"Uma Mulher Fantástica" é um filme revoltante e que não só vai como deve gerar indignação, porém altamente urgente ao tramar um enredo que expõe transfobia, ódio e ignorância de maneiras tão diversas. Marina luta dia após dia pelo direito de ser quem é, e imagine o quão exaustivo é ter que entrar em batalhas constantes para ser respeitado enquanto ser humano. O título aqui é daqueles spoilers que ficamos gratos em receber, e nossa protagonista é muito mais que fantástica. É complexa. Forte. E, acima de tudo, mulher.
“Whiplash: Em Busca da Perfeição” talvez seja um acerto ainda mais grandioso que "La La Land" na pequena, mas estrelar filmografia de Damien Chazelle ao condensar de maneira genial a parte técnica versus o corpo de atores. Mas nem precisamos esquentar tentando descobrir qual é a melhor obra das duas, e sim aproveitarmos um diretor tão novo realizando filmes tão magistrais. E você até pode não gostar de jazz - a música em "Whiplash" é apenas a moldura desse grande quadro pintado com lágrimas, suor e sangue. Perfeição atingida com sucesso.
Reavendo um período clássico da Sétima Arte, a produção tanto homenageia uma época como distorce padrões ao usar estereótipos em prol de discussões sociais importantes e postas de maneira lúdica. Milagre visual com um dos finais mais arrebatadores do ano, "A Forma da Água" é um filme sobre excluídos, marginalizados e sem voz. Quando os mocinhos são uma trupe formada por uma mulher muda, uma negra, um gay e uma criatura anfíbia da Amazônia, enquanto o vilão é o homem branco americano, é a conclusão de que Del Toro fez um filme político de forma mágica e encantadora.
É belíssimo ver como "Três Anúncios" transforma meros outdoors em verdadeiros fantasmas capazes de desenterrar ódios que colocam todos os personagens contra si. Em meio à Era Trump, o filme dialoga com perfeição com a camada social doente que começa a exalar seus preconceitos, e, na atual onda feminina de denúncias contra abusos, acompanhar a luta de uma mãe em busca de justiça pela morte da filha é a história que precisávamos ver. Frances McDormand virando caçadora de estuprador e colocando todos os homens ao redor em seus devidos lugares não será menos que um clássico.
Por se tratar de uma cinebiografia, "Eu, Tonya" acaba podado em termos de originalidade, preenchendo a cartilha do formato que inevitavelmente deve ser marcada para o seu sucesso. Todavia, a obra não se limita a dar o básico, nadando num mar de criatividade nos aspectos que possuam flexibilidade para fugir do óbvio e entregar um produto que se destaque. Carregado com uma épica luta de braço de Margot Robbie e Allison Janney, "Eu, Tonya" é um retrato irônico e violentamente emocionante sobre a criação de ídolos e como a verdade é um volátil porto-seguro que pode significar nada para você.
É inevitável a sensação de familiaridade com toda a trama, todavia, além de esperarmos histórias novas, o cinema é fonte de renovação constante das histórias já contadas. O que Gerwig faz é tão difícil quanto bolar algo inédito: transformar em interessante, genuíno e sincero um produto repetido, sem cair no artificialismo. "Lady Bird" pode não ser original, mas consegue ter força pela linda união das partes, num filme aconchegante sobre seres humanos reais que estão constantemente à procura de si mesmos - árdua tarefa que todos nós enfrentamos.
"O Que te Faz Mais Forte" nem precisa ser repudiado por trazer a "pornografia de motivação" - a obra talvez nem saiba dos processos de construção de significados feitos em cima da deficiência (o próprio título já demonstra), entretanto, quando chega tão perto de se tornar um exemplo de como não objetificar esse grupo e desiste de tudo em nome de uma moral ufanista e sentimentaloide, se torna "mais um". Feito sem medo de ser feliz para agradar as massas, o filme acaba mais deficiente que seu protagonista, um Jake Gyllenhal sedento por prêmios. A sede continua.
