórico, porém funcionando verdadeiramente bem como uma aventura épica e dramática, "Apocalypto" é mais um grande trabalho realizado por um excelente Mel Gibson atrás das câmeras, da mesma forma que é também um longa metragem muitíssimo original e provocador.
A capacidade que Gibson têm em criar sequências tão eletrizantes a ponto de deixar o espectador sem sequer piscar os olhos, é sem dúvidas o principal mérito presente em "Apocalypto". Há sequências em que o suspense se torna tão intenso que logo perdemos a noção de que o filme está passando. Esta técnica usada com primor por Gibson é o que torna seus filmes tão irresistíveis e originais.
E mesmo que o final seja corrido e mal resolvido, "Apocalypto" acaba sendo um grande filme, que choca, provoca e deixa todos presos em sua narrativa deliciosamente eletrizante.
"Filadélfia" é um comovente drama da década de noventa que se torna cada vez mais interessante ao longo do passar dos anos.
Não que o roteiro de Ron Nyswaner seja perfeito, apesar dele abordar o preconceito de uma forma inteligente e ao mesmo tempo assustadora. O que de fato estabelece "Filadélfia" como um grande clássico hollywoodiano, sem dubiedade alguma, são seus atores.
A começar por Tom Hanks, que impressiona como o advogado Andrew Beckett, em uma das melhores interpretações de sua carreira (inferior talvez ao seus papéis em "Náufrago" e "Forrest Gump"). O ator se sai irrevogavelmente bem nesta interpretação, mas infelizmente (ou felizmente) acaba tendo o bom trabalho eclipsado pela fantástica e mais uma vez imperdível atuação de Denzel Washington. Ambas performances se colidem de forma tão formidável que logo se torna quase impossível dar uma escolha certa de qual dos dois obtiveram o melhor desempenho no filme.
O final é satisfatoriamente comovente, causando uma profunda sensação de nostalgia no espectador. A faixa "Neil Young" é mais que suficiente para levar o cinéfilo a experimentar a sensação de ser o personagem do Tom Hanks e desta forma conduzi-lo à um universo de inúmeras dificuldades enfrentadas pelo personagem (seja pela sua opção sexual ou pela sua obtenção de Aids). As lágrimas logo tornam-se incapazes de serem controladas e a angústia se torna ainda maior após o encerramento do filme. Afinal, aquela “ficção” que concluímos de ver é na realidade um retrato concretizado de uma sociedade praticante de um preconceito tão abundante a ponto de não consegue sentir mais aquilo que, nos dias atuais, é o que há mais de escasso neste mundo: o amor ao próximo.
"Caché" é talvez o melhor filme do espetacular diretor austríaco Michael Haneke, cineasta responsável pelas inesquecíveis obras "Amor", "A Fita Branca" e o muito perturbador "Violência Gratuita".
Este é um filme sensacional; um suspense ao estilo Hitchcock que prende o telespectador na cadeira até os últimos segundos de projeção e o faz sofrer juntamente com o personagem do Daniel Auteuil - que traz uma interpretação deslumbrante como o pai de família Georges (sem citar a florescente Juliette Binoche).
Além de calcular com perfeição o nível de tensão que aos poucos vai atingindo ao ápice, Haneke ainda imprime neste longa suas típicas características que o fazem ser quem é: e então somos bombardeados (no mais ameno dos sentidos) de inúmeras seqüências de longa duração em que as câmeras permanecem estáticas a todo tempo, diálogos que se estendem sob um plano de algum objeto morto ou alguma localidade (a seqüência inicial focando a casa dos protagonistas, enquanto apenas se ouve a conversa de ambos é muitíssimo interessante) e, como sempre, uma cena que choca imensamente o telespectador. E ouso a dizer que a cena chocante presente em “Cache” seja talvez a cena mais inesperada, mais surpreendente e mais “tiradora” de fôlego de toda a carreira do diretor.
Não foi pelo acaso que Haneke ganhou a Palma de Ouro de Melhor Diretor no Festival de Cannes de 2005 por este longa. Sua direção, além de charmosa e tecnicamente peculiar, é engenhosa ao construir um clima de suspense e tensão esmeradamente tecida que aos poucos vai levando o telespectador à uma conclusão imprevisível e de tirar absolutamente todo o fôlego.
O que dizer da interpretação de Tom Hanks em "Náufrago"? Ou melhor: o que dizer de um filme que traz roteiro, direção, atuações e principalmente trilha sonora e fotografia beirando a perfeição?!
Simplesmente cativante. Melancolicamente arrebatador. Uma das maiores histórias sobre espírito humano, esperança, sobrevivência e principalmente superação.
O primeiro filme de Jean-Luc Godard, "Acossado", é sem dúvidas um dos filmes mais charmosos que já vi.
Além de trazer uma excepcional fotografia de Paris da década de sessenta, o longa é um marco na história do cinema por trazer uma personagem feminina como um ser independente do homem. Esta independência da mulher, nunca vista antes no cinema, dará impulso às próximas obras do diretor (não é a toa que a frase "as mulheres de Godard" é tão conhecida!).
A direção impressiona pela elegância e pela excentricidade, utilizando cortes propositalmente imperfeitos, acabando por criar ao telespectador uma sensação diferente de tudo que já se foi visto no cinema. Jean-Paul Belmondo (Michel) e Jean Seberg (Patricia) trabalham com perfeição para proporcionar um relacionamento de amor e ódio, sem jamais perder a elegância.
"Acossado" é um grande filme. É um maravilhoso estudo sobre o psicológico feminino, em uma época em que as mulheres apareciam nas telas como "seres complementadores de homens". É um clássico que visava o futuro e que será para sempre moderno.
Os minutos passam como se fossem segundos desde o início de "Ted" até a sua conclusão, quando inesperadamente recebemos a chocante informação de que o Taylor Lautner era na realidade um garoto gordinho e malvado, obsecado por ursinhos de pelúcia.
Se o parágrafo anterior já conseguiu ser mais engraçado do que noventa e nove por cento dos filmes de comédia americanos atuais, esperem só até ver um ursinho de pelúcia bebendo, se drogando e tentando agir como um adulto (infelizmente ele não consegue: ele é apenas um ursinho!) em "Ted", primeiro longa metragem do diretor e roteirista Seth MacFarlane. Um filme que prende o telespectador e o faz até mesmo chorar durante inúmeras sequências engraçadas e algumas outras meio tristes.
Dentre as muitas qualidades de "Ted", a mais competente seja talvez o próprio ursinho de pelúcia que empresta o seu nome ao filme: o Ted é uma criatura computadorizada tão real, mas tão real, que acaba nos conquistando em poucos minutos com o seu "humor-fofo" e com a sua adorável carisma. Peguei-me em um momento de melancolia ao terminar o filme e descobrir que aquele ursinho não passava de computação gráfica e dublagem. A realidade do urso, por incrível que pareça, não se dá somente aos efeitos especiais, mas principalmente pelo roteiro de Seth MacFarlane, que confere ao Ted uma vida além do que outros roteiristas ousariam a dar. E é admirável ao vermos, por exemplo, a sequência em que o Ted vai atrás de seu melhor amigo John para pedir-lhe desculpas (não irei dizer o motivo), demonstrando que por mais que o personagem seja um brinquedo infantil, ele já é crescido e portanto pensa e age como um jovem-adulto. Claro que não é todo adulto que se recusa a beber ou sai com várias prostitutas ao mesmo, mas tudo bem.
Esquecendo um pouco do ursinho, o filme é uma comédia muito competente, principalmente pela originalidade do tema (Sim, estamos cansados de vermos brinquedos criando vida em filmes... Mas não me lembro de ter visto algum outro longa que não fosse "Ted" explorar com tanta inteligência o amadurecimento de tal brinquedo e de seu dono). Também não me lembro de ter visto uma comédia atual que trouxesse tantos momentos engraçados (a sequência em que Ted e John brigam aos murros é fantástica!) ou que tratasse seus personagens como seres-humanos. E para mim, isto já é o suficiente para elevar "Ted" a um patamar superior em relação a outras comédias sem-graças e pouco criativas em seu tema central.
Espero ver mais momentos engraçados no cinema americano da mesma forma em que tive o prazer de assistir neste longa maravilhosamente engraçado, divertido, emocionante e muitíssimo criativo.
