Com inúmeros sucessos, o ápice de "Suspiria" é sua atmosfera. Há imagens de beleza irretocável ao lado de cenas perturbadoras, emolduradas por uma narrativa onírica que, a partir de sua técnica, tem a capacidade de transformar o mundo físico em algo etéreo e narcotizante. A obra usa o ecrã como palco de um manifesto puramente feminino, ser que secularmente aprendeu a manter a cabeça fechada e o útero aberto. Dotado de pretensão para dar e vender, "Suspiria" consegue ser traduzido por um diálogo proferido aos berros: "Isso não é vaidade, é arte".
"A Favorita" encanta na riqueza de detalhes narrativos e visuais, e quando suas protagonistas - três monstros na tela - não dão a mínima para a guerra do lado de fora de seu palácio, mais preocupadas com a batalha que acontece ali dentro - o destino da nação pouco importa quando é seu status que está em jogo. Mesmo não tendo o roteiro assinado por Yorgos Lanthimos, o longa é mais uma prova da genialidade do cineasta enquanto contador de histórias. "A Favorita" é uma luta real pelo favoritismo de uma insana rainha que escancara o nada discreto charme da burguesia.
O Inferno na fita é belo, silencioso e tranquilo, enquanto o nosso mundo é o contrário, o local onde o mal habita em sua pureza. Criticando sem medo tudo o que o império de Donald Trump representa para a cultura mundial, estamos no meio da era da ignorância, da intolerância, do preconceito e da violência. Expurgamos nossos demônios sobre outras pessoas e desejamos o extermínio. "A Casa Que Jack Construiu" é um filme dificílimo, apesar do tom jocoso, com imagens e pontuações que chocam. E devem chocar. Essa é a mensagem seminal da produção: talvez o Inferno seja aqui mesmo.
Com uma parte técnica sensacional, "Bandersnatch" não é um bom trabalho como cinema (afinal, nem cinema é) e tampouco como videogame. Tudo o que a trama tem de mais forte - os diálogos sobre Teoria do Caos e a relação de cada escolha impactando nossos destinos - é manchado por furos no roteiro e uma interatividade que se vende como absoluta, mas é limitada e limitadora de qualquer paciência. Não há o anunciado livre-arbítrio e não há a crítica do relacionamento humano/tecnologia da marca "Black Mirror", então, o que sobra de "Bandersnatch"?
Não dá para questionar o talento de Alfonso Cuarón enquanto diretor, e é uma grata surpresa ver o quão exímio cinematógrafo ele é, porém, "Roma" é mais embalagem do que conteúdo. Nem todo o coração de Cleo consegue compensar os personagens sem apelo e as situações desconexas, o que coloca em questionamento até onde o nome de Cuarón pesa para a recepção do filme. A falta de pretensão da obra gera uma simplicidade fatalista que coloca essa memória filmada num patamar aquém de sua celebração, já que é pequeno e particular demais para ser memorável.
O destino de "O Primeiro Homem" é óbvio: será ovacionado por ser mais uma história da supremacia norte-americana na Sétima Arte, potencializado pelas características técnicas de primeira linha, todavia, se não abusa do patriotismo, deixa toda a emoção ser tragada por um buraco negro. São mais de duas horas de apatia e falta de personalidade, nesse pequeno passo para Damien Chazelle - e menor ainda para o Cinema. "O Primeiro Homem" não tem a diversão de "Gravidade", a tensão de "Vida" e a emoção de "A Chegada", servindo como uma aula de História em que o professor possui o conhecimento, mas não a didática.
Entre mortos e feridos, "Os Crimes de Grindelwald" é uma evolução em relação ao pueril e vergonhoso "Animais Fantásticos", mas isso não é lá grande mérito, já que sair do "ruim" para o "fraco" não demonstra um bom trabalho. São 134 minutos que falam quase coisa nenhuma através de seus personagens insossos e narrativas irrelevantes, em mais um oco exemplar de um não-mais-tão fantástico universo. Falta magia, falta coração e falta um roteirista capacitado para tirar esse primo de "Harry Potter" da lama - que, se não fosse pelo primo rico e bem acabado, estaria fadado ao ostracismo.
