Junto com Coringa e Bacurau, forma a trilogia oficial da desigualdade social e da luta de classes. Uma sucessão de tragédias e desgraças de deixar qualquer um de queixo caído. O cinema coreano VIVE! Bong Joon-Ho, conte comigo pra TUDO!
É até irônico e chega a ser cômico a Netflix encorajar a campanha de assistir filmes/séries em velocidade aumentada (o que eu acho um ultraje, um absurdo) justo no ano em que o Scorsese lança o seu filme de TRÊS HORAS E MEIA, né kkkkk mas brincadeiras à parte... Confesso que fui com muita sede ao pote ao épico máximo de gângster do Scorsese, e talvez por isso, tenha me decepcionado um pouco. Se tem uma coisa que esse filme não é, é um parque de diversões kkkkk. Apesar das longas 3 horas e meia do filme serem essenciais para que o Scorsese conte a história que ele se propôs a contar aqui e sejam imprescindíveis para uma manutenção impecável e primorosa da narrativa, o ritmo do filme chega a se tornar enfadonho e arrastado em alguns momentos, fazendo com que você fique esperando algo acontecer, mas não acontece nada. Entretanto, não é aquele cansaço de vontade de morrer ou ficar com ódio da história a ponto de achá-la desinteressante, é só um cansaço físico mesmo que te leva a mudar de posição no sofá a cada meia hora de filme, ao mesmo tempo em que você fica investido na história visceral, triste e angustiante em alguns momentos e muito bem amarrada. . Se essa for mesmo a despedida oficial do Scorsese do gênero que ajudou a construir e consolidar os alicerces ao longo de quase 5 décadas, talvez tenha sido uma despedida bem apropriada e emblemática. Dá pra notar, em tela, cada centavo dos 150 milhões de orçamento investidos nesse filme. A tecnologia de rejuvenescimento dos personagens é muito bem empregada aqui, a reconstituição de época, a direção de arte e o design de produção são incríveis e fazem jus ao orçamento. Apesar dos problemas com a distribuição do filme e das complicações relacionadas à falta-de-tela-e-espaço-para-exibir-seu-filme no cinema, Scorsese deu seu jeito e conseguiu um espacinho, graças à boa vontade da Netflix em custear um filme extremamente dispendioso e longo, coisa que nenhum outro estúdio quis fazer. O filme conta com um elenco estelar e já bem acostumados com a proposta do diretor. Al Pacino tá espetacular, rouba a cena em alguns momentos, e fez com que eu me perguntasse "caralho, pq esse cara nunca tinha trabalhado com o Scorsese antes??", e o De Niro tá incrível como sempre (destaque para os 30 angustiantes e tristes minutos finais, em que o Scorsese nos apresenta as consequências emocionais, familiares e psicológicas que aquela vida de gângster pode trazer para a vida de alguém). . Achei digno o Scorsese ter trazido o Joe Pesci para a sua despedida, depois de 20 anos aposentado, para um papel muito significativo pra carreira dele. Ele interpreta aquele vovô astuto, bruto e imponente, contrariando totalmente as nossas expectativas em relação ao que um homem daquela idade pode ser. É totalmente o oposto do que se espera do arquétipo de um homem velho, e o oposto do que se espera de uma atuação do Joe Pesci. Geralmente ele é mais enérgico, impulsivo e brutal nos filmes. Aqui, ele tá mais meticuloso, mais fleumático e calculista, mais controlado, sóbrio e menos surtado, mas isso não é nenhum demérito. Pelo contrário! É uma surpresa positiva e muito bem-vinda, é algo que enriquece a narrativa. . O Irlandês é um filme sobre violência, sobre como sindicato e máfia são sinônimos em qualquer lugar do mundo, sobre escolhas não tão felizes e dignas de orgulho assim, mas, sobretudo, é um filme sobre envelhecimento, sobre arrependimento, sobre família, orgulho e sobre as consequências trágicas e lamentáveis que uma série de decisões erradas podem trazer para a vida de um homem. Se outrora o diretor se comprazia em mostrar o questionável glamour que havia no universo da máfia, agora, ele apresenta o seu épico gângster definitivo, através de uma provável despedida do gênero, só que mais pé no chão, mais realista, cru, contido e emocional. Contudo, não superou aqueles que eu considero como sendo os seus melhores trabalhos: Goodfellas, Os Infiltrados, Lobo de Wall Street e Cassino, quatro obras-primas inesquecíveis.
Não é exagero nenhum dizer que Parasita é uma OBRA-PRIMA coreana! Certamente, é um filme que vai ficar guardado por um bom tempo ainda na minha mente e no meu coração, e ainda vai ecoar com bastante força pelo mundo afora. Ao lado de Bacurau e Coringa, Parasita foi o melhor filme que vi esse ano. É quase como se fosse uma trilogia não-intencional sobre o acirramento da luta de classes e sobre a desigualdade social e suas consequências. Não é a primeira vez e espero que não seja a última, que Bong Joon-Ho se vale de elementos atípicos, pertencentes a diversos gêneros, para tratar de uma questão social. Em Okja, por exemplo, filme feito para a Netflix, o diretor se vale até de elementos da fantasia para abordar a indústria da carne. Aqui, em seu 11º trabalho como diretor, Bong Joon-ho nos presenteia com um retrato cru, doloroso, hostil, revoltante, visceral e bastante atual da desigualdade social e da insanidade acentuada causada pela extrema pobreza. Parasita nos permite acompanhar a história de duas famílias que ocupam posições distintas e absolutamente opostas na estrutura social: enquanto os Kim moram em um porão quase subterrâneo, infestado por pragas, sujeira e insetos, acessam a internet sentados na privada (único lugar da casa onde é possível roubar o WiFi do vizinho) e se defrontam com a necessidade de dobrar caixa de pizza para obter alguma renda, os Park moram numa luxuosa mansão, projetada por um renomado arquiteto, e são compostos por uma mãe ingênua e extremamente crédula, um pai preconceituoso, que trabalha para uma empresa de tecnologia e realidade virtual, e um casal de filhos. É a típica família de classe média universal, com características peculiares e facilmente aplicáveis a qualquer família de classe média do mundo.
Os caminhos das duas famílias se cruzam a partir do momento em que um dos filhos da família Kim enxerga nos Park a possibilidade de obter algum lucro e benefício para sua família. Desse modo, os Kim vão cometendo pequenos delitos bem pontuais, que resultam numa sucessão de merdas, desgraças e reviravoltas (algumas bem violentas), de deixar qualquer um de queixo caído. É incrível como Parasita transita facilmente entre diversos gêneros e temas possíveis. Nós temos aqui um filme de drama familiar, um filme de crítica social foda, um filme de crítica política, de suspense, violência, e até ação e comédia, com situações e sequências das mais inusitadas possíveis. Dizer que o ritmo do filme, as atuações, a direção, a montagem e o design de produção como um todo são impecáveis e incrivelmente espetaculares, seria flertar com a redundância. É impressionante como a montagem ágil, as atuações primorosas e a história fascinante e muito bem amarrada desse filme permitem com que suas 2h12m passem voando, num piscar de olhos, nos apresentando informações novas O TEMPO TODO! É absurdamente foda e perspicaz a forma como é feita a subversão de gênero e de temas aqui. Num minuto, você julga as atitudes e certos comportamentos obtusos e duvidosos dos Kim, e no outro, se torna muito fácil empatizar com aquela realidade, a ponto de você se perguntar: “puta que pariu, se eu tivesse nessa mesma situação, inserido nesse mesmo contexto, será se eu faria diferente? Será que eu não faria a mesma coisa?”. Ao mesmo tempo em que você se afeiçoa a certos personagens, num outro momento você já não gosta mais deles. E dessa forma, a direção e o roteiro vão brincando com as nossas próprias visões de mundo, com as nossas concepções de ‘certo’ e ‘errado’, e com o nosso senso de moralidade e ética, subvertendo totalmente nossas expectativas.
Além disso, as metáforas apresentadas em Parasita são suficientemente brilhantes para não se restringirem apenas ao roteiro. Bong Joon-Ho estabelece uma série de metáforas visuais muito bem construídas para tratar da questão dos contrastes e das disparidades existentes no interior daquela esfera social. Só para citar algumas delas, podemos começar pela localização geográfica em que a casa dos Kim está inserida: num porão, no subsolo, representando o nível econômico mais baixo da sociedade. Para chegar à casa dos Park, eles precisam subir um escadarão enorme, quase como se estivessem sendo “elevados” àquela posição social. Pouco a pouco, a identificação com os personagens vai se intensificando: quem nunca foi na casa daquele amigo rico e ficou ali fingindo que tem familiaridade com os elementos presentes na casa ou simplesmente fingindo saber apreciar um bom whisky de preço exorbitante e quase inacessível?
Também é interessante notar, ao longo da projeção, como o Bong Joon-Ho não assume um lado e nem defende nem os Kim e nem os Park. Ele critica ambos os lados e deixa o resto pra ser preenchido de acordo com a visão de mundo e o senso de moralidade de cada um. Por todas essas razões, Parasita já figura facilmente no meu top 5 de melhores filmes de 2019, bem como um filme essencial, espetacular e memorável, que mostra uma realidade que não começamos a viver por agora, que já vem acontecendo há uma cara no Brasil também, mas que só estamos começando a discutir com mais frequência, veemência e rigorosidade por agora. O filme é brilhante, tanto em termos de roteiro, quanto em termos de direção, montagem, design de produção e atmosfera, e possivelmente vai mudar a visão que você tinha a respeito do cinema coreano.
Ainda na infância, tive a oportunidade de ser apresentado ao Iluminado, do King, pelo meu pai, e desde então, eu venho nutrindo uma obsessão e um carinho enorme por esse livro. A adaptação do Stanley Kubrick continua sendo uma obra tecnicamente e cinematograficamente espetacular, brilhante e um dos filmes de gênero mais celebrados e conceituados mundialmente. Entretanto, compartilho da mesma opinião do King em relação ao filme do Kubrick: essa não é a história que o King escreveu. Um dos pontos mais interessantes sobre o história é o fato de que a loucura, a insanidade e a agressividade do Jack Torrance se desenvolve gradualmente, à medida que a trama vai avançando e se desenrolando. Já na obra do Kubrick, o Jack Nicholson está interpretando ninguém mais ninguém menos que ele mesmo, fazendo o mesmo papel que ele já tinha feito em inúmeros filmes de motoqueiro daquela década. Já no início do filme, é possível notar que o Jack Torrance já se encontra num estado de loucura e insanidade absolutas, totalmente louco, mentalmente instável e desequilibrado, diferente do que ocorre na história original.
A Shelley Duvall interpretando a Wendy é assustadoramente bizarra, absurdamente over-acting e exagerada. Possivelmente uma das interpretações mais irritantes que eu já vi no cinema! Uma personagem que, no livro, trata-se de uma mulher imponente, forte, destemida e corajosa. Pena que isso ficou só no argumento original do King, porque a forma como Kubrick a construiu em sua adaptação é decepcionante, extremamente misógina e absurdamente desrespeitosa. É uma subversão e deturpação total da personalidade da personagem no livro, bem como dos elementos principais que caracterizam a essência da história. Isso sem falar no "Tony dedinho" do Danny, né. Aquilo é ridículo, bizarro e tosco e é algo que me deixa verdadeiramente irritado, principalmente ao considerar que esse é o plot twist mais legal da história, no livro, cortado aqui e brilhantemente ignorado por Kubrick, rs.
Como filme, pode-se dizer que a obra do Kubrick é excelente, uma realização cinematográfica impecável tecnicamente, porém, a sua visão desse universo e desses personagens é detestável! Não é questão de ser purista ou preciosista com a história original. Não sou daquele tipo que fala "aahh, mas o livro é melhor que o filme". Eu acho que modificações pontuais e objetivas "aqui e ali" são inevitáveis ao transpor uma obra literária para outra mídia, como o cinema. Entretanto, alterar a ESSÊNCIA da história e daquele universo que se pretende adaptar é inaceitável e desrespeitoso, principalmente quando feito de maneira tosca (em relação à história e aos personagens). Enfim, "O Iluminado" é um filme que eu recomendo apenas para quem tem interesse e curiosidade em estudar um pouco mais acerca dos aspectos técnicos utilizados por um dos maiores diretores da história do cinema, imortalizado tanto pelas suas traveling cams lindíssimas, quanto por seus tracking shots imersivos. Contudo, como nem tudo é masturbação técnica e 99% do que me toca em um filme é a sua história, o seu universo, ainda prefiro a história original, do livro, e como adaptação, ainda fico com a série de 1997 estrelada por Steven Weber e produzida pelo próprio King, pois se mantém fiel ao espírito (e isso não foi trocadilho! kkk) e à atmosfera do livro.
De pensar que eu botei tanta fé nesse filme, tava com o hype lá em cima e acreditei que poderia ter sido a melhor coisa que a DC/Warner poderia fazer no cinema e que seria um bom início para as produções cinematográficas da DC baseadas em supergrupos, porém, me decepcionei. Não é só o final desse filme que é ruim; o filme todo é um DESASTRE, é narrativamente péssimo, vergonhoso e qualquer coisa abaixo do medíocre, do início ao fim. Esquadrão Suicida prova que o marketing é a alma do negócio mesmo. O material promocional desse filme é deslumbrante, com cores fantásticas e ideias incríveis, tem uma pegada meio streetart que resultaram em artes conceituais excelentes. Os trailers nos enganaram direitinho: um filme redondo, com ideias simples e conceitos interessantes, que poderia entregar uma trama redonda, enxuta e desenvolvida de maneira impecável, mas o material a que tivemos acesso, o material que a Warner/DC nos entregou no cinema foi bem diferente disso. Toda a direção de arte do filme e o design de produção é deslumbrante e excepcional, mas não adianta você ter uma estética bacana e evocativa dos quadrinhos sem uma história boa.
A Amanda Waller cria o Esquadrão Suicida pra resolver um problema que a própria criação do Esquadrão Suicida criou: trama mais paradoxal e contraditória que essa não existe! Isso sem falar nesse Coringa gangster ridículo e overacting do Jared Letto, que parece um gato ronronando e tinha tudo pra ser foda, mas foi uma merda, fez o Heath Ledger se contorcer no túmulo de vergonha. A Cara Delevingne é uma atriz medíocre e forçada que entrega uma Magia forçadassa e quase carnavalesca. Sua personagem me fez esboçar gostosas gargalhadas em alguns momentos, quando não fiquei constrangido. O Amarra é o personagem que eles colocaram SÓ e somente SÓ para MORRER no roteiro. E a Katana, cara? A criatura tem uma espada que armazena a alma de seus inimigos! Porque ela não usou essa bosta direito? E ainda tem aquele maldito raio azul no final do filme, que caga ainda mais o que poderia ter sido um final pelo menos mediano. Os caras querem meter raio azul em TUDO, bicho. Isso é um saco. Parece até fetiche de doente mental sem criatividade. Síndrome de Michael Baylização total.
Em vez de terem feito isso, poderiam ter apostado numa trama menor, mais contida, uma trama de filme de assalto, mais discreta, onde o Esquadrão poderia se juntar ali só pra tentar recuperar algum objeto valioso ou algo do tipo. As melhores coisas desse filme são o Will Smith, que está bastante confortável e parece se divertir muito no papel do Pistoleiro, é um personagem com mais camadas que os demais e alguém com o qual você consegue se importar; e a Margot Robbie, que entendeu o que é a Arlequina e arrasou no papel, tanto em termos de atuação quanto no seu visual, que é incrível. O resto é dispensável e vexaminoso.
Em seu sétimo trabalho como diretor, Ari Aster consegue nos agraciar com um filme tenso, bizarro, assustador, aterrorizante e suficientemente perturbador. Me enganei quando pensei que ia conseguir assistir Hereditário sozinho em casa e dormir tranquilo a noite: falhei miseravelmente. Não costumo ser tão frouxo para filmes do gênero, mas confesso que só fui pegar no sono 8h da manhã, depois de repassar a cena crucial da Charlie no carro umas 500x na mente e aguardar o capiroto vir puxar meu pé de noite. A cena certamente não vai sair tão cedo da minha memória.
Com uma atmosfera que me lembrou um pouco o filme A Bruxa (aliás, até com um desfecho que rima bem com o desse último), Hereditário conseguiu me deixar assustado e intrigado por pouco mais de 2 horas com os olhos colados na tela sem acreditar ou compreender direito o que eles estavam vendo, constantemente olhando para trás, com medo da aparição do pazuzu, do pai da mentira, do mochila de criança. Gostei da forma como a tensão e o suspense psicológico se desenvolvem ao longo da trama e a maneira aterrorizante e perturbadora com que a atmosfera se constrói, talvez não mais perturbadora do que a Toni Collete. Aliás, que atuação assombrosa (em todos os sentidos possíveis) da Toni Collete, hein? Ainda estou embasbacado com o fato de ela não ter levado o Critics Choice Awards, um dos prêmios mais importantes da temporada. Ela transmite a sensação de medo, de impotência, insegurança e horror de maneira bastante eficiente e convincente. Eu fiquei perturbado junto com ela. A Milly Shapiro também não fica para trás: a menina entrega um nível dramático raro para atores da sua idade interpretando um papel em filmes do gênero. A sua personagem enigmática e problemática transmite um sentimento de tensão logo no primeiro momento em que aparece em cena, se constituindo como um prenuncio de que algo ruim vai acontecer (ou de que talvez o cramunhão possa aparecer logo na próxima cena). O Alex Wolff está incrível, mano. É possível sentir através dele o medo crescente que se instaura no seio daquela família.
Hereditário é um tapa na cara da galerinha que vive reclamando que o cinema de horror/terror hollywoodiano não entrega obras satisfatórias e realmente impactantes. Além disso, a obra é um deleite visual e estético para amantes dos filmes do gênero. É literalmente de arrepiar e de fazer você se questionar porque que alguém em sã consciência aceitaria ajuda de uma velha desconhecida para trazer de volta o espírito de pessoas mortas. Por essas razões, Hereditário se consagra como um dos melhores filmes de horror de 2018.
Honestamente: um dos melhores filmes de 2018. A história, apesar de simples, é extremamente mais profunda e pesada do que aparenta ser, porque é realista em sua essência. Em Eighth Grade nós acompanhamos os conflitos da Kayla, uma adolescente de classe média estudante da 8ª série do ensino fundamental, bastante introspectiva e ansiosa, muito bem interpretada através da excelente performance da jovem talentosa Elsie Fisher (já anotei no meu caderninho), que se encontra em meio à jornada clássica de autodescoberta, intrínseca e peculiar à vida de qualquer adolescente, independente de sua nacionalidade.
O filme se vale de uma premissa aparentemente simples, uma ótima e segura direção, um roteiro consistente muito bem desenvolvido com um desfecho bem satisfatório, uma trilha sonora agradável e atuações convincentes, delicadas e realistas para nos contar uma história extremamente pesada, apesar de leve, que sinceramente me fez engolir seco e ficar com os olhos marejados em determinados momentos ao me fazer lembrar de eventos um tanto trágicos que ocorreram comigo e que vi acontecendo com pessoas próximas a mim durante a adolescência. A Elsie Fisher foi uma grata surpresa para mim no cinema em 2018. Ela é uma criaturinha extremamente talentosa e realmente faz você se sentir angustiado, ansioso, inseguro, seguro, confiante e otimista junto com ela nos momentos tensos, brandos e otimistas da trama.
Gostei da forma extremamente realista e verossímil com que o roteiro constrói e retrata os conflitos da adolescência, uma fase onde tudo parece ser maior do que realmente é, em que ainda estamos tentando descobrir nossa real identidade, quem realmente somos e quem queremos ser, a angustia, a ansiedade e a pressa de mostrar a nossa voz na esperança de sermos ouvidos, e o que esperamos e almejamos para o futuro próximo. É interessante e super sensível a forma como o filme mostra que, ao contrário do que pensamos, na adolescência ainda nos encontramos em meio ao processo de formação da nossa bagagem cultural, da nossa autonomia intelectual e imunização racional e da nossa visão de mundo, que é socialmente e historicamente construídas através da nossa interação e relação com o mundo e com as pessoas que vivem junto de nós.
Eighth Grade é um filme bastante sensível e delicado que retrata de maneira eficaz, ainda que simples, esse período, mostrando os principais dramas e conflitos da adolescência, como a relação conturbada e a falta de diálogo com os pais, o mistério da conquista, o enigma e o nervosismo do primeiro encontro, em que todas as palavras do nosso léxico parecem sumir da nossa mente e não conseguimos abrir a boca pra dizer porra nenhuma, a angústia e a frustração diante de um amor não concretizado e como nós nos afeiçoamos a pessoas babacas que realmente não merecem o nosso carinho e nem a nossa atenção, a esperança, a ansiedade e o esforço que fazemos para sermos aceitos em determinados grupos e nos sentirmos parte de algo, dentre outras questões cruciais pelas quais naturalmente todos passamos para consolidar nossa identidade e personalidade.