"Deixa ela entrar", filme sueco do diretor Tomas Alfredson, é um longa sensacional em diversos sentidos!
Cito principalmente o roteiro, que aborda uma belíssima, romântica, dramática e ao mesmo tempo aterrorizante história sobre duas crianças, que pelo fato de sofrerem com um tipo de solidão de uma forte intensidade, acabam se conhecendo e se apaixonando um pelo o outro: o Oskar (Kare Hedebrant) é um garoto muito sozinho, que sofre bullying de seus colegas e que não sabe se defender, enquanto a Eli (Lina Leandersson, em uma interpretação soberba!) revela-se mais tarde que não é um ser humano (e sim um vampiro) e que os laços que ambos estão construindo juntos a faz cada vez menos infeliz e menos solitária.
E é através deste romance que a história prossegue. Claro que não estamos falando de uma narrativa ou de um roteiro semelhante ao dos filmes da série Crepúsculo... Claro que não. Temos um roteiro coeso e forte que, diferente dos roteiros da saga de Stephenie Meyer, consegue fazer até mesmo os personagens mais fantasiosos (a vampira Eli, por exemplo) parecerem vivos e terem personalidades próprias (independente de sua condição de viva ou morta).
Então, se você estava pensando em assistir “Deixa ela entrar”, mas acabou desistindo ao ler as palavras-chaves “vampiro” e “romance” presentes no mesmo filme, saiba que está cometendo um terrível engano. Diferente da série Crepúsculo, “Deixa ela entrar” é, por mais estranho que pareça, um filme de terror. Um filme de terror aterrorizante, que traz cenas em que seus olhos saltam das órbitas de tanto impacto que o diretor consegue causar, causando choque e intermináveis sustos.
(Entre as cenas aterrorizantes, a inesquecível sequência do “pai” da Eli se suicidando ao jogar um àcido super corrisivo no rosto e a posterior sequência em que o mesmo personagem pega fogo em cima da cama do hospital. Há os aterrorizantes momentos de bullying sofridos pelo Oskar e as sequências que Eli escolhe suas presas para devorá-las e poder ter o que se alimentar)
A fotografia escura, fria e melancólica é espetacular, e também ajuda a dar ao telespectador a sensação de se estar preso naquele profundo e depressivo terror gélido.
Ao terminar o filme, uma sensação de alegria e melancolia se apoderou dentro de mim. Lembro-me com pouca clareza de ter visto um filme tão aterrorizante ao mesmo tempo que é tocante e poético. Além disto, é um filme que nos faz ver que não importa o tema em que se é utilizado em um longa metragem (antes de ver “Deixa ela entrar” condenava quase que irrevogavelmente romances sobre vampiros), se o roteiro for coeso, coerente e competente, aquilo que antes parecia feio e batido pode se tornar algo explêndido, bonito e principalmente novo.
Sergio Leoni junto com o famoso e aclamado compositor Ennio Morricone fazem miséria neste clássico definitivo western!
Perdendo apenas para "Três Homens em Conflito" (o western ao qual eu mais tenho simpatia), "Era uma vez no Oeste" é um impressionante retrato sobre uma época em que as brigas e as diferenças das pessoas eram resolvidas através de duelos de armas. Uma época muitíssimo bem abordada pelo roteiro e principalmente direção de Leoni, um dos maiores diretores de todos os tempos!
As antológicas interpretações de Henry Fonda, Charles Bronson e a fantástica italiana Claudia Cardinale são absolutamente inesquecíveis! A trilha sonora épica é irretocável! E as sequências clássicas do filme ficarão guardadas para sempre na mente de quem o admirar!
O som é impressionante principalmente a forma como Leoni o utiliza para nos dar a sensação de estarmos naquele universo. Barulho de pingos de água, ventos uivando e moinhos enferrujados girando são um dos ruídos que tornam "Era uma vez no Oeste" tão verdadeiro. Me lembro muito pouco de uma utilização tão competente de som quanto a que foi usada neste filme; uma utilização competente e absolutamente necessária para trazer uma parte daquela época que o roteiro não poderia explorar.
Um filme épico e gigantesco! Absolutamente inesquecível!
"A Bruxa de Blair" mete medo ao telespectador (não diria nem "medo", mas sim "suspense") apenas com sua atmosfera de alta tensão e com as ótimas e naturalíssimas interpretações de Heather Donahue, Michael Williams e Joshua Leonard, que fazem os três protagonistas do filme.
Não que a história em si dê medo: a ideia de "uma bruxa" estar rondando a floresta de Black Hills e matando pessoas da região pode parecer tanto assustadora quanto cômica - como qualquer outro tipo de lenda urbana é. Adotando um tipo de filmagem que se assemelha muito a um documentário cinematográfico durante todo o tempo de projeção (os jovens querem fazer um documentário sobre a tal lenda da Bruxa de Blair), o filme peca talvez em ser muito pouco explícito, utilizando apenas ruídos e o desespero de seus personagens para criar a atmosfera tão tensa. Por outro lado, este acaba sendo um bom fator para o filme: logo se não vemos o que tanto está os perseguindo, logo entramos em desespero ao não saber o que está acontecendo com estes personagens. O suspense, de certo modo, aumenta por conta do mistério da identidade do assassino anônimo (ou assassinos) e o terror, digo isto com muita convicção, não se manifesta em quem assiste por conta da escacez de cenas em que algo apavorante é realmente mostrado ao público.
“A Bruxa de Blair” é um bom filme, que depende muito do ponto de vista de quem for o assistir: se você está esperando por um filme de suspense que consiga gerar alta tensão sem ser explícito, este é o filme perfeito para você. Mas se estiver à procura de um terror verdadeiro, amedrontador e sanguinário... Passe longe.
O novo filme de Sofia Coppola "The Bling Ring - A Gangue de Hollywood" é um filme que, mesmo com algumas boas qualidades, pode ser descrito melhor com a palavra "originalidade".
Por mais que o assunto "adolescentes fúteis que se drogam e que só pensam em se divertir" já fosse um assunto batido, a legítima filha de Francis Ford Coppola consegue tirar o seu filme dos típicos clichês que filmes do mesmo tipo geralmente trazem. Sua direção simples e ao mesmo tempo competente traz belas escolhas de ângulos,
(por exemplo na cena em que os jovens roubam a casa de um famoso e a câmera permanece parada o tempo todo)
filmando a casa de longe, enquanto vemos o roubo através das enormes janelas de vidro) sequências que causam tensão e um leve humor irônico e satírico, que dá um toque à mais ao filme.
Além disto, a escolha de Sofia em criar personagens mesquinhas e nada humildes é simplesmente um dos pontos mais altos do filme. Os protagonistas de "The Bling Ring" são tão excêntricos, consumistas e fúteis que fazem o público odiá-los e torcer para que eles acabem se dando mal. Isto é algo muito interessante e pouco visto no cinema atual e é feito com primor pela filha de Coppola.
Todas as interpretações são boas, com destaque para Israel Broussard (Marc) e Emma Watson (a eterna Hermione da série "Harry Potter"), que faz um excelente trabalho aqui interpretando a Nicki, a personagem mais agressiva, fútil, ousada e excêntrica do filme. Israel têm também momentos excelentes, trazendo sem sombra de dúvidas a melhor interpretação do longa: o seu Marc é um cara de baixa alto-estima, egocêntrico, calado e principalmente misterioso.
"The Bling Ring" é um bom filme. Não supera as expectativas de quem conhece os melhores trabalhos da diretora, mas é sim um bom longa. Têm uma história interessante, bem contada, personagens que parecem reais (para, pelo o menos, quem já conheceu pessoas assim) e ótimos atores. Não que ele merecesse estar na lista oficial de Cannes deste ano, mas mesmo assim seria difícil se encontrar com Sofia Coppola, após assistir à este filme, e não lhe dar congratulações por mais outro trabalho divertido, competente e principalmente original.
Chega! Parem agora! Parem antes que fique pior! Parem também de tentar buscar uma nova série literária que obtenha uma adaptação cinematográfica com o mesmo sucesso das sagas Harry Potter e O Senhor dos Anéis! Essa sagas são únicas e não podem ser substituídas.