"Me Chame Pelo Seu Nome" é uma corretíssima representação da vida gay, um importante acréscimo no debate sobre o assunto e um marco para essa população ao levar o tema à mais alta forma de entretenimento para as massas. Só é inegável perceber como ele não tem o desenvolvimento de "O Segredo de Brokeback Mountain", a delicadeza de "Carol", a crueza de "Tangerine", a importância de "Moonlight" ou a devastação de "Azul é a Cor Mais Quente", primos no cinema LGBT realizados com muito mais expertise - e muitas vezes sem metade do reconhecimento recebido de "Me Chame Pelo Seu Nome".
"O Sacrifício do Cervo Sagrado" não visa tecer críticas sociais tão evidentes como em "O Lagosta"; a obra prefere compor uma família disfuncional que só percebe suas falhas quando pressionada diante de uma situação extrema. Claro, a bizarrice do cinema do diretor está impregnada em cada segundo, em um filme incômodo que aponta o dedo ao revelar o quanto a sagrada família pode ser o antro que renderá tragédias. Caminhando sobre o gênero suspense, um fértil campo não tão explorado pelo diretor - e capinado com maestria aqui, o longa é uma exposição do amor familiar no mais destilado modo, lanthimonianamente falando, claro.
"A Deusa da Vingança" vem sofrendo ataques de um público que não é culpado: estamos acostumados a termos respostas fáceis, entregues de bandeja por um cinema abertamente comercial e que se utiliza de crenças religiosas familiares. Quando batemos a cara numa obra que não faz o mínimo esforço para se explicar, soa como algo mal feito, não finalizado e até arrogante, todavia, temos aqui um filme competente em sua proposta e execução ao orquestrar um novo olhar de referências mitológicas de maneira criativa. Basta você tentar ver além da superfície - e as profundezas às vezes assustam.
“Thelma” atinge nada longe o cinema de super-herói, sendo mais realístico e menos fantástico – toda a construção da personagem em nada se diferencia das construções dos mutantes na franquia “X-Men” -, entretanto, é inegável o requinte narrativo e técnico da película, usando metáforas e alegorias para deixar a cabeça do público voar. Com uma das melhores montagens do ano, “Thelma” consegue dialogar com diversas referências clássicas e atuais, além de instigar, provocar e, à maneira norueguesa, entreter.
"Bingo: O Rei das Manhãs" é uma viagem à cultura da celebridade e como ela afeta o ser humano e as relações com as pessoas ao seu redor, carregado com bastante louvor por Vladmir Brichta. Num país recém saído da ditadura, Bingo era um símbolo de expressão além dos limites, dentro e fora da tela. Ao mesmo tempo em que humaniza, Rezende mostra os machismos, assédios e vícios de um homem que ajudou a moldar a televisão brasileira à base de boçalidade, 70% de inspiração e 30% de uísque. O Brasil não é mesmo para quem está começando.
"Jogos Mortais: Jigsaw" felizmente não é o pior filme da série, mas está, ao mesmo tempo, distante dos melhores. Se você for fã do legado de John Kramer, essa é uma pedida sem grandes pretensões, com doses modestas de diversão e um quebra-cabeça interessante, podendo fomentar um desejo para as sequências. Se "Jogos Mortais" nunca foi sua praia, talvez o sétimo exemplar deva ser o "final" definitivo para você - ou seja lá aquele em que você parou.
"A Região Selvagem" é, no fundo de toda a bizarrice, nada mais do que uma obra sobre uma mulher se reerguendo depois de tragédias familiares e tentando sobreviver dentro de uma sociedade machista, misógina, ultrarreligiosa e homofóbica, percalços que todos nós conhecemos tão bem. É verdade, o longa não cairá no gosto do grande público pela selvageria e hermeticidade, entretanto, um filme sobre mulheres que não se sentem sexualmente satisfeitas com os machos da mesma espécie e só conseguem encontrar o prazer nos tentáculos de um alienígena não poderia ser menos que obra-prima.