Lançado em 1994, dirigido por Michael Apted e trazendo nomes de peso da indústria cinematográfica em seu elenco, como Jodie Foster e Liam Neeson, o filme Nell narra a incrível, fascinante e tensa história de uma mulher de aproximadamente 30 anos chamada Nell, que cresceu numa cabana e foi criada por sua mãe eremita em uma floresta afastada de qualquer convívio com a civilização e com a sociedade, onde vivia sem eletricidade, sem telefone e sem água encanada. O único contato que ela teve com outro ser humano na vida foi com a sua mãe e com a sua irmã gêmea, que faleceu ainda criança.
Logo no início do filme, nós somos apresentados à mãe de Nell que, por ter sofrido um derrame cerebral, se tornou afásica, possuía dificuldades de produzir os sons da fala e também vivia afastada da sociedade. Com base nesses elementos, é possível afirmar que Nell, interpretada aqui brilhantemente por Jodie Foster, numa atuação sensível e inspiradora, teve uma vida extremamente simples e humilde. A trama se desenvolve de maneira vagarosa no início, nos apresentando ao universo em que aquela personagem está inserida e aos principais elementos que cercam sua vida. Com o desenrolar da narrativa, nós percebemos que Nell possui um dialeto e uma linguagem própria, desenvolvidos a partir das dificuldades de comunicação com a mãe e com o convívio que ela teve ainda na infância com a falecida irmã gêmea. Nell é descoberta na floresta pelo doutor Jerry Lowell, interpretado aqui por Liam Neeson, em virtude do falecimento de sua mãe. Ao conferir o incidente, Jerry acaba inevitavelmente tomando ciência da existência de Nell. A moça fica um pouco assustada na primeira vez em que o vê, mas ao longo da trama, vemos que o relacionamento entre os dois vai ficando mais forte, ao passo em que Jerry passa a ganhar a confiança de Nell, representando para ela quase que uma figura paterna.
Jerry, ao descobrir a existência de Nell, passa a ficar intrigado e curioso, ao mesmo tempo em que fica encantado e fascinado com a pureza, a simplicidade e a inocência da garota. A partir desse ponto, a trama nos apresenta conflitos que giram em torno do destino de Nell e de como eles deveriam lidar com a situação dela. Ela é tratada como autista e até mesmo como doente mental por outros personagens do filme. Alguns acreditam que ela deveria ser internada num hospital psiquiátrico, enquanto Jerry acredita que somente Nell pode decidir o que é melhor para ela e que ela tem uma vida agradável na floresta, longe da interferência da sociedade. Por ter sido criada como uma eremita pela mãe, afastada de qualquer outro ser humano, fica evidente que Nell não sabe falar inglês, mas, apesar da falta de domínio da língua inglesa, ela se comunica através de um dialeto particular que desenvolveu ao longo dos anos. Além disso, por ter vivido isolada durante todos os anos de sua vida, Nell desconhece quaisquer imagens do mundo moderno, nunca viu um carro, uma televisão, uma arma, uma barra de chocolate e nem nunca ouviu uma música. Não se sabe ao certo como sua personalidade foi formada, quais foram as influências externas recebidas pelo seu input, o que é inato a ela e o quanto ela aprendeu sobre aquele mundo que a cerca.
A doutora Paula, no início defende que Nell deveria ser levada da floresta e ser internada, para que pudesse ser avaliada pela ciência. Entretanto, Jerry é contra essa ideia. Dessa forma, na primeira audiência no tribunal, o juiz determina que eles passem mais três meses avaliando Nell e o seu comportamento, para que, enfim, algo positivo e benéfico pudesse ser feito por ela. Em determinado momento do filme, Jerry adverte para o fato de que Nell só poderia ser levada dali mediante o consentimento dela. Desse modo, ele e Paula decidem passar um tempo na floresta, vivendo com Nell para que pudessem aprender um pouco mais sobre a maneira como ela utiliza a língua e sobre seus costumes e aspectos concernentes à sua vida. Jerry, então, tenta se aproximar de Nell de diversas maneiras, mas suas tentativas de aproximação só são eficazes a partir do momento em que ele tenta compreender e falar a língua dela. Sendo assim, ele e a doutora começam a perceber padrões e formas de palavras individualizadas na linguagem de Nell que se assemelham ao inglês, o que acaba sendo uma descoberta crucial e extremamente relevante, uma vez que fica mais fácil para eles conseguirem se comunicar com a moça.
Uma das últimas cenas do filme se passa num tribunal onde Jerry e Paula estão em audiência com o juiz para decidir qual será o futuro de Nell. Um dos momentos que mais impressionam e fascinam nessa cena é aquele exato em que Nell começa a se comunicar utilizando o seu dialeto, com Jerry fazendo as vezes do intérprete para a fala da garota. Nesse momento, fica univocamente clara a maturidade emocional e a autonomia intelectual de Nell, enquanto sujeito de linguagem. Dessa maneira, ela consegue mostrar para toda a sociedade que é totalmente apta a morar sozinha na floresta e em um dos momentos finais, nós a vemos com todos os seus amigos comemorando o seu aniversário na floresta. O filme, então, abre margem para refletirmos sobre diversos aspectos relacionados à educação. Ainda que Nell não tenha recebido qualquer tipo de educação formal durante a vida, ela apresenta uma maturidade incrível e mostra que é totalmente capaz de viver sozinha, de se comunicar e fazer parte desse mundo.
Ao analisarmos com mais cuidado o fato de Nell ter construído seus próprios conhecimentos, sua própria bagagem cultural e sua própria linguagem a partir da convivência com a mãe eremita e com a irmã gêmea, é possível estabelecer uma distinção categórica entre o que realmente é intrínseco e inato ao ser humano e o que faz parte dos nossos conhecimentos culturais apreendidos a partir do convívio com a sociedade e da interação com outros seres humanos. Ora, se Nell se comunicava utilizando uma linguagem própria, então é inegável que ela conseguia atribuir forma aos seus pensamentos a partir da interpretação dos símbolos e dos signos que a cercaram durante toda a sua existência. A criança é entendida como um ser enérgico, ágil e proativo, que interage com as outras pessoas e com a realidade que a cerca, participando ativamente do mundo ao seu redor. De acordo com Piaget, é justamente essa interação com o ambiente ao seu redor que faz com que a criança desenvolva suas estruturas cognitivas, psíquicas, mentais, desenvolvendo, também, técnicas próprias de operar essas estruturas. Percebemos, então, que Nell, mesmo tendo sido privada do convívio com outros seres humanos, preservou sua capacidade humana inata de aprender, apreender, internalizar e organizar as coisas em sua mente.
Certamente Noam Chomsky avaliaria esse filme com dez estrelas, pois ele aborda a linguagem justamente a partir da perspectiva de seus postulados teóricos gerativistas. Segundo a teoria gerativista de Chomsky, o ser humano já nasce com uma faculdade da linguagem que lhe possibilita adquirir a língua. Segundo o autor, a língua se constitui como um processo inato ao ser humano. Desse modo, ao sermos colocados diante dela, ainda crianças, nós a internalizamos e a desenvolvemos em nossas mentes.
Os trabalhos de Noam Chomsky sustentam a tese de que a personagem Nell começou a desenvolver métodos particulares e técnicas próprias de comunicação a partir dos estímulos externos que recebia em seu input durante a convivência com a sua mãe e com a sua irmã, pois, de acordo com autora “A fala a que a criança está exposta (input) é vista como importante fator de aprendizagem da linguagem. A este respeito, uma das questões que se tem colocado é se o bebê será atingido por toda e qualquer amostra linguística ou manifestações linguísticas ao seu redor ou se as amostras que irão ter influência na aquisição têm um caráter seletivo. Embora essa questão não tenha ainda tido uma resposta definitiva, as pesquisas têm apontado para a segunda alternativa: a criança é afetada pela fala dirigida a ela.
Chomsky ressalta, ainda, que o aprendizado ocorre de maneira modular. Dessa forma, fica evidente que, se nós temos um módulo da linguagem que já nasce conosco, isso não apresenta relação alguma com os nossos outros módulos e dispositivos cognitivos. Assim, Chosmky inaugura o primeiro paradigma cognitivo de aquisição da linguagem, baseado na tese citada anteriormente de que nós já nascemos dotados de capacidade e estímulos para que a aquisição da linguagem possa se realizar. Essa noção da faculdade da linguagem encora-se no princípio de que nós já nascemos com uma Gramática Universal. O primeiro argumento utilizado por Chomsky para sustentar a sua tese é o de que a criança apresenta uma linguagem pobre, fragmentada, mas mesmo assim ela adquire e desenvolve a linguagem. O segundo argumento, é o de que existe uma semelhança muito grande entre as línguas do mundo.
Por outro lado, a visão não-modular de Piaget defende a proposição de que a aquisição da linguagem depende/está diretamente associada ao desenvolvimento cognitivo da criança, isto é, é necessário que a criança tenha um amadurecimento cognitivo compatível para adquirir a linguagem. Deste modo, fica claro que a proposição de Piaget se constitui como uma visão não-modular porque ele não entende a linguagem como um módulo independente dos outros dispositivos cognitivos. De acordo com o autor, a aquisição da linguagem na criança se dá, inicialmente, no nível interpessoal e, posteriormente, no nível intrapessoal. No caso de Nell não foi diferente: ela adquiriu aquele dialeto próprio e teve a oportunidade de amadurecê-lo a partir de sua utilização na comunicação com a sua mãe e a sua irmã. Assim, torna-se evidente que as funções no desenvolvimento da criança aparecem, primeiramente, no nível social e, posteriormente, no individual. Em outra palavras, primeiro entre pessoas (de maneira interpsicológica) e, depois, no interior da criança (intrapsicológica). Assim, todas as funções superiores (memória lógica, formação de conceitos etc) originam-se das relações reais entre as pessoas. Para Piaget, a criança adquire a linguagem a partir do grau e da compatibilidade do amadurecimento cognitivo. Já para Vygotsky, a criança adquire a linguagem a partir da relação que ela estabelece com outras crianças e adultos.
Segundo o pensador Lev Vygotsky, o uso da linguagem se concretiza a partir da interação do homem com o seu meio social, a partir de relações influenciadas pelo contexto sociocultural. Vygotsky propõe que fala e pensamento prático devem ser estruturados sob um mesmo prisma e atribui à atividade simbólica, viabilizada pela fala, uma função organizadora do pensamento: com a ajuda da fala, a criança começa a controlar o ambiente e o próprio comportamento. Assim, o instrumento da linguagem é trazido pela internalização da ação e do diálogo. Segundo Vygotsky, o processo de internalização trata-se de uma reconstrução interna de uma operação externa, mas, para ele, a internalização de uma operação ocorre a partir da atividade mediada pelo outro, já que o êxito da internalização vai depender da reação de outras pessoas. O filme em questão aborda essas problemáticas de maneira impecável, ao mostrar, dentre outras coisas, como o desenvolvimento cognitivo de um indivíduo pode ser afetado se ele for privado do convívio social.
Além das discussões permeadas pelo âmbito da linguagem, o filme ainda estabelece margens para pensarmos sobre diversos outros assuntos, como a discussão sobre a ética na ciência e a real relevância dos bens materiais em nossas vidas. Nell é uma linda obra, um filme delicado, extremamente sensível, com uma história cativante e emocionante, repleta de diálogos bem construídos e reflexivos, que nos mostra a pureza humana e se apoia, principalmente, nas interpretações excelentes de seu elenco encabeçado por Jodie Foster, numa performance incrivelmente impressionante. Além disso, a direção de Michael Apted é segura e, embora discreta, não permite em nenhum momento que o filme adquira o tom superficial e embrutecido de teatro filmado, graças aos cenários deslumbrantes em que a história se passa.
Confesso que esperava algo incrível desse primeiro episódio interativo de Black Mirror produzido pela Netflix. A tecnologia Twine através da qual o conceito do episódio foi construído permite, realmente, a realização de coisas fantásticas. O episódio apresenta uma meta-linguagem certeira e objetiva para nos instigar com a possibilidade de podermos escolher o destino dos personagens, pois, da mesma forma que controlamos as decisões do protagonista, ele está, ironicamente e metalinguisticamente, adaptando para os vídeo-games um livro construído, também, com base nesse conceito de controle sobre os personagens.
O roteiro apresenta um emaranhado interessante de conceitos fodas, especiais e valiosos; toca na questão do livre arbítrio e em como não somos, de fato, totalmente livres para tomarmos todas as decisões das nossas vidas. Discute como todos os caminhos da nossa vida já estão, de certa forma, "determinados" e pré-concebidos por um "espírito superior" e, justamente por isso, temos a falsa sensação e ilusão de que temos controle total sobre o que fazemos e total liberdade sobre nossas escolhas, mas sempre acabamos escolhendo aquilo que uma entidade ou força incompreensível quer. Entretanto, todos esses temas e conceitos não se sustentam em toda a sua glória e plenitude, devido ao fraco desenvolvido da história, que é rasa e desinteressante, como a sua ambientação, e com finais pouco impactantes. Devo admitir que esperava algo bem mais mindfuck.
Que filminho chato, arrastado, enfadonho, irritante e chato e cansativo e insuportável, meu Deus do céu! Como é que tem gente que considera esse filme a "obra-prima suprema da sétima arte", cara.... Eu nunca vou entender isso. Comparar esse filminho irritante com uma obra-prima como Beleza Americana é quase um insulto! Mas como sempre, o clubinho de hipsters puristas que encaram o cinema como futebol vão se sentir ofendidos com esse comentário.
A atuação da Gloria Swanson é apenas OK, cara. Ela entrega uma ex-atriz mentalmente perturbada, na fase mais decadente de sua carreira, com uma atuação apenas razoável... isso quando ela não está over reacting e sendo irritante, fazendo aquelas caras e bocas ridículas (até a minha irmã fazendo careta aqui em casa num dia ensolarado consegue ser mais convincente no papel de "louca" do que ela).
"Ai meu deus, olha só essa metalinguagem aqui, olha só essa crítica à indústria hollywoodiana ali, olha só essa quebra da quarta parede #SUPER inovadora para a época". Cara, NÃO ADIANTA ter a metalinguagem... não adianta ter todas as ginásticas e aparatos técnicos sofisticados, não adianta trazer apenas a crítica pela crítica dentro de um filme sem agilidade nenhuma e irritante ao extremo. A crítica por si só não se sustenta. A direção do Billy Wilder é primorosa, mas todos esses detalhes técnicos por si só não se bastam! Não adianta o filme ter todos esses acessórios técnicos e metalinguísticos se a história é desinteressante e esquecível.
Crepúsculo dos Deuses é um filme chato, arrastado, cansativo, monótono, repleto de diálogos insossos, que tenta ser um dramalhão psicológico porém falha miseravelmente ao fazer você sentir saudades das comédias do Adam Sandler. De todos os filmes que vi do diretor, esse foi o único que não me agradou.
Olha esse CGI do Thanos! Dá pra perceber até as micro-expressões do rosto dele. Sem dúvidas uma aula de como fazer um CGI decente e de boa qualidade, e olha que nem terminaram a pós-produção ainda. Me arrepiei junto com o Peter Parker no trem assistindo esse trailer! Depois desse filme e da parte 2, eu já posso morrer em paz meu deus.
À quem possa interessar, segue abaixo todas as referências e easter eggs que eu consegui perceber nesse filme da Liga da Justiça. Cuidado, pois contém SPOILERS:
1 - O jeito como a Mulher-Maravilha conta a história da primeira invasão do Lobo da Estepe e do laço entre os humanos e os deuses antigos se parece muito com a cena em que a Galadriel conta a história das primeiras guerras na terra média, em Senhor dos Anéis. A narração e a estética da cena são muito parecidas; 2 - Nessa mesma cena, é possível visualizar Zeus atacando o Lobo da Estepe; 3 - Ainda nessa cena, é possível notar a presença de alguns Lanternas Verdes do passado. Inclusive, na cena em questão, o Lobo mata um dos Lanternas e é possível ver seu anel voando, indo à procura de outro dono; 4 - A Mulher-Maravilha luta com o Lobo da Estepe debaixo de uma ponte em algum momento do filme. Essa cena se parece com a luta que acontece entre Gandalf e o Balrog em Senhor dos Anéis; 5 - Em um momento do filme, aparece um jornal com a seguinte manchete: "nossos heróis estão voltando para os seus planetas?", aí logo abaixo tem uma foto do David Bowie, do Prince e do Superman. Isso faz alusão à morte do David Bowie e do Prince, ocorridas em 2016, e também ao fato de que os artistas em questão eram tão fodas, que poderiam ser comparados com alienígenas; 6 - Na última batalha do filme entre a Liga e o Lobo da Estepe, o Superman aplica o seu famoso hálito ártico, o sopro congelante conhecido dos quadrinhos na arma do Lobo e a Mulher-Maravilha quebra o machado dele; 7 - No final, o Ciborg aparece com o visual dos Novos Titãs, com o famoso 'c' posicionado no meio de sua armadura; 8 - O ator que interpreta o pai do Ciborg também foi o criador da Skynet nos filmes O Exterminador do Futuro. Não é atoa que o Ciborg se parece com um T800; 9 - No final do filme, Bruce Wayne decide reformar a antiga mansão de seus pais. Dentro da mansão ele manda construir o que será a famosa Sala da Justiça, onde acontecem as reuniões da Liga nos quadrinhos e nas animações. Na cena em questão, a Diana manda ele colocar mais algumas cadeiras à mesa, aludindo à possibilidade que outros heróis irão se juntar ao time futuramente; 10 - Quando o Bruce Wayne chega na casa do Barry Allen para chamá-lo para a Liga, ele pergunta quais são suas habilidades. Barry responde que sabe linguagem de sinais de gorila, ou seja, ele possivelmente já enfrentou o Gorila Grodd nesse universo; 11 - No final, vemos que Barry Allen contando para o seu pai, em uma de suas visitas na prisão, que vai trabalhar no laboratório criminal do departamento de policia de Central City; 12 - No final do filme, Clark Kent abre a sua camisa, mostrando o S de Superman estampado na roupa, fazendo uma clara referência ao clássico de Christopher Reeve; 13 - Na primeira cena pós-créditos, vemos o Flash apostando uma corrida com o Superman, fazendo uma clara referência das corridas que ambos apostavam nos quadrinhos também; 14 - Na segunda cena pós-créditos, o Exterminador ajuda Lex Luthor a escapar da prisão e Luthor o convida para formar a sua própria liga de vilões, fazendo uma clara alusão à Legião do Mal, grupo de supervilões criado e comandado por Lex no desenho dos superamigos.