"Percy Jackson e os Olimpianos: o Mar de Monstros", segundo filme da série Percy Jackson, comprova isso como nenhum filme de "ficção-adolescente" jamais fez! O segundo capítulo da saga do herói semi-deus não é ruim... É horrível! Poderia passar o dia todo falando de todos os defeitos que tornaram "O Mar de Monstros" um dos piores filmes que vi nos últimos anos!
O roteiro é fraquíssimo, da pior qualidade possível, fazendo uma adaptação absurdamente ridícula do livro de Rick Riordan. Os atores estão todos péssimos! Logan Lerman (Percy Jackson), que tinha mostrado uma ótima interpretação em seu filme anterior "As Vantagens de Ser Invisível" aparece aqui sem expressão alguma e sem personalidade alguma. A Clarisse, que era uma das personagens mais fortes (se tratando de personalidade) surge como uma "vilã" ao estilo High-School-Musical, passando a ser agradável na maioria do tempo. As relações entre os personagens são catastróficas! Percy e Annabeth mal-mente se comunicam como dois amigos... Grover é tão sem graça quanto no filme anterior... Tyson está sem personalidade alguma! Os efeitos especiais são uma porcaria e piorados ainda com o péssimo, escuro e desnecessário 3D, que para nada serve além de encher os bolsos dos produtores! A trilha sonora quase não aparece e, quando se manifesta em um volume quase impossível de se escutar, não consegue causar qualquer tipo de emoção ou tensão ao telespectador. A fotografia é horrorosa, amadora e sem vida. A direção de arte está pior que na do primeiro filme, trazendo péssimos e artificiais cenários para um mundo que deveria ser belo, mas que por certo modo, acaba não sendo. E quando chega o final, quando você acha que não poderia piorar, [SPOILER!] Cronos aparece em uma péssima e nada emocionante sequência de "ação" inventada, tentando trazer um desfecho satisfatório para o filme. É claro que o "brilhante" roteiro não alcança seu objetivo, e o filme termina com um dos finais mais sem graça e mais indiferentes que vi nestes últimos anos!
Um filme horrível, que me fez ter nojo desta coisa macacada que eles insistem chamar de "adaptação cinematográfica".
"Teen Beach Movie" é talvez um dos "menos piores" musicais adolescentes que a Disney Channel vêm insistindo em lançar desde High School Musical.
O roteiro é fraquíssimo, com uma história hiper clichê de jovens que após um incidente acabam acordando em um filme (Nossa... Quantas histórias dessa já vimos no cinema para adolescente?!). Sendo um longa típico da "Sessão da Tarde", "Teen Beach Movie" ("TBM" daqui pra frente) erra feio ao tentar extrair drama de personagens pouco carismáticos e, quase sempre, sem personalidades. A direção de arte do filme - como qualquer direção de arte de qualquer outro filme já produzido pelo canal - é péssima, não chegando por pouco o mesmo nível de "escrotisse" de outras séries da Disney.
Porém, o longa acerta muito bem na coreografia. Isto é talvez o que faça de "TBM" um dos musicais-adolescentes menos ruins do Disney Channel. Há até mesmo algumas sequências que impressionam pela qualidade das danças, algo somente visto anteriormente (no canal da Disney) em High School Musical 3.
Outro ponto positivo do filme é a carisma do Ross Lynch (Brady), que surpreende principalmente nas cenas de dança. O ator nunca havia demonstrando talento em seu único personagem anterior ao Brady: o Austin, da - para variar - série do Disney Channel "Austin and Allie". Já a Maia Mitchell (McKenzie) não se sai tão bem quanto Lynch e acaba ficando bem para trás, principalmente em sequências não-cantadas em que ambos dividem cena.
Não que "Teen Beach Movie" seja um filme ruim. A sua energia e as suas coreografias trazem algo de novo para a Disney, algo que eles vinham tentando fazer sem sucesso desde "Camp Rock", lançado em 2008. Absorvendo o estilo e a cultura dos anos sessenta, o filme lembra um pouco o clássico musical com John Travolta "Grease - nos tempos da brilhantina". Claro que tal comparação não tem a palavra "qualidade" inserida em seu contexto, uma vez que para alcançar o nível de competência de "Grease" os produtores da Disney teriam que investir mais em seus temas e, principalmente roteiros, que, francamente, estão longe de serem bons.
Christopher Nolan, tenho que dizer, é sem dúvidas um dos melhores diretores da atualidade. Responsável por grandes trabalhos como "Insônia" e "A Origem", ele não apenas faz filmes: eles os transforma em obras de arte, exigindo a atenção de quem assiste para que a trama possa ser compreendida e apreciada.
"Batman - O Cavaleiro das Trevas" é um obra absolutamente sensacional em vários sentidos da palavra. Tem uma estupenda fotografia gótica de Gotham City, com o predomínio de cores escuras, que acaba dando um tom muito sombrio ao filme. Uma história super envolvente e de tirar o fôlego, repleta de charadas, diálogos inteligentes (como todo filme do Nolan). Sequências de ação absurdamente bem filmadas, que te fazem ficar na ponta da cadeira de tanta tensão e envolvimento. E o melhor de tudo: tem um elenco fenomenal!
Christian Bale como o Batman, faz todos os atores que interpretaram o herói no passado parecerem palhaços. Maggie Gyllenhaal como a Rachel Dawes, em uma super carismática interpretação. Grandes atores como Gary Oldman, Morgan Freeman e Michael Caine dando um show de bola. E, aí é que está, a melhor atuação do filme que é sem dúvidas a do Heath Ledger (o Coringa) que fez, faz e ainda fará o público que assistir o filme se espantar com a qualidade de sua interpretação antológica e inesquecível, superior sem dúvidas a de Jack Nicholson (o Coringa anterior do filme do Tim Burton).
Eu tenho um lema que vou sempre levar pela a minha vida: "Nunca crie expectativas para um filme!". Mas, alterando o meu lema, eu poderia muito bem dizer: "Nunca crie expectativas para um filme... A não ser que ele seja do Christopher Nolan".
A direção antológica de Alfonso Cuáron é o principal motivo que faz "Filhos da Esperança" ser um grande filme.
A habilidade inquestionável do diretor em criar sequências visualmente perfeitas, emocionalmente carregadas e uma tensão que faz o público sofrer de ansiedade até o final da projeção, é algo para ser aplaudido. Cuáron realiza com maestria um filme que, sem hipérbole alguma, têm uma das melhores fotografias cinematográficas que já vi: esta é uma fotografia tão perfeita, tão incrível e tão absurda que apenas com ela o filme me ganhou.
Obviamente (estamos falando de um filme do Cuáron) o longa nos mostra incríveis atuações de todo o elenco (com destaque mais uma vez para Michael Caine, em uma interpretação soberba!), um roteiro espetacular que explora com enorme competência a história criativa e tensa criada pelo Cuáron e sua equipe e memoráveis sequências de ação e drama. O Design de produção é muito competente também, conseguindo nos levar para uma Londres futura (ano de 2027) com a ajuda da fotografia fenomenal (Me desculpem, tive que falar da fotografia novamente!).
Um filme incrivelmente criativo, visualmente perfeito e com uma direção soberba!
Com um roteiro super divertido e humorístico, o segundo filme de "RED - Aposentados e Perigosos" se sai bem em trazer risos (risos com motivo!), cenas de ação super exageradas que nem as do primeiro filme (usando "exageradas" no melhor sentido possível) e ótimas interpretações, se consagrando como um exemplo de como um bom filme de ação pode ser competente e divertido.
A ótima interpretação de Thiago Mendonça como Renato Russo em "Somos mais jovens" não é suficiente para disfarçar um roteiro que se satisfeita em mostrar apenas um ídolo da geração Coca-Cola como um drogado, bêbedo e insatisfeito sexual. O filme termina sem cumprir com o que tinha prometido e acaba causando a impressão de que a Legião Urbana foi apenas uma banda amadora de garagem: é somente nos créditos em que vemos a verdadeira banda tocar no Rock'n Rio em 1985. Mas, até aí, já era tarde demais... O filme havia conseguido esgotar a minha paciência. Peço ao Antônio Carlos da Fontoura para - antes de ligar as câmeras e gritar "Ação!" - investir um pouco mais no roteiro de seus filmes... Seria bom ver algo menos "Skins" e mais maduro - tematicamente falando.