Todas as dúvidas ao redor de "Nasce Uma Estrela" são bombardeadas com argumentos audiovisuais do seu esplendor. Um dos raros exemplos de remakes que não são só realizados da maneira correta como superam seus originais, a obra deixa de ser mera viagem aos bastidores da indústria do entretenimento ou mais uma platônica história de amor para realizar um estudo correto e necessário sobre a fragilidade da mente humana e nossa sucessão diária à ruína e ao sucesso. Se sua maior curiosidade é ver Lady Gaga sem maquiagem ou vestido de carne, prepare-se para ser arrebatado pela avalanche de talento que é "Nasce Uma Estela", um espetáculo na tela (e nos alto-falantes).
Montanha-russa em forma de cinema, "Buscando..." não é o primeiro nem o melhor filme a ser narrado pela tela de computadores - "The Den" ainda detém o posto -, contudo é uma sessão comercial que jamais deixa a qualidade cair em nome de uns trocados a mais, com o bônus de ser o primeiro grande suspense blockbuster norte-americano a ser estrelado por um asiático. A obra não é uma revolução no gênero ou na arte, mas é um passo bem dado rumo à fomentação de outros nomes que aliem apelo público com apuro técnico e, claro, grande abre alas à diversidade nos maiores postos na indústria.
"Ferrugem" convida a plateia a ponderar sobre temas atuais e necessários, como o cyberbullying e porn revenge. Sem maquiagem e de maneira crua, a fita exclui a catarse para por nossos pés no chão, caminhando ao lado dos personagens com uma veia naturalista imprescindível a fim de assimilarmos o tamanho do problema. Outro exemplar do poder que o cinema nacional produz ao fazer com que o espectador coloque a mão na consciência, observando com uma lupa essa trama de difícil digestão. Nós somos igual ao metal: uma vez enferrujados, não dá para voltar atrás - e precisamos assumir as responsabilidades dessa degradação.
Para receber o rótulo de "ruim", "A Freira" teria que melhorar muito, sendo o pior exemplar da franquia "Invocação do Mal". Chegamos muito, mas muito próximos de conseguir retirar nada de bom da produção - há duas ou três cenas compostas de maneira mais caprichada, o que alavancam com muito suor a fita do patamar de ostracismo absoluto. Mal sabia que, ao dizer que o filme era o "capítulo mais sombrio do universo 'Invocação do Mal'", o marketing estava sendo literal: a película é deveras escura. Não mentiram, entretanto, "A Freira" tem muita sorte de não existir reembolso no cinema pela qualidade do que pagamos para ver. Se pudesse, eu queria meu dinheiro de volta.
"Custódia" engole com ousadia o suspense pela boca do drama familiar, mas possuiria um saldo final ainda mais positivo num cenário em que o foco estivesse inteiramente em seu eixo central, sem subtramas alegóricas e vazias. Porém não se engane: a obra é um filme necessário e socialmente afiado para o nosso tempo, arremessando violências sofridas por mulheres pelas mãos do patriarcado, do machismo e da misoginia. Mesmo se passando num país mais desenvolvido, impossível não ver a história pelas nossas janelas, nessa produção que prova: em briga de marido e mulher, a gente mete a colher sim. Talvez vários finais trágicos pudessem ser evitados se colocássemos uma colher ou duas.
"O Nome da Morte" dribla expectativas, indo além das barreiras da cinebiografia e do estudo psicológico de um matador de aluguel ao saber onde se encontram suas forças cinematográficas, sejam elas de narrativa ou condução. Um retrato surpreendente de uma faceta brasileira, dando tarefa de casa para a plateia ao chamá-la para discutir sobre os complexos dilemas, sem os binarismos da luta do bem contra o mal. Somos criaturas dúbias e complicadas demais para nos resumirmos assim, encapsuladas pela moral final do filme: as mentiras e hipocrisias que contamos a nós mesmos para justificarmos nossos atos e deitarmos nossas cabeças tranquilamente no travesseiro.