“A Visita” erra como comédia, erra como terror e erra como Cinema em sua simplicidade. Mais um found footage genérico e óbvio, daqueles feitos por diretores iniciantes que estão loucos para chamar um pouco de atenção em troca de alguns trocados e, quem sabe no futuro, conseguir realizar bons filmes. Mas não estamos falando de um diretor iniciante, pelo extremo contrário. A melhor definição de “A Visita” é: Katy Perry!
"A Caça" é um complexo estudo de caso que nos recorda: não devemos jamais nos deixar levar pelas emoções numa situação crítica como a exposta. As pessoas no vilarejo acataram de imediato a culpa de Lucas e expurgaram seus ódios no alvo fácil, sem nem ao menos sentar para ouvir o que ele tinha a dizer. No entanto o que nós faríamos ali? E se acontecesse perto de nós? E se Klara fosse nossa filha? São dilemas aparentemente impossíveis de responder com clareza. "A Caça" é uma ode ao desconforto, que mexe com as certezas e as dúvidas do espectador – se essa não for uma das mais impressionantes funções do cinema, não sei o que é.
"A Morte te dá Parabéns" é um terrir - aquele terror que mistura comédia, todavia, quando não é nem ao menos divertido, não há muito o que salvar. O que poderia ser só mais um filme de terror ganha destaque negativo ao abraçar tão abertamente soluções machistas e que em nada dialogam com as discussões feministas modernas - cinema existe há mais de 100 anos e já passou da hora de entendermos que um filme é muito mais que mero entretenimento.
Em pleno 2017, vemos um roteiro, escrito por um homem, é bom pontuar, colocando uma garota querendo matar outra por causa do macho dominante. Não, obrigado.
"A Ghost Story" é um filme sobre o ato de não seguir em frente. Curiosamente, não é o lado de cá que decide não tocar com a vida, é o fantasma que se recusa a sair dali. Ele se apega desesperadamente à realidade com a esposa, à casa e sua velha vida, mesmo tudo isso tendo acabado. Existencialista, niilista, melancólico e poético, "A Ghost Story" é um longa que vai arrancar seu coração, porém, ao mesmo tempo, te encantar pela maneira belíssima que David Lowery mostra nossos objetivos nesse planetinha perdido no espaço.
Você está assistindo àquela sua série favorita. Num determinado momento o seu personagem do coração morre. Você entra em depressão, fica inconsolável, até chororô rola. Por causa de algo que não existe. Se não existe, por que você se apega tanto, chegando ao ponto de sofrer pelo destino de um ser inexistente e irreal? Em "Ela", a premissa é parecida, com o protagonista se apaixonando por uma máquina num futuro não tão distante. Somos seres tão solitários que querendo fugir disso sem medir o preço? "Ela" traz uma versão desesperançosa da nossa carência afetiva e o modo como lidamos com o mundo tecnológico.
Doses cavalares de adrenalina são fartas em “Estrada da Fúria”. A primeira hora do filme é única e exclusivamente feita de cenas de ação. Todavia, começamos a perceber uma grande falha no filme: o roteiro de “Estrada da Fúria” é construído explorando as cenas de ação e sua coreografia, não o arco narrativo – ou seja, o “drama” é um fiapo. Com exceção do visual, da veia feminista e, claro, de Charlize Theron, esse "Mad Max 4" está mais para um videogame em que não conseguimos passar de fase.
"Mãe!" possui uma forte mitologia, mas não se trata de monstros ou elementos sobrenaturais. O horror é feito pelas nossas próprias mãos, e há tempos não sentia o pavor numa sessão como o servido por "Mãe!". Bebendo claramente da fonte bíblica de "Noé", Aronofsky dá a volta por cima e realiza mais um imperdível - e sim, pretensioso - capítulo de sua cinematografia, que, apesar de não ser um filme para todos os públicos, é inesquecível pelas imagens e discussões, com a exclamação do título sendo um pequeno aviso para o que está por vir.