"Saló - os 120 dias de sodoma" é um filme doentio que acabou se tornando um clássico cult do cinema apenas por ser tão doentio! Este é talvez o filme mais repugnante e mais polêmico que já assisti em toda a minha vida! Acho difícil achar algum significado oculto neste filme, já que quando não somos obrigados a assistir cenas de estrupo, acabamos por observar enojados jovens sendo obrigados a engolir fezes humanas de seus "senhores". Além dos ridículos diálogos que narram momentos sexuais e asquerosos de personagens doentios, o filme é - para mim - um trabalho que dá errado por não conseguir construir uma história interessante, ou qualquer personagem que cative o público. Talvez o seu único ponto alto seja o impacto que algumas cenas causam, cativando amantes do cinema polêmico e cult. Nada a mais que isso: um clássico nojento, repugnante e sem roteiro algum.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraO cineasta mexicano Alfonso Cuarón é, sem dubiedade alguma, um dos diretores mais competentes que Hollywood abriga nos dias atuais. A sua técnica primorosa em criar sequências visualmente perfeitas e que em muitas vezes impressionam pela escacez de cortes (sequências aparentemente rodadas em um único corte) e/ou por movimentos de câmeras originais e dinâmicos, são alguns dos motivos que garantem às suas obras um estilo incrivelmente único. Portanto, após ficar de queixo caído com a sua direção antológica em "Filhos da Esperança", me vi contando os dias para a estreia do mais novo filme do diretor: o incrível, fabuloso e supreendente "Gravidade", que é - sem dúvidas alguma - um dos melhores filmes do ano.
Utilizando mais uma vez sequências relativamente longas (o incrível início de dez minutos, por exemplo) rodadas aparentemente sem corte algum, Cuarón retorna à sua direção incrivelmente original marcada principalmente (neste novo trabalho) por criativas escolhas de ângulos. Sua câmera está sempre rodando e rodando - seja em volta dos personagens ou em volta dos satélites - explorando com competência a ideia da inexistência dos sentidos no espaço (cima, baixo, esquerda, direita) e conferindo ao espectador a sensação vertiginosa de estar flutuando pelo vácuo. Esta sensação "espacial" torna-se ainda mais acentuada pela falta de som existentes nas sequências de ação (o som não se propaga pelo vácuo) e pela incrível fotografia do planeta Terra vista do espaço, que tenho que dizer, é a melhor fotografia espacial já utilizada em uma obra cinematográfica.
Os efeitos especiais são mais do que dignos de Oscar (da mesma forma que a direção do Cuarón), trazendo sequências de destruição catastróficas de satélites até objetos flutuando pelo vácuo de forma tão convincente à ponto de não convencer ao espectador de que tudo aquilo foi realmente filmado em estúdio (convenceria mais dizer que o filme foi realmente feito no espaço).
Sandra Bullock apresenta, em minha opinião, a melhor interpretação de sua carreira ao retratar os medos e os traumas da astronauta Ryan, enquanto George Clooney não faz nada demais além de sorrir e de servir como uma espécie de "garanhão astronauta" para que a relação entre seu personagem e o da Sandra funcione de forma convincente, mas infelizmente (sinto muito em dizer isso) a relação de ambos acaba se tornando artificial desde o início do filme. Um outro pequeno problema de "Gravidade" consta na petrificação do cabelo da Ryan (e logo torna-se meio constrangedor perceber o corpo da astronauta flutuando por conta da falta de gravidade, enquanto seu cabelo permanece à todo instante imóvel, sem sair do lugar). Erros que, felizmente, tornam-se ocultados pelo espetacular trabalho de Cuarón na direção.
Indo além da fotografia e dos efeitos especiais, "Gravidade" ainda trás em seu roteiro temas que lembram muito os de obras-primas do mesmo gênero (como por exemplo "2001 - uma odisséia no espaço"): a tranquilidade do espaço em relação a Terra; o debate sobre a vida e a morte; o sentimento de solidão, entre outros. Claro que o filme não foca nestes temas com profundidade, mas mesmo assim propõe-se à discutí-los de forma mais oculta e delicada.
Este é, sem fazer hipérboles, o filme mais imperdível do ano. Assistí-lo é presenciar a melhor forma de um diretor que, além de realizar o melhor filme da série Harry Potter ("Prisioneiro de Azkaban"), te fez acreditar em sonhos ("A Princesinha"), te fez conhecer a adolescência de uma forma nunca vista antes ("Y tu mama tambíen"), lhe levou para uma incrível Londres futura ("Filhos da Esperança") e que agora estará te levando para o espaço-sideral de uma forma totalmente nova e imperdível ("Gravidade").
OBS: o 3D é incrível - a melhor utilização de campo de profundidade na história do cinema em 3D! - e merece ser desfrutado em cada segundo de projeção.
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
4.2 3,1K Assista AgoraDavid Fincher não é apenas um diretor que sabe filmar muito bem. Sua direção rápida e estilosa é extremamente engenhosa em abordar temas que tem como plano de fundo o suspense e o drama, que vai crescendo aos poucos, como balões de ar, até atingirem ao àpice e explodirem no clímax, acabando por trazer conclusões impressionantes e muito bem planejadas para seus filmes. Não satisfeito em deixar todos absolutamente eufóricos com o seu excepcional e inteligentíssimo trabalho anterior, o maravilhoso e injustiçado pela academia "A Rede Social" (2010), eis que ele trás uma adaptação do best-seller do escritor sueco Stieg Larsson "Millennium - os homens que não amavam as mulheres"... E que adaptação excepcional.
São cinco motivos para assistir a versão americana de "Millennium" (além da direção excepcional de David Fincher, é claro!):
1. FOTOGRAFIA- Sem dúvidas o maior mérito do filme. O diretor de fotografia opta por cores frias e quentes, como o azul e amarelo (sempre presentes em cena) para conferir um estilo ao filme que lembra muito o visual fotográfico presente em "A Rede Social". As sequências externas são tão bem fotografadas com o azul gélido, que termina por conferir uma sensação real de frio ao espectador (A sequência em que o carro de Mikael atravessa os portões que levam a casa do Henrik pela primeira vez é visualmente perfeita e extremamente gélida). A sensação de frio é aumentada ainda mais ao percebemos uma utilização de cores amareladas presentes nos ambientes internos, conferindo uma sensação de aconchego e proteção. Isto sem mencionar a Estocolmo ao mesmo tempo charmosa e cinzenta.
2. DESIGN DE PRODUÇÃO - completa a fotografia. Os ambientes internos são extremamente bem decorados, trazendo desde móveis modernos e sofisticados (A mansão do Martin é de cair o queixo), até os mais sombrios (O escritório do tutor sádico da Lisbeth acaba causando medo e o apartamento da garota faz jus ao seu estilo punk).
3. ROTEIRO - extremamente bem escrito e organizado. Diferente do roteiro da adaptação sueca, o roteiro da versão americana consegue encaixar todo conteúdo presente no livro de forma àgil e competente. As informações transmitidas do Henrik para o Mikael sobre a família Vanger é muito bem explicada, como também a razão dele ter contratado o jornalista para investigar o desaparecimento de sua sobrinha. O roteirista merece ainda uma salva de palmas por trazer um clímax superior ao do livro, encerrando todo o mistério do filme de maneira épica.
4. O ELENCO - um show. Daniel Craig faz um ótimo trabalho como o Mikael Bloomkvist, trazendo um certo charme e calma ao personagem principal. Mas a escolha da Rooney Mara como a Lisbeth Salander é o grande acerto que Fincher trouxe ao filme. Mara como Salander é absolutamente genial. Sua interpretação merecedora da indicação ao Oscar de Melhor Atriz é talvez o que faça a versão americana de "Millennium" ser mais fiél ao livro do que a versão sueca (que explorava uma Lisbeth mais sociável e tranquila). A Salander de Rooney Mara não encara as pessoas nos olhos na maior parte do tempo; parece sempre ameacadora e perigosa, apesar de ser muito pequena e magricela; Diz "Dane-se" quando um tatuador a informa que a tatuagem que ela está prestes a fazer no pé doerá excessivamente; e consegue ser escrota ao mesmo tempo que é maravilhosamente linda.
