Entre uma relação pré dissolvida de uma mulher durona e sua companheira que parece ter jogado o amor próprio no lixo, até o caos absoluto numa noite de manifestações entre os parisienses, o filme tem duas partes que não parecem se encaixar em nenhum momento. A parte cômica foi desastrosa, ainda mais com aquele passe de mágica anticlimatico querendo colocar as coisas nos eixos novamente A parte caótica do hospital funciona, mas a intenção da diretora com esse roteiro ficou totalmente encoberta.
Um isolamento perigoso é capaz de gerar fantasmas e alterar a realidade diante de olhares já marcados por perdas inestimáveis. Por mais estranho que possa parecer (e é mesmo!) Lamb vem munido de ótimas metáforas e todas elas são pontualíssimas. A pitada de cinema fantástico vai afastar os adeptos do racionalismo; coisa de uns duzentos km.
Noomi Rapace,, mais frágil do que nunca está maravilhosa filmando na Europa. Tomara que permaneça por lá.
Adorei a correlação que o Kornél Mundruczó fez com o elemento da água para ilustrar os três segmentos de Evolução. Na primeiro (o mais assustador) um grupo de homens limpa uma extinta câmaras de gás, tentando apagar as marcas devastadoras do Holocausto; já no segundo, que em cronologia seria o último, uma inundação agoniante tenta escoar todas as memórias do passado e na última, a água vem como uma chuva fina pré estiagem, provando que o amor e a fé podem deixar o passado triste e pesado, um pouco mais esperançoso.
O que Sundown tem de melhor é justamente o personagem de Tim Roth. Ele é maior que o filme todo e estou julgando à parte sua presença no filme, pois sem ele não sobraria nada. Mas uma vez Michel Franco me deixou com a sensação de ter comido algo pesado, gorduroso, exagerado.
Acompanhar o personagem é imaginá-lo num pesadelo de Kafka da realidade iraniana, tamanha as dezenas de situações burocráticas que se multiplicam e se acumulam sobre ele e que beiram a surrealidade de um povo que amarga nas mãos de um país que se arrasta na corrida do mundo. Farhadi sabe muito bem o que está fazendo, e aquilo que nos parece absurdo, é só um pouco do que o cinema grandioso dele veio mostrar ao mundo. A Hero é um dos melhores do ano, com certeza!
E eis que os romenos voltam com sua câmera intimista, desnivelando atos e expressões. No início, um espectro de Festa de Familia do Vinterberg vem à flanar e volte e meia se liberta para seguir de perto a personagem principal tanto em sua intimidade como diante de sua família desestruturada. Há uma densa nuvem de segredos que o diretor faz chover aos poucos e talvez por isso acaba por perder muita força em seu ato final. Mas vale pela pressão absorvida pelo público que a diretora estreante consegue facilmente.
No início, achei que não daria em nada (não sabia ao certo se tratar de um documentário ou um longa de ficção) mas assim que a senhorinha chega em Hong Kong para visitar o filho, que o filme começa de fato a se abrir em diversas questões sobre o medo do abandono e solidão na terceira idade que não precisam especificamente de traduções por sua universalidade. A personagem está inserida da cabeça aos pés num cenário desconhecido da vida dela, então o que ela precisa é transformá-lo. E diante disso tudo, até o título vai fazendo sentido.
"Se você pensa que é toda poderosa porque aprendeu a operar um aspirador de pó, pense de novo!"
Não é só um filme sobre um país em crise financeira, sobre a exploração da mão de obra, ou sobre o machismo universal de cada dia, mas é também (e sobretudo) sobre a mulher lutando em pró da sua liberdade e independência
Tem toda a vibe alucinada do diretor e o uso das cores que ele utilizou em muitos dos seus últimos trabalhos, mas senti que a história não se aprofunda sobre crítica nenhuma, e para quem conhece, Sion Sono é mestre (também) nisso. Aqui temos o apuro visual, a união ilustre do diretor com Nicolas Cage, mas a história mesmo acabou sendo deixada em segundo plano.
Loucos por Justiça é disparado o filme mais sério de Anders Thomas Jensen, e talvez seja o mais completo em gênero também já que tem de tudo um pouco por aqui. Tem o enfrentamento de um tema sério como o luto convertido numa possessão por vingança. Tem o sarcasmo habitual do diretor em destilar sua acidez e que se tornou marca registrada do diretor. E tem reflexões, bastante reflexões por parte dos personagens. Aliás, uma das tarefas mais difíceis hoje em dia no cinema é construir ótimos personagens e o diretor aqui constrói vários, em especial o de Nikolaj Lie Kaas e o de Nicolas Bro, além do carisma de Mads Mikkelsen.
Poderia ser o velho filme-bordão sobre luto e vingança mas nas mãos de Thomas Jensen tudo ganha um olhar próprio e o melhor de tudo, original
Mais triste que a própria história em si, é o fato de que o filme será visto e interpretado pela maioria das pessoas da maneira errada e logo cairá no limbo dos filmes ignorados. Não tem nada de especial aqui além de uma puta crítica às relações familiares tradicionais. O uso de uma ou outra metáfora, só complementa a genialidade do roteiro que na certa Michael Haneke gostaria de ter filmado.
Um filme inteiro girando em torno da tristeza, agonia e desconforto. Difícil mesmo, como ser humano sair impassível daqui. Possivelmente foi um dos trabalhos mais desprovido de vida e beleza que eu já assisti.
Seria mais inteligente se ficasse só na metáfora do sacrifício e da paranoia social. Mas perdeu a meada quando quis provar ser da Netflix. Então afundou.
O roteiro até sugere uma boa ideia mas infelizmente fica só no protótipo dela. Me pareceu o TCC de algum grupo que acha que vai abafar e inovar falando (de novo) sobre sustentabilidade ou qualquer outro assunto que está em voga. Ao menos a trilha sonora salvou!
Pig é (bem) mais do que a história de um homem atrás de sua porquinha de estimação.
Partindo de uma premissa um tanto estranha, quase absurda; o diretor faz abordagem de vários assuntos como o impiedoso mundo da gastronomia e a reclusão do que supostamente fizemos no passado; tudo muito costurado com a linha da amargura. Nicolas Cage nunca esteve tão bagacento (e isso é um elogio).
O clima é pesado e carregadíssimo. E não apenas ele mas todo o desenvolvimento da história. O bunker onde se desenvolve tudo por exemplo é opressivo, e o diretor sabendo disso estende as mesmas cenas justamente para acertar no desconforto.
A Fratura
3.4 6Entre uma relação pré dissolvida de uma mulher durona e sua companheira que parece ter jogado o amor próprio no lixo, até o caos absoluto numa noite de manifestações entre os parisienses, o filme tem duas partes que não parecem se encaixar em nenhum momento. A parte cômica foi desastrosa, ainda mais com aquele passe de mágica anticlimatico querendo colocar as coisas nos eixos novamente A parte caótica do hospital funciona, mas a intenção da diretora com esse roteiro ficou totalmente encoberta.
Cordeiro
3.3 553 Assista AgoraUm isolamento perigoso é capaz de gerar fantasmas e alterar a realidade diante de olhares já marcados por perdas inestimáveis.
Por mais estranho que possa parecer (e é mesmo!) Lamb vem munido de ótimas metáforas e todas elas são pontualíssimas. A pitada de cinema fantástico vai afastar os adeptos do racionalismo; coisa de uns duzentos km.
Noomi Rapace,, mais frágil do que nunca está maravilhosa filmando na Europa. Tomara que permaneça por lá.
Evolução
3.4 2Adorei a correlação que o Kornél Mundruczó fez com o elemento da água para ilustrar os três segmentos de Evolução.
Na primeiro (o mais assustador) um grupo de homens limpa uma extinta câmaras de gás, tentando apagar as marcas devastadoras do Holocausto; já no segundo, que em cronologia seria o último, uma inundação agoniante tenta escoar todas as memórias do passado e na última, a água vem como uma chuva fina pré estiagem, provando que o amor e a fé podem deixar o passado triste e pesado, um pouco mais esperançoso.
Ao Cair do Sol
3.4 12O que Sundown tem de melhor é justamente o personagem de Tim Roth. Ele é maior que o filme todo e estou julgando à parte sua presença no filme, pois sem ele não sobraria nada.
Mas uma vez Michel Franco me deixou com a sensação de ter comido algo pesado, gorduroso, exagerado.
The Last Ones
3.0 3Se não for por amor, então será pela dor"
Um Herói
3.9 56 Assista AgoraAcompanhar o personagem é imaginá-lo num pesadelo de Kafka da realidade iraniana, tamanha as dezenas de situações burocráticas que se multiplicam e se acumulam sobre ele e que beiram a surrealidade de um povo que amarga nas mãos de um país que se arrasta na corrida do mundo.
Farhadi sabe muito bem o que está fazendo, e aquilo que nos parece absurdo, é só um pouco do que o cinema grandioso dele veio mostrar ao mundo.
A Hero é um dos melhores do ano, com certeza!
Lua Azul
2.6 4E eis que os romenos voltam com sua câmera intimista, desnivelando atos e expressões. No início, um espectro de Festa de Familia do Vinterberg vem à flanar e volte e meia se liberta para seguir de perto a personagem principal tanto em sua intimidade como diante de sua família desestruturada. Há uma densa nuvem de segredos que o diretor faz chover aos poucos e talvez por isso acaba por perder muita força em seu ato final. Mas vale pela pressão absorvida pelo público que a diretora estreante consegue facilmente.
Madeira e Água
3.2 3No início, achei que não daria em nada (não sabia ao certo se tratar de um documentário ou um longa de ficção) mas assim que a senhorinha chega em Hong Kong para visitar o filho, que o filme começa de fato a se abrir em diversas questões sobre o medo do abandono e solidão na terceira idade que não precisam especificamente de traduções por sua universalidade.
A personagem está inserida da cabeça aos pés num cenário desconhecido da vida dela, então o que ela precisa é transformá-lo. E diante disso tudo, até o título vai fazendo sentido.
Higiene Social
2.7 3É um filme de texto.
Sobre a vida, nossas escolhas e o que as pessoas pensam delas. Como não se importar com isso?
Mais uma tacada de Denis Côté!
O Trabalho Dela
3.6 7"Se você pensa que é toda poderosa porque aprendeu a operar um aspirador de pó, pense de novo!"
Não é só um filme sobre um país em crise financeira, sobre a exploração da mão de obra, ou sobre o machismo universal de cada dia, mas é também (e sobretudo) sobre a mulher lutando em pró da sua liberdade e independência
A História de Asya Klyachina
3.5 1Todo mundo é amargurado, até que dance.
Ghostland: Terra Sem Lei
2.2 63 Assista AgoraTem toda a vibe alucinada do diretor e o uso das cores que ele utilizou em muitos dos seus últimos trabalhos, mas senti que a história não se aprofunda sobre crítica nenhuma, e para quem conhece, Sion Sono é mestre (também) nisso. Aqui temos o apuro visual, a união ilustre do diretor com Nicolas Cage, mas a história mesmo acabou sendo deixada em segundo plano.
A Morte de um Burocrata
4.2 20 Assista AgoraA burocracia kafkiana da vida moderna
Não só a moderna, mas a de 1966 e de antes. Com uma pitadinha de absurdo, porque assim são todas as burocracias.
Crosscurrent
4.2 4"Aprecio a pureza da minha alma, e permaneço leal a alma que não amo"
Loucos por Justiça
3.7 91 Assista AgoraLoucos por Justiça é disparado o filme mais sério de Anders Thomas Jensen, e talvez seja o mais completo em gênero também já que tem de tudo um pouco por aqui. Tem o enfrentamento de um tema sério como o luto convertido numa possessão por vingança. Tem o sarcasmo habitual do diretor em destilar sua acidez e que se tornou marca registrada do diretor. E tem reflexões, bastante reflexões por parte dos personagens. Aliás, uma das tarefas mais difíceis hoje em dia no cinema é construir ótimos personagens e o diretor aqui constrói vários, em especial o de Nikolaj Lie Kaas e o de Nicolas Bro, além do carisma de Mads Mikkelsen.
Poderia ser o velho filme-bordão sobre luto e vingança mas nas mãos de Thomas Jensen tudo ganha um olhar próprio e o melhor de tudo, original
Um Lugar Secreto
2.3 153 Assista AgoraMais triste que a própria história em si, é o fato de que o filme será visto e interpretado pela maioria das pessoas da maneira errada e logo cairá no limbo dos filmes ignorados.
Não tem nada de especial aqui além de uma puta crítica às relações familiares tradicionais. O uso de uma ou outra metáfora, só complementa a genialidade do roteiro que na certa Michael Haneke gostaria de ter filmado.
A galerinha do terror vai espumar de ódio.
Carcinoma
3.2 19Um filme inteiro girando em torno da tristeza, agonia e desconforto. Difícil mesmo, como ser humano sair impassível daqui.
Possivelmente foi um dos trabalhos mais desprovido de vida e beleza que eu já assisti.
A Nuvem
2.7 233 Assista AgoraSeria mais inteligente se ficasse só na metáfora do sacrifício e da paranoia social. Mas perdeu a meada quando quis provar ser da Netflix. Então afundou.
Ar Condicionado
3.6 19O roteiro até sugere uma boa ideia mas infelizmente fica só no protótipo dela.
Me pareceu o TCC de algum grupo que acha que vai abafar e inovar falando (de novo) sobre sustentabilidade ou qualquer outro assunto que está em voga.
Ao menos a trilha sonora salvou!
O Olho do Diabo
4.3 90O olho do diabo está nas nossas mãos
Pig: A Vingança
3.5 305Pig é (bem) mais do que a história de um homem atrás de sua porquinha
de estimação.
Partindo de uma premissa um tanto estranha, quase absurda; o diretor faz abordagem de vários assuntos como o impiedoso mundo da gastronomia e a reclusão do que supostamente fizemos no passado; tudo muito costurado com a linha da amargura. Nicolas Cage nunca esteve tão bagacento (e isso é um elogio).
Vereda da Salvação
4.4 19Nada de céu ou inferno, nem bem ou mal; a fé ou a falta dela. O mal no topo do mundo ou abaixo dele é o próprio homem.
Raul Cortez está venerável Que atuação visceral!
Antiga Alegria
3.5 29A implicitude diante dos (f) atos.
Chequista
3.8 12 Assista AgoraO clima é pesado e carregadíssimo. E não apenas ele mas todo o desenvolvimento da história. O bunker onde se desenvolve tudo por exemplo é opressivo, e o diretor sabendo disso estende as mesmas cenas justamente para acertar no desconforto.