Incrível como num curto espaço de tempo, somos tomado por uma diversidade de reações, começando pela curiosidade e o fascínio inicial que temos pelo personagem, passando pela aflição de observá-lo, sem nunca deixar de fazer nossos julgamentos, embora a diretora não faça interferência de nada (ela apenas dá a chance do personagem se expor) até terminar traçando um paralelo com nossas próprias vidas e realidades. Não tem como terminar sem querer saber mais sobre a vida de Mithar, seu passado e até onde vai suas manias e obsessões.
" ... porque a esperança é um vício do qual ninguém consegue se livrar totalmente" - Giorgio Scerbanenco
Nas primeiras cenas acompanhamos a personagem principal e por um breve momento sentimos sua força na história apenas para descobrir nas próximas que ela é tão frágil e perdida como as outras. Mas a esperança é um vício, que corre de dentro para fora. A trilha sonora de Enzo Avitabile é esplendorosa!
Frustração, ansiedade, desespero. Três mulheres de personalidades fortes, lidando com o alcoolismo ao mesmo tempo que lutam para manter sua postura diante da família, trabalho e sociedade. A abordagem é intensa em alguns momentos, porém a diretora evita cair no dramalhão e nas fórmulas fáceis das situações. A história mais triste era a da cirurgiã, mas a personagem da estudante também carrega uma parcela grande de sofrimento diante dos acontecimentos.
Supernova funciona de diversas maneiras: pode ser um exercício de tensão por oitenta minutos, a cargo de uma direção modesta mas competente, pode funcionar como o ensaio de um crime e julgamento à céu aberto expondo ódio, poder, corrupção, traição e diferenças de classe perante a justiça e pode ainda traçar um paralelo com o sistema judiciário de diversas nações (o nosso inclusive) Por se passar unicamente num mesmo cenário (uma rodovia) o filme tem a duração exata para chamar a atenção do público e ainda estabelecer um clima de tensão à flor da pele.
O que começa com algo politicamente incorreto se transforma numa celebração à vida diante de novos tempos e velhas cargas emocionais. Porque ninguém é de ferro!
"Quando chegamos numa certa idade, o tempo nos dá a característica de todos os nossos ancestrais, combinado no emaranhado suave das reencarnações. E talvez no final seja assim o próximo mundo, um corredor sem fim onde todos os nossos ancestrais estão em fila, um após o outro. Simplesmente esperam virados para aquele que vive, sem palavras, sem movimentos, com um olhar paciente, seus olhos fixados em uma data"
Em tempos de pandemia, medos e incertezas, esse filme cai como puro bálsamo em corações mais angustiados. A história é simples: três fases na vida de um homem que escolhe dedicar seu amor pela simplicidade do campo e pela natureza. É um filme lento e calmo, mas que me deixou num estado de leveza que há meses não experimentava.
Eis um cruzamento de Feios, Sujos e Malvados com Vida sem Destino do Harmony Korine, rodado num enorme aterro sanitário onde diversas figuras vivendo a margem da sociedade, vivem grunhindo ou se divertindo com eletrodomésticos roubados que mal sabem usarem. O tom é burlesco mas o que mais de sobressai mesmo é o senso de deprimência e agonia das situações. Acredito que a intenção do diretor era justamente essa.
Filme lindo, fotografia apaixonante, captando a beleza e a sensualidade de quatro mulheres sem cair na vulgaridade. Além de falar abertamente sobre a alma feminina, o diretor ainda abre espaço para homenagear mulheres do cinema, cada qual com suas particularidades entre si. Uma joia de filme!
"Você finge estar aberto a todas as coisas, mas não consegue ver o quanto sua mente é fechada. Você realmente acredita que encontrará sua alma aqui? Sua alma está fora de você e você precisa reivindica-la"
A Mostra Internacional de Cinema juntamente com o Ministério da Saúde deveria advertir que assistir esse filme causa desconforto e batimentos acelerados.