Sofia Coppola, que foi a segunda mulher a receber o louvável prêmio de "Melhor Direção" no Festival de Cannes 2017, consegue alcançar um interessante patamar na sua carreira com "O Estranho Que Nós Amamos". Todas as críticas que vem recebendo pelo casting branco são merecidas, porém, pior seria entregar um chavão unidimensional de uma mulher negra escrava, que destoaria de toda a complexidade das personagens brancas aqui, resumidas no travelling final, que demonstra a força daquelas mulheres.
"Death Note" é um filme ruim por si só pela equivocada direção, roteiro terrível e atuações deprimentes, mas se torna ainda pior por ser originário de um material tão rico, inteligente e desafiador. A migração para a América parece que emburrece fontes estrangeiras, e aqui temos muito pano para manga. Seria então o público norte-americano tão plastificado que o nível intelectual de algo de fora tem que ser diminuído para ser posto à venda? Chegamos a um ponto que devemos cada vez mais louvar a criatividade, a expertise e as boas produções e repudiar mercadorias que colocam o espectador em papel de idiota, para que filmes como esse "Death Note" sejam barrados antes mesmo de verem a luz do dia.
Uma Mulher Fantástica
4.1 422 Assista Agora"Uma Mulher Fantástica" é um filme revoltante e que não só vai como deve gerar indignação, porém altamente urgente ao tramar um enredo que expõe transfobia, ódio e ignorância de maneiras tão diversas. Marina luta dia após dia pelo direito de ser quem é, e imagine o quão exaustivo é ter que entrar em batalhas constantes para ser respeitado enquanto ser humano. O título aqui é daqueles spoilers que ficamos gratos em receber, e nossa protagonista é muito mais que fantástica. É complexa. Forte. E, acima de tudo, mulher.
Crítica completa: goo.gl/UQyA6j
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista Agora“Whiplash: Em Busca da Perfeição” talvez seja um acerto ainda mais grandioso que "La La Land" na pequena, mas estrelar filmografia de Damien Chazelle ao condensar de maneira genial a parte técnica versus o corpo de atores. Mas nem precisamos esquentar tentando descobrir qual é a melhor obra das duas, e sim aproveitarmos um diretor tão novo realizando filmes tão magistrais. E você até pode não gostar de jazz - a música em "Whiplash" é apenas a moldura desse grande quadro pintado com lágrimas, suor e sangue. Perfeição atingida com sucesso.
Crítica completa: goo.gl/up99Cu
A Forma da Água
3.9 2,7KReavendo um período clássico da Sétima Arte, a produção tanto homenageia uma época como distorce padrões ao usar estereótipos em prol de discussões sociais importantes e postas de maneira lúdica. Milagre visual com um dos finais mais arrebatadores do ano, "A Forma da Água" é um filme sobre excluídos, marginalizados e sem voz. Quando os mocinhos são uma trupe formada por uma mulher muda, uma negra, um gay e uma criatura anfíbia da Amazônia, enquanto o vilão é o homem branco americano, é a conclusão de que Del Toro fez um filme político de forma mágica e encantadora.
Crítica completa: goo.gl/LMmdJy
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraÉ belíssimo ver como "Três Anúncios" transforma meros outdoors em verdadeiros fantasmas capazes de desenterrar ódios que colocam todos os personagens contra si. Em meio à Era Trump, o filme dialoga com perfeição com a camada social doente que começa a exalar seus preconceitos, e, na atual onda feminina de denúncias contra abusos, acompanhar a luta de uma mãe em busca de justiça pela morte da filha é a história que precisávamos ver. Frances McDormand virando caçadora de estuprador e colocando todos os homens ao redor em seus devidos lugares não será menos que um clássico.
Crítica completa: goo.gl/sHdndn
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraPor se tratar de uma cinebiografia, "Eu, Tonya" acaba podado em termos de originalidade, preenchendo a cartilha do formato que inevitavelmente deve ser marcada para o seu sucesso. Todavia, a obra não se limita a dar o básico, nadando num mar de criatividade nos aspectos que possuam flexibilidade para fugir do óbvio e entregar um produto que se destaque. Carregado com uma épica luta de braço de Margot Robbie e Allison Janney, "Eu, Tonya" é um retrato irônico e violentamente emocionante sobre a criação de ídolos e como a verdade é um volátil porto-seguro que pode significar nada para você.