5. SEQUÊNCIA DE ABERTURA - não poderia não ser citada. Estéticamente criativa e musicalmente "lisbethiana", a sequência de abertura de "Millennium" esclarece a todos que a personagem mais interessante da trama é sem dúvidas a Salander. Uma sequência original e muito bem executada.
Uma última nota para aqueles que adoram criticar o título "Os homens que não amavam as mulheres": " The Girl with the dragon tattoo" é o título que a versão americana deu para o livro sueco "Män som hatar kvinnor" (que na traducão livre de sueco para português quer dizer "Os homens que odeiam as mulheres"). Portanto, foi a versão americana que "inventou" um título novo e não a versão brasileira. Temos que parar de achar que sempre estamos errados e que os estadunidenses estão sempre certos. Mas principalmente temos que pesquisar se aquilo que estamos falando é realmente certo antes de julgarmos algo com tanta certeza.
That's What I Am
4.0 136 Assista AgoraPassado nos anos 60, "É o que eu sou" é um filme doce, envolvente, e em alguns momentos emocionante. Contando com uma história baseada em fatos reais, o filme narra a passagem de Andy, um garoto de 13 anos, da oitava série até o colegial, enquanto o garoto amadurece tanto sexualmente quanto pscicologicamente.
Jogos Mortais
3.7 1,6K Assista Agora"Jogos Mortais" é um interessante filme que mistura cenas grotescas de mutilacão humana com uma história, que mesmo sendo muito absurda, acaba sendo também bem planejada e empolgante.
Alice
4.1 265"Alice" é uma adaptação cinematográfica do famoso conto "Alice no país das maravilhas" de Lewis Carroll.
Uma adaptação completamente surrealista, que impressiona pela criatividade e originalidade da direção ilusionista do diretor Jan Svankmajer. Recheado de efeitos manuais, como o famoso stop-motion, o filme acerta na mosca ao evitar efeitos computadorizados, permitindo que a imaginação do espectador faça parte daquele universo incrivelmente bem construído. Não me lembro de ter visto algo tão original e simples assim há tanto tempo.
Um som impressionante, uma direção de arte impecável e uma narrativa única!
Elysium
3.3 2,0K Assista AgoraNão seria uma novidade dizer que o diretor sul-africano, Neil Blomkamp, demonstrou um talento excepcional em criar sequências de ação e tensão beirando à perfeição em seu primeiro e último filme antes do atual "Elysium: o fantástico "Distrito 9". Um estreante diretor que parecia absolutamente imperdível e consequentemente incapaz de realizar algum trabalho que pudesse ser classificado como ruim: este mesmo diretor chega às telas mundiais com o seu segundo filme, "Elysium", que é - em minha humilde opinião - um entretenimento esteticamente espetacular, mas narrativamente fraco.
Todo o problema de “Elysium” consiste no péssimo roteiro, que tenta a todo custo causar a impressão de estar criando uma história original e inteligente, quando na realidade está apenas servindo de base para o maior objetivo do filme (segundo os produtores e o diretor, acho eu): exibir gratuitamente efeitos especiais fantásticos e cabeças humanas sendo explodidas - uma marca que Distrito 9 usava com primor, mas que “Elysium” faz sem absoluto estilo algum. Não satisfeito com o péssimo desenvolvimento dramático dos personagens, o fraco roteiro de Blomkamp ainda resolve investir na busca de uma mãe (Alice Braga) em salvar sua filha de uma leucemia terminal – e ficamos surpresos ao perceber que tal drama só tem início nos trinta minutos finais do filme, após a personagem da Alice Braga pedir ao Max (Matt Damon) que leve sua filha à nave Elysium para assim tentar salvá-la da doença (sem spoilers!). Torna-se evidente então a fraqueza do roteiro de Blomkamp ao percebemos que aquela história da pequena garotinha com leucemia é na realidade uma mera desculpa investida pelo roteirista para tentar gerar algum drama ao filme – mas o resultado é tão ridículo que, sério, fica difícil não rir da situação. E o roteiro tem que ser muito ruim mesmo para conseguir fazer pessoas rirem de uma garota com leucemia terminal.
Porém - visualmente falando - Blomkamp continua a ser um diretor irresistível. Sua direção rápida e dinâmica consegue deixar todos atentos ao filme e, de certa forma, um pouco tensos (pelo o amor de Deus, não é a mesma tensão excepcional que Distrito 9 conseguiu causar!). Os atores são ótimos, com destaque para Matt Damon e Alice Braga. Já Wagner Moura e Jodie Foster ficam mais para trás, mas não por conta de suas interpretações (que são boas) e sim pelo fraco desenvolvimento dramático conferido aos seus personagens. Mas, sem dúvidas, o maior mérito de “Elysium” é o seu design de produção: as “favelas terrestres” e os terrenos por dentro da nave Elysium são incrivelmente bem feitos e fazem com que o espectador se sinta dentro daquele mundo muitíssimo bem construído (visualmente falando).
Podem apostar que as minhas expectativas não foram cumpridas. Fica a mensagem então ao Neil Blomkamp para que invista um pouco mais no roteiro de seu próximo filme, e que não fique apenas se preocupando com a estética visual do mesmo. Até porque, mesmo nos dias atuais, o atual objetivo do cinema não mudou: e tentar fazer um filme se sustentando apenas nos méritos técnicos do mesmo, é ainda, com toda a certeza do mundo, um sinal de fraqueza.
Os Reis do Verão
3.6 422"The Kings Of Summer" é um bom filme. Nada mais além disto.
Contando com uma história que lembra muito o maravilhoso clássico dos anos oitenta "Conta Comigo", este filme sobre amadurecimento, amizades e amores se sai bem por trazer bons atores e personagens carismáticos. Além disto "The Kings of Summer" conta com a direção muito charmosa de Jordan Vogt-Roberts, que optando pelo excesso de sequências em câmera lenta, consegue passar a sensação de que cada momento vivenciado pelos protagonistas é único, fazendo assim o espectador ser o quarto membro daquele grupo.
Mas, infelizmente, o roteiro peca ao abordar os conflitos presentes entre os personagens. Desta forma, as relações entre melhores amigos e entre pais e filhos soam artificiais, sendo melhoradas apenas pelo bom elenco que consegue dar uma disfarçada no erro do roteiro.
A montagem do filme se revela excepcional ao misturar acontecimentos reais e fictícios, conseguindo transmitir as inseguranças e os desejos ocultos na mente dos personagens. O design de som se mostra muito eficiente também ao utilizar com frequência o som de batuques (aumentam a tensão em certos momentos) e o canto dos bichos (fazendo o espectador se sentir ainda mais dentro daquela floresta).
Um bom filme, mas completamente inferior à outros que abordam os mesmos temas e assuntos presentes nele.
Apocalypto
3.8 842Não acertando como um filme histórico, porém funcionando verdadeiramente bem como uma aventura épica e dramática, "Apocalypto" é mais um grande trabalho realizado por um excelente Mel Gibson atrás das câmeras, da mesma forma que é também um longa metragem muitíssimo original e provocador.
A capacidade que Gibson têm em criar sequências tão eletrizantes a ponto de deixar o espectador sem sequer piscar os olhos, é sem dúvidas o principal mérito presente em "Apocalypto". Há sequências em que o suspense se torna tão intenso que logo perdemos a noção de que o filme está passando. Esta técnica usada com primor por Gibson é o que torna seus filmes tão irresistíveis e originais.
E mesmo que o final seja corrido e mal resolvido, "Apocalypto" acaba sendo um grande filme, que choca, provoca e deixa todos presos em sua narrativa deliciosamente eletrizante.
Filadélfia
4.2 909 Assista Agora"Filadélfia" é um comovente drama da década de noventa que se torna cada vez mais interessante ao longo do passar dos anos.
Não que o roteiro de Ron Nyswaner seja perfeito, apesar dele abordar o preconceito de uma forma inteligente e ao mesmo tempo assustadora. O que de fato estabelece "Filadélfia" como um grande clássico hollywoodiano, sem dubiedade alguma, são seus atores.