Durante a sessão tive que parar tomar uma água, tamanha a apreensão que o filme me causou. Só por esses momentos de desconforto já ganharia meu total respeito; isso se o roteiro não fosse tão engenhoso ao expor suas catarses mais cinzentas na cabeça do espectador.
É como se os olhares cansados e perdidos dos personagens de Sharunas Bartas tivessem mostrado sua face mais resistente nesse novo trabalho, embora ainda a melancolia prevaleça como peso e emplastro sobre eles. É um bom trabalho sobre a resistência diante do pós guerra, mas com aquele toque único do diretor.
O título Apenas Mortais cai perfeitamente para este filme que explora com realismo (a triste cena do banheiro) as limitações de todos nós no final de nossas jornadas. É triste, é devastador mas é real e faz nos refletir que ninguém está acima de ninguém. Somos Apenas (meros) Mortais.
O ano de 2020 não está totalmente perdido por causa dessa pérola que veio para encher os olhos com seu esplendor. Só acho injusto ter que vê-lo numa tela pequena quando ele merece ser exposto na maior tela possível. Viva o cinema feito com paixão! Viva o cinema português!
Em alguns momentos, parece que estamos dentro do universo absurdo do diretor Bertrand Blier, mas aqui, a diretora que antes dirigiu My Dog Killer, (um filme bem mais sério) agora brinca com os gêneros e costura tudo com as armadilhas do amor e as dificuldades de querer agradar o(s) outro(s). Para aproveitar melhor é preciso deixar o racionalismo fácil de lado e embarcar na proposta da diretora que nunca se abre inteiramente. Encarei como uma brincadeira absurda sobre o casamento, os "interesses" que cercam esse ato e uma possível violência que deve ser cortada pela raiz, mas o humor é tipicamente eslavo, não dá para parametrizar com qualquer outro. Quem se propor a ver, deve se deixar netflixs e comédias mais universais de lado. Aqui a idealização é outra, o humor eslavo é outro, mas as "feridas domésticas" de um casamento é a mesma.
Não apenas os personagens são bizarros mas o próprio roteiro capcioso que chega a plantar uma tensão quase homoerótica entre David e seu "amigo de aluguel"
Passa longe da perfeição, mas com certeza é um dos filmes mais esquisitos de 2020.
Uma garota observa seu corpo em frente a um espelho. Um lençol é incendiado num varal por um garoto, Um toque de recolher é anunciado enquanto velas ainda choram suas chamas por alguém que partiu. Uma festa onde um punhado de pessoas dançam como se aquele fosse sua última noite. No panorama de Sharunas Bartas, os espetros já conhecidos desfilam em um ambiente de esperas e incertezas que aos poucos vão tomando formas e significados. O diretor que nasceu na Lituânia, dá vida a fantasmas que ele sabe muito bem que existiram.
O roteiro de A Mulher da foto conversa implicitamente com a nossa geração através das imagens que tentamos passar para outras pessoas acerca de nós mesmos. Em tempos de redes sociais onde miramos nosso olhar para o belo do artifício e ignoramos a naturalidade do exterior, o filme encanta com a beleza da simplicidade que não precisa de retoques e no meio de tanta naturalidade, o diretor abre espaço para o amor e as relações humanas diante desses novos tempos. As cenas do louva-a-deus são maravilhosas!
O velho assunto da imigração mundial ganhando contornos específicos do cinema grego. Planos limpos e abertos, muitas metáforas e situações histriônicas.
O Colecionador
3.8 6Incrível como num curto espaço de tempo, somos tomado por uma diversidade de reações, começando pela curiosidade e o fascínio inicial que temos pelo personagem, passando pela aflição de observá-lo, sem nunca deixar de fazer nossos julgamentos, embora a diretora não faça interferência de nada (ela apenas dá a chance do personagem se expor) até terminar traçando um paralelo com nossas próprias vidas e realidades.
Não tem como terminar sem querer saber mais sobre a vida de Mithar, seu passado e até onde vai suas manias e obsessões.