Crítica completa: goo.gl/9YR4CU
Crepúsculo
3.0 12 Assista AgoraO filme é a comprovação de que quebrar a regra #1 da Dua Lipa é uma péssima ideia.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraÉ inevitável a sensação de familiaridade com toda a trama, todavia, além de esperarmos histórias novas, o cinema é fonte de renovação constante das histórias já contadas. O que Gerwig faz é tão difícil quanto bolar algo inédito: transformar em interessante, genuíno e sincero um produto repetido, sem cair no artificialismo. "Lady Bird" pode não ser original, mas consegue ter força pela linda união das partes, num filme aconchegante sobre seres humanos reais que estão constantemente à procura de si mesmos - árdua tarefa que todos nós enfrentamos.
Crítica completa: goo.gl/v2KtMB
O Que te Faz Mais Forte
3.3 221 Assista Agora"O Que te Faz Mais Forte" nem precisa ser repudiado por trazer a "pornografia de motivação" - a obra talvez nem saiba dos processos de construção de significados feitos em cima da deficiência (o próprio título já demonstra), entretanto, quando chega tão perto de se tornar um exemplo de como não objetificar esse grupo e desiste de tudo em nome de uma moral ufanista e sentimentaloide, se torna "mais um". Feito sem medo de ser feliz para agradar as massas, o filme acaba mais deficiente que seu protagonista, um Jake Gyllenhal sedento por prêmios. A sede continua.
Crítica completa: goo.gl/Nma3VL
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista Agora"Me Chame Pelo Seu Nome" é uma corretíssima representação da vida gay, um importante acréscimo no debate sobre o assunto e um marco para essa população ao levar o tema à mais alta forma de entretenimento para as massas. Só é inegável perceber como ele não tem o desenvolvimento de "O Segredo de Brokeback Mountain", a delicadeza de "Carol", a crueza de "Tangerine", a importância de "Moonlight" ou a devastação de "Azul é a Cor Mais Quente", primos no cinema LGBT realizados com muito mais expertise - e muitas vezes sem metade do reconhecimento recebido de "Me Chame Pelo Seu Nome".
Crítica completa: goo.gl/GshgYL
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista Agora"O Sacrifício do Cervo Sagrado" não visa tecer críticas sociais tão evidentes como em "O Lagosta"; a obra prefere compor uma família disfuncional que só percebe suas falhas quando pressionada diante de uma situação extrema. Claro, a bizarrice do cinema do diretor está impregnada em cada segundo, em um filme incômodo que aponta o dedo ao revelar o quanto a sagrada família pode ser o antro que renderá tragédias. Caminhando sobre o gênero suspense, um fértil campo não tão explorado pelo diretor - e capinado com maestria aqui, o longa é uma exposição do amor familiar no mais destilado modo, lanthimonianamente falando, claro.
Crítica completa: goo.gl/5ZcJMg
A Deusa da Vingança
2.8 179 Assista Agora"A Deusa da Vingança" vem sofrendo ataques de um público que não é culpado: estamos acostumados a termos respostas fáceis, entregues de bandeja por um cinema abertamente comercial e que se utiliza de crenças religiosas familiares. Quando batemos a cara numa obra que não faz o mínimo esforço para se explicar, soa como algo mal feito, não finalizado e até arrogante, todavia, temos aqui um filme competente em sua proposta e execução ao orquestrar um novo olhar de referências mitológicas de maneira criativa. Basta você tentar ver além da superfície - e as profundezas às vezes assustam.
Crítica completa: goo.gl/AzGbYS
Thelma
3.5 342 Assista Agora“Thelma” atinge nada longe o cinema de super-herói, sendo mais realístico e menos fantástico – toda a construção da personagem em nada se diferencia das construções dos mutantes na franquia “X-Men” -, entretanto, é inegável o requinte narrativo e técnico da película, usando metáforas e alegorias para deixar a cabeça do público voar. Com uma das melhores montagens do ano, “Thelma” consegue dialogar com diversas referências clássicas e atuais, além de instigar, provocar e, à maneira norueguesa, entreter.