A começar por Tom Hanks, que impressiona como o advogado Andrew Beckett, em uma das melhores interpretações de sua carreira (inferior talvez ao seus papéis em "Náufrago" e "Forrest Gump"). O ator se sai irrevogavelmente bem nesta interpretação, mas infelizmente (ou felizmente) acaba tendo o bom trabalho eclipsado pela fantástica e mais uma vez imperdível atuação de Denzel Washington. Ambas performances se colidem de forma tão formidável que logo se torna quase impossível dar uma escolha certa de qual dos dois obtiveram o melhor desempenho no filme.
O final é satisfatoriamente comovente, causando uma profunda sensação de nostalgia no espectador. A faixa "Neil Young" é mais que suficiente para levar o cinéfilo a experimentar a sensação de ser o personagem do Tom Hanks e desta forma conduzi-lo à um universo de inúmeras dificuldades enfrentadas pelo personagem (seja pela sua opção sexual ou pela sua obtenção de Aids). As lágrimas logo tornam-se incapazes de serem controladas e a angústia se torna ainda maior após o encerramento do filme. Afinal, aquela “ficção” que concluímos de ver é na realidade um retrato concretizado de uma sociedade praticante de um preconceito tão abundante a ponto de não consegue sentir mais aquilo que, nos dias atuais, é o que há mais de escasso neste mundo: o amor ao próximo.
Caché
3.8 384 Assista Agora"Caché" é talvez o melhor filme do espetacular diretor austríaco Michael Haneke, cineasta responsável pelas inesquecíveis obras "Amor", "A Fita Branca" e o muito perturbador "Violência Gratuita".
Este é um filme sensacional; um suspense ao estilo Hitchcock que prende o telespectador na cadeira até os últimos segundos de projeção e o faz sofrer juntamente com o personagem do Daniel Auteuil - que traz uma interpretação deslumbrante como o pai de família Georges (sem citar a florescente Juliette Binoche).
Além de calcular com perfeição o nível de tensão que aos poucos vai atingindo ao ápice, Haneke ainda imprime neste longa suas típicas características que o fazem ser quem é: e então somos bombardeados (no mais ameno dos sentidos) de inúmeras seqüências de longa duração em que as câmeras permanecem estáticas a todo tempo, diálogos que se estendem sob um plano de algum objeto morto ou alguma localidade (a seqüência inicial focando a casa dos protagonistas, enquanto apenas se ouve a conversa de ambos é muitíssimo interessante) e, como sempre, uma cena que choca imensamente o telespectador. E ouso a dizer que a cena chocante presente em “Cache” seja talvez a cena mais inesperada, mais surpreendente e mais “tiradora” de fôlego de toda a carreira do diretor.
Não foi pelo acaso que Haneke ganhou a Palma de Ouro de Melhor Diretor no Festival de Cannes de 2005 por este longa. Sua direção, além de charmosa e tecnicamente peculiar, é engenhosa ao construir um clima de suspense e tensão esmeradamente tecida que aos poucos vai levando o telespectador à uma conclusão imprevisível e de tirar absolutamente todo o fôlego.
Náufrago
3.9 1,9K Assista AgoraO que dizer da interpretação de Tom Hanks em "Náufrago"? Ou melhor: o que dizer de um filme que traz roteiro, direção, atuações e principalmente trilha sonora e fotografia beirando a perfeição?!
Simplesmente cativante. Melancolicamente arrebatador. Uma das maiores histórias sobre espírito humano, esperança, sobrevivência e principalmente superação.
Acossado
4.1 510 Assista AgoraO primeiro filme de Jean-Luc Godard, "Acossado", é sem dúvidas um dos filmes mais charmosos que já vi.
Além de trazer uma excepcional fotografia de Paris da década de sessenta, o longa é um marco na história do cinema por trazer uma personagem feminina como um ser independente do homem. Esta independência da mulher, nunca vista antes no cinema, dará impulso às próximas obras do diretor (não é a toa que a frase "as mulheres de Godard" é tão conhecida!).
A direção impressiona pela elegância e pela excentricidade, utilizando cortes propositalmente imperfeitos, acabando por criar ao telespectador uma sensação diferente de tudo que já se foi visto no cinema. Jean-Paul Belmondo (Michel) e Jean Seberg (Patricia) trabalham com perfeição para proporcionar um relacionamento de amor e ódio, sem jamais perder a elegância.
"Acossado" é um grande filme. É um maravilhoso estudo sobre o psicológico feminino, em uma época em que as mulheres apareciam nas telas como "seres complementadores de homens". É um clássico que visava o futuro e que será para sempre moderno.
Ted
3.1 3,4K Assista AgoraOs minutos passam como se fossem segundos desde o início de "Ted" até a sua conclusão, quando inesperadamente recebemos a chocante informação de que o Taylor Lautner era na realidade um garoto gordinho e malvado, obsecado por ursinhos de pelúcia.
Se o parágrafo anterior já conseguiu ser mais engraçado do que noventa e nove por cento dos filmes de comédia americanos atuais, esperem só até ver um ursinho de pelúcia bebendo, se drogando e tentando agir como um adulto (infelizmente ele não consegue: ele é apenas um ursinho!) em "Ted", primeiro longa metragem do diretor e roteirista Seth MacFarlane. Um filme que prende o telespectador e o faz até mesmo chorar durante inúmeras sequências engraçadas e algumas outras meio tristes.
Dentre as muitas qualidades de "Ted", a mais competente seja talvez o próprio ursinho de pelúcia que empresta o seu nome ao filme: o Ted é uma criatura computadorizada tão real, mas tão real, que acaba nos conquistando em poucos minutos com o seu "humor-fofo" e com a sua adorável carisma. Peguei-me em um momento de melancolia ao terminar o filme e descobrir que aquele ursinho não passava de computação gráfica e dublagem. A realidade do urso, por incrível que pareça, não se dá somente aos efeitos especiais, mas principalmente pelo roteiro de Seth MacFarlane, que confere ao Ted uma vida além do que outros roteiristas ousariam a dar. E é admirável ao vermos, por exemplo, a sequência em que o Ted vai atrás de seu melhor amigo John para pedir-lhe desculpas (não irei dizer o motivo), demonstrando que por mais que o personagem seja um brinquedo infantil, ele já é crescido e portanto pensa e age como um jovem-adulto. Claro que não é todo adulto que se recusa a beber ou sai com várias prostitutas ao mesmo, mas tudo bem.
Esquecendo um pouco do ursinho, o filme é uma comédia muito competente, principalmente pela originalidade do tema (Sim, estamos cansados de vermos brinquedos criando vida em filmes... Mas não me lembro de ter visto algum outro longa que não fosse "Ted" explorar com tanta inteligência o amadurecimento de tal brinquedo e de seu dono). Também não me lembro de ter visto uma comédia atual que trouxesse tantos momentos engraçados (a sequência em que Ted e John brigam aos murros é fantástica!) ou que tratasse seus personagens como seres-humanos. E para mim, isto já é o suficiente para elevar "Ted" a um patamar superior em relação a outras comédias sem-graças e pouco criativas em seu tema central.
Espero ver mais momentos engraçados no cinema americano da mesma forma em que tive o prazer de assistir neste longa maravilhosamente engraçado, divertido, emocionante e muitíssimo criativo.
Deixa Ela Entrar
4.0 1,6K"Deixa ela entrar", filme sueco do diretor Tomas Alfredson, é um longa sensacional em diversos sentidos!
Cito principalmente o roteiro, que aborda uma belíssima, romântica, dramática e ao mesmo tempo aterrorizante história sobre duas crianças, que pelo fato de sofrerem com um tipo de solidão de uma forte intensidade, acabam se conhecendo e se apaixonando um pelo o outro: o Oskar (Kare Hedebrant) é um garoto muito sozinho, que sofre bullying de seus colegas e que não sabe se defender, enquanto a Eli (Lina Leandersson, em uma interpretação soberba!) revela-se mais tarde que não é um ser humano (e sim um vampiro) e que os laços que ambos estão construindo juntos a faz cada vez menos infeliz e menos solitária.
E é através deste romance que a história prossegue. Claro que não estamos falando de uma narrativa ou de um roteiro semelhante ao dos filmes da série Crepúsculo... Claro que não. Temos um roteiro coeso e forte que, diferente dos roteiros da saga de Stephenie Meyer, consegue fazer até mesmo os personagens mais fantasiosos (a vampira Eli, por exemplo) parecerem vivos e terem personalidades próprias (independente de sua condição de viva ou morta).
Então, se você estava pensando em assistir “Deixa ela entrar”, mas acabou desistindo ao ler as palavras-chaves “vampiro” e “romance” presentes no mesmo filme, saiba que está cometendo um terrível engano. Diferente da série Crepúsculo, “Deixa ela entrar” é, por mais estranho que pareça, um filme de terror. Um filme de terror aterrorizante, que traz cenas em que seus olhos saltam das órbitas de tanto impacto que o diretor consegue causar, causando choque e intermináveis sustos.
(Entre as cenas aterrorizantes, a inesquecível sequência do “pai” da Eli se suicidando ao jogar um àcido super corrisivo no rosto e a posterior sequência em que o mesmo personagem pega fogo em cima da cama do hospital. Há os aterrorizantes momentos de bullying sofridos pelo Oskar e as sequências que Eli escolhe suas presas para devorá-las e poder ter o que se alimentar)
Ao terminar o filme, uma sensação de alegria e melancolia se apoderou dentro de mim. Lembro-me com pouca clareza de ter visto um filme tão aterrorizante ao mesmo tempo que é tocante e poético. Além disto, é um filme que nos faz ver que não importa o tema em que se é utilizado em um longa metragem (antes de ver “Deixa ela entrar” condenava quase que irrevogavelmente romances sobre vampiros), se o roteiro for coeso, coerente e competente, aquilo que antes parecia feio e batido pode se tornar algo explêndido, bonito e principalmente novo.
Era uma Vez no Oeste
4.4 730 Assista AgoraUm dos maiores filmes de todos os tempos!
Sergio Leoni junto com o famoso e aclamado compositor Ennio Morricone fazem miséria neste clássico definitivo western!
Perdendo apenas para "Três Homens em Conflito" (o western ao qual eu mais tenho simpatia), "Era uma vez no Oeste" é um impressionante retrato sobre uma época em que as brigas e as diferenças das pessoas eram resolvidas através de duelos de armas. Uma época muitíssimo bem abordada pelo roteiro e principalmente direção de Leoni, um dos maiores diretores de todos os tempos!
As antológicas interpretações de Henry Fonda, Charles Bronson e a fantástica italiana Claudia Cardinale são absolutamente inesquecíveis! A trilha sonora épica é irretocável! E as sequências clássicas do filme ficarão guardadas para sempre na mente de quem o admirar!
O som é impressionante principalmente a forma como Leoni o utiliza para nos dar a sensação de estarmos naquele universo. Barulho de pingos de água, ventos uivando e moinhos enferrujados girando são um dos ruídos que tornam "Era uma vez no Oeste" tão verdadeiro. Me lembro muito pouco de uma utilização tão competente de som quanto a que foi usada neste filme; uma utilização competente e absolutamente necessária para trazer uma parte daquela época que o roteiro não poderia explorar.
Um filme épico e gigantesco! Absolutamente inesquecível!
A Bruxa de Blair
3.1 1,6K"A Bruxa de Blair" mete medo ao telespectador (não diria nem "medo", mas sim "suspense") apenas com sua atmosfera de alta tensão e com as ótimas e naturalíssimas interpretações de Heather Donahue, Michael Williams e Joshua Leonard, que fazem os três protagonistas do filme.
Não que a história em si dê medo: a ideia de "uma bruxa" estar rondando a floresta de Black Hills e matando pessoas da região pode parecer tanto assustadora quanto cômica - como qualquer outro tipo de lenda urbana é. Adotando um tipo de filmagem que se assemelha muito a um documentário cinematográfico durante todo o tempo de projeção (os jovens querem fazer um documentário sobre a tal lenda da Bruxa de Blair), o filme peca talvez em ser muito pouco explícito, utilizando apenas ruídos e o desespero de seus personagens para criar a atmosfera tão tensa. Por outro lado, este acaba sendo um bom fator para o filme: logo se não vemos o que tanto está os perseguindo, logo entramos em desespero ao não saber o que está acontecendo com estes personagens. O suspense, de certo modo, aumenta por conta do mistério da identidade do assassino anônimo (ou assassinos) e o terror, digo isto com muita convicção, não se manifesta em quem assiste por conta da escacez de cenas em que algo apavorante é realmente mostrado ao público.
“A Bruxa de Blair” é um bom filme, que depende muito do ponto de vista de quem for o assistir: se você está esperando por um filme de suspense que consiga gerar alta tensão sem ser explícito, este é o filme perfeito para você. Mas se estiver à procura de um terror verdadeiro, amedrontador e sanguinário... Passe longe.
Bling Ring - A Gangue de Hollywood
3.0 1,7K Assista AgoraO novo filme de Sofia Coppola "The Bling Ring - A Gangue de Hollywood" é um filme que, mesmo com algumas boas qualidades, pode ser descrito melhor com a palavra "originalidade".
Por mais que o assunto "adolescentes fúteis que se drogam e que só pensam em se divertir" já fosse um assunto batido, a legítima filha de Francis Ford Coppola consegue tirar o seu filme dos típicos clichês que filmes do mesmo tipo geralmente trazem. Sua direção simples e ao mesmo tempo competente traz belas escolhas de ângulos,
(por exemplo na cena em que os jovens roubam a casa de um famoso e a câmera permanece parada o tempo todo)
Além disto, a escolha de Sofia em criar personagens mesquinhas e nada humildes é simplesmente um dos pontos mais altos do filme. Os protagonistas de "The Bling Ring" são tão excêntricos, consumistas e fúteis que fazem o público odiá-los e torcer para que eles acabem se dando mal. Isto é algo muito interessante e pouco visto no cinema atual e é feito com primor pela filha de Coppola.
Todas as interpretações são boas, com destaque para Israel Broussard (Marc) e Emma Watson (a eterna Hermione da série "Harry Potter"), que faz um excelente trabalho aqui interpretando a Nicki, a personagem mais agressiva, fútil, ousada e excêntrica do filme. Israel têm também momentos excelentes, trazendo sem sombra de dúvidas a melhor interpretação do longa: o seu Marc é um cara de baixa alto-estima, egocêntrico, calado e principalmente misterioso.
"The Bling Ring" é um bom filme. Não supera as expectativas de quem conhece os melhores trabalhos da diretora, mas é sim um bom longa. Têm uma história interessante, bem contada, personagens que parecem reais (para, pelo o menos, quem já conheceu pessoas assim) e ótimos atores. Não que ele merecesse estar na lista oficial de Cannes deste ano, mas mesmo assim seria difícil se encontrar com Sofia Coppola, após assistir à este filme, e não lhe dar congratulações por mais outro trabalho divertido, competente e principalmente original.
Percy Jackson e o Mar de Monstros
2.8 1,7K Assista AgoraChega! Parem agora! Parem antes que fique pior! Parem também de tentar buscar uma nova série literária que obtenha uma adaptação cinematográfica com o mesmo sucesso das sagas Harry Potter e O Senhor dos Anéis! Essa sagas são únicas e não podem ser substituídas.
"Percy Jackson e os Olimpianos: o Mar de Monstros", segundo filme da série Percy Jackson, comprova isso como nenhum filme de "ficção-adolescente" jamais fez! O segundo capítulo da saga do herói semi-deus não é ruim... É horrível! Poderia passar o dia todo falando de todos os defeitos que tornaram "O Mar de Monstros" um dos piores filmes que vi nos últimos anos!
O roteiro é fraquíssimo, da pior qualidade possível, fazendo uma adaptação absurdamente ridícula do livro de Rick Riordan. Os atores estão todos péssimos! Logan Lerman (Percy Jackson), que tinha mostrado uma ótima interpretação em seu filme anterior "As Vantagens de Ser Invisível" aparece aqui sem expressão alguma e sem personalidade alguma. A Clarisse, que era uma das personagens mais fortes (se tratando de personalidade) surge como uma "vilã" ao estilo High-School-Musical, passando a ser agradável na maioria do tempo. As relações entre os personagens são catastróficas! Percy e Annabeth mal-mente se comunicam como dois amigos... Grover é tão sem graça quanto no filme anterior... Tyson está sem personalidade alguma! Os efeitos especiais são uma porcaria e piorados ainda com o péssimo, escuro e desnecessário 3D, que para nada serve além de encher os bolsos dos produtores! A trilha sonora quase não aparece e, quando se manifesta em um volume quase impossível de se escutar, não consegue causar qualquer tipo de emoção ou tensão ao telespectador. A fotografia é horrorosa, amadora e sem vida. A direção de arte está pior que na do primeiro filme, trazendo péssimos e artificiais cenários para um mundo que deveria ser belo, mas que por certo modo, acaba não sendo. E quando chega o final, quando você acha que não poderia piorar, [SPOILER!] Cronos aparece em uma péssima e nada emocionante sequência de "ação" inventada, tentando trazer um desfecho satisfatório para o filme. É claro que o "brilhante" roteiro não alcança seu objetivo, e o filme termina com um dos finais mais sem graça e mais indiferentes que vi nestes últimos anos!