Red Post on Escher Street
3.9 7Uma homenagem declarada aos figurantes do cinema e da vida. Sion Sono, como eu te amo ♡
The Vice of Hope
3.4 2" ... porque a esperança é um vício do qual ninguém consegue se livrar totalmente" - Giorgio Scerbanenco
Nas primeiras cenas acompanhamos a personagem principal e por um breve momento sentimos sua força na história apenas para descobrir nas próximas que ela é tão frágil e perdida como as outras. Mas a esperança é um vício, que corre de dentro para fora.
A trilha sonora de Enzo Avitabile é esplendorosa!
53 Guerras
3.2 2Psicopatologia pura!
Diversão Pesada
3.3 2Frustração, ansiedade, desespero. Três mulheres de personalidades fortes, lidando com o alcoolismo ao mesmo tempo que lutam para manter sua postura diante da família, trabalho e sociedade. A abordagem é intensa em alguns momentos, porém a diretora evita cair no dramalhão e nas fórmulas fáceis das situações.
A história mais triste era a da cirurgiã, mas a personagem da estudante também carrega uma parcela grande de sofrimento diante dos acontecimentos.
Supernova
3.4 8 Assista AgoraSupernova funciona de diversas maneiras: pode ser um exercício de tensão por oitenta minutos, a cargo de uma direção modesta mas competente, pode funcionar como o ensaio de um crime e julgamento à céu aberto expondo ódio, poder, corrupção, traição e diferenças de classe perante a justiça e pode ainda traçar um paralelo com o sistema judiciário de diversas nações (o nosso inclusive) Por se passar unicamente num mesmo cenário (uma rodovia) o filme tem a duração exata para chamar a atenção do público e ainda estabelecer um clima de tensão à flor da pele.
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 798 Assista AgoraO que começa com algo politicamente incorreto se transforma numa celebração à vida diante de novos tempos e velhas cargas emocionais. Porque ninguém é de ferro!
Fevereiro
3.8 5"Quando chegamos numa certa idade, o tempo nos dá a característica de todos os nossos ancestrais, combinado no emaranhado suave das reencarnações. E talvez no final seja assim o próximo mundo, um corredor sem fim onde todos os nossos ancestrais estão em fila, um após o outro. Simplesmente esperam virados para aquele que vive, sem palavras, sem movimentos, com um olhar paciente, seus olhos fixados em uma data"
Em tempos de pandemia, medos e incertezas, esse filme cai como puro bálsamo em corações mais angustiados. A história é simples: três fases na vida de um homem que escolhe dedicar seu amor pela simplicidade do campo e pela natureza.
É um filme lento e calmo, mas que me deixou num estado de leveza que há meses não experimentava.
Les Sans-dents
3.3 1Eis um cruzamento de Feios, Sujos e Malvados com Vida sem Destino do Harmony Korine, rodado num enorme aterro sanitário onde diversas figuras vivendo a margem da sociedade, vivem grunhindo ou se divertindo com eletrodomésticos roubados que mal sabem usarem.
O tom é burlesco mas o que mais de sobressai mesmo é o senso de deprimência e agonia das situações. Acredito que a intenção do diretor era justamente essa.
Winona
3.8 11 Assista AgoraFilme lindo, fotografia apaixonante, captando a beleza e a sensualidade de quatro mulheres sem cair na vulgaridade.
Além de falar abertamente sobre a alma feminina, o diretor ainda abre espaço para homenagear mulheres do cinema, cada qual com suas particularidades entre si. Uma joia de filme!
Sibéria
2.8 35 Assista Agora"Você finge estar aberto a todas as coisas, mas não consegue ver o quanto sua mente é fechada. Você realmente acredita que encontrará sua alma aqui?
Sua alma está fora de você e você precisa reivindica-la"
Parece até Lars von Trier só que bom
Fábulas Ruins
3.5 15A Mostra Internacional de Cinema juntamente com o Ministério da Saúde deveria advertir que assistir esse filme causa desconforto e batimentos acelerados.
Durante a sessão tive que parar tomar uma água, tamanha a apreensão que o filme me causou. Só por esses momentos de desconforto já ganharia meu total respeito; isso se o roteiro não fosse tão engenhoso ao expor suas catarses mais cinzentas na cabeça do espectador.