Deixei passar alguma coisa? Se você descobriu mais alguma referência ou easter egg, poste aí embaixo :D
Fazia tempo que eu não saía do cinema tão satisfeito quanto saí da sessão de Liga da Justiça. De início, devo dizer que o filme me agradou bastante, e diferentemente do que alguns "críticos" estão dizendo por aí, o filme soube equilibrar bem os momentos de tensão com humor. Seria uma falta de bom senso, de honestidade e noção absurdas dizer que esse filme é ruim. O filme é ótimo, eu adorei, me diverti pra caramba e me emocionei também. A cena de abertura é fantástica! A primeira aparição do Batman é sensacional, quando eu vi eu pensei “esse é o Batman que eu conheço porra”. Você percebe o dedo de Zack Snyder ali naquela cena e em várias outras do filme. . O roteiro acerta em cheio na maneira como apresenta os velhos e os novos personagens e os desenvolve. O Flash é o coração do time. Ezra Miller (Animais Fantásticos e Onde Habitam) está realmente incrível como Barry Allen/Flash. Ele é, disparado, o melhor ator desse elenco. Carismático e espirituoso, ele entrega um Flash que não tem nada a ver com o da série, não é pior e nem pior, apenas MUITO diferente, e o Ezra Miller acertou a mão na composição e na interpretação do personagem, desenvolvendo um Barry Allen que, ao mesmo tempo que é hilário, reconhece a seriedade dos momentos tensos e grandiosos, diferentemente de certos personagens da marvel (né, Thor?). O Flash se destaca seja pelo seu deslumbre ao ter contato pela primeira vez com os gadgets do Bruce Wayne e com todos aqueles deuses da Liga, quanto pelos momentos em que mostra que sabe jogar em equipe, aplicando suas habilidades de maneira surpreendente. . Uma coisa que me desagradou no filme e me tirou muito a concentração foi a porra da cara do Henry Cavill deformada porque removeram o bigode através da computação gráfica. Aquilo ficou horrível! Poderiam ter deixado ele logo com barba. Ficou muito estranho. O Superman também poderia ter voltado com a lendária roupa preta dos quadrinhos e com o mullet clássico, né, mas eu sabia que a Warner não teria colhões para fazer esse agrado aos fãs. Fora isso, essa é a melhor versão do Superman nos cinemas (dentro desse universo compartilhado da DC). É como se eles tivessem removido o Superman dos quadrinhos e colocado ali em tela. Aquela cena de abertura mesmo, onde o superman está sendo filmado por umas crianças com um celular, é fantástica e inspiradora. Essa cena serve pra humanizar mais o personagem, ao mesmo tempo que estabelece uma conexão com as crianças, criando uma relação entre elas, já que a maioria vive esse universo de youtube e gadgets e redes sociais hoje em dia. Finalmente ele mostrou que pode ser um símbolo de esperança, e não aquela coisa deprimente e bunda mole do Homem de Aço e de BvS. . O Batman é OUTRO personagem. Algo completamente distinto do que ele foi em BvS. Tentaram remover aquela atmosfera de psicótico, sombrio, cansado, deprimido e atormentado que apresentaram em BvS, e acabaram deixando o personagem fraco, perdendo o seu senso de imponência e ameaça. Em alguns momentos dá pra perceber que é o Ben Affleck falando, com sua voz de Ben Affleck mesmo, e não o Bruce Wayne. O Aquaman marrento foi um ótimo acréscimo à equipe. Apesar de aparecer pouco, Jason Momoa provou que o personagem é mais do aquela criatura caricaturada de camisa laranja que fala com peixes nos quadrinhos. O Cyborg deixou um pouco a desejar, sobretudo no que diz respeito ao seu visual. O CGI ainda tava fraco. Em diversos momentos dava pra perceber a cabeça de borracha do ator encaixada digitalmente na máquina. Espero que ele ganhe mais destaque nos próximos filmes. A Mulher-Maravilha continua sendo a melhor coisa desse universo da DC nos cinemas. A Gal Gadot, apesar de ser uma atriz fraca, entendeu a personagem e conseguiu dar vida própria a uma personagem única, peculiar, carismática e distinta. Além disso, nota-se claramente que a união dos personagens ao longo da trama é totalmente orgânica, ao invés de ser aquele clichê “personagens se encontram, brigam, vão embora e depois se unem pra salvar o dia”. . Em relação ao tom do filme, as piadas são encaixadas nos momentos certos. Tem uma boa dose de humor, porém é bem equilibrada. São piadas que eu ou você mesmo faria. Diferentemente dos recentes filmes da marvel, o filme não quebra ou anula os momentos sérios com piadinhas fora de hora. Pelo contrário, ele dosa muito bem o humor com a tensão, guardando-o apenas para os momentos oportunos. Entretanto, o filme ainda conserva algumas características sombrias do universo da DC, características estas que refletem a visão do Zack Snyder. É possível sentir o dedo firme do Zack Snyder no filme, apesar de serem notáveis também as características do Joss Whedon. Ele meio que lapidou o diamante bruto que é o Snyder. Mas falaremos mais disso um pouco mais adiante. . Outro ponto fraco do filme é o vilão. O Lobo da Estepe é um vilão fraco, genérico, ingênuo, megalomaníaco, clichê e nem tanto ameaçador quanto sugeriam os trailers. Dá a impressão de que qualquer um da Liga poderia derrotá-lo fácil com o mínimo de esforço. As motivações do vilão são as mesmas de todos os vilões de filmes do gênero: quero destruir o mundo porque sim, porque eu posso, porque eu sou louco, porque esse mundo me pertence, mesmo eu não tendo recebido nenhuma nota fiscal que comprove isso. Vilãozinho pau mandado do Darkside, coberto de CGI dos pés à cabeça... Um puta desperdício de ator. Ademais, advirto que a DC tem que melhorar muito esse CGI deles. Os efeitos visuais continuam fracos e artificiais, beirando o tosco em alguns momentos, o que favorece um pouco para criar certo distanciamento da obra, me fazendo sentir um certo desconforto; mas isso é até um pouco compreensível, visto que eles tiveram pouco tempo para se dedicar à pós-produção, em virtude da saída do Snyder e entrada do Joss Whedon. Tiveram que consertar um monte de coisa, refilmar várias cenas e picotar muita coisa no corte final, e isso tudo prejudicou demais o filme. Peguem como exemplo a parte em que o Bruce Wayne vai tentar recrutar o Aquaman. Numa cena, o Aquaman está super marrento e puto com o Bruce, na outra, eles já estão andando juntos como bons amigos, sem a animosidade da cena anterior. Não faz sentido. Dá pra perceber que o filme é um filho de dois pais diferentes, parece que tem dois filmes funcionando dentro de um só ali. Você consegue distinguir claramente quais cenas são do Snyder e quais são do Joss Whedom, seja pelo posicionamento de câmera, seja pela paleta de cores, que o Snyder costuma trabalhar com cores mais dessaturadas, mais lavadas e com tons acinzentados, enquanto o Whedon prefere investir mais em cores saturadas, cores mais vivas. O uniforme do Superman nunca foi tão azul igual é nesse filme. Só pra ter uma ideia melhor, dá pra perceber claremente que aquela cena de abertura e a cena do Batman no começo, por exemplo, é do Zack Snyder, porque ele gosta de tirar exatamente a página dos quadrinhos e inserir na tela, ele trabalha mais essa questão da penumbra, do cinza e do sombrio. Agora, uma coisa que me emocionou num determinado momento foi a palhinha que eles deram dos primeiros acordes da trilha sonora recriada do Danny Elfman para o Batman e a do John Williams para o Superman, porém, ficou só no gostinho mesmo. A Warner não teve colhões e audácia de botar a porra da trilha sonora toda. . Apesar desses detalhes, Liga da Justiça é um filme que joga de maneira eficiente dentro da sua zona de conforto. É grandioso, mas não recorre aos erros de Homem de Aço e BvS, e, ao mesmo tempo, é simples e leve, mas sem perder o senso de proporção, de catástrofe e de grandiosidade, me lembrando um pouco à clássica animação Liga da Justiça Sem Limites, que alegravam meus dias no SBT. Eu me diverti muito, me empolguei e me arrepiei em vários momentos assistindo Liga da Justiça, porém, ficou aquela sensação de “esperava mais”. Ficou faltando alguma coisa. Ficou faltando eles entregarem algo mais épico na volta do Superman, algo mais messiânico, com uma trilha sonora foda e forte por trás e com os humanos olhando maravilhados pra ele. Nesse ponto, eles perderam várias oportunidades de entregar momentos épicos nesse filme. Liga da Justiça é um filme sem identidade, genérico, sem personalidade e originalidade, que aposta apenas no feijão com arroz básico, e não toma riscos, como foi com Batman V Superman. Aliás, BvS pode ser cheio de problemas de história e de roteiro, mas, esteticamente e narrativamente falando, é um filme muito mais coeso do que Liga da Justiça. Nesse ponto, BvS é MUITO MAIS cinema do que Liga da Justiça. Você consegue perceber a visão, o dedo firme do Snyder ali, é um filme que tem mais personalidade, mais conceito, mais identidade, coesão narrativa e originalidade do que LJ. Nesse quesito, eu prefiro muito mais um filme com identidade, um filme que é muito mais cinema e que tenha cenas memoráveis, como Batman V Superman teve, do que um filme genérico, sem originalidade e sem identidade, como foi o filme da Liga da Justiça. Se pararmos pra pensar, conseguimos lembrar de várias cenas de BvS, porque é um filme que ficou na memória, mesmo sendo controverso. Já o filme da Liga, eu assisti esses dias atrás e não lembro mais de muita coisa. Por isso que BvS é um jovem clássico, porque até hoje as pessoas ainda o discutem na internet, é um filme que a gente se lembra muito mais do que Liga da Justiça, que é um feijão com arroz esquecível, apesar de ser divertido e ter bons momentos. . É complicado avaliar um filme com uma produção tão conturbada quanto Liga da Justiça. Eles tiveram que tirar o Snyder em cima da hora, por conta de uma tragédia familiar e chamaram o Whedon pra realizar algumas refilmagens, com base na visão da Warner, e não na visão do próprio Whedon. Então, é complicado. Eu acho que o que vai definir o tom desse universo da DC nos cinemas daqui pra frente, é o tanto de grana que esse filme vai fazer. Se ele fizer menos grana que Batman V Superman, o que com certeza acontecerá, eles vão dizer “é, galera, acho que não deu muito certo esse tom mais leve que a gente quis aplicar aqui nesse filme da Liga não viu... Vamo voltar pro tom mais pesado, sombrio e denso do Snyder que é sucesso”. É capaz d’eles entregarem uma montanha de dinheiro nas mãos do Snyder e deixarem ele fazer o que quiser, pra voltar pr'aquele tom sombrio e realista de Batman V Superman, porque essa é a essência deles, e os filmes de super-heróis não precisam ser engraçadinhos e ingênuos igual os da Marvel. . Eu espero de coração que eles acertem esse tom do universo da DC, que eles alinhem, construam e elaborem uma história melhor, uma história que RESPEITE mais os fãs da DC. O fã da DC é mais exigente do que o fã da Marvel, justamente porque ele sabe que esses heróis são DEUSES, são muito mais grandiosos e muito mais épicos do que os da Marvel. Todo mundo sabe quem é o Superman, a Mulher-Maravilha e o Batman, até minha vó sabe. Por isso que quando a DC vai lançar qualquer filme novo, os fãs ficam com expectativas altíssimas, mas muitas vezes não são atendidos, e isso é foda, mas eu espero de coração que eles acertem esse tom definitivamente e construam um universo mais coeso, assumindo a essência deles, o que eles sabem fazer de melhor. E também espero sinceramente que a Warner libere um corte final do filme, com a versão do Zack Snyder.
Pra quem tem aquela famigerada "preguiça" de ler, eu recomendo que assista à crítica em vídeo no meu canal >>> https://www.youtube.com/watch?v=jiSUkOIcplY
Assisti o filme e confesso que me surpreendi bastante aí com alguns aspectos dele, porém me decepcionei com outros também. O primeiro ponto que me chamou atenção logo de cara foi o tamanho do macaco. Logo na primeira cena que o bicho aparece já meio impactante e muito assustador, eu olhei assim e falei "caralho, olha o tamanho dessa macaca, bicho!!". Esse é o maior macaco de todos os tempos. É o maior Kong da história do cinema. Nós tivemos várias versões do Kong aí ao longo dos anos, mas nada se compara ao Kong de 2017, que traz um animal enorme de inacreditáveis 30 metros de altura, cara. É um macaco descomunal e gigante, o bicho é monstruoso, é assustador e imponente. Ele passa um senso de perigo e urgência impressionante.
O filme se passa mais ou menos ali nos anos 70, acompanhando ali um grupo de pessoas que realiza uma expedição à inóspita Ilha da Caveira, que fica ali localizada no pacífico sul.... só que ao chegar na ilha eles dão logo de cara com o magnífico, assustador e poderoso Kong, que recebe os visitantes com muita fúria, destruição e morte.
A direção é assinada pelo excelente Jordan Vogt-Roberts. Ele já tinha dirigido algumas coisas aí pra televisão, episódios de série e tal, e um filme fabuloso de 2013, chamado The Kings Of Summer. Ele é muito talentoso... E aqui em Kong ele imprime uma direção bem fora do usual, é uma direção diferenciada, bem fora do rotineiro e do clichê que é grande parte das direções dos filmes do gênero. O cara se beneficia dos detalhes e da beleza enigmática desse ecossistema pra botar em prática o seu próprio virtuosismo e pra criar a sua marca e primeira impressão inicial. Ele sempre tá procurando explorar o máximo ali do ambiente, sempre posicionando a câmera pra capturar os melhores ângulos possíveis e extrair o melhor daquele ecossistema tóxico, opressor e intimidante.
É uma direção caótica, grandiosa, mas é um caos controlado. É um caos muito bem manipulado, ele sabe o que tá fazendo. E todos os detalhes que ele captura ali não são inconscientes ou gratuitos. Tá tudo à serviço das cenas de ação. A ação do filme é muito empolgante, enérgica e absurda, cara! São cenas de ação, porradaria e luta bem pesadas envolvendo o Kong e os outros monstros gigantes, todas com excelentes efeitos visuais. Ele esmaga monstros, arranca cabeças... Tem uma cena mesmo que ele arranca uma árvore do chão pra bater num monstro; ele arranca a língua de um monstro, é muito foda, eu fiquei arrepiado. O filme lembra muito Apocalypse Now de 1979 e, pelo fato de ter monstros gigantes ali, o filme lembra muito Pacific Rim, de 2013.
A cinematografia do filme traz a lembrança aí de filmes de guerra. Tem muitas explosões acontecendo aqui, muitos tiros. Em alguns momentos ele utiliza uma fotografia poluída e esfumaçada pra ambientar o espectador em meio àquele conflito caótico e àquele ambiente nada amistoso. É um visual belíssimo e muito bem trabalhado que possibilita uma percepção sensorial melhor de cada detalhe e tal. A trilha sonora também é sensacional. É uma trilha composta em sua grande maioria aí pelo rock n' roll sujo, distorcido e agressivo das décadas passadas.
A edição e a montagem do filme também são formidáveis. Você consegue perceber e entender o quê que tá se passando ali nas cenas de ação. E isso é muito bom. O filme realmente funciona como entretenimento, ele é muito divertido, mas como nem tudo são flores, têm muitos problemas aqui, sobretudo questões de ritmo, roteiro e personagens. Em determinado momento ali do 2º ato você percebe que o ritmo do filme cai de maneira considerável e em alguns outros momentos oscila muito. Então, nota-se que há uma falta de personalidade, de identidade narrativa aqui.
O roteiro também não é muito bom. Ele não permite que os personagens passem de determinado ponto. As intenções de alguns personagem por exemplo não ficam realmente claras em alguns momentos. Tem muitos personagens aqui e todos eles são muito mal trabalhados. O desenvolvimento de personagem aqui é péssimo. É quase inexistente. "Ahhh mas é um filme blockbuster, cara, é um filme sobre monstros gigantes se matando na porrada, como é que você se importa com personagens???". UÉ, como assim??? Então só porque o filme é blockbuster e tem monstros gigantes se matando que ele tem que ter personagens humanos ruins e completamente descartáveis? Isso não tem sentido nenhum!
Nós temos aqui a Brie Larson, que é uma triz brilhante, eu sou fã dela, mas aqui em Kong ela interpreta uma fotógrafa que gosta de tirar fotos da natureza selvagem, mas ela fica o tempo todo só com aquela camerazinha ali na mão... "ai meu deus eu tenho que tirar foto aqui desse macaco, eu tenho que tirar uma foto aqui desse pôr-do-sol"... mas em momento nenhum ela convence como uma fotógrafa.
Tem o Tom Hiddleston aqui, que é um PUUUTA ator foda, e que é completamente desperdiçado aqui. O personagem, assim como todos os outros, não tem camada nenhuma. Eles quiseram dar uma roupagem meio heróica, meio Indiana Jones aqui pro personagem, mas não funciona de maneira alguma. O personagem vai pra chegar mas não chega. Quando você pensa que ele tá evoluindo e chegando num nível melhor.... ele não vai. Ele só vai até onde o roteiro permite, o que infelizmente é frustrante! Acho que só tem uma cena legal envolvendo o Tom Hiddleston que é uma que ele tá lutando com uns monstros na ilha e ele tá com uma espada na mão no meio de uma fumaça verde e o sangue das criaturas é azul... Visualmente essa cena funciona muito bem, mas é só isso.
Tem o Samuel L. Jackson aqui, que mais uma vez está interpretando ele mesmo. Ele comandava uma tropa ali na guerra aí ele se frustrou porque a guerra foi interrompida no meio. Aí quando ele recebe a incumbência de ir pra essa ilha ele entra na pira de que ele tá no meio de uma guerra, de que ele tem que matar todos os monstros, ele meio que quer de alguma forma expurgar de dentro de si a frustração que ele tá sentindo pela guerra anterior que foi interrompida.
O John Goodman... eu não sei muito bem quais as intenções do personagem do John Goodman aqui. Ele chega ali pro governador e fala “ah, eu quero que você me dê uns militares pra me acompanhar aí numa expedição que eu tô fazendo pra uma ilha inóspita, quem está no mapa, possivelmente cheia de monstros gigantes”, e o cara simplesmente vai lá e fala: “ah beleza vou fazer uma ligação aqui rapidinho peraí”, e tipo... o cara nem questiona nada,. E você acha que as intenções do personagem do John Goodman eram x mas na verdade eram y, e mesmo assim você não entende porque ele queria fazer aquilo. É muito raso, muito bobo. Acho que nem o próprio John Goodman sabia quais eram as reais intenções e motivações do personagem dele ali.
E tem o John C. Rilley também. Ele interpreta um personagem que caiu na ilha há 30 anos atrás, então tem 30 anos que esse cara tá perdido na ilha... TRINTA ANOS!!!! Ele não se parece, ele não se comporta como alguém que está há 30 anos perdido numa ilha inóspita afastado da civilização, longe da sociedade, afastado de qualquer tipo de contato com a sua língua materna. Os caras encontram o personagem lá do John C. Rilley na ilha e ele >>> "Oi, gente, meu avião caiu aqui tem uns 30 anos mas eu tô aqui de boa aqui com as mesmas roupas que eu tinha de quando eu caí, tô falando inglês aqui perfeitamente e tô aprontando altas confusões aqui com essa turminha da pesada, super descolada que conheci aqui na ilha". Porra??? Pelo amor de Deus, né. Nem as pessoas lá com quem ele mora agem como se fosse pessoas de outra civilização. Não dá. Chega a ser cômico o John C. Rilley. Você começa a rir do cara por causa dessas coisas.
E o que dizer dos personagens da Jing Tian, do Toby Kebbell, do Corey Hawkings e do Jason Mitchell??? R: NADA, porque eles não aparecem NADA no filme. São completamente apagados e descartáveis. O pior é que todos os atores são muito bons!!! O John Goodman trabalha muito bem, a Brien Larson também é ótima, uma excelente atriz, o Tom Hiddleston também é formidável... um dos melhores atores britânicos em ascensão atualmente. Tem o Thomas Mann de Projeto X também, que fez algumas comédias indies... ele é excelente também. O problema é que eles não tiveram um material BOM à altura pra trabalhar. E isso infelizmente só permitiu com que eles atuassem até certo nível, só permitiu com que eles fossem até certo ponto, porque o roteiro é ruim! Não dá! Você podia largar um roteiro desses até nas mãos do Daniel Day Lewis que ele não ia conseguir extrair muita coisa dali não. Os atores são muito mal aproveitados aqui.
É complicado porque os personagens estão presentes em quase 100% do filme, mas como é que você se importa com esses personagens quando eles não têm camada e desenvolvimento nenhum?? Tem algumas cenas ali que eles meio que tentaram criar uma proximidade e uma intimidade ali entre os personagens, mas é muito forçado. Você não se importa e não tem empatia nenhuma por eles. Tanto que a partir de um determinado momento, quando algum deles morria eu pensava "ah tá, próximo". Os personagens são completamente descartáveis aqui. Desde o início o filme deixa claro que os seres humanos são dispensáveis aqui nesse universo.
Mas apesar de tudo isso, no final das contas as qualidades do filme são muito mais favoráveis e pesam muito mais no resultado final do filme do que seus defeitos e seus problemas. Esses problemas aí envolvendo os personagens realmente me incomodaram bastante e também tem essa coisa aí de que só porque o filme é sobre monstros gigantes, só porque o filme é blockbuster que o elemento humano deve ser ignorado e que ele tem que ser ruim e tá de boa, saca? Não cara, PÁRA!
Sinceramente, isso me faz temer muito o futuro desse monsterverse que a Legendary tá criando aí, cara. A gente ainda vai ter Kodzilla 2 e Kong vs Kodzilla aí futuramente. Porra, desde que eu era criança eu sonho com esse filme, com efeitos visuais fodas e sofisticados e um bom roteiro, porra! Eu espero de coração que os caras criem uma história legal pra esse filme, que eles sentem lá direitinho escrevam um roteiro bacana, com calma, porque um roteiro feito nas pressas é uma merda e estraga tudo.
Enfim.... Kong: A Ilha da Caveira é um filme divertido, visualmente estonteante, incisivo, com uma ação tensa, empolgante e enérgica, e uma direção diferenciada, porém peca ao desenvolver mal seus personagens.
Aqui está o vídeo com a crítica pra quem tem preguiça de ler comentários excessivamente grandes e tal: https://www.youtube.com/watch?v=12LkInzpRAI
Um dos filmes mais tristes do ano até o momento. Depois de 8 filmes dos X-Men e dois filmes solo do Wolverine enfim tivemos uma adaptação à altura de um dos mutantes mais cascudos da história dos quadrinhos! Depois de 8 filmes temos Logan, dirigido pelo James Mangold. Eu gosto da direção dele. Aqui ele imprime uma atmosfera meio western, um clima meio velho oeste, o filme lembra bastante Shane, de 1953, porém com uma pitadinha de The Rover, de 2014. O filme realmente parece muito um faroeste, um roadie movie moderno.
Logan faz muitas referências aí ao universo dos x-men, principalmente à trilogia inicial, como referências à batalha da estátua da liberdade, tem referência à X-Men Origins Wolverine, tem referencia à Wolverine imortal de 2013, enfim, é um filme perdido ali no limbo dos problemas de cronologia que permeiam os filmes dos X-Men. Eles nunca pareceram conversar muito bem um com o outro, inclusive essa é uma das coisas que a fox deveria começar a pensar em fazer cara. Fox, pelo amor de deus, vamos arrumar essa linha do tempo aí, porra, já passou da hora!