Um filme horrível, que me fez ter nojo desta coisa macacada que eles insistem chamar de "adaptação cinematográfica".
Teen Beach Movie
3.0 109 Assista Agora"Teen Beach Movie" é talvez um dos "menos piores" musicais adolescentes que a Disney Channel vêm insistindo em lançar desde High School Musical.
O roteiro é fraquíssimo, com uma história hiper clichê de jovens que após um incidente acabam acordando em um filme (Nossa... Quantas histórias dessa já vimos no cinema para adolescente?!). Sendo um longa típico da "Sessão da Tarde", "Teen Beach Movie" ("TBM" daqui pra frente) erra feio ao tentar extrair drama de personagens pouco carismáticos e, quase sempre, sem personalidades. A direção de arte do filme - como qualquer direção de arte de qualquer outro filme já produzido pelo canal - é péssima, não chegando por pouco o mesmo nível de "escrotisse" de outras séries da Disney.
Porém, o longa acerta muito bem na coreografia. Isto é talvez o que faça de "TBM" um dos musicais-adolescentes menos ruins do Disney Channel. Há até mesmo algumas sequências que impressionam pela qualidade das danças, algo somente visto anteriormente (no canal da Disney) em High School Musical 3.
Outro ponto positivo do filme é a carisma do Ross Lynch (Brady), que surpreende principalmente nas cenas de dança. O ator nunca havia demonstrando talento em seu único personagem anterior ao Brady: o Austin, da - para variar - série do Disney Channel "Austin and Allie". Já a Maia Mitchell (McKenzie) não se sai tão bem quanto Lynch e acaba ficando bem para trás, principalmente em sequências não-cantadas em que ambos dividem cena.
Não que "Teen Beach Movie" seja um filme ruim. A sua energia e as suas coreografias trazem algo de novo para a Disney, algo que eles vinham tentando fazer sem sucesso desde "Camp Rock", lançado em 2008. Absorvendo o estilo e a cultura dos anos sessenta, o filme lembra um pouco o clássico musical com John Travolta "Grease - nos tempos da brilhantina". Claro que tal comparação não tem a palavra "qualidade" inserida em seu contexto, uma vez que para alcançar o nível de competência de "Grease" os produtores da Disney teriam que investir mais em seus temas e, principalmente roteiros, que, francamente, estão longe de serem bons.
Batman: O Cavaleiro das Trevas
4.5 3,8K Assista AgoraChristopher Nolan, tenho que dizer, é sem dúvidas um dos melhores diretores da atualidade. Responsável por grandes trabalhos como "Insônia" e "A Origem", ele não apenas faz filmes: eles os transforma em obras de arte, exigindo a atenção de quem assiste para que a trama possa ser compreendida e apreciada.
"Batman - O Cavaleiro das Trevas" é um obra absolutamente sensacional em vários sentidos da palavra. Tem uma estupenda fotografia gótica de Gotham City, com o predomínio de cores escuras, que acaba dando um tom muito sombrio ao filme. Uma história super envolvente e de tirar o fôlego, repleta de charadas, diálogos inteligentes (como todo filme do Nolan). Sequências de ação absurdamente bem filmadas, que te fazem ficar na ponta da cadeira de tanta tensão e envolvimento. E o melhor de tudo: tem um elenco fenomenal!
Christian Bale como o Batman, faz todos os atores que interpretaram o herói no passado parecerem palhaços. Maggie Gyllenhaal como a Rachel Dawes, em uma super carismática interpretação. Grandes atores como Gary Oldman, Morgan Freeman e Michael Caine dando um show de bola. E, aí é que está, a melhor atuação do filme que é sem dúvidas a do Heath Ledger (o Coringa) que fez, faz e ainda fará o público que assistir o filme se espantar com a qualidade de sua interpretação antológica e inesquecível, superior sem dúvidas a de Jack Nicholson (o Coringa anterior do filme do Tim Burton).
Eu tenho um lema que vou sempre levar pela a minha vida: "Nunca crie expectativas para um filme!". Mas, alterando o meu lema, eu poderia muito bem dizer: "Nunca crie expectativas para um filme... A não ser que ele seja do Christopher Nolan".
Filhos da Esperança
3.9 940 Assista AgoraA direção antológica de Alfonso Cuáron é o principal motivo que faz "Filhos da Esperança" ser um grande filme.
A habilidade inquestionável do diretor em criar sequências visualmente perfeitas, emocionalmente carregadas e uma tensão que faz o público sofrer de ansiedade até o final da projeção, é algo para ser aplaudido. Cuáron realiza com maestria um filme que, sem hipérbole alguma, têm uma das melhores fotografias cinematográficas que já vi: esta é uma fotografia tão perfeita, tão incrível e tão absurda que apenas com ela o filme me ganhou.
Obviamente (estamos falando de um filme do Cuáron) o longa nos mostra incríveis atuações de todo o elenco (com destaque mais uma vez para Michael Caine, em uma interpretação soberba!), um roteiro espetacular que explora com enorme competência a história criativa e tensa criada pelo Cuáron e sua equipe e memoráveis sequências de ação e drama. O Design de produção é muito competente também, conseguindo nos levar para uma Londres futura (ano de 2027) com a ajuda da fotografia fenomenal (Me desculpem, tive que falar da fotografia novamente!).
Um filme incrivelmente criativo, visualmente perfeito e com uma direção soberba!
RED 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos
3.4 457 Assista AgoraCom um roteiro super divertido e humorístico, o segundo filme de "RED - Aposentados e Perigosos" se sai bem em trazer risos (risos com motivo!), cenas de ação super exageradas que nem as do primeiro filme (usando "exageradas" no melhor sentido possível) e ótimas interpretações, se consagrando como um exemplo de como um bom filme de ação pode ser competente e divertido.
Somos Tão Jovens
3.3 2,0KA ótima interpretação de Thiago Mendonça como Renato Russo em "Somos mais jovens" não é suficiente para disfarçar um roteiro que se satisfeita em mostrar apenas um ídolo da geração Coca-Cola como um drogado, bêbedo e insatisfeito sexual.
O filme termina sem cumprir com o que tinha prometido e acaba causando a impressão de que a Legião Urbana foi apenas uma banda amadora de garagem: é somente nos créditos em que vemos a verdadeira banda tocar no Rock'n Rio em 1985. Mas, até aí, já era tarde demais... O filme havia conseguido esgotar a minha paciência.
Peço ao Antônio Carlos da Fontoura para - antes de ligar as câmeras e gritar "Ação!" - investir um pouco mais no roteiro de seus filmes... Seria bom ver algo menos "Skins" e mais maduro - tematicamente falando.
Salò, ou os 120 Dias de Sodoma
3.2 1,0K"Saló - os 120 dias de sodoma" é um filme doentio que acabou se tornando um clássico cult do cinema apenas por ser tão doentio! Este é talvez o filme mais repugnante e mais polêmico que já assisti em toda a minha vida! Acho difícil achar algum significado oculto neste filme, já que quando não somos obrigados a assistir cenas de estrupo, acabamos por observar enojados jovens sendo obrigados a engolir fezes humanas de seus "senhores". Além dos ridículos diálogos que narram momentos sexuais e asquerosos de personagens doentios, o filme é - para mim - um trabalho que dá errado por não conseguir construir uma história interessante, ou qualquer personagem que cative o público. Talvez o seu único ponto alto seja o impacto que algumas cenas causam, cativando amantes do cinema polêmico e cult. Nada a mais que isso: um clássico nojento, repugnante e sem roteiro algum.