Ao Entardecer
3.3 2É como se os olhares cansados e perdidos dos personagens de Sharunas Bartas tivessem mostrado sua face mais resistente nesse novo trabalho, embora ainda a melancolia prevaleça como peso e emplastro sobre eles.
É um bom trabalho sobre a resistência diante do pós guerra, mas com aquele toque único do diretor.
Apenas Mortais
3.8 4O título Apenas Mortais cai perfeitamente para este filme que explora com realismo (a triste cena do banheiro) as limitações de todos nós no final de nossas jornadas.
É triste, é devastador mas é real e faz nos refletir que ninguém está acima de ninguém. Somos Apenas (meros) Mortais.
A Metamorfose dos Pássaros
4.3 41O ano de 2020 não está totalmente perdido por causa dessa pérola que veio para encher os olhos com seu esplendor. Só acho injusto ter que vê-lo numa tela pequena quando ele merece ser exposto na maior tela possível.
Viva o cinema feito com paixão! Viva o cinema português!
Cook, F**k, Kill
2.6 5Em alguns momentos, parece que estamos dentro do universo absurdo do diretor Bertrand Blier, mas aqui, a diretora que antes dirigiu My Dog Killer, (um filme bem mais sério) agora brinca com os gêneros e costura tudo com as armadilhas do amor e as dificuldades de querer agradar o(s) outro(s). Para aproveitar melhor é preciso deixar o racionalismo fácil de lado e embarcar na proposta da diretora que nunca se abre inteiramente.
Encarei como uma brincadeira absurda sobre o casamento, os "interesses" que cercam esse ato e uma possível violência que deve ser cortada pela raiz, mas o humor é tipicamente eslavo, não dá para parametrizar com qualquer outro. Quem se propor a ver, deve se deixar netflixs e comédias mais universais de lado. Aqui a idealização é outra, o humor eslavo é outro, mas as "feridas domésticas" de um casamento é a mesma.
Yesterday
4.1 29Beleza e angústia na cena da laranja.
A Casa do Sorriso
3.0 2Eu ri muito (mas de nervoso)
Rent-A-Pal
3.6 87Além de prestar uma homenagem ao mundo nostálgico do VHS, o filme acerta na cabeça com o tema dos perigos que rondam uma mente solitária.
Não apenas os personagens são bizarros mas o próprio roteiro capcioso que chega a plantar uma tensão quase homoerótica entre David e seu "amigo de aluguel"
Passa longe da perfeição, mas com certeza é um dos filmes mais esquisitos de 2020.
O Corredor
3.9 7Uma garota observa seu corpo em frente a um espelho. Um lençol é incendiado num varal por um garoto, Um toque de recolher é anunciado enquanto velas ainda choram suas chamas por alguém que partiu. Uma festa onde um punhado de pessoas dançam como se aquele fosse sua última noite.
No panorama de Sharunas Bartas, os espetros já conhecidos desfilam em um ambiente de esperas e incertezas que aos poucos vão tomando formas e significados. O diretor que nasceu na Lituânia, dá vida a fantasmas que ele sabe muito bem que existiram.
A Modelo e o Fotógrafo
3.4 6O roteiro de A Mulher da foto conversa implicitamente com a nossa geração através das imagens que tentamos passar para outras pessoas acerca de nós mesmos. Em tempos de redes sociais onde miramos nosso olhar para o belo do artifício e ignoramos a naturalidade do exterior, o filme encanta com a beleza da simplicidade que não precisa de retoques e no meio de tanta naturalidade, o diretor abre espaço para o amor e as relações humanas diante desses novos tempos.
As cenas do louva-a-deus são maravilhosas!
Exílio
3.5 2O velho assunto da imigração mundial ganhando contornos específicos do cinema grego. Planos limpos e abertos, muitas metáforas e situações histriônicas.
A Mulher e o Atirador de Facas
4.1 57"Sempre pensamos que a sorte é aquilo que não temos"
Frágil Como o Mundo
4.1 9"Daqui a mil anos, não sei como o amor será"