Crítica completa: goo.gl/HufDBw
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista Agora"Bingo: O Rei das Manhãs" é uma viagem à cultura da celebridade e como ela afeta o ser humano e as relações com as pessoas ao seu redor, carregado com bastante louvor por Vladmir Brichta. Num país recém saído da ditadura, Bingo era um símbolo de expressão além dos limites, dentro e fora da tela. Ao mesmo tempo em que humaniza, Rezende mostra os machismos, assédios e vícios de um homem que ajudou a moldar a televisão brasileira à base de boçalidade, 70% de inspiração e 30% de uísque. O Brasil não é mesmo para quem está começando.
Crítica completa: goo.gl/83nSnk
Jogos Mortais: Jigsaw
2.8 708 Assista Agora"Jogos Mortais: Jigsaw" felizmente não é o pior filme da série, mas está, ao mesmo tempo, distante dos melhores. Se você for fã do legado de John Kramer, essa é uma pedida sem grandes pretensões, com doses modestas de diversão e um quebra-cabeça interessante, podendo fomentar um desejo para as sequências. Se "Jogos Mortais" nunca foi sua praia, talvez o sétimo exemplar deva ser o "final" definitivo para você - ou seja lá aquele em que você parou.
Crítica completa: goo.gl/5aDB8c
A Região Selvagem
3.2 49 Assista Agora"A Região Selvagem" é, no fundo de toda a bizarrice, nada mais do que uma obra sobre uma mulher se reerguendo depois de tragédias familiares e tentando sobreviver dentro de uma sociedade machista, misógina, ultrarreligiosa e homofóbica, percalços que todos nós conhecemos tão bem. É verdade, o longa não cairá no gosto do grande público pela selvageria e hermeticidade, entretanto, um filme sobre mulheres que não se sentem sexualmente satisfeitas com os machos da mesma espécie e só conseguem encontrar o prazer nos tentáculos de um alienígena não poderia ser menos que obra-prima.
Crítica completa: goo.gl/zvn1jq
A Visita
3.3 1,6K Assista Agora“A Visita” erra como comédia, erra como terror e erra como Cinema em sua simplicidade. Mais um found footage genérico e óbvio, daqueles feitos por diretores iniciantes que estão loucos para chamar um pouco de atenção em troca de alguns trocados e, quem sabe no futuro, conseguir realizar bons filmes. Mas não estamos falando de um diretor iniciante, pelo extremo contrário. A melhor definição de “A Visita” é: Katy Perry!
Crítica completa: goo.gl/N68mcr
A Caça
4.2 2,0K Assista Agora"A Caça" é um complexo estudo de caso que nos recorda: não devemos jamais nos deixar levar pelas emoções numa situação crítica como a exposta. As pessoas no vilarejo acataram de imediato a culpa de Lucas e expurgaram seus ódios no alvo fácil, sem nem ao menos sentar para ouvir o que ele tinha a dizer. No entanto o que nós faríamos ali? E se acontecesse perto de nós? E se Klara fosse nossa filha? São dilemas aparentemente impossíveis de responder com clareza. "A Caça" é uma ode ao desconforto, que mexe com as certezas e as dúvidas do espectador – se essa não for uma das mais impressionantes funções do cinema, não sei o que é.
Crítica completa: goo.gl/ANb2nh
A Morte Te Dá Parabéns
3.3 1,5K Assista Agora"A Morte te dá Parabéns" é um terrir - aquele terror que mistura comédia, todavia, quando não é nem ao menos divertido, não há muito o que salvar. O que poderia ser só mais um filme de terror ganha destaque negativo ao abraçar tão abertamente soluções machistas e que em nada dialogam com as discussões feministas modernas - cinema existe há mais de 100 anos e já passou da hora de entendermos que um filme é muito mais que mero entretenimento.
Em pleno 2017, vemos um roteiro, escrito por um homem, é bom pontuar, colocando uma garota querendo matar outra por causa do macho dominante. Não, obrigado.
Crítica completa: goo.gl/7tdgRa
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista Agora"A Ghost Story" é um filme sobre o ato de não seguir em frente. Curiosamente, não é o lado de cá que decide não tocar com a vida, é o fantasma que se recusa a sair dali. Ele se apega desesperadamente à realidade com a esposa, à casa e sua velha vida, mesmo tudo isso tendo acabado. Existencialista, niilista, melancólico e poético, "A Ghost Story" é um longa que vai arrancar seu coração, porém, ao mesmo tempo, te encantar pela maneira belíssima que David Lowery mostra nossos objetivos nesse planetinha perdido no espaço.
Crítica completa: goo.gl/6fRBSf
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraVocê está assistindo àquela sua série favorita. Num determinado momento o seu personagem do coração morre. Você entra em depressão, fica inconsolável, até chororô rola. Por causa de algo que não existe. Se não existe, por que você se apega tanto, chegando ao ponto de sofrer pelo destino de um ser inexistente e irreal? Em "Ela", a premissa é parecida, com o protagonista se apaixonando por uma máquina num futuro não tão distante. Somos seres tão solitários que querendo fugir disso sem medir o preço? "Ela" traz uma versão desesperançosa da nossa carência afetiva e o modo como lidamos com o mundo tecnológico.
Crítica completa: goo.gl/7jbfYn
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraDoses cavalares de adrenalina são fartas em “Estrada da Fúria”. A primeira hora do filme é única e exclusivamente feita de cenas de ação. Todavia, começamos a perceber uma grande falha no filme: o roteiro de “Estrada da Fúria” é construído explorando as cenas de ação e sua coreografia, não o arco narrativo – ou seja, o “drama” é um fiapo. Com exceção do visual, da veia feminista e, claro, de Charlize Theron, esse "Mad Max 4" está mais para um videogame em que não conseguimos passar de fase.
Crítica completa: goo.gl/svMUbj
Mãe!
4.0 3,9K Assista Agora"Mãe!" possui uma forte mitologia, mas não se trata de monstros ou elementos sobrenaturais. O horror é feito pelas nossas próprias mãos, e há tempos não sentia o pavor numa sessão como o servido por "Mãe!". Bebendo claramente da fonte bíblica de "Noé", Aronofsky dá a volta por cima e realiza mais um imperdível - e sim, pretensioso - capítulo de sua cinematografia, que, apesar de não ser um filme para todos os públicos, é inesquecível pelas imagens e discussões, com a exclamação do título sendo um pequeno aviso para o que está por vir.
Crítica completa: goo.gl/kHUca9
O Estranho que Nós Amamos
3.2 614 Assista AgoraSofia Coppola, que foi a segunda mulher a receber o louvável prêmio de "Melhor Direção" no Festival de Cannes 2017, consegue alcançar um interessante patamar na sua carreira com "O Estranho Que Nós Amamos". Todas as críticas que vem recebendo pelo casting branco são merecidas, porém, pior seria entregar um chavão unidimensional de uma mulher negra escrava, que destoaria de toda a complexidade das personagens brancas aqui, resumidas no travelling final, que demonstra a força daquelas mulheres.
Crítica completa: goo.gl/Qj9qDx
Death Note
1.8 1,5K Assista Agora"Death Note" é um filme ruim por si só pela equivocada direção, roteiro terrível e atuações deprimentes, mas se torna ainda pior por ser originário de um material tão rico, inteligente e desafiador. A migração para a América parece que emburrece fontes estrangeiras, e aqui temos muito pano para manga. Seria então o público norte-americano tão plastificado que o nível intelectual de algo de fora tem que ser diminuído para ser posto à venda? Chegamos a um ponto que devemos cada vez mais louvar a criatividade, a expertise e as boas produções e repudiar mercadorias que colocam o espectador em papel de idiota, para que filmes como esse "Death Note" sejam barrados antes mesmo de verem a luz do dia.
Crítica completa: goo.gl/i5HxK7