O que começa parecendo uma obra que atira para todos os lados é justificada por uma sutileza avassaladora ao por na mesa discussões tão atuais e complexas. Engana-se quem acha que "First Reformed" se trata de um filme religioso. A fé teísta é mero pontapé para catapultar a profundidade niilista e misantropa do roteiro de Schrader, em seu ápice criativo como cineasta. O filme mostra como somos criaturas que nos alimentamos, antes de mais nada, de razões, de motivos, de sentidos para levantarmos pela manhã e enfrentarmos o difícil ato que é viver, e estamos numa eterna caça por algo ou alguém que nos garanta essas certezas.
Mesmo com toda a regularidade de execução, "Todo Dia" é um sessão válida por trazer uma mitologia tão diferente para dentro do romance, gênero tão saturado, principalmente com o enfoque adolescente. A obra caminha de forma bem lúdica sobre questões de gênero, sexualidade, identidade e vários pontos inerentes à natureza humana. A falta de profundidade a fim de cativar o maior número possível de pessoas por meio da frivolidade do texto é o que retira da notoriedade, introduzindo-o na lista de desperdícios de material. Mas vale a pena essa aventura de um espírito bissexual e gênero fluido a procura do amor.
"The Tale", no frigir dos ovos, tem sua mensagem como foco de poder, e não sua realização, sendo muito mais utilidade pública contra a pedofilia do que cinema. Suas pontuais discussões textuais e visuais imprescindíveis não são combustíveis suficientes para alçar a obra a um patamar de elevada arte. Mesmo sem jamais estampar uma etiqueta de "filme ruim", pela coragem não apenas de falar sobre as armadilhas da pedofilia como por ser uma história real, "The Tale" é quando a mensagem é maior que o próprio filme.
Em boa parte da duração, parece que "Hereditário" se contentará em ser um filme que, ao invés de produzir medo, vai explanar acerca do seu impacto sobre o ser humano, o que é concreto até chegarmos no clímax, um pesadelo assustador na tela que não mede limites para catapultar o espectador no meio do pandemônio instaurado. Tudo é milimetricamente justificável, e, por isso, ainda mais aterrador e impactante, parindo diante dos nossos olhos um dos melhores finais da história do cinema de terror. Daqueles filmes fundamentais não só para o gênero como também para o Cinema. "O Exorcista" finalmente encontrou seu filhote no novo século.
"Desobediência" tinha em mãos material suficiente para ser apenas outro filme LGBT que coloca seus personagens contra a intolerância da religião, mas é produção de valor pelo domínio cinematográfico de todos os elementos na tela. E é exatamente aqui que está o fator diferenciador entre o filme "mais um" e o "notável". Nome a surgir para fortalecer o cinema lésbico, "Desobediência" é manifesto que supera gêneros para nos lembrar que amar é um ato de provocação, e algumas transgressões são imprescindíveis para que possamos alcançar a liberdade absoluta de sermos quem somos.
"Transamérica" faz jus ao seu nome e é um filme inegavelmente americano: as músicas country da trilha, o formato roadmovie e a ressignificação do "sonho americano"; todavia, imperativamente é feliz ao ultrapassar as barreiras geográficas e culturais para se tornar universal, numa obra que cumpre genialmente o papel de tecer as dificuldades da vida de uma pessoa transexual. Com um roteiro complexo, desafiador e que não poupa discussões, é um júbilo acompanhar uma trama tão cheia de camadas que faz com que seus personagens aprendam sobre si mesmos no decorrer da estrada - e a plateia não está isenta disso.
O cinema nacional infelizmente tende a cair na repetição, então "As Boas Maneiras" joga todos os arquétipos dos nosso clichês pela janela para dar lugar a uma trama incomum, fantástica e com muito frescor. Essa fábula urbana é um trabalho de gênero notório que demonstra sem titubear o quanto possuímos criatividade para sairmos da mesmice, entregando mercadorias cinematográficas aquém de nenhum lugar. Mesmo indo longe demais para uma plateia mais comercial, "As Boas Maneiras" é um louvor em concepção e realização, com um gore pontual que mostra que o sangue é verde e amarelo nesse bizarro filme sobre uma mulher lésbica que tem a vida mudada por um bebê lobisomem.