Logan marca a despedida perfeita pro Hugh Jackman do papel do Wolverine. Isso por si só já é triste, levando em conta que o cara foi um Wolverine/Logan incrível, tanto que eu não consigo visualizar mais ninguém pra ser o Wolverine no cinema. O cara é insubstituível. Eu costumo dizer que o Hugh Jackman foi pro Wolverine o que o Robert Downey junior é o pro Homem de Ferro sabe. E o filme realmente tem um clima de despedida, aquele clima de que tá tudo acabando. Mas olha, que despedida com estilo! Principalmente com muita violência, muito sangue, cabeças rolando, muita tristeza, dor, agonia, culpa, melancolia e, sobretudo, um filme íntimo, emocional, visceral e sangrento. Nesse universo um tanto pós-apocalíptico em que os X-Men estão praticamente TODOS mortos, temos um Professor Xavier caquético e cansado, um Logan acabado, debilitado e deprimido e um Caliban desgastado. Os três moram juntos ali no meio do nada num lugar sujo e empoeirado... o Logan tá ganhando a vida como motorista de limusine, nesse mundo nem tão pos-apocalíptico assim, porém só um pouco.
Ele tá com os poderes dele bem enfraquecidos, tá tendo que cuidar do professor Xavier e injetar umas substâncias estranhas nele, que é pra ele não sair do controle e não matar todo mundo em mais um de seus ataques nervosos e convulsivos. Aliás, falando nisso, a atuação do Patrick Stewart está excelente! Ele tá bem debilitado, tá caquético mesmo, num estado de degradação mental e físico perturbador. Você vê que ele carrega ali uma culpa por conta de algo que aconteceu com ele e o que atormenta severamente.
O Hugh Jackman também tá muito bem aqui, é uma composição física, um trabalho corporal e emocional impecável. E ele tá com seus poderes bem enfraquecidos, o fator de cura já não é tão eficiente assim como costumava ser... ele se machuca e fica por dias machucado. O adamantium está envenenando o corpo dele e ele tá morrendo de dentro pra fora. E é muito angustiante ver o quanto que o Wolverine vai se deteriorando ali com o passar do tempo, porque é um personagem cujo um dos principais poderes era a alta capacidade de cura, de regeneração celular, agora você vê que ele não faz mais isso, isso não acontece mais. Ele não se cura, ele sangra. Ele fica machucado. É agoniante. E o Hugh Jackman realmente convence no papel de alguém que tá cansado, desgastado, surrado pelos acontecimentos do passado, você no olho dele que ele já tá cansado dessa porra, ele tá fraco, ele não aguenta mais viver, tá imerso numa depressão profunda. Ele manca no filme, é um trabalho de linguagem corporal fantástico e irretocável. Ele tá com os olhos vermelhos de bêbado e tá enchendo a cara nesse filme.
Também acho válido destacar aqui o trabalho de maquiagem desse filme, que realmente é incrível. O Hugh Jackman parece realmente acabado, envelhecido, abatido, ele tá imerso na mais completa agonia física e emocional. Você sente e percebe que se ele levar um tapa ele cai no chão. Ele realmente se entregou ao papel. A relação do Logan com o Professor Xavier é uma relação quase paterna, durante a jornada deles eles vão se descobrindo, se conhecendo melhor, e você se importa com aqueles personagens, é tudo muito palpável, é uma relação muito íntima. E em algum ponto a vida deles ali se cruza com uma garotinha bem serelepe bem dócil e amigável, a Laura, também conhecida como X-23, aqui interpretada pela atriz mexicana Dafne Keen. A menina dá um show de atuação. Essa menina é incrível, cara. Nunca tinha visto nada com ela antes. Ela possui praticamente os mesmos poderes que o Wolverine. A menina tá incrível, ela realmente convence no papel. Parece que você tá vendo um animal mesmo ali na tela, a menina parece um felino, bem traiçoeira e ágil, ela é selvagem, e o seu tamanho é inversamente proporcional à sua letalidade. A linguagem corporal dela é sensacional, a coreografia das luta também é incrível. A relação dela com o Logan é bem emocional, uma relação mais introspectiva. Tanto que quando ela abriu a boca ali pra falar pela primeira vez eu fiquei meio agoniado, é meio irritante em alguns momentos, mas nada que atrapalhe a experiência.
O que acontece é que o Logan tem que levar essa menina pra um lugar onde estão alguns mutantes que sobreviveram, e aí durante essa jornada deles, o caminho deles se cruza aí com um grupo maligno e diabólico, cuja as intenções são as mais espúrias possíveis, chamado Os Carniceiros, liderados pelo destemido, impetuoso e imponente Donald Pierce, interpretado pelo Boyd Holbrook (algumas pessoas devem se lembrar dele por interpretar o detetive americano Steve Murphy na série Narcos). Aqui em Logan ele tá muito bem no papel também. Ele usa um braço mecânic irado! Ele tá bem ameaçador, imponente e robusto. Ele trabalha junto com o cientista Zander Rice, interpretado pelo Richard E. Grant, que o é o cientista responsável por realizar as experiências genéticas com os mutantes.
E aí a partir disso o filme é só porradaria, com uma ação frenética, com muito sangue e muita violência gráfica. O ritmo do filme é bem ágil e enérgico. As cenas de ação são muito bem dirigidas pelo James Mangold. Sem excesso de edição. Apesar de tudo isso, o filme não é repleto de ação do início ao fim. Se você estiver esperando por isso, provavelmente vai se decepcionar, mas nem por isso o ritmo se torna cansativo ou arrastado.
As cenas de ação são brutais, tem um toque de violência e brutalidade muito forte aqui, e apesar do Logan estar debilitado, acabado, deprimido e cansado, você aos poucos vai vendo aquele velho Wolverine tomando forma, e lutando de maneira selvagem e violenta, como ele saber fazer muito bem. Ele bate sem dó nem piedade. É como se ele já tivesse apanhado tanto na vida, como se ele tivesse sofrido tanto que agora ele tá batendo sem pena, descontando toda a dor e a raiva dele. E ele entrega perfeitamente ali nas cenas de batalha também. Ainda dá pra perceber que ainda restou algum senso de heroísmo no Logan, apesar de tudo.
Finalmente, depois de tantos anos de adaptações dos X-Men aí pro cinema podemos ver o Wolverine fazendo o que ele sabe fazer de melhor aqui, que é enfiando as garras nos seus inimigos, descendo o sarrafo, arrancando cabeças, abrindo corpos. E dá pra escutar e sentir o barulho das garras entrando no pescoço da galera de uma forma muito realista, mostrando como que realmente aconteceria se aquilo fosse na vida real. E eu achei isso muito foda. Você sente ele apanhando, você sente a dor dele. Você sente a agonia dele, as cicatrizes. É impressionante. A gente finalmente pôde vislumbrar aí o Wolverine em momentos libertadores de porradaria, fazendo a única coisa que ele sabe fazer na vida. Em Logan, finalmente nós podemos ver aí o Wolverine utilizando os seus poderes aí em toda a sua glória. Isso foi um prato cheio pros fãs, praticamente um presente para todos aqueles que tiveram que esperar anos e anos aí pra ver o Wolverine usando seus poderes em toda a sua plenitude.
Engana-se quem pensa que essa violência toda é uma violência gratuita. A violência tem um propósito narrativo. O filme precisa mostrar essa violência pra ajudar a contar aquela história ali que é um drama pesado e visceral e pra ajudar a situar o espectador naquele universo, e todas as atitudes dos personagens são muito bem justificadas ali. Outro ponto alto do filme é o seu visual sensacional. É uma estética que lembra bastante o Mad Max e o próprio quadrinho do Old Man Logan. Aliás, talvez essa seja a única similaridade entre o filme e os quadrinhos: o visual, que é bem sujo, composto por uma cinematografia meio amarelada, uma fotografia meio surrada, um visual encardido, empoeirado que funciona muito bem, típico de um road movie moderno, porém com algumas decisões gráficas, visuais e narrativas imprevisíveis.
O filme é muito triste. Tem alguns momentos ali, mais para o final do filme, que são particularmente tristes. A história do filme é muito bem contada e eu acho que qualquer filme tem que ser assim, tem que ter uma história bacana, bem construída, com um bom desenvolvimento de personagem. Isso é que é fazer cinema de qualidade. Não é só chegar lá e jogar um monte de coisa aleatória na tela, um monte de explosão, efeitos visuais fodas, mas sem propósito nenhum! E em Logan isso não acontece. A história é muito bem contada. Tem muita dor no filme, é meio melancólico, chega a ser agoniante. Eu confesso que em alguns momentos ali eu fiquei com os olhos meio marejados, e o professor Xavier tá ali falando umas coisas bem triste, Aliás o professor Xavier fala umas coisas nesse filme você provavelmente vai levar pra vida mano. É muito emocional e reflexivo mesmo. E apesar do Professor Xavier estar acabado e debilitado, você vê ali que em alguns momentos ele consegue fazer uso e controlar seus poderes ainda. Você meio que consegue visualizar o desespero e a agonia que ele e o Logan estão sentindo. Tem umas cenas em que a câmera fecha na cara do Hugh Jackman e vc olha pra cara dele e percebe, sente a dor e a agonia e a emoção que ele tá querendo passar, e nós sofremos junto com ele.
Antes do filme ser lançado muita gente tava especulando aí que o dente de sabre ia aparecer no filme, porém quando apareceu o x-24 pra mim foi uma puta surpresa legal, gostei bastante. É muito interessante porque você vê o Wolverine novo ali lutando contra o Wolverine velho, representando justamente essa dualidade do novo vs. Velho. Eu só achei que o filme poderia ter sido um pouco mais reduzido, ele se estende sem necessidade. Eles deveriam ter reduzido um pouquinho alguns momentos mais parados assim e estendido um pouco mais o desfecho e a batalha final. Ficou tudo meio corrido, acho que eles poderiam ter aumentado o nível de desgraçamento mental no final, mostrando o Wolverine apanhando mais ou sofrendo mais. Mas nada que tire o mérito do filme.
Outro ponto que vale destacar é o tom do filme, ele é sombrio, é doloroso. A direção é excelente, as cenas de ação são incríveis, o visual do filme é bonito, a história é ótima. Poxa, isso é que é uma história legal sabe, isso é que é uma história bem construída. Uma história onde os efeitos visuais, a porradaria e sanguinolência e a violência estão à serviço DA história, e não simplesmente um monte de coisa jogada lá na tua cara, um monte de detalhe, um monte cena de ação cheia de corte e efeitos visuais dinâmicos que você não entende nada do que tá acontecendo. Enfim, é tudo muito bom e bem construído nesse filme. E tudo isso sem precisar ser um filme megalomaníaco ou estratosférico ou gigante com um final grandioso, com uma porra de um raio azul caindo do céu.
E em todos esses pontos aí ele sem dúvidas elevam muito a qualidade do filme e tem muito a ensinar e influenciar aí no futuro dos filmes do gênero. É um filme que tem grande potencial aí pra inverter e mudar o paradigma dos filmes de super-herói. Espero que a Marvel e a Warner tomem esse filme como exemplo e se reformulem e se reinventem mesmo. A Fox, o James Mangold, o Hugh Jackman e o Patrick Stewart estão todos de parabéns.
Esse filme é um presente pros fãs que tiveram que aguentar todos esses anos aí de espera por um filme onde o Wolverine finalmente pudesse mostrar toda a sua força, todo o seu poder, e o que é melhor: sem censura. Logan é sem dúvidas o melhor filme do Wolverine e do Logan já feito. É o The Dark Knight do Wolverine, mano. Mas enfim, acho que esse comentário saiu um pouquinho maior do que eu esperava, mas é que eu me empolgo pra escrever sobre um filme quando ele é bom.
Como se já não bastasse o Logan morrer no final, a X-23 ainda pega a cruz do túmulo dele e deita a cruz, transformando a cruz num X de X-Men. Aquilo cortou fundo no meu coração.
Depois de toda essa maratona do Oscar que realizei no último mês, posso dizer que senti um alívio gigante na alma e fui desintoxicado ao assistir Sete Minutos Depois da Meia-noite e constatar que esse possivelmente foi o filme mais emocionante, visualmente e liricamente lindo, original, poético e tocante que assisti em 2017. Chega a ser absurdo o fato de uma peça belíssima como essa não ter sido considerada em absolutamente nenhuma categoria do Oscar que, mais uma vez, abriu espaço para premiar dramalhões insossos, vazios e enfadonhos; um musical com uma história comum e esquecível, dentre diversas outras besteiras que figuraram entre as indicações esse ano. Francamente, Sete Minutos Depois da Meia Noite é absurdamente melhor do que grande parte dos indicados desse ano.
O filme conta com atuações incrivelmente satisfatórias, uma fotografia fabulosa, manuseada de forma a transmitir e ilustrar os sentimentos e conflitos dos personagens em determinados momentos; uma direção de arte e efeitos visuais primorosos e arrojados, e um roteiro absurdamente inteligente, repleto de metáforas e rimas visuais, desenvolvido de maneira impecável, que não deixa em nenhum momento o ritmo do filme fraquejar ou ficar moroso demais.
A Felicity Jones, apesar de aparecer pouco, está fantástica aqui e chega a ser angustiante o modo como a sua personagem extremamente perturbada vai se degradando psicologicamente e fisicamente ao longo da trama. Ela está mil vezes melhor aqui do que em Lion, diga-se de passagem. O Lewis MacDougall é brilhante! Ele consegue transmitir sentimentos angustiantes como raiva, dor e melancolia com uma destreza espetacular e, às vezes, com muito poucas palavras. E o que dizer do grande monstro arvoresco interpretado pelo Liam Neeson? Esse aparentemente é o grande destaque do filme, sem dúvidas um trabalho de captura de movimentos e de voz sofisticadíssimos. É impressionante o nível de detalhes contidos nas expressões e feições de seu personagem. Em alguns momentos, cheguei dar um pause no filme pra observar mais de perto os detalhes na compleição do monstro. É impressionante.
Em seus pouco mais de 100 minutos, Sete Minutos Depois da Meia-noite emociona e comove, relatando conceitos de amor, perda, perdão, bullying, separação e superação, através do olhar de uma criança desajustada, mentalmente confusa e desorientada, que utiliza a fantasia como válvula de escape para a realidade dolorosa e para o destino cruel que o aguarda, mostrando que o monstro na verdade está adormecido e internalizado em nós, pronto para o momento em que decidirmos escutá-lo, encontrarmos nossa verdade e fazermos a coisa certa, no momento certo.
É inegável e indiscutível o fato de que o Oasis foi uma das bandas mais importantes de sua geração, quiçá, a melhor banda dos anos 90/2000 (e foda-se o Nirvana!). O legado do Oasis vai muito além de suas composições, de suas músicas e discos lançados... é algo que transcende a música. O legado dos caras gira em torno das polêmicas, das brigas, das declarações controversas e da personalidade forte, subversiva, transgressora, imponente e austera dos irmãos Gallagher, que construíram tudo isso juntos, sem bunda molisse, sem passar uma falsa imagem de bons moços diante das câmeras e dos microfones, mesmo odiando um ao outro.
Quem diria que uma banda de rock de um estado pequeno da Inglaterra fosse se tornar o que o Oasis se tornou e conquistar as coisas que conquistou. Os caras vieram do nada ao posto de uma das melhores bandas do mundo, com um dos maiores e mais rapidamente vendidos discos do Reino Unido. Acredito ser quase impossível atualmente uma banda realizar algo semelhante a tudo isso que o Oasis realizou, muito por culpa da internet também. As pessoas não vão mais em shows, não compram mais discos, hoje em dia, qualquer idiota com um computador em casa consegue gravar um disco sozinho. A internet não é de todo um mal para a indústria da música, é claro, mas é indiscutível que ela deu voz a muita gente imbecil, pouco subversiva, pouco transgressora. Talvez por isso se tornou difícil separar o joio do trigo.
Supersonic é um relato inspirador, emotivo, emocional, grandioso, obrigatório e, de certa forma, nostálgico, sobre como uns garotos de Manchester chegaram do nada ao posto de melhor banda do mundo. Ora, o Noel Gallagher compôs a música que dá título ao documentário enquanto os caras comiam comida chinesa na sala. Se isso não for um Deus, eu não sei mais o que é.
Eu tava louco pra assistir esse filme, tava ansioso, minhas expectativas estavam altas, todo mundo tava falando que a atuação da Natalie Portman estava "absurda, exuberante, fantástica!", aí fiquei louco esperando sair a legenda... a legenda saiu, aí fui dar uma conferida... porém qual não foi a minha decepção.
Prestes a finalizar a maratona do Oscar 2017, eis que me deparo com Jackie, um filme chato, irritante, arrastado, insuportável e monótono. Tipo de filme que a academia adora. Talvez um dos piores dos indicados que assisti até agora, talvez até o pior. A trilha sonora é igualmente irritante, marcada e contínua, o que contribui para deixar o ritmo da trama ainda mais lento e enfadonho. Aí eu chego a um questionamento interno, uma pergunta retórica: qual é o sentido de adaptarem uma história completamente esquecível, desinteressante, comum, transitória, trivial e monótona como a dos dias tenebrosos de luto da viúva Kennedy, a não ser contribuir ainda mais com o acervo dos filmes chato, comuns e irritantes que existem no mundo?
Honestamente, não entendi porque esnobaram a Amy Adams que estava excelente e afiadíssima em A Chegada e Animais Noturnos, e indicaram a Natalie Portman como melhor atriz. O sotaque misto de americano com britânico(?) que a mesma estava forçando durante toda a projeção foi uma das coisas mais irritantes que eu já vi/ouvi na vida! Isso sem falar que por diversos momentos tive a sensação de que ela estava atuando, o que contribuiu de maneira pontual para o meu descontentamento com o filme. Esse é, facilmente, um de seus personagens mais intragáveis... talvez o único intragável, aliás, visto que a atriz conta com um histórico de filmes excepcionais e inabaláveis em sua carreira, com a exceção de Jackie. As únicas coisas que se salvam são: 01) a reconstituição de época fabulosa que o filme apresenta, graças ao trabalho impecável da direção de arte e 02) o figurino belíssimo e ora porque não dizer irretocável, o que, em alguns momentos, me fez ter a sensação de estar vendo um filme rodado nos anos 60.
Jackie é um filme chato, arrastado, cansativo, esquecível, com um ritmo moroso e extenuante, que vai resolver os seus problemas com insônia facilmente e vai fazer você perder o medo de altura.
Provavelmente o melhor filme do Eduardo Coutinho. Aqui ele consegue captar, com simplicidade, honestidade e de maneira bastante orgânica, todas as nuances, sutilezas, particularidades e o que há de mais simples (por isso especial) no ser humano, que se revela e ganha a superfície mesmo em meio a atmosfera opressiva, pesada, angustiante e extenuante da cidade em que vivem. Nesses termos, pode-se dizer que Coutinho busca retratar o Edifício Master como uma espécie de microcosmo social, onde cada indivíduo se distingue pela sua história pessoal, por sua bagagem cultural e pelo seu conhecimento de mundo, aos quais não cabe nenhum tipo de julgamento.
ps.: acho que nem o Frank Sinatra já performou uma versão tão emotiva e arrasadora de My Way quanto essa.
Só gostei da atuação da Emily Blunt, que aos trancos e barrancos entrega uma personagem atormentada e sofrivelmente decadente, porém um tanto audaciosa e implacável, disposta a encontrar a verdade custe o que custar; do final catártico, em que o fim a que chega certos personagens atende às expectativas do expectador, e da cinematografia soturna e pesada, que imprime um tom bastante sombrio e denso ao filme. Tirando isso achei mediano apenas, um tanto arrastado e cansativo em seus pouco mais de 100 minutos de duração e a partir do início do 2º ato se torna um tanto previsível, de modo que fica fácil reconhecer e calcular a resolução da trama.
Esse é um dos melhores filmes de 2016, disparado! Se eu pudesse fazer um top 3 dos melhores, esse certamente estaria entre eles, talvez em 1º lugar. John Carney conseguiu mais uma vez - e de maneira gloriosa - realizar um filme delicado, simples e e extremamente sensível como poucos. Gostei do fato de ele ter impresso algumas opiniões e concepções pessoais acerca daquele período memorável no filme. O filme consegue retratar de maneira belíssima e incrivelmente verossímil a estética brilhante e a música inigualável e subversiva daquela época, sobretudo o pop britânico, tornando tudo um prato recheado de nostalgia pra quem viveu e experienciou aquele período. A trilha sonora é incrível, o figurino, impecável, a história é envolvente e o roteiro consegue, em pouco mais de 100 minutos de projeção, através de um elenco afiadíssimo e extremamente talentoso, atribuir profundidade, sensibilidade e rebeldia a seus personagens carismáticos e selvagens, cuja a sede de correr atrás de seus sonhos é inspiradora. Me deu vontade de montar uma banda.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraJunto com Coringa e Bacurau, forma a trilogia oficial da desigualdade social e da luta de classes. Uma sucessão de tragédias e desgraças de deixar qualquer um de queixo caído. O cinema coreano VIVE! Bong Joon-Ho, conte comigo pra TUDO!
O Irlandês
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O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraÉ até irônico e chega a ser cômico a Netflix encorajar a campanha de assistir filmes/séries em velocidade aumentada (o que eu acho um ultraje, um absurdo) justo no ano em que o Scorsese lança o seu filme de TRÊS HORAS E MEIA, né kkkkk mas brincadeiras à parte... Confesso que fui com muita sede ao pote ao épico máximo de gângster do Scorsese, e talvez por isso, tenha me decepcionado um pouco. Se tem uma coisa que esse filme não é, é um parque de diversões kkkkk. Apesar das longas 3 horas e meia do filme serem essenciais para que o Scorsese conte a história que ele se propôs a contar aqui e sejam imprescindíveis para uma manutenção impecável e primorosa da narrativa, o ritmo do filme chega a se tornar enfadonho e arrastado em alguns momentos, fazendo com que você fique esperando algo acontecer, mas não acontece nada. Entretanto, não é aquele cansaço de vontade de morrer ou ficar com ódio da história a ponto de achá-la desinteressante, é só um cansaço físico mesmo que te leva a mudar de posição no sofá a cada meia hora de filme, ao mesmo tempo em que você fica investido na história visceral, triste e angustiante em alguns momentos e muito bem amarrada.
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Se essa for mesmo a despedida oficial do Scorsese do gênero que ajudou a construir e consolidar os alicerces ao longo de quase 5 décadas, talvez tenha sido uma despedida bem apropriada e emblemática. Dá pra notar, em tela, cada centavo dos 150 milhões de orçamento investidos nesse filme. A tecnologia de rejuvenescimento dos personagens é muito bem empregada aqui, a reconstituição de época, a direção de arte e o design de produção são incríveis e fazem jus ao orçamento. Apesar dos problemas com a distribuição do filme e das complicações relacionadas à falta-de-tela-e-espaço-para-exibir-seu-filme no cinema, Scorsese deu seu jeito e conseguiu um espacinho, graças à boa vontade da Netflix em custear um filme extremamente dispendioso e longo, coisa que nenhum outro estúdio quis fazer. O filme conta com um elenco estelar e já bem acostumados com a proposta do diretor. Al Pacino tá espetacular, rouba a cena em alguns momentos, e fez com que eu me perguntasse "caralho, pq esse cara nunca tinha trabalhado com o Scorsese antes??", e o De Niro tá incrível como sempre (destaque para os 30 angustiantes e tristes minutos finais, em que o Scorsese nos apresenta as consequências emocionais, familiares e psicológicas que aquela vida de gângster pode trazer para a vida de alguém).
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Achei digno o Scorsese ter trazido o Joe Pesci para a sua despedida, depois de 20 anos aposentado, para um papel muito significativo pra carreira dele. Ele interpreta aquele vovô astuto, bruto e imponente, contrariando totalmente as nossas expectativas em relação ao que um homem daquela idade pode ser. É totalmente o oposto do que se espera do arquétipo de um homem velho, e o oposto do que se espera de uma atuação do Joe Pesci. Geralmente ele é mais enérgico, impulsivo e brutal nos filmes. Aqui, ele tá mais meticuloso, mais fleumático e calculista, mais controlado, sóbrio e menos surtado, mas isso não é nenhum demérito. Pelo contrário! É uma surpresa positiva e muito bem-vinda, é algo que enriquece a narrativa.
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O Irlandês é um filme sobre violência, sobre como sindicato e máfia são sinônimos em qualquer lugar do mundo, sobre escolhas não tão felizes e dignas de orgulho assim, mas, sobretudo, é um filme sobre envelhecimento, sobre arrependimento, sobre família, orgulho e sobre as consequências trágicas e lamentáveis que uma série de decisões erradas podem trazer para a vida de um homem. Se outrora o diretor se comprazia em mostrar o questionável glamour que havia no universo da máfia, agora, ele apresenta o seu épico gângster definitivo, através de uma provável despedida do gênero, só que mais pé no chão, mais realista, cru, contido e emocional. Contudo, não superou aqueles que eu considero como sendo os seus melhores trabalhos: Goodfellas, Os Infiltrados, Lobo de Wall Street e Cassino, quatro obras-primas inesquecíveis.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraNão é exagero nenhum dizer que Parasita é uma OBRA-PRIMA coreana! Certamente, é um filme que vai ficar guardado por um bom tempo ainda na minha mente e no meu coração, e ainda vai ecoar com bastante força pelo mundo afora. Ao lado de Bacurau e Coringa, Parasita foi o melhor filme que vi esse ano. É quase como se fosse uma trilogia não-intencional sobre o acirramento da luta de classes e sobre a desigualdade social e suas consequências. Não é a primeira vez e espero que não seja a última, que Bong Joon-Ho se vale de elementos atípicos, pertencentes a diversos gêneros, para tratar de uma questão social. Em Okja, por exemplo, filme feito para a Netflix, o diretor se vale até de elementos da fantasia para abordar a indústria da carne. Aqui, em seu 11º trabalho como diretor, Bong Joon-ho nos presenteia com um retrato cru, doloroso, hostil, revoltante, visceral e bastante atual da desigualdade social e da insanidade acentuada causada pela extrema pobreza. Parasita nos permite acompanhar a história de duas famílias que ocupam posições distintas e absolutamente opostas na estrutura social: enquanto os Kim moram em um porão quase subterrâneo, infestado por pragas, sujeira e insetos, acessam a internet sentados na privada (único lugar da casa onde é possível roubar o WiFi do vizinho) e se defrontam com a necessidade de dobrar caixa de pizza para obter alguma renda, os Park moram numa luxuosa mansão, projetada por um renomado arquiteto, e são compostos por uma mãe ingênua e extremamente crédula, um pai preconceituoso, que trabalha para uma empresa de tecnologia e realidade virtual, e um casal de filhos. É a típica família de classe média universal, com características peculiares e facilmente aplicáveis a qualquer família de classe média do mundo.
Os caminhos das duas famílias se cruzam a partir do momento em que um dos filhos da família Kim enxerga nos Park a possibilidade de obter algum lucro e benefício para sua família. Desse modo, os Kim vão cometendo pequenos delitos bem pontuais, que resultam numa sucessão de merdas, desgraças e reviravoltas (algumas bem violentas), de deixar qualquer um de queixo caído. É incrível como Parasita transita facilmente entre diversos gêneros e temas possíveis. Nós temos aqui um filme de drama familiar, um filme de crítica social foda, um filme de crítica política, de suspense, violência, e até ação e comédia, com situações e sequências das mais inusitadas possíveis. Dizer que o ritmo do filme, as atuações, a direção, a montagem e o design de produção como um todo são impecáveis e incrivelmente espetaculares, seria flertar com a redundância. É impressionante como a montagem ágil, as atuações primorosas e a história fascinante e muito bem amarrada desse filme permitem com que suas 2h12m passem voando, num piscar de olhos, nos apresentando informações novas O TEMPO TODO! É absurdamente foda e perspicaz a forma como é feita a subversão de gênero e de temas aqui. Num minuto, você julga as atitudes e certos comportamentos obtusos e duvidosos dos Kim, e no outro, se torna muito fácil empatizar com aquela realidade, a ponto de você se perguntar: “puta que pariu, se eu tivesse nessa mesma situação, inserido nesse mesmo contexto, será se eu faria diferente? Será que eu não faria a mesma coisa?”. Ao mesmo tempo em que você se afeiçoa a certos personagens, num outro momento você já não gosta mais deles. E dessa forma, a direção e o roteiro vão brincando com as nossas próprias visões de mundo, com as nossas concepções de ‘certo’ e ‘errado’, e com o nosso senso de moralidade e ética, subvertendo totalmente nossas expectativas.
Além disso, as metáforas apresentadas em Parasita são suficientemente brilhantes para não se restringirem apenas ao roteiro. Bong Joon-Ho estabelece uma série de metáforas visuais muito bem construídas para tratar da questão dos contrastes e das disparidades existentes no interior daquela esfera social. Só para citar algumas delas, podemos começar pela localização geográfica em que a casa dos Kim está inserida: num porão, no subsolo, representando o nível econômico mais baixo da sociedade. Para chegar à casa dos Park, eles precisam subir um escadarão enorme, quase como se estivessem sendo “elevados” àquela posição social. Pouco a pouco, a identificação com os personagens vai se intensificando: quem nunca foi na casa daquele amigo rico e ficou ali fingindo que tem familiaridade com os elementos presentes na casa ou simplesmente fingindo saber apreciar um bom whisky de preço exorbitante e quase inacessível?
Também é interessante notar, ao longo da projeção, como o Bong Joon-Ho não assume um lado e nem defende nem os Kim e nem os Park. Ele critica ambos os lados e deixa o resto pra ser preenchido de acordo com a visão de mundo e o senso de moralidade de cada um. Por todas essas razões, Parasita já figura facilmente no meu top 5 de melhores filmes de 2019, bem como um filme essencial, espetacular e memorável, que mostra uma realidade que não começamos a viver por agora, que já vem acontecendo há uma cara no Brasil também, mas que só estamos começando a discutir com mais frequência, veemência e rigorosidade por agora. O filme é brilhante, tanto em termos de roteiro, quanto em termos de direção, montagem, design de produção e atmosfera, e possivelmente vai mudar a visão que você tinha a respeito do cinema coreano.
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraAinda na infância, tive a oportunidade de ser apresentado ao Iluminado, do King, pelo meu pai, e desde então, eu venho nutrindo uma obsessão e um carinho enorme por esse livro. A adaptação do Stanley Kubrick continua sendo uma obra tecnicamente e cinematograficamente espetacular, brilhante e um dos filmes de gênero mais celebrados e conceituados mundialmente. Entretanto, compartilho da mesma opinião do King em relação ao filme do Kubrick: essa não é a história que o King escreveu. Um dos pontos mais interessantes sobre o história é o fato de que a loucura, a insanidade e a agressividade do Jack Torrance se desenvolve gradualmente, à medida que a trama vai avançando e se desenrolando. Já na obra do Kubrick, o Jack Nicholson está interpretando ninguém mais ninguém menos que ele mesmo, fazendo o mesmo papel que ele já tinha feito em inúmeros filmes de motoqueiro daquela década. Já no início do filme, é possível notar que o Jack Torrance já se encontra num estado de loucura e insanidade absolutas, totalmente louco, mentalmente instável e desequilibrado, diferente do que ocorre na história original.
A Shelley Duvall interpretando a Wendy é assustadoramente bizarra, absurdamente over-acting e exagerada. Possivelmente uma das interpretações mais irritantes que eu já vi no cinema! Uma personagem que, no livro, trata-se de uma mulher imponente, forte, destemida e corajosa. Pena que isso ficou só no argumento original do King, porque a forma como Kubrick a construiu em sua adaptação é decepcionante, extremamente misógina e absurdamente desrespeitosa. É uma subversão e deturpação total da personalidade da personagem no livro, bem como dos elementos principais que caracterizam a essência da história. Isso sem falar no "Tony dedinho" do Danny, né. Aquilo é ridículo, bizarro e tosco e é algo que me deixa verdadeiramente irritado, principalmente ao considerar que esse é o plot twist mais legal da história, no livro, cortado aqui e brilhantemente ignorado por Kubrick, rs.
Como filme, pode-se dizer que a obra do Kubrick é excelente, uma realização cinematográfica impecável tecnicamente, porém, a sua visão desse universo e desses personagens é detestável! Não é questão de ser purista ou preciosista com a história original. Não sou daquele tipo que fala "aahh, mas o livro é melhor que o filme". Eu acho que modificações pontuais e objetivas "aqui e ali" são inevitáveis ao transpor uma obra literária para outra mídia, como o cinema. Entretanto, alterar a ESSÊNCIA da história e daquele universo que se pretende adaptar é inaceitável e desrespeitoso, principalmente quando feito de maneira tosca (em relação à história e aos personagens). Enfim, "O Iluminado" é um filme que eu recomendo apenas para quem tem interesse e curiosidade em estudar um pouco mais acerca dos aspectos técnicos utilizados por um dos maiores diretores da história do cinema, imortalizado tanto pelas suas traveling cams lindíssimas, quanto por seus tracking shots imersivos. Contudo, como nem tudo é masturbação técnica e 99% do que me toca em um filme é a sua história, o seu universo, ainda prefiro a história original, do livro, e como adaptação, ainda fico com a série de 1997 estrelada por Steven Weber e produzida pelo próprio King, pois se mantém fiel ao espírito (e isso não foi trocadilho! kkk) e à atmosfera do livro.
Esquadrão Suicida
2.8 4,0K Assista AgoraDe pensar que eu botei tanta fé nesse filme, tava com o hype lá em cima e acreditei que poderia ter sido a melhor coisa que a DC/Warner poderia fazer no cinema e que seria um bom início para as produções cinematográficas da DC baseadas em supergrupos, porém, me decepcionei. Não é só o final desse filme que é ruim; o filme todo é um DESASTRE, é narrativamente péssimo, vergonhoso e qualquer coisa abaixo do medíocre, do início ao fim. Esquadrão Suicida prova que o marketing é a alma do negócio mesmo. O material promocional desse filme é deslumbrante, com cores fantásticas e ideias incríveis, tem uma pegada meio streetart que resultaram em artes conceituais excelentes. Os trailers nos enganaram direitinho: um filme redondo, com ideias simples e conceitos interessantes, que poderia entregar uma trama redonda, enxuta e desenvolvida de maneira impecável, mas o material a que tivemos acesso, o material que a Warner/DC nos entregou no cinema foi bem diferente disso. Toda a direção de arte do filme e o design de produção é deslumbrante e excepcional, mas não adianta você ter uma estética bacana e evocativa dos quadrinhos sem uma história boa.
A Amanda Waller cria o Esquadrão Suicida pra resolver um problema que a própria criação do Esquadrão Suicida criou: trama mais paradoxal e contraditória que essa não existe! Isso sem falar nesse Coringa gangster ridículo e overacting do Jared Letto, que parece um gato ronronando e tinha tudo pra ser foda, mas foi uma merda, fez o Heath Ledger se contorcer no túmulo de vergonha. A Cara Delevingne é uma atriz medíocre e forçada que entrega uma Magia forçadassa e quase carnavalesca. Sua personagem me fez esboçar gostosas gargalhadas em alguns momentos, quando não fiquei constrangido. O Amarra é o personagem que eles colocaram SÓ e somente SÓ para MORRER no roteiro. E a Katana, cara? A criatura tem uma espada que armazena a alma de seus inimigos! Porque ela não usou essa bosta direito? E ainda tem aquele maldito raio azul no final do filme, que caga ainda mais o que poderia ter sido um final pelo menos mediano. Os caras querem meter raio azul em TUDO, bicho. Isso é um saco. Parece até fetiche de doente mental sem criatividade. Síndrome de Michael Baylização total.
Em vez de terem feito isso, poderiam ter apostado numa trama menor, mais contida, uma trama de filme de assalto, mais discreta, onde o Esquadrão poderia se juntar ali só pra tentar recuperar algum objeto valioso ou algo do tipo. As melhores coisas desse filme são o Will Smith, que está bastante confortável e parece se divertir muito no papel do Pistoleiro, é um personagem com mais camadas que os demais e alguém com o qual você consegue se importar; e a Margot Robbie, que entendeu o que é a Arlequina e arrasou no papel, tanto em termos de atuação quanto no seu visual, que é incrível. O resto é dispensável e vexaminoso.
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraEm seu sétimo trabalho como diretor, Ari Aster consegue nos agraciar com um filme tenso, bizarro, assustador, aterrorizante e suficientemente perturbador. Me enganei quando pensei que ia conseguir assistir Hereditário sozinho em casa e dormir tranquilo a noite: falhei miseravelmente. Não costumo ser tão frouxo para filmes do gênero, mas confesso que só fui pegar no sono 8h da manhã, depois de repassar a cena crucial da Charlie no carro umas 500x na mente e aguardar o capiroto vir puxar meu pé de noite. A cena certamente não vai sair tão cedo da minha memória.
Com uma atmosfera que me lembrou um pouco o filme A Bruxa (aliás, até com um desfecho que rima bem com o desse último), Hereditário conseguiu me deixar assustado e intrigado por pouco mais de 2 horas com os olhos colados na tela sem acreditar ou compreender direito o que eles estavam vendo, constantemente olhando para trás, com medo da aparição do pazuzu, do pai da mentira, do mochila de criança. Gostei da forma como a tensão e o suspense psicológico se desenvolvem ao longo da trama e a maneira aterrorizante e perturbadora com que a atmosfera se constrói, talvez não mais perturbadora do que a Toni Collete. Aliás, que atuação assombrosa (em todos os sentidos possíveis) da Toni Collete, hein? Ainda estou embasbacado com o fato de ela não ter levado o Critics Choice Awards, um dos prêmios mais importantes da temporada. Ela transmite a sensação de medo, de impotência, insegurança e horror de maneira bastante eficiente e convincente. Eu fiquei perturbado junto com ela. A Milly Shapiro também não fica para trás: a menina entrega um nível dramático raro para atores da sua idade interpretando um papel em filmes do gênero. A sua personagem enigmática e problemática transmite um sentimento de tensão logo no primeiro momento em que aparece em cena, se constituindo como um prenuncio de que algo ruim vai acontecer (ou de que talvez o cramunhão possa aparecer logo na próxima cena). O Alex Wolff está incrível, mano. É possível sentir através dele o medo crescente que se instaura no seio daquela família.
Hereditário é um tapa na cara da galerinha que vive reclamando que o cinema de horror/terror hollywoodiano não entrega obras satisfatórias e realmente impactantes. Além disso, a obra é um deleite visual e estético para amantes dos filmes do gênero. É literalmente de arrepiar e de fazer você se questionar porque que alguém em sã consciência aceitaria ajuda de uma velha desconhecida para trazer de volta o espírito de pessoas mortas. Por essas razões, Hereditário se consagra como um dos melhores filmes de horror de 2018.
Oitava Série
3.8 336 Assista AgoraHonestamente: um dos melhores filmes de 2018. A história, apesar de simples, é extremamente mais profunda e pesada do que aparenta ser, porque é realista em sua essência. Em Eighth Grade nós acompanhamos os conflitos da Kayla, uma adolescente de classe média estudante da 8ª série do ensino fundamental, bastante introspectiva e ansiosa, muito bem interpretada através da excelente performance da jovem talentosa Elsie Fisher (já anotei no meu caderninho), que se encontra em meio à jornada clássica de autodescoberta, intrínseca e peculiar à vida de qualquer adolescente, independente de sua nacionalidade.
O filme se vale de uma premissa aparentemente simples, uma ótima e segura direção, um roteiro consistente muito bem desenvolvido com um desfecho bem satisfatório, uma trilha sonora agradável e atuações convincentes, delicadas e realistas para nos contar uma história extremamente pesada, apesar de leve, que sinceramente me fez engolir seco e ficar com os olhos marejados em determinados momentos ao me fazer lembrar de eventos um tanto trágicos que ocorreram comigo e que vi acontecendo com pessoas próximas a mim durante a adolescência. A Elsie Fisher foi uma grata surpresa para mim no cinema em 2018. Ela é uma criaturinha extremamente talentosa e realmente faz você se sentir angustiado, ansioso, inseguro, seguro, confiante e otimista junto com ela nos momentos tensos, brandos e otimistas da trama.
Gostei da forma extremamente realista e verossímil com que o roteiro constrói e retrata os conflitos da adolescência, uma fase onde tudo parece ser maior do que realmente é, em que ainda estamos tentando descobrir nossa real identidade, quem realmente somos e quem queremos ser, a angustia, a ansiedade e a pressa de mostrar a nossa voz na esperança de sermos ouvidos, e o que esperamos e almejamos para o futuro próximo. É interessante e super sensível a forma como o filme mostra que, ao contrário do que pensamos, na adolescência ainda nos encontramos em meio ao processo de formação da nossa bagagem cultural, da nossa autonomia intelectual e imunização racional e da nossa visão de mundo, que é socialmente e historicamente construídas através da nossa interação e relação com o mundo e com as pessoas que vivem junto de nós.
Eighth Grade é um filme bastante sensível e delicado que retrata de maneira eficaz, ainda que simples, esse período, mostrando os principais dramas e conflitos da adolescência, como a relação conturbada e a falta de diálogo com os pais, o mistério da conquista, o enigma e o nervosismo do primeiro encontro, em que todas as palavras do nosso léxico parecem sumir da nossa mente e não conseguimos abrir a boca pra dizer porra nenhuma, a angústia e a frustração diante de um amor não concretizado e como nós nos afeiçoamos a pessoas babacas que realmente não merecem o nosso carinho e nem a nossa atenção, a esperança, a ansiedade e o esforço que fazemos para sermos aceitos em determinados grupos e nos sentirmos parte de algo, dentre outras questões cruciais pelas quais naturalmente todos passamos para consolidar nossa identidade e personalidade.
Nell
3.7 221 Assista AgoraCrítica/Resumo (Com Spoilers):
Lançado em 1994, dirigido por Michael Apted e trazendo nomes de peso da indústria cinematográfica em seu elenco, como Jodie Foster e Liam Neeson, o filme Nell narra a incrível, fascinante e tensa história de uma mulher de aproximadamente 30 anos chamada Nell, que cresceu numa cabana e foi criada por sua mãe eremita em uma floresta afastada de qualquer convívio com a civilização e com a sociedade, onde vivia sem eletricidade, sem telefone e sem água encanada. O único contato que ela teve com outro ser humano na vida foi com a sua mãe e com a sua irmã gêmea, que faleceu ainda criança.
Logo no início do filme, nós somos apresentados à mãe de Nell que, por ter sofrido um derrame cerebral, se tornou afásica, possuía dificuldades de produzir os sons da fala e também vivia afastada da sociedade. Com base nesses elementos, é possível afirmar que Nell, interpretada aqui brilhantemente por Jodie Foster, numa atuação sensível e inspiradora, teve uma vida extremamente simples e humilde. A trama se desenvolve de maneira vagarosa no início, nos apresentando ao universo em que aquela personagem está inserida e aos principais elementos que cercam sua vida. Com o desenrolar da narrativa, nós percebemos que Nell possui um dialeto e uma linguagem própria, desenvolvidos a partir das dificuldades de comunicação com a mãe e com o convívio que ela teve ainda na infância com a falecida irmã gêmea. Nell é descoberta na floresta pelo doutor Jerry Lowell, interpretado aqui por Liam Neeson, em virtude do falecimento de sua mãe. Ao conferir o incidente, Jerry acaba inevitavelmente tomando ciência da existência de Nell. A moça fica um pouco assustada na primeira vez em que o vê, mas ao longo da trama, vemos que o relacionamento entre os dois vai ficando mais forte, ao passo em que Jerry passa a ganhar a confiança de Nell, representando para ela quase que uma figura paterna.
Jerry, ao descobrir a existência de Nell, passa a ficar intrigado e curioso, ao mesmo tempo em que fica encantado e fascinado com a pureza, a simplicidade e a inocência da garota. A partir desse ponto, a trama nos apresenta conflitos que giram em torno do destino de Nell e de como eles deveriam lidar com a situação dela. Ela é tratada como autista e até mesmo como doente mental por outros personagens do filme. Alguns acreditam que ela deveria ser internada num hospital psiquiátrico, enquanto Jerry acredita que somente Nell pode decidir o que é melhor para ela e que ela tem uma vida agradável na floresta, longe da interferência da sociedade. Por ter sido criada como uma eremita pela mãe, afastada de qualquer outro ser humano, fica evidente que Nell não sabe falar inglês, mas, apesar da falta de domínio da língua inglesa, ela se comunica através de um dialeto particular que desenvolveu ao longo dos anos. Além disso, por ter vivido isolada durante todos os anos de sua vida, Nell desconhece quaisquer imagens do mundo moderno, nunca viu um carro, uma televisão, uma arma, uma barra de chocolate e nem nunca ouviu uma música. Não se sabe ao certo como sua personalidade foi formada, quais foram as influências externas recebidas pelo seu input, o que é inato a ela e o quanto ela aprendeu sobre aquele mundo que a cerca.
A doutora Paula, no início defende que Nell deveria ser levada da floresta e ser internada, para que pudesse ser avaliada pela ciência. Entretanto, Jerry é contra essa ideia. Dessa forma, na primeira audiência no tribunal, o juiz determina que eles passem mais três meses avaliando Nell e o seu comportamento, para que, enfim, algo positivo e benéfico pudesse ser feito por ela. Em determinado momento do filme, Jerry adverte para o fato de que Nell só poderia ser levada dali mediante o consentimento dela. Desse modo, ele e Paula decidem passar um tempo na floresta, vivendo com Nell para que pudessem aprender um pouco mais sobre a maneira como ela utiliza a língua e sobre seus costumes e aspectos concernentes à sua vida. Jerry, então, tenta se aproximar de Nell de diversas maneiras, mas suas tentativas de aproximação só são eficazes a partir do momento em que ele tenta compreender e falar a língua dela. Sendo assim, ele e a doutora começam a perceber padrões e formas de palavras individualizadas na linguagem de Nell que se assemelham ao inglês, o que acaba sendo uma descoberta crucial e extremamente relevante, uma vez que fica mais fácil para eles conseguirem se comunicar com a moça.
Uma das últimas cenas do filme se passa num tribunal onde Jerry e Paula estão em audiência com o juiz para decidir qual será o futuro de Nell. Um dos momentos que mais impressionam e fascinam nessa cena é aquele exato em que Nell começa a se comunicar utilizando o seu dialeto, com Jerry fazendo as vezes do intérprete para a fala da garota. Nesse momento, fica univocamente clara a maturidade emocional e a autonomia intelectual de Nell, enquanto sujeito de linguagem. Dessa maneira, ela consegue mostrar para toda a sociedade que é totalmente apta a morar sozinha na floresta e em um dos momentos finais, nós a vemos com todos os seus amigos comemorando o seu aniversário na floresta. O filme, então, abre margem para refletirmos sobre diversos aspectos relacionados à educação. Ainda que Nell não tenha recebido qualquer tipo de educação formal durante a vida, ela apresenta uma maturidade incrível e mostra que é totalmente capaz de viver sozinha, de se comunicar e fazer parte desse mundo.
Ao analisarmos com mais cuidado o fato de Nell ter construído seus próprios conhecimentos, sua própria bagagem cultural e sua própria linguagem a partir da convivência com a mãe eremita e com a irmã gêmea, é possível estabelecer uma distinção categórica entre o que realmente é intrínseco e inato ao ser humano e o que faz parte dos nossos conhecimentos culturais apreendidos a partir do convívio com a sociedade e da interação com outros seres humanos. Ora, se Nell se comunicava utilizando uma linguagem própria, então é inegável que ela conseguia atribuir forma aos seus pensamentos a partir da interpretação dos símbolos e dos signos que a cercaram durante toda a sua existência. A criança é entendida como um ser enérgico, ágil e proativo, que interage com as outras pessoas e com a realidade que a cerca, participando ativamente do mundo ao seu redor. De acordo com Piaget, é justamente essa interação com o ambiente ao seu redor que faz com que a criança desenvolva suas estruturas cognitivas, psíquicas, mentais, desenvolvendo, também, técnicas próprias de operar essas estruturas. Percebemos, então, que Nell, mesmo tendo sido privada do convívio com outros seres humanos, preservou sua capacidade humana inata de aprender, apreender, internalizar e organizar as coisas em sua mente.
Certamente Noam Chomsky avaliaria esse filme com dez estrelas, pois ele aborda a linguagem justamente a partir da perspectiva de seus postulados teóricos gerativistas. Segundo a teoria gerativista de Chomsky, o ser humano já nasce com uma faculdade da linguagem que lhe possibilita adquirir a língua. Segundo o autor, a língua se constitui como um processo inato ao ser humano. Desse modo, ao sermos colocados diante dela, ainda crianças, nós a internalizamos e a desenvolvemos em nossas mentes.
Os trabalhos de Noam Chomsky sustentam a tese de que a personagem Nell começou a desenvolver métodos particulares e técnicas próprias de comunicação a partir dos estímulos externos que recebia em seu input durante a convivência com a sua mãe e com a sua irmã, pois, de acordo com autora
“A fala a que a criança está exposta (input) é vista como importante fator de aprendizagem da linguagem. A este respeito, uma das questões que se tem colocado é se o bebê será atingido por toda e qualquer amostra linguística ou manifestações linguísticas ao seu redor ou se as amostras que irão ter influência na aquisição têm um caráter seletivo. Embora essa questão não tenha ainda tido uma resposta definitiva, as pesquisas têm apontado para a segunda alternativa: a criança é afetada pela fala dirigida a ela.
Chomsky ressalta, ainda, que o aprendizado ocorre de maneira modular. Dessa forma, fica evidente que, se nós temos um módulo da linguagem que já nasce conosco, isso não apresenta relação alguma com os nossos outros módulos e dispositivos cognitivos. Assim, Chosmky inaugura o primeiro paradigma cognitivo de aquisição da linguagem, baseado na tese citada anteriormente de que nós já nascemos dotados de capacidade e estímulos para que a aquisição da linguagem possa se realizar. Essa noção da faculdade da linguagem encora-se no princípio de que nós já nascemos com uma Gramática Universal. O primeiro argumento utilizado por Chomsky para sustentar a sua tese é o de que a criança apresenta uma linguagem pobre, fragmentada, mas mesmo assim ela adquire e desenvolve a linguagem. O segundo argumento, é o de que existe uma semelhança muito grande entre as línguas do mundo.
Por outro lado, a visão não-modular de Piaget defende a proposição de que a aquisição da linguagem depende/está diretamente associada ao desenvolvimento cognitivo da criança, isto é, é necessário que a criança tenha um amadurecimento cognitivo compatível para adquirir a linguagem. Deste modo, fica claro que a proposição de Piaget se constitui como uma visão não-modular porque ele não entende a linguagem como um módulo independente dos outros dispositivos cognitivos. De acordo com o autor, a aquisição da linguagem na criança se dá, inicialmente, no nível interpessoal e, posteriormente, no nível intrapessoal. No caso de Nell não foi diferente: ela adquiriu aquele dialeto próprio e teve a oportunidade de amadurecê-lo a partir de sua utilização na comunicação com a sua mãe e a sua irmã. Assim, torna-se evidente que as funções no desenvolvimento da criança aparecem, primeiramente, no nível social e, posteriormente, no individual. Em outra palavras, primeiro entre pessoas (de maneira interpsicológica) e, depois, no interior da criança (intrapsicológica). Assim, todas as funções superiores (memória lógica, formação de conceitos etc) originam-se das relações reais entre as pessoas. Para Piaget, a criança adquire a linguagem a partir do grau e da compatibilidade do amadurecimento cognitivo. Já para Vygotsky, a criança adquire a linguagem a partir da relação que ela estabelece com outras crianças e adultos.
Segundo o pensador Lev Vygotsky, o uso da linguagem se concretiza a partir da interação do homem com o seu meio social, a partir de relações influenciadas pelo contexto sociocultural. Vygotsky propõe que fala e pensamento prático devem ser estruturados sob um mesmo prisma e atribui à atividade simbólica, viabilizada pela fala, uma função organizadora do pensamento: com a ajuda da fala, a criança começa a controlar o ambiente e o próprio comportamento. Assim, o instrumento da linguagem é trazido pela internalização da ação e do diálogo. Segundo Vygotsky, o processo de internalização trata-se de uma reconstrução interna de uma operação externa, mas, para ele, a internalização de uma operação ocorre a partir da atividade mediada pelo outro, já que o êxito da internalização vai depender da reação de outras pessoas. O filme em questão aborda essas problemáticas de maneira impecável, ao mostrar, dentre outras coisas, como o desenvolvimento cognitivo de um indivíduo pode ser afetado se ele for privado do convívio social.
Além das discussões permeadas pelo âmbito da linguagem, o filme ainda estabelece margens para pensarmos sobre diversos outros assuntos, como a discussão sobre a ética na ciência e a real relevância dos bens materiais em nossas vidas. Nell é uma linda obra, um filme delicado, extremamente sensível, com uma história cativante e emocionante, repleta de diálogos bem construídos e reflexivos, que nos mostra a pureza humana e se apoia, principalmente, nas interpretações excelentes de seu elenco encabeçado por Jodie Foster, numa performance incrivelmente impressionante. Além disso, a direção de Michael Apted é segura e, embora discreta, não permite em nenhum momento que o filme adquira o tom superficial e embrutecido de teatro filmado, graças aos cenários deslumbrantes em que a história se passa.
Black Mirror: Bandersnatch
3.5 1,4KConfesso que esperava algo incrível desse primeiro episódio interativo de Black Mirror produzido pela Netflix. A tecnologia Twine através da qual o conceito do episódio foi construído permite, realmente, a realização de coisas fantásticas. O episódio apresenta uma meta-linguagem certeira e objetiva para nos instigar com a possibilidade de podermos escolher o destino dos personagens, pois, da mesma forma que controlamos as decisões do protagonista, ele está, ironicamente e metalinguisticamente, adaptando para os vídeo-games um livro construído, também, com base nesse conceito de controle sobre os personagens.
O roteiro apresenta um emaranhado interessante de conceitos fodas, especiais e valiosos; toca na questão do livre arbítrio e em como não somos, de fato, totalmente livres para tomarmos todas as decisões das nossas vidas. Discute como todos os caminhos da nossa vida já estão, de certa forma, "determinados" e pré-concebidos por um "espírito superior" e, justamente por isso, temos a falsa sensação e ilusão de que temos controle total sobre o que fazemos e total liberdade sobre nossas escolhas, mas sempre acabamos escolhendo aquilo que uma entidade ou força incompreensível quer. Entretanto, todos esses temas e conceitos não se sustentam em toda a sua glória e plenitude, devido ao fraco desenvolvido da história, que é rasa e desinteressante, como a sua ambientação, e com finais pouco impactantes. Devo admitir que esperava algo bem mais mindfuck.
Aquaman
3.7 1,7K Assista AgoraEsse filme é o divisor de águas da DC KKKKKKKKK SOM NA CAIXA MAESTRO BILLY #humor #zorra #porcadosfungos #cqc
Crepúsculo dos Deuses
4.5 794 Assista AgoraQue filminho chato, arrastado, enfadonho, irritante e chato e cansativo e insuportável, meu Deus do céu! Como é que tem gente que considera esse filme a "obra-prima suprema da sétima arte", cara.... Eu nunca vou entender isso. Comparar esse filminho irritante com uma obra-prima como Beleza Americana é quase um insulto! Mas como sempre, o clubinho de hipsters puristas que encaram o cinema como futebol vão se sentir ofendidos com esse comentário.
A atuação da Gloria Swanson é apenas OK, cara. Ela entrega uma ex-atriz mentalmente perturbada, na fase mais decadente de sua carreira, com uma atuação apenas razoável... isso quando ela não está over reacting e sendo irritante, fazendo aquelas caras e bocas ridículas (até a minha irmã fazendo careta aqui em casa num dia ensolarado consegue ser mais convincente no papel de "louca" do que ela).
"Ai meu deus, olha só essa metalinguagem aqui, olha só essa crítica à indústria hollywoodiana ali, olha só essa quebra da quarta parede #SUPER inovadora para a época". Cara, NÃO ADIANTA ter a metalinguagem... não adianta ter todas as ginásticas e aparatos técnicos sofisticados, não adianta trazer apenas a crítica pela crítica dentro de um filme sem agilidade nenhuma e irritante ao extremo. A crítica por si só não se sustenta. A direção do Billy Wilder é primorosa, mas todos esses detalhes técnicos por si só não se bastam! Não adianta o filme ter todos esses acessórios técnicos e metalinguísticos se a história é desinteressante e esquecível.
Crepúsculo dos Deuses é um filme chato, arrastado, cansativo, monótono, repleto de diálogos insossos, que tenta ser um dramalhão psicológico porém falha miseravelmente ao fazer você sentir saudades das comédias do Adam Sandler. De todos os filmes que vi do diretor, esse foi o único que não me agradou.
Vingadores: Guerra Infinita
4.3 2,6K Assista AgoraOlha esse CGI do Thanos! Dá pra perceber até as micro-expressões do rosto dele. Sem dúvidas uma aula de como fazer um CGI decente e de boa qualidade, e olha que nem terminaram a pós-produção ainda. Me arrepiei junto com o Peter Parker no trem assistindo esse trailer! Depois desse filme e da parte 2, eu já posso morrer em paz meu deus.
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista AgoraÀ quem possa interessar, segue abaixo todas as referências e easter eggs que eu consegui perceber nesse filme da Liga da Justiça. Cuidado, pois contém SPOILERS:
1 - O jeito como a Mulher-Maravilha conta a história da primeira invasão do Lobo da Estepe e do laço entre os humanos e os deuses antigos se parece muito com a cena em que a Galadriel conta a história das primeiras guerras na terra média, em Senhor dos Anéis. A narração e a estética da cena são muito parecidas;
2 - Nessa mesma cena, é possível visualizar Zeus atacando o Lobo da Estepe;
3 - Ainda nessa cena, é possível notar a presença de alguns Lanternas Verdes do passado. Inclusive, na cena em questão, o Lobo mata um dos Lanternas e é possível ver seu anel voando, indo à procura de outro dono;
4 - A Mulher-Maravilha luta com o Lobo da Estepe debaixo de uma ponte em algum momento do filme. Essa cena se parece com a luta que acontece entre Gandalf e o Balrog em Senhor dos Anéis;
5 - Em um momento do filme, aparece um jornal com a seguinte manchete: "nossos heróis estão voltando para os seus planetas?", aí logo abaixo tem uma foto do David Bowie, do Prince e do Superman. Isso faz alusão à morte do David Bowie e do Prince, ocorridas em 2016, e também ao fato de que os artistas em questão eram tão fodas, que poderiam ser comparados com alienígenas;
6 - Na última batalha do filme entre a Liga e o Lobo da Estepe, o Superman aplica o seu famoso hálito ártico, o sopro congelante conhecido dos quadrinhos na arma do Lobo e a Mulher-Maravilha quebra o machado dele;
7 - No final, o Ciborg aparece com o visual dos Novos Titãs, com o famoso 'c' posicionado no meio de sua armadura;
8 - O ator que interpreta o pai do Ciborg também foi o criador da Skynet nos filmes O Exterminador do Futuro. Não é atoa que o Ciborg se parece com um T800;
9 - No final do filme, Bruce Wayne decide reformar a antiga mansão de seus pais. Dentro da mansão ele manda construir o que será a famosa Sala da Justiça, onde acontecem as reuniões da Liga nos quadrinhos e nas animações. Na cena em questão, a Diana manda ele colocar mais algumas cadeiras à mesa, aludindo à possibilidade que outros heróis irão se juntar ao time futuramente;
10 - Quando o Bruce Wayne chega na casa do Barry Allen para chamá-lo para a Liga, ele pergunta quais são suas habilidades. Barry responde que sabe linguagem de sinais de gorila, ou seja, ele possivelmente já enfrentou o Gorila Grodd nesse universo;
11 - No final, vemos que Barry Allen contando para o seu pai, em uma de suas visitas na prisão, que vai trabalhar no laboratório criminal do departamento de policia de Central City;
12 - No final do filme, Clark Kent abre a sua camisa, mostrando o S de Superman estampado na roupa, fazendo uma clara referência ao clássico de Christopher Reeve;
13 - Na primeira cena pós-créditos, vemos o Flash apostando uma corrida com o Superman, fazendo uma clara referência das corridas que ambos apostavam nos quadrinhos também;
14 - Na segunda cena pós-créditos, o Exterminador ajuda Lex Luthor a escapar da prisão e Luthor o convida para formar a sua própria liga de vilões, fazendo uma clara alusão à Legião do Mal, grupo de supervilões criado e comandado por Lex no desenho dos superamigos.
Deixei passar alguma coisa? Se você descobriu mais alguma referência ou easter egg, poste aí embaixo :D
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista AgoraFazia tempo que eu não saía do cinema tão satisfeito quanto saí da sessão de Liga da Justiça. De início, devo dizer que o filme me agradou bastante, e diferentemente do que alguns "críticos" estão dizendo por aí, o filme soube equilibrar bem os momentos de tensão com humor. Seria uma falta de bom senso, de honestidade e noção absurdas dizer que esse filme é ruim. O filme é ótimo, eu adorei, me diverti pra caramba e me emocionei também. A cena de abertura é fantástica! A primeira aparição do Batman é sensacional, quando eu vi eu pensei “esse é o Batman que eu conheço porra”. Você percebe o dedo de Zack Snyder ali naquela cena e em várias outras do filme.
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O roteiro acerta em cheio na maneira como apresenta os velhos e os novos personagens e os desenvolve. O Flash é o coração do time. Ezra Miller (Animais Fantásticos e Onde Habitam) está realmente incrível como Barry Allen/Flash. Ele é, disparado, o melhor ator desse elenco. Carismático e espirituoso, ele entrega um Flash que não tem nada a ver com o da série, não é pior e nem pior, apenas MUITO diferente, e o Ezra Miller acertou a mão na composição e na interpretação do personagem, desenvolvendo um Barry Allen que, ao mesmo tempo que é hilário, reconhece a seriedade dos momentos tensos e grandiosos, diferentemente de certos personagens da marvel (né, Thor?). O Flash se destaca seja pelo seu deslumbre ao ter contato pela primeira vez com os gadgets do Bruce Wayne e com todos aqueles deuses da Liga, quanto pelos momentos em que mostra que sabe jogar em equipe, aplicando suas habilidades de maneira surpreendente.
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Uma coisa que me desagradou no filme e me tirou muito a concentração foi a porra da cara do Henry Cavill deformada porque removeram o bigode através da computação gráfica. Aquilo ficou horrível! Poderiam ter deixado ele logo com barba. Ficou muito estranho. O Superman também poderia ter voltado com a lendária roupa preta dos quadrinhos e com o mullet clássico, né, mas eu sabia que a Warner não teria colhões para fazer esse agrado aos fãs. Fora isso, essa é a melhor versão do Superman nos cinemas (dentro desse universo compartilhado da DC). É como se eles tivessem removido o Superman dos quadrinhos e colocado ali em tela. Aquela cena de abertura mesmo, onde o superman está sendo filmado por umas crianças com um celular, é fantástica e inspiradora. Essa cena serve pra humanizar mais o personagem, ao mesmo tempo que estabelece uma conexão com as crianças, criando uma relação entre elas, já que a maioria vive esse universo de youtube e gadgets e redes sociais hoje em dia. Finalmente ele mostrou que pode ser um símbolo de esperança, e não aquela coisa deprimente e bunda mole do Homem de Aço e de BvS.
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O Batman é OUTRO personagem. Algo completamente distinto do que ele foi em BvS. Tentaram remover aquela atmosfera de psicótico, sombrio, cansado, deprimido e atormentado que apresentaram em BvS, e acabaram deixando o personagem fraco, perdendo o seu senso de imponência e ameaça. Em alguns momentos dá pra perceber que é o Ben Affleck falando, com sua voz de Ben Affleck mesmo, e não o Bruce Wayne. O Aquaman marrento foi um ótimo acréscimo à equipe. Apesar de aparecer pouco, Jason Momoa provou que o personagem é mais do aquela criatura caricaturada de camisa laranja que fala com peixes nos quadrinhos. O Cyborg deixou um pouco a desejar, sobretudo no que diz respeito ao seu visual. O CGI ainda tava fraco. Em diversos momentos dava pra perceber a cabeça de borracha do ator encaixada digitalmente na máquina. Espero que ele ganhe mais destaque nos próximos filmes. A Mulher-Maravilha continua sendo a melhor coisa desse universo da DC nos cinemas. A Gal Gadot, apesar de ser uma atriz fraca, entendeu a personagem e conseguiu dar vida própria a uma personagem única, peculiar, carismática e distinta. Além disso, nota-se claramente que a união dos personagens ao longo da trama é totalmente orgânica, ao invés de ser aquele clichê “personagens se encontram, brigam, vão embora e depois se unem pra salvar o dia”.
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Em relação ao tom do filme, as piadas são encaixadas nos momentos certos. Tem uma boa dose de humor, porém é bem equilibrada. São piadas que eu ou você mesmo faria. Diferentemente dos recentes filmes da marvel, o filme não quebra ou anula os momentos sérios com piadinhas fora de hora. Pelo contrário, ele dosa muito bem o humor com a tensão, guardando-o apenas para os momentos oportunos. Entretanto, o filme ainda conserva algumas características sombrias do universo da DC, características estas que refletem a visão do Zack Snyder. É possível sentir o dedo firme do Zack Snyder no filme, apesar de serem notáveis também as características do Joss Whedon. Ele meio que lapidou o diamante bruto que é o Snyder. Mas falaremos mais disso um pouco mais adiante.
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Outro ponto fraco do filme é o vilão. O Lobo da Estepe é um vilão fraco, genérico, ingênuo, megalomaníaco, clichê e nem tanto ameaçador quanto sugeriam os trailers. Dá a impressão de que qualquer um da Liga poderia derrotá-lo fácil com o mínimo de esforço. As motivações do vilão são as mesmas de todos os vilões de filmes do gênero: quero destruir o mundo porque sim, porque eu posso, porque eu sou louco, porque esse mundo me pertence, mesmo eu não tendo recebido nenhuma nota fiscal que comprove isso. Vilãozinho pau mandado do Darkside, coberto de CGI dos pés à cabeça... Um puta desperdício de ator. Ademais, advirto que a DC tem que melhorar muito esse CGI deles. Os efeitos visuais continuam fracos e artificiais, beirando o tosco em alguns momentos, o que favorece um pouco para criar certo distanciamento da obra, me fazendo sentir um certo desconforto; mas isso é até um pouco compreensível, visto que eles tiveram pouco tempo para se dedicar à pós-produção, em virtude da saída do Snyder e entrada do Joss Whedon. Tiveram que consertar um monte de coisa, refilmar várias cenas e picotar muita coisa no corte final, e isso tudo prejudicou demais o filme. Peguem como exemplo a parte em que o Bruce Wayne vai tentar recrutar o Aquaman. Numa cena, o Aquaman está super marrento e puto com o Bruce, na outra, eles já estão andando juntos como bons amigos, sem a animosidade da cena anterior. Não faz sentido. Dá pra perceber que o filme é um filho de dois pais diferentes, parece que tem dois filmes funcionando dentro de um só ali. Você consegue distinguir claramente quais cenas são do Snyder e quais são do Joss Whedom, seja pelo posicionamento de câmera, seja pela paleta de cores, que o Snyder costuma trabalhar com cores mais dessaturadas, mais lavadas e com tons acinzentados, enquanto o Whedon prefere investir mais em cores saturadas, cores mais vivas. O uniforme do Superman nunca foi tão azul igual é nesse filme. Só pra ter uma ideia melhor, dá pra perceber claremente que aquela cena de abertura e a cena do Batman no começo, por exemplo, é do Zack Snyder, porque ele gosta de tirar exatamente a página dos quadrinhos e inserir na tela, ele trabalha mais essa questão da penumbra, do cinza e do sombrio. Agora, uma coisa que me emocionou num determinado momento foi a palhinha que eles deram dos primeiros acordes da trilha sonora recriada do Danny Elfman para o Batman e a do John Williams para o Superman, porém, ficou só no gostinho mesmo. A Warner não teve colhões e audácia de botar a porra da trilha sonora toda.
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Apesar desses detalhes, Liga da Justiça é um filme que joga de maneira eficiente dentro da sua zona de conforto. É grandioso, mas não recorre aos erros de Homem de Aço e BvS, e, ao mesmo tempo, é simples e leve, mas sem perder o senso de proporção, de catástrofe e de grandiosidade, me lembrando um pouco à clássica animação Liga da Justiça Sem Limites, que alegravam meus dias no SBT. Eu me diverti muito, me empolguei e me arrepiei em vários momentos assistindo Liga da Justiça, porém, ficou aquela sensação de “esperava mais”. Ficou faltando alguma coisa. Ficou faltando eles entregarem algo mais épico na volta do Superman, algo mais messiânico, com uma trilha sonora foda e forte por trás e com os humanos olhando maravilhados pra ele. Nesse ponto, eles perderam várias oportunidades de entregar momentos épicos nesse filme. Liga da Justiça é um filme sem identidade, genérico, sem personalidade e originalidade, que aposta apenas no feijão com arroz básico, e não toma riscos, como foi com Batman V Superman. Aliás, BvS pode ser cheio de problemas de história e de roteiro, mas, esteticamente e narrativamente falando, é um filme muito mais coeso do que Liga da Justiça. Nesse ponto, BvS é MUITO MAIS cinema do que Liga da Justiça. Você consegue perceber a visão, o dedo firme do Snyder ali, é um filme que tem mais personalidade, mais conceito, mais identidade, coesão narrativa e originalidade do que LJ. Nesse quesito, eu prefiro muito mais um filme com identidade, um filme que é muito mais cinema e que tenha cenas memoráveis, como Batman V Superman teve, do que um filme genérico, sem originalidade e sem identidade, como foi o filme da Liga da Justiça. Se pararmos pra pensar, conseguimos lembrar de várias cenas de BvS, porque é um filme que ficou na memória, mesmo sendo controverso. Já o filme da Liga, eu assisti esses dias atrás e não lembro mais de muita coisa. Por isso que BvS é um jovem clássico, porque até hoje as pessoas ainda o discutem na internet, é um filme que a gente se lembra muito mais do que Liga da Justiça, que é um feijão com arroz esquecível, apesar de ser divertido e ter bons momentos.
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É complicado avaliar um filme com uma produção tão conturbada quanto Liga da Justiça. Eles tiveram que tirar o Snyder em cima da hora, por conta de uma tragédia familiar e chamaram o Whedon pra realizar algumas refilmagens, com base na visão da Warner, e não na visão do próprio Whedon. Então, é complicado. Eu acho que o que vai definir o tom desse universo da DC nos cinemas daqui pra frente, é o tanto de grana que esse filme vai fazer. Se ele fizer menos grana que Batman V Superman, o que com certeza acontecerá, eles vão dizer “é, galera, acho que não deu muito certo esse tom mais leve que a gente quis aplicar aqui nesse filme da Liga não viu... Vamo voltar pro tom mais pesado, sombrio e denso do Snyder que é sucesso”. É capaz d’eles entregarem uma montanha de dinheiro nas mãos do Snyder e deixarem ele fazer o que quiser, pra voltar pr'aquele tom sombrio e realista de Batman V Superman, porque essa é a essência deles, e os filmes de super-heróis não precisam ser engraçadinhos e ingênuos igual os da Marvel.
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Eu espero de coração que eles acertem esse tom do universo da DC, que eles alinhem, construam e elaborem uma história melhor, uma história que RESPEITE mais os fãs da DC. O fã da DC é mais exigente do que o fã da Marvel, justamente porque ele sabe que esses heróis são DEUSES, são muito mais grandiosos e muito mais épicos do que os da Marvel. Todo mundo sabe quem é o Superman, a Mulher-Maravilha e o Batman, até minha vó sabe. Por isso que quando a DC vai lançar qualquer filme novo, os fãs ficam com expectativas altíssimas, mas muitas vezes não são atendidos, e isso é foda, mas eu espero de coração que eles acertem esse tom definitivamente e construam um universo mais coeso, assumindo a essência deles, o que eles sabem fazer de melhor. E também espero sinceramente que a Warner libere um corte final do filme, com a versão do Zack Snyder.
Kong: A Ilha da Caveira
3.3 1,2K Assista AgoraPra quem tem aquela famigerada "preguiça" de ler, eu recomendo que assista à crítica em vídeo no meu canal >>> https://www.youtube.com/watch?v=jiSUkOIcplY
Assisti o filme e confesso que me surpreendi bastante aí com alguns aspectos dele, porém me decepcionei com outros também. O primeiro ponto que me chamou atenção logo de cara foi o tamanho do macaco. Logo na primeira cena que o bicho aparece já meio impactante e muito assustador, eu olhei assim e falei "caralho, olha o tamanho dessa macaca, bicho!!". Esse é o maior macaco de todos os tempos. É o maior Kong da história do cinema. Nós tivemos várias versões do Kong aí ao longo dos anos, mas nada se compara ao Kong de 2017, que traz um animal enorme de inacreditáveis 30 metros de altura, cara. É um macaco descomunal e gigante, o bicho é monstruoso, é assustador e imponente. Ele passa um senso de perigo e urgência impressionante.
O filme se passa mais ou menos ali nos anos 70, acompanhando ali um grupo de pessoas que realiza uma expedição à inóspita Ilha da Caveira, que fica ali localizada no pacífico sul.... só que ao chegar na ilha eles dão logo de cara com o magnífico, assustador e poderoso Kong, que recebe os visitantes com muita fúria, destruição e morte.
A direção é assinada pelo excelente Jordan Vogt-Roberts. Ele já tinha dirigido algumas coisas aí pra televisão, episódios de série e tal, e um filme fabuloso de 2013, chamado The Kings Of Summer. Ele é muito talentoso... E aqui em Kong ele imprime uma direção bem fora do usual, é uma direção diferenciada, bem fora do rotineiro e do clichê que é grande parte das direções dos filmes do gênero. O cara se beneficia dos detalhes e da beleza enigmática desse ecossistema pra botar em prática o seu próprio virtuosismo e pra criar a sua marca e primeira impressão inicial. Ele sempre tá procurando explorar o máximo ali do ambiente, sempre posicionando a câmera pra capturar os melhores ângulos possíveis e extrair o melhor daquele ecossistema tóxico, opressor e intimidante.
É uma direção caótica, grandiosa, mas é um caos controlado. É um caos muito bem manipulado, ele sabe o que tá fazendo. E todos os detalhes que ele captura ali não são inconscientes ou gratuitos. Tá tudo à serviço das cenas de ação. A ação do filme é muito empolgante, enérgica e absurda, cara! São cenas de ação, porradaria e luta bem pesadas envolvendo o Kong e os outros monstros gigantes, todas com excelentes efeitos visuais. Ele esmaga monstros, arranca cabeças... Tem uma cena mesmo que ele arranca uma árvore do chão pra bater num monstro; ele arranca a língua de um monstro, é muito foda, eu fiquei arrepiado. O filme lembra muito Apocalypse Now de 1979 e, pelo fato de ter monstros gigantes ali, o filme lembra muito Pacific Rim, de 2013.
A cinematografia do filme traz a lembrança aí de filmes de guerra. Tem muitas explosões acontecendo aqui, muitos tiros. Em alguns momentos ele utiliza uma fotografia poluída e esfumaçada pra ambientar o espectador em meio àquele conflito caótico e àquele ambiente nada amistoso. É um visual belíssimo e muito bem trabalhado que possibilita uma percepção sensorial melhor de cada detalhe e tal. A trilha sonora também é sensacional. É uma trilha composta em sua grande maioria aí pelo rock n' roll sujo, distorcido e agressivo das décadas passadas.
A edição e a montagem do filme também são formidáveis. Você consegue perceber e entender o quê que tá se passando ali nas cenas de ação. E isso é muito bom. O filme realmente funciona como entretenimento, ele é muito divertido, mas como nem tudo são flores, têm muitos problemas aqui, sobretudo questões de ritmo, roteiro e personagens. Em determinado momento ali do 2º ato você percebe que o ritmo do filme cai de maneira considerável e em alguns outros momentos oscila muito. Então, nota-se que há uma falta de personalidade, de identidade narrativa aqui.
O roteiro também não é muito bom. Ele não permite que os personagens passem de determinado ponto. As intenções de alguns personagem por exemplo não ficam realmente claras em alguns momentos. Tem muitos personagens aqui e todos eles são muito mal trabalhados. O desenvolvimento de personagem aqui é péssimo. É quase inexistente. "Ahhh mas é um filme blockbuster, cara, é um filme sobre monstros gigantes se matando na porrada, como é que você se importa com personagens???". UÉ, como assim??? Então só porque o filme é blockbuster e tem monstros gigantes se matando que ele tem que ter personagens humanos ruins e completamente descartáveis? Isso não tem sentido nenhum!
Nós temos aqui a Brie Larson, que é uma triz brilhante, eu sou fã dela, mas aqui em Kong ela interpreta uma fotógrafa que gosta de tirar fotos da natureza selvagem, mas ela fica o tempo todo só com aquela camerazinha ali na mão... "ai meu deus eu tenho que tirar foto aqui desse macaco, eu tenho que tirar uma foto aqui desse pôr-do-sol"... mas em momento nenhum ela convence como uma fotógrafa.
Tem o Tom Hiddleston aqui, que é um PUUUTA ator foda, e que é completamente desperdiçado aqui. O personagem, assim como todos os outros, não tem camada nenhuma. Eles quiseram dar uma roupagem meio heróica, meio Indiana Jones aqui pro personagem, mas não funciona de maneira alguma. O personagem vai pra chegar mas não chega. Quando você pensa que ele tá evoluindo e chegando num nível melhor.... ele não vai. Ele só vai até onde o roteiro permite, o que infelizmente é frustrante! Acho que só tem uma cena legal envolvendo o Tom Hiddleston que é uma que ele tá lutando com uns monstros na ilha e ele tá com uma espada na mão no meio de uma fumaça verde e o sangue das criaturas é azul... Visualmente essa cena funciona muito bem, mas é só isso.
Tem o Samuel L. Jackson aqui, que mais uma vez está interpretando ele mesmo. Ele comandava uma tropa ali na guerra aí ele se frustrou porque a guerra foi interrompida no meio. Aí quando ele recebe a incumbência de ir pra essa ilha ele entra na pira de que ele tá no meio de uma guerra, de que ele tem que matar todos os monstros, ele meio que quer de alguma forma expurgar de dentro de si a frustração que ele tá sentindo pela guerra anterior que foi interrompida.
O John Goodman... eu não sei muito bem quais as intenções do personagem do John Goodman aqui. Ele chega ali pro governador e fala “ah, eu quero que você me dê uns militares pra me acompanhar aí numa expedição que eu tô fazendo pra uma ilha inóspita, quem está no mapa, possivelmente cheia de monstros gigantes”, e o cara simplesmente vai lá e fala: “ah beleza vou fazer uma ligação aqui rapidinho peraí”, e tipo... o cara nem questiona nada,. E você acha que as intenções do personagem do John Goodman eram x mas na verdade eram y, e mesmo assim você não entende porque ele queria fazer aquilo. É muito raso, muito bobo. Acho que nem o próprio John Goodman sabia quais eram as reais intenções e motivações do personagem dele ali.
E tem o John C. Rilley também. Ele interpreta um personagem que caiu na ilha há 30 anos atrás, então tem 30 anos que esse cara tá perdido na ilha... TRINTA ANOS!!!! Ele não se parece, ele não se comporta como alguém que está há 30 anos perdido numa ilha inóspita afastado da civilização, longe da sociedade, afastado de qualquer tipo de contato com a sua língua materna. Os caras encontram o personagem lá do John C. Rilley na ilha e ele >>> "Oi, gente, meu avião caiu aqui tem uns 30 anos mas eu tô aqui de boa aqui com as mesmas roupas que eu tinha de quando eu caí, tô falando inglês aqui perfeitamente e tô aprontando altas confusões aqui com essa turminha da pesada, super descolada que conheci aqui na ilha". Porra??? Pelo amor de Deus, né. Nem as pessoas lá com quem ele mora agem como se fosse pessoas de outra civilização. Não dá. Chega a ser cômico o John C. Rilley. Você começa a rir do cara por causa dessas coisas.
E o que dizer dos personagens da Jing Tian, do Toby Kebbell, do Corey Hawkings e do Jason Mitchell??? R: NADA, porque eles não aparecem NADA no filme. São completamente apagados e descartáveis. O pior é que todos os atores são muito bons!!! O John Goodman trabalha muito bem, a Brien Larson também é ótima, uma excelente atriz, o Tom Hiddleston também é formidável... um dos melhores atores britânicos em ascensão atualmente. Tem o Thomas Mann de Projeto X também, que fez algumas comédias indies... ele é excelente também. O problema é que eles não tiveram um material BOM à altura pra trabalhar. E isso infelizmente só permitiu com que eles atuassem até certo nível, só permitiu com que eles fossem até certo ponto, porque o roteiro é ruim! Não dá! Você podia largar um roteiro desses até nas mãos do Daniel Day Lewis que ele não ia conseguir extrair muita coisa dali não. Os atores são muito mal aproveitados aqui.
É complicado porque os personagens estão presentes em quase 100% do filme, mas como é que você se importa com esses personagens quando eles não têm camada e desenvolvimento nenhum?? Tem algumas cenas ali que eles meio que tentaram criar uma proximidade e uma intimidade ali entre os personagens, mas é muito forçado. Você não se importa e não tem empatia nenhuma por eles. Tanto que a partir de um determinado momento, quando algum deles morria eu pensava "ah tá, próximo". Os personagens são completamente descartáveis aqui. Desde o início o filme deixa claro que os seres humanos são dispensáveis aqui nesse universo.
Mas apesar de tudo isso, no final das contas as qualidades do filme são muito mais favoráveis e pesam muito mais no resultado final do filme do que seus defeitos e seus problemas. Esses problemas aí envolvendo os personagens realmente me incomodaram bastante e também tem essa coisa aí de que só porque o filme é sobre monstros gigantes, só porque o filme é blockbuster que o elemento humano deve ser ignorado e que ele tem que ser ruim e tá de boa, saca? Não cara, PÁRA!
Sinceramente, isso me faz temer muito o futuro desse monsterverse que a Legendary tá criando aí, cara. A gente ainda vai ter Kodzilla 2 e Kong vs Kodzilla aí futuramente. Porra, desde que eu era criança eu sonho com esse filme, com efeitos visuais fodas e sofisticados e um bom roteiro, porra! Eu espero de coração que os caras criem uma história legal pra esse filme, que eles sentem lá direitinho escrevam um roteiro bacana, com calma, porque um roteiro feito nas pressas é uma merda e estraga tudo.
Enfim.... Kong: A Ilha da Caveira é um filme divertido, visualmente estonteante, incisivo, com uma ação tensa, empolgante e enérgica, e uma direção diferenciada, porém peca ao desenvolver mal seus personagens.
Logan
4.3 2,6K Assista AgoraAqui está o vídeo com a crítica pra quem tem preguiça de ler comentários excessivamente grandes e tal: https://www.youtube.com/watch?v=12LkInzpRAI
Um dos filmes mais tristes do ano até o momento. Depois de 8 filmes dos X-Men e dois filmes solo do Wolverine enfim tivemos uma adaptação à altura de um dos mutantes mais cascudos da história dos quadrinhos! Depois de 8 filmes temos Logan, dirigido pelo James Mangold. Eu gosto da direção dele. Aqui ele imprime uma atmosfera meio western, um clima meio velho oeste, o filme lembra bastante Shane, de 1953, porém com uma pitadinha de The Rover, de 2014. O filme realmente parece muito um faroeste, um roadie movie moderno.
Logan faz muitas referências aí ao universo dos x-men, principalmente à trilogia inicial, como referências à batalha da estátua da liberdade, tem referência à X-Men Origins Wolverine, tem referencia à Wolverine imortal de 2013, enfim, é um filme perdido ali no limbo dos problemas de cronologia que permeiam os filmes dos X-Men. Eles nunca pareceram conversar muito bem um com o outro, inclusive essa é uma das coisas que a fox deveria começar a pensar em fazer cara. Fox, pelo amor de deus, vamos arrumar essa linha do tempo aí, porra, já passou da hora!
Logan marca a despedida perfeita pro Hugh Jackman do papel do Wolverine. Isso por si só já é triste, levando em conta que o cara foi um Wolverine/Logan incrível, tanto que eu não consigo visualizar mais ninguém pra ser o Wolverine no cinema. O cara é insubstituível. Eu costumo dizer que o Hugh Jackman foi pro Wolverine o que o Robert Downey junior é o pro Homem de Ferro sabe. E o filme realmente tem um clima de despedida, aquele clima de que tá tudo acabando. Mas olha, que despedida com estilo! Principalmente com muita violência, muito sangue, cabeças rolando, muita tristeza, dor, agonia, culpa, melancolia e, sobretudo, um filme íntimo, emocional, visceral e sangrento.
Nesse universo um tanto pós-apocalíptico em que os X-Men estão praticamente TODOS mortos, temos um Professor Xavier caquético e cansado, um Logan acabado, debilitado e deprimido e um Caliban desgastado. Os três moram juntos ali no meio do nada num lugar sujo e empoeirado... o Logan tá ganhando a vida como motorista de limusine, nesse mundo nem tão pos-apocalíptico assim, porém só um pouco.
Ele tá com os poderes dele bem enfraquecidos, tá tendo que cuidar do professor Xavier e injetar umas substâncias estranhas nele, que é pra ele não sair do controle e não matar todo mundo em mais um de seus ataques nervosos e convulsivos. Aliás, falando nisso, a atuação do Patrick Stewart está excelente! Ele tá bem debilitado, tá caquético mesmo, num estado de degradação mental e físico perturbador. Você vê que ele carrega ali uma culpa por conta de algo que aconteceu com ele e o que atormenta severamente.
O Hugh Jackman também tá muito bem aqui, é uma composição física, um trabalho corporal e emocional impecável. E ele tá com seus poderes bem enfraquecidos, o fator de cura já não é tão eficiente assim como costumava ser... ele se machuca e fica por dias machucado. O adamantium está envenenando o corpo dele e ele tá morrendo de dentro pra fora. E é muito angustiante ver o quanto que o Wolverine vai se deteriorando ali com o passar do tempo, porque é um personagem cujo um dos principais poderes era a alta capacidade de cura, de regeneração celular, agora você vê que ele não faz mais isso, isso não acontece mais. Ele não se cura, ele sangra. Ele fica machucado. É agoniante. E o Hugh Jackman realmente convence no papel de alguém que tá cansado, desgastado, surrado pelos acontecimentos do passado, você no olho dele que ele já tá cansado dessa porra, ele tá fraco, ele não aguenta mais viver, tá imerso numa depressão profunda. Ele manca no filme, é um trabalho de linguagem corporal fantástico e irretocável. Ele tá com os olhos vermelhos de bêbado e tá enchendo a cara nesse filme.
Também acho válido destacar aqui o trabalho de maquiagem desse filme, que realmente é incrível. O Hugh Jackman parece realmente acabado, envelhecido, abatido, ele tá imerso na mais completa agonia física e emocional. Você sente e percebe que se ele levar um tapa ele cai no chão. Ele realmente se entregou ao papel. A relação do Logan com o Professor Xavier é uma relação quase paterna, durante a jornada deles eles vão se descobrindo, se conhecendo melhor, e você se importa com aqueles personagens, é tudo muito palpável, é uma relação muito íntima. E em algum ponto a vida deles ali se cruza com uma garotinha bem serelepe bem dócil e amigável, a Laura, também conhecida como X-23, aqui interpretada pela atriz mexicana Dafne Keen. A menina dá um show de atuação. Essa menina é incrível, cara. Nunca tinha visto nada com ela antes. Ela possui praticamente os mesmos poderes que o Wolverine. A menina tá incrível, ela realmente convence no papel. Parece que você tá vendo um animal mesmo ali na tela, a menina parece um felino, bem traiçoeira e ágil, ela é selvagem, e o seu tamanho é inversamente proporcional à sua letalidade. A linguagem corporal dela é sensacional, a coreografia das luta também é incrível. A relação dela com o Logan é bem emocional, uma relação mais introspectiva. Tanto que quando ela abriu a boca ali pra falar pela primeira vez eu fiquei meio agoniado, é meio irritante em alguns momentos, mas nada que atrapalhe a experiência.
O que acontece é que o Logan tem que levar essa menina pra um lugar onde estão alguns mutantes que sobreviveram, e aí durante essa jornada deles, o caminho deles se cruza aí com um grupo maligno e diabólico, cuja as intenções são as mais espúrias possíveis, chamado Os Carniceiros, liderados pelo destemido, impetuoso e imponente Donald Pierce, interpretado pelo Boyd Holbrook (algumas pessoas devem se lembrar dele por interpretar o detetive americano Steve Murphy na série Narcos). Aqui em Logan ele tá muito bem no papel também. Ele usa um braço mecânic irado! Ele tá bem ameaçador, imponente e robusto. Ele trabalha junto com o cientista Zander Rice, interpretado pelo Richard E. Grant, que o é o cientista responsável por realizar as experiências genéticas com os mutantes.
E aí a partir disso o filme é só porradaria, com uma ação frenética, com muito sangue e muita violência gráfica. O ritmo do filme é bem ágil e enérgico. As cenas de ação são muito bem dirigidas pelo James Mangold. Sem excesso de edição. Apesar de tudo isso, o filme não é repleto de ação do início ao fim. Se você estiver esperando por isso, provavelmente vai se decepcionar, mas nem por isso o ritmo se torna cansativo ou arrastado.
As cenas de ação são brutais, tem um toque de violência e brutalidade muito forte aqui, e apesar do Logan estar debilitado, acabado, deprimido e cansado, você aos poucos vai vendo aquele velho Wolverine tomando forma, e lutando de maneira selvagem e violenta, como ele saber fazer muito bem. Ele bate sem dó nem piedade. É como se ele já tivesse apanhado tanto na vida, como se ele tivesse sofrido tanto que agora ele tá batendo sem pena, descontando toda a dor e a raiva dele. E ele entrega perfeitamente ali nas cenas de batalha também. Ainda dá pra perceber que ainda restou algum senso de heroísmo no Logan, apesar de tudo.
Finalmente, depois de tantos anos de adaptações dos X-Men aí pro cinema podemos ver o Wolverine fazendo o que ele sabe fazer de melhor aqui, que é enfiando as garras nos seus inimigos, descendo o sarrafo, arrancando cabeças, abrindo corpos. E dá pra escutar e sentir o barulho das garras entrando no pescoço da galera de uma forma muito realista, mostrando como que realmente aconteceria se aquilo fosse na vida real. E eu achei isso muito foda. Você sente ele apanhando, você sente a dor dele. Você sente a agonia dele, as cicatrizes. É impressionante. A gente finalmente pôde vislumbrar aí o Wolverine em momentos libertadores de porradaria, fazendo a única coisa que ele sabe fazer na vida. Em Logan, finalmente nós podemos ver aí o Wolverine utilizando os seus poderes aí em toda a sua glória. Isso foi um prato cheio pros fãs, praticamente um presente para todos aqueles que tiveram que esperar anos e anos aí pra ver o Wolverine usando seus poderes em toda a sua plenitude.
Engana-se quem pensa que essa violência toda é uma violência gratuita. A violência tem um propósito narrativo. O filme precisa mostrar essa violência pra ajudar a contar aquela história ali que é um drama pesado e visceral e pra ajudar a situar o espectador naquele universo, e todas as atitudes dos personagens são muito bem justificadas ali. Outro ponto alto do filme é o seu visual sensacional. É uma estética que lembra bastante o Mad Max e o próprio quadrinho do Old Man Logan. Aliás, talvez essa seja a única similaridade entre o filme e os quadrinhos: o visual, que é bem sujo, composto por uma cinematografia meio amarelada, uma fotografia meio surrada, um visual encardido, empoeirado que funciona muito bem, típico de um road movie moderno, porém com algumas decisões gráficas, visuais e narrativas imprevisíveis.
O filme é muito triste. Tem alguns momentos ali, mais para o final do filme, que são particularmente tristes. A história do filme é muito bem contada e eu acho que qualquer filme tem que ser assim, tem que ter uma história bacana, bem construída, com um bom desenvolvimento de personagem. Isso é que é fazer cinema de qualidade. Não é só chegar lá e jogar um monte de coisa aleatória na tela, um monte de explosão, efeitos visuais fodas, mas sem propósito nenhum! E em Logan isso não acontece. A história é muito bem contada. Tem muita dor no filme, é meio melancólico, chega a ser agoniante. Eu confesso que em alguns momentos ali eu fiquei com os olhos meio marejados, e o professor Xavier tá ali falando umas coisas bem triste, Aliás o professor Xavier fala umas coisas nesse filme você provavelmente vai levar pra vida mano. É muito emocional e reflexivo mesmo. E apesar do Professor Xavier estar acabado e debilitado, você vê ali que em alguns momentos ele consegue fazer uso e controlar seus poderes ainda. Você meio que consegue visualizar o desespero e a agonia que ele e o Logan estão sentindo. Tem umas cenas em que a câmera fecha na cara do Hugh Jackman e vc olha pra cara dele e percebe, sente a dor e a agonia e a emoção que ele tá querendo passar, e nós sofremos junto com ele.
Antes do filme ser lançado muita gente tava especulando aí que o dente de sabre ia aparecer no filme, porém quando apareceu o x-24 pra mim foi uma puta surpresa legal, gostei bastante. É muito interessante porque você vê o Wolverine novo ali lutando contra o Wolverine velho, representando justamente essa dualidade do novo vs. Velho.
Eu só achei que o filme poderia ter sido um pouco mais reduzido, ele se estende sem necessidade. Eles deveriam ter reduzido um pouquinho alguns momentos mais parados assim e estendido um pouco mais o desfecho e a batalha final. Ficou tudo meio corrido, acho que eles poderiam ter aumentado o nível de desgraçamento mental no final, mostrando o Wolverine apanhando mais ou sofrendo mais. Mas nada que tire o mérito do filme.
Outro ponto que vale destacar é o tom do filme, ele é sombrio, é doloroso. A direção é excelente, as cenas de ação são incríveis, o visual do filme é bonito, a história é ótima. Poxa, isso é que é uma história legal sabe, isso é que é uma história bem construída. Uma história onde os efeitos visuais, a porradaria e sanguinolência e a violência estão à serviço DA história, e não simplesmente um monte de coisa jogada lá na tua cara, um monte de detalhe, um monte cena de ação cheia de corte e efeitos visuais dinâmicos que você não entende nada do que tá acontecendo. Enfim, é tudo muito bom e bem construído nesse filme. E tudo isso sem precisar ser um filme megalomaníaco ou estratosférico ou gigante com um final grandioso, com uma porra de um raio azul caindo do céu.
E em todos esses pontos aí ele sem dúvidas elevam muito a qualidade do filme e tem muito a ensinar e influenciar aí no futuro dos filmes do gênero. É um filme que tem grande potencial aí pra inverter e mudar o paradigma dos filmes de super-herói. Espero que a Marvel e a Warner tomem esse filme como exemplo e se reformulem e se reinventem mesmo. A Fox, o James Mangold, o Hugh Jackman e o Patrick Stewart estão todos de parabéns.
Esse filme é um presente pros fãs que tiveram que aguentar todos esses anos aí de espera por um filme onde o Wolverine finalmente pudesse mostrar toda a sua força, todo o seu poder, e o que é melhor: sem censura. Logan é sem dúvidas o melhor filme do Wolverine e do Logan já feito. É o The Dark Knight do Wolverine, mano. Mas enfim, acho que esse comentário saiu um pouquinho maior do que eu esperava, mas é que eu me empolgo pra escrever sobre um filme quando ele é bom.
Como se já não bastasse o Logan morrer no final, a X-23 ainda pega a cruz do túmulo dele e deita a cruz, transformando a cruz num X de X-Men. Aquilo cortou fundo no meu coração.
Sete Minutos Depois da Meia-Noite
4.1 992 Assista AgoraDepois de toda essa maratona do Oscar que realizei no último mês, posso dizer que senti um alívio gigante na alma e fui desintoxicado ao assistir Sete Minutos Depois da Meia-noite e constatar que esse possivelmente foi o filme mais emocionante, visualmente e liricamente lindo, original, poético e tocante que assisti em 2017. Chega a ser absurdo o fato de uma peça belíssima como essa não ter sido considerada em absolutamente nenhuma categoria do Oscar que, mais uma vez, abriu espaço para premiar dramalhões insossos, vazios e enfadonhos; um musical com uma história comum e esquecível, dentre diversas outras besteiras que figuraram entre as indicações esse ano. Francamente, Sete Minutos Depois da Meia Noite é absurdamente melhor do que grande parte dos indicados desse ano.
O filme conta com atuações incrivelmente satisfatórias, uma fotografia fabulosa, manuseada de forma a transmitir e ilustrar os sentimentos e conflitos dos personagens em determinados momentos; uma direção de arte e efeitos visuais primorosos e arrojados, e um roteiro absurdamente inteligente, repleto de metáforas e rimas visuais, desenvolvido de maneira impecável, que não deixa em nenhum momento o ritmo do filme fraquejar ou ficar moroso demais.
A Felicity Jones, apesar de aparecer pouco, está fantástica aqui e chega a ser angustiante o modo como a sua personagem extremamente perturbada vai se degradando psicologicamente e fisicamente ao longo da trama. Ela está mil vezes melhor aqui do que em Lion, diga-se de passagem. O Lewis MacDougall é brilhante! Ele consegue transmitir sentimentos angustiantes como raiva, dor e melancolia com uma destreza espetacular e, às vezes, com muito poucas palavras. E o que dizer do grande monstro arvoresco interpretado pelo Liam Neeson? Esse aparentemente é o grande destaque do filme, sem dúvidas um trabalho de captura de movimentos e de voz sofisticadíssimos. É impressionante o nível de detalhes contidos nas expressões e feições de seu personagem. Em alguns momentos, cheguei dar um pause no filme pra observar mais de perto os detalhes na compleição do monstro. É impressionante.
Em seus pouco mais de 100 minutos, Sete Minutos Depois da Meia-noite emociona e comove, relatando conceitos de amor, perda, perdão, bullying, separação e superação, através do olhar de uma criança desajustada, mentalmente confusa e desorientada, que utiliza a fantasia como válvula de escape para a realidade dolorosa e para o destino cruel que o aguarda, mostrando que o monstro na verdade está adormecido e internalizado em nós, pronto para o momento em que decidirmos escutá-lo, encontrarmos nossa verdade e fazermos a coisa certa, no momento certo.
Oasis: Supersonic
4.3 96É inegável e indiscutível o fato de que o Oasis foi uma das bandas mais importantes de sua geração, quiçá, a melhor banda dos anos 90/2000 (e foda-se o Nirvana!). O legado do Oasis vai muito além de suas composições, de suas músicas e discos lançados... é algo que transcende a música. O legado dos caras gira em torno das polêmicas, das brigas, das declarações controversas e da personalidade forte, subversiva, transgressora, imponente e austera dos irmãos Gallagher, que construíram tudo isso juntos, sem bunda molisse, sem passar uma falsa imagem de bons moços diante das câmeras e dos microfones, mesmo odiando um ao outro.
Quem diria que uma banda de rock de um estado pequeno da Inglaterra fosse se tornar o que o Oasis se tornou e conquistar as coisas que conquistou. Os caras vieram do nada ao posto de uma das melhores bandas do mundo, com um dos maiores e mais rapidamente vendidos discos do Reino Unido. Acredito ser quase impossível atualmente uma banda realizar algo semelhante a tudo isso que o Oasis realizou, muito por culpa da internet também. As pessoas não vão mais em shows, não compram mais discos, hoje em dia, qualquer idiota com um computador em casa consegue gravar um disco sozinho. A internet não é de todo um mal para a indústria da música, é claro, mas é indiscutível que ela deu voz a muita gente imbecil, pouco subversiva, pouco transgressora. Talvez por isso se tornou difícil separar o joio do trigo.
Supersonic é um relato inspirador, emotivo, emocional, grandioso, obrigatório e, de certa forma, nostálgico, sobre como uns garotos de Manchester chegaram do nada ao posto de melhor banda do mundo. Ora, o Noel Gallagher compôs a música que dá título ao documentário enquanto os caras comiam comida chinesa na sala. Se isso não for um Deus, eu não sei mais o que é.
Jackie
3.4 739 Assista AgoraEu tava louco pra assistir esse filme, tava ansioso, minhas expectativas estavam altas, todo mundo tava falando que a atuação da Natalie Portman estava "absurda, exuberante, fantástica!", aí fiquei louco esperando sair a legenda... a legenda saiu, aí fui dar uma conferida... porém qual não foi a minha decepção.
Prestes a finalizar a maratona do Oscar 2017, eis que me deparo com Jackie, um filme chato, irritante, arrastado, insuportável e monótono. Tipo de filme que a academia adora. Talvez um dos piores dos indicados que assisti até agora, talvez até o pior. A trilha sonora é igualmente irritante, marcada e contínua, o que contribui para deixar o ritmo da trama ainda mais lento e enfadonho. Aí eu chego a um questionamento interno, uma pergunta retórica: qual é o sentido de adaptarem uma história completamente esquecível, desinteressante, comum, transitória, trivial e monótona como a dos dias tenebrosos de luto da viúva Kennedy, a não ser contribuir ainda mais com o acervo dos filmes chato, comuns e irritantes que existem no mundo?
Honestamente, não entendi porque esnobaram a Amy Adams que estava excelente e afiadíssima em A Chegada e Animais Noturnos, e indicaram a Natalie Portman como melhor atriz. O sotaque misto de americano com britânico(?) que a mesma estava forçando durante toda a projeção foi uma das coisas mais irritantes que eu já vi/ouvi na vida! Isso sem falar que por diversos momentos tive a sensação de que ela estava atuando, o que contribuiu de maneira pontual para o meu descontentamento com o filme. Esse é, facilmente, um de seus personagens mais intragáveis... talvez o único intragável, aliás, visto que a atriz conta com um histórico de filmes excepcionais e inabaláveis em sua carreira, com a exceção de Jackie. As únicas coisas que se salvam são: 01) a reconstituição de época fabulosa que o filme apresenta, graças ao trabalho impecável da direção de arte e 02) o figurino belíssimo e ora porque não dizer irretocável, o que, em alguns momentos, me fez ter a sensação de estar vendo um filme rodado nos anos 60.
Jackie é um filme chato, arrastado, cansativo, esquecível, com um ritmo moroso e extenuante, que vai resolver os seus problemas com insônia facilmente e vai fazer você perder o medo de altura.
Lion: Uma Jornada para Casa
4.3 1,9K Assista AgoraLion: Uma Jornada Para Conseguir a Legenda.
Edifício Master
4.3 372 Assista AgoraProvavelmente o melhor filme do Eduardo Coutinho. Aqui ele consegue captar, com simplicidade, honestidade e de maneira bastante orgânica, todas as nuances, sutilezas, particularidades e o que há de mais simples (por isso especial) no ser humano, que se revela e ganha a superfície mesmo em meio a atmosfera opressiva, pesada, angustiante e extenuante da cidade em que vivem. Nesses termos, pode-se dizer que Coutinho busca retratar o Edifício Master como uma espécie de microcosmo social, onde cada indivíduo se distingue pela sua história pessoal, por sua bagagem cultural e pelo seu conhecimento de mundo, aos quais não cabe nenhum tipo de julgamento.
ps.: acho que nem o Frank Sinatra já performou uma versão tão emotiva e arrasadora de My Way quanto essa.
A Garota no Trem
3.6 1,6K Assista AgoraSó gostei da atuação da Emily Blunt, que aos trancos e barrancos entrega uma personagem atormentada e sofrivelmente decadente, porém um tanto audaciosa e implacável, disposta a encontrar a verdade custe o que custar; do final catártico, em que o fim a que chega certos personagens atende às expectativas do expectador, e da cinematografia soturna e pesada, que imprime um tom bastante sombrio e denso ao filme. Tirando isso achei mediano apenas, um tanto arrastado e cansativo em seus pouco mais de 100 minutos de duração e a partir do início do 2º ato se torna um tanto previsível, de modo que fica fácil reconhecer e calcular a resolução da trama.
Sing Street - Música e Sonho
4.1 714 Assista AgoraEsse é um dos melhores filmes de 2016, disparado! Se eu pudesse fazer um top 3 dos melhores, esse certamente estaria entre eles, talvez em 1º lugar. John Carney conseguiu mais uma vez - e de maneira gloriosa - realizar um filme delicado, simples e e extremamente sensível como poucos. Gostei do fato de ele ter impresso algumas opiniões e concepções pessoais acerca daquele período memorável no filme. O filme consegue retratar de maneira belíssima e incrivelmente verossímil a estética brilhante e a música inigualável e subversiva daquela época, sobretudo o pop britânico, tornando tudo um prato recheado de nostalgia pra quem viveu e experienciou aquele período. A trilha sonora é incrível, o figurino, impecável, a história é envolvente e o roteiro consegue, em pouco mais de 100 minutos de projeção, através de um elenco afiadíssimo e extremamente talentoso, atribuir profundidade, sensibilidade e rebeldia a seus personagens carismáticos e selvagens, cuja a sede de correr atrás de seus sonhos é inspiradora. Me deu vontade de montar uma banda.