Com uma narrativa defeituosa que subestima seus próprios personagens, "Com Amor, Simon" é uma fita que pode até ajudar quem começa a discutir sobre sua própria homossexualidade. Apesar de ser uma história que merece ser feita, está gritantemente atrás em termos de importância e relevância de tantos outros longas LGBTQs. Teríamos uma história bem mais notável dentro do cinema gay e, talvez, dentro da Sétima Arte caso o protagonista fosse aquele colega de escola de Simon: subutilizado, negro, afeminado e que sofre preconceito constante. Ele, que põe a cara para bater todos os dias e se autoafirma mesmo com toda opressão, é a verdadeira revolução de "Com Amor, Simon".
Um dos melhores e mais relevantes retratos da masculinidade tóxica que o cinema já viu, "Os Iniciados" é obra primordial para citarmos nossos próprios privilégios ao passo que notamos o quanto o machismo sufoca, o patriarcado ataca e nossa homofobia silencia. Esse "Moonlight" versão africana se diferencia da fatia gay no cinema ao trazer grande e valioso reforço cultural para compor suas situações, encurralando seus personagens, encarcerados em tradições opressoras que rendem discussões fortes, cruas e poderosas no ecrã.
"Aos Teus Olhos" é um acerto atual que se utiliza de tratamento quase documental em sua ficção e supera os rótulos de "bem feito", "boas atuações" ou "ótima trilha sonora" pra entrar na esfera do debate, função seminal da Sétima Arte. Entrando no campo secular que é a discussão sobre o conceito de justiça, a produção retrata da maneira mais próxima possível o quanto as redes sociais podem estar deturpando esse conceito. No momento em que as opiniões das pessoas se tornam notícias e, consequentemente, verdades, estamos com legítimas armas em formato de smartphones.
Produto perfeito do cinema de terror fast-food, "Os Estranhos: Caçada Noturna" representa todo um mercado lucrativo de preguiça criativa que jamais deixará de ser produzido, visto o alto número de consumidores. Enquanto o primeiro explora melhor a ambientação em prol do suspense, "Caçada Noturna" não dá a mínima para a atmosfera e prefere cair de cabeça num gore fraquíssimo e sem propósito, excluindo toda a veia de comédia sádica dos vilões e abraçando os gritos das vítimas, cada vez mais imbecilóides. E olha que o original já era ruim.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraCom inúmeros sucessos, o ápice de "Suspiria" é sua atmosfera. Há imagens de beleza irretocável ao lado de cenas perturbadoras, emolduradas por uma narrativa onírica que, a partir de sua técnica, tem a capacidade de transformar o mundo físico em algo etéreo e narcotizante. A obra usa o ecrã como palco de um manifesto puramente feminino, ser que secularmente aprendeu a manter a cabeça fechada e o útero aberto. Dotado de pretensão para dar e vender, "Suspiria" consegue ser traduzido por um diálogo proferido aos berros: "Isso não é vaidade, é arte".
Crítica completa: www.bit.ly/2ATeUBD
A Favorita
3.9 1,2K Assista Agora"A Favorita" encanta na riqueza de detalhes narrativos e visuais, e quando suas protagonistas - três monstros na tela - não dão a mínima para a guerra do lado de fora de seu palácio, mais preocupadas com a batalha que acontece ali dentro - o destino da nação pouco importa quando é seu status que está em jogo. Mesmo não tendo o roteiro assinado por Yorgos Lanthimos, o longa é mais uma prova da genialidade do cineasta enquanto contador de histórias. "A Favorita" é uma luta real pelo favoritismo de uma insana rainha que escancara o nada discreto charme da burguesia.
Crítica completa: www.bit.ly/2RKYXH3
A Casa Que Jack Construiu
3.5 788 Assista AgoraO Inferno na fita é belo, silencioso e tranquilo, enquanto o nosso mundo é o contrário, o local onde o mal habita em sua pureza. Criticando sem medo tudo o que o império de Donald Trump representa para a cultura mundial, estamos no meio da era da ignorância, da intolerância, do preconceito e da violência. Expurgamos nossos demônios sobre outras pessoas e desejamos o extermínio. "A Casa Que Jack Construiu" é um filme dificílimo, apesar do tom jocoso, com imagens e pontuações que chocam. E devem chocar. Essa é a mensagem seminal da produção: talvez o Inferno seja aqui mesmo.
Crítica completa: www.bit.ly/2sfszhv
Black Mirror: Bandersnatch
3.5 1,4KCom uma parte técnica sensacional, "Bandersnatch" não é um bom trabalho como cinema (afinal, nem cinema é) e tampouco como videogame. Tudo o que a trama tem de mais forte - os diálogos sobre Teoria do Caos e a relação de cada escolha impactando nossos destinos - é manchado por furos no roteiro e uma interatividade que se vende como absoluta, mas é limitada e limitadora de qualquer paciência. Não há o anunciado livre-arbítrio e não há a crítica do relacionamento humano/tecnologia da marca "Black Mirror", então, o que sobra de "Bandersnatch"?
Crítica completa: www.bit.ly/2F6fAXZ
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraNão dá para questionar o talento de Alfonso Cuarón enquanto diretor, e é uma grata surpresa ver o quão exímio cinematógrafo ele é, porém, "Roma" é mais embalagem do que conteúdo. Nem todo o coração de Cleo consegue compensar os personagens sem apelo e as situações desconexas, o que coloca em questionamento até onde o nome de Cuarón pesa para a recepção do filme. A falta de pretensão da obra gera uma simplicidade fatalista que coloca essa memória filmada num patamar aquém de sua celebração, já que é pequeno e particular demais para ser memorável.
Crítica completa: www.bit.ly/2GrR7ha
O Primeiro Homem
3.6 649 Assista AgoraO destino de "O Primeiro Homem" é óbvio: será ovacionado por ser mais uma história da supremacia norte-americana na Sétima Arte, potencializado pelas características técnicas de primeira linha, todavia, se não abusa do patriotismo, deixa toda a emoção ser tragada por um buraco negro. São mais de duas horas de apatia e falta de personalidade, nesse pequeno passo para Damien Chazelle - e menor ainda para o Cinema. "O Primeiro Homem" não tem a diversão de "Gravidade", a tensão de "Vida" e a emoção de "A Chegada", servindo como uma aula de História em que o professor possui o conhecimento, mas não a didática.
Crítica completa: www.bit.ly/2BFWu8c
Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald
3.5 1,1K Assista AgoraEntre mortos e feridos, "Os Crimes de Grindelwald" é uma evolução em relação ao pueril e vergonhoso "Animais Fantásticos", mas isso não é lá grande mérito, já que sair do "ruim" para o "fraco" não demonstra um bom trabalho. São 134 minutos que falam quase coisa nenhuma através de seus personagens insossos e narrativas irrelevantes, em mais um oco exemplar de um não-mais-tão fantástico universo. Falta magia, falta coração e falta um roteirista capacitado para tirar esse primo de "Harry Potter" da lama - que, se não fosse pelo primo rico e bem acabado, estaria fadado ao ostracismo.
Crítica completa: www.goo.gl/zWbgoK
Nasce Uma Estrela
4.0 2,4K Assista AgoraTodas as dúvidas ao redor de "Nasce Uma Estrela" são bombardeadas com argumentos audiovisuais do seu esplendor. Um dos raros exemplos de remakes que não são só realizados da maneira correta como superam seus originais, a obra deixa de ser mera viagem aos bastidores da indústria do entretenimento ou mais uma platônica história de amor para realizar um estudo correto e necessário sobre a fragilidade da mente humana e nossa sucessão diária à ruína e ao sucesso. Se sua maior curiosidade é ver Lady Gaga sem maquiagem ou vestido de carne, prepare-se para ser arrebatado pela avalanche de talento que é "Nasce Uma Estela", um espetáculo na tela (e nos alto-falantes).
Crítica completa: www.goo.gl/5UmdmE
Buscando...
4.0 1,3K Assista AgoraMontanha-russa em forma de cinema, "Buscando..." não é o primeiro nem o melhor filme a ser narrado pela tela de computadores - "The Den" ainda detém o posto -, contudo é uma sessão comercial que jamais deixa a qualidade cair em nome de uns trocados a mais, com o bônus de ser o primeiro grande suspense blockbuster norte-americano a ser estrelado por um asiático. A obra não é uma revolução no gênero ou na arte, mas é um passo bem dado rumo à fomentação de outros nomes que aliem apelo público com apuro técnico e, claro, grande abre alas à diversidade nos maiores postos na indústria.
Crítica completa: www.goo.gl/d3cH8W
Ferrugem
2.9 129"Ferrugem" convida a plateia a ponderar sobre temas atuais e necessários, como o cyberbullying e porn revenge. Sem maquiagem e de maneira crua, a fita exclui a catarse para por nossos pés no chão, caminhando ao lado dos personagens com uma veia naturalista imprescindível a fim de assimilarmos o tamanho do problema. Outro exemplar do poder que o cinema nacional produz ao fazer com que o espectador coloque a mão na consciência, observando com uma lupa essa trama de difícil digestão. Nós somos igual ao metal: uma vez enferrujados, não dá para voltar atrás - e precisamos assumir as responsabilidades dessa degradação.
Crítica completa: www.goo.gl/Q5Ug6M
A Freira
2.5 1,5K Assista AgoraPara receber o rótulo de "ruim", "A Freira" teria que melhorar muito, sendo o pior exemplar da franquia "Invocação do Mal". Chegamos muito, mas muito próximos de conseguir retirar nada de bom da produção - há duas ou três cenas compostas de maneira mais caprichada, o que alavancam com muito suor a fita do patamar de ostracismo absoluto. Mal sabia que, ao dizer que o filme era o "capítulo mais sombrio do universo 'Invocação do Mal'", o marketing estava sendo literal: a película é deveras escura. Não mentiram, entretanto, "A Freira" tem muita sorte de não existir reembolso no cinema pela qualidade do que pagamos para ver. Se pudesse, eu queria meu dinheiro de volta.
Crítica completa: www.goo.gl/SrvGU1
Custódia
4.2 157"Custódia" engole com ousadia o suspense pela boca do drama familiar, mas possuiria um saldo final ainda mais positivo num cenário em que o foco estivesse inteiramente em seu eixo central, sem subtramas alegóricas e vazias. Porém não se engane: a obra é um filme necessário e socialmente afiado para o nosso tempo, arremessando violências sofridas por mulheres pelas mãos do patriarcado, do machismo e da misoginia. Mesmo se passando num país mais desenvolvido, impossível não ver a história pelas nossas janelas, nessa produção que prova: em briga de marido e mulher, a gente mete a colher sim. Talvez vários finais trágicos pudessem ser evitados se colocássemos uma colher ou duas.
Crítica completa: www.goo.gl/e6pKbQ
O Nome da Morte
3.4 156"O Nome da Morte" dribla expectativas, indo além das barreiras da cinebiografia e do estudo psicológico de um matador de aluguel ao saber onde se encontram suas forças cinematográficas, sejam elas de narrativa ou condução. Um retrato surpreendente de uma faceta brasileira, dando tarefa de casa para a plateia ao chamá-la para discutir sobre os complexos dilemas, sem os binarismos da luta do bem contra o mal. Somos criaturas dúbias e complicadas demais para nos resumirmos assim, encapsuladas pela moral final do filme: as mentiras e hipocrisias que contamos a nós mesmos para justificarmos nossos atos e deitarmos nossas cabeças tranquilamente no travesseiro.
Crítica completa: www.goo.gl/Y2gPTg
Fé Corrompida
3.7 376 Assista AgoraO que começa parecendo uma obra que atira para todos os lados é justificada por uma sutileza avassaladora ao por na mesa discussões tão atuais e complexas. Engana-se quem acha que "First Reformed" se trata de um filme religioso. A fé teísta é mero pontapé para catapultar a profundidade niilista e misantropa do roteiro de Schrader, em seu ápice criativo como cineasta. O filme mostra como somos criaturas que nos alimentamos, antes de mais nada, de razões, de motivos, de sentidos para levantarmos pela manhã e enfrentarmos o difícil ato que é viver, e estamos numa eterna caça por algo ou alguém que nos garanta essas certezas.
Crítica completa: www.goo.gl/SxYcTL
Todo Dia
3.4 426 Assista AgoraMesmo com toda a regularidade de execução, "Todo Dia" é um sessão válida por trazer uma mitologia tão diferente para dentro do romance, gênero tão saturado, principalmente com o enfoque adolescente. A obra caminha de forma bem lúdica sobre questões de gênero, sexualidade, identidade e vários pontos inerentes à natureza humana. A falta de profundidade a fim de cativar o maior número possível de pessoas por meio da frivolidade do texto é o que retira da notoriedade, introduzindo-o na lista de desperdícios de material. Mas vale a pena essa aventura de um espírito bissexual e gênero fluido a procura do amor.
Crítica completa: www.goo.gl/ZBvHZm
O Conto
4.1 339 Assista Agora"The Tale", no frigir dos ovos, tem sua mensagem como foco de poder, e não sua realização, sendo muito mais utilidade pública contra a pedofilia do que cinema. Suas pontuais discussões textuais e visuais imprescindíveis não são combustíveis suficientes para alçar a obra a um patamar de elevada arte. Mesmo sem jamais estampar uma etiqueta de "filme ruim", pela coragem não apenas de falar sobre as armadilhas da pedofilia como por ser uma história real, "The Tale" é quando a mensagem é maior que o próprio filme.
Crítica completa: www.goo.gl/RDvo9b
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraEm boa parte da duração, parece que "Hereditário" se contentará em ser um filme que, ao invés de produzir medo, vai explanar acerca do seu impacto sobre o ser humano, o que é concreto até chegarmos no clímax, um pesadelo assustador na tela que não mede limites para catapultar o espectador no meio do pandemônio instaurado. Tudo é milimetricamente justificável, e, por isso, ainda mais aterrador e impactante, parindo diante dos nossos olhos um dos melhores finais da história do cinema de terror. Daqueles filmes fundamentais não só para o gênero como também para o Cinema. "O Exorcista" finalmente encontrou seu filhote no novo século.
Crítica completa: www.goo.gl/BqQLJb
Desobediência
3.7 721 Assista Agora"Desobediência" tinha em mãos material suficiente para ser apenas outro filme LGBT que coloca seus personagens contra a intolerância da religião, mas é produção de valor pelo domínio cinematográfico de todos os elementos na tela. E é exatamente aqui que está o fator diferenciador entre o filme "mais um" e o "notável". Nome a surgir para fortalecer o cinema lésbico, "Desobediência" é manifesto que supera gêneros para nos lembrar que amar é um ato de provocação, e algumas transgressões são imprescindíveis para que possamos alcançar a liberdade absoluta de sermos quem somos.
Crítica completa: www.goo.gl/z7o5xM
Transamerica
4.1 746 Assista Agora"Transamérica" faz jus ao seu nome e é um filme inegavelmente americano: as músicas country da trilha, o formato roadmovie e a ressignificação do "sonho americano"; todavia, imperativamente é feliz ao ultrapassar as barreiras geográficas e culturais para se tornar universal, numa obra que cumpre genialmente o papel de tecer as dificuldades da vida de uma pessoa transexual. Com um roteiro complexo, desafiador e que não poupa discussões, é um júbilo acompanhar uma trama tão cheia de camadas que faz com que seus personagens aprendam sobre si mesmos no decorrer da estrada - e a plateia não está isenta disso.
Crítica completa: www.goo.gl/cv7YeJ
As Boas Maneiras
3.5 648 Assista AgoraO cinema nacional infelizmente tende a cair na repetição, então "As Boas Maneiras" joga todos os arquétipos dos nosso clichês pela janela para dar lugar a uma trama incomum, fantástica e com muito frescor. Essa fábula urbana é um trabalho de gênero notório que demonstra sem titubear o quanto possuímos criatividade para sairmos da mesmice, entregando mercadorias cinematográficas aquém de nenhum lugar. Mesmo indo longe demais para uma plateia mais comercial, "As Boas Maneiras" é um louvor em concepção e realização, com um gore pontual que mostra que o sangue é verde e amarelo nesse bizarro filme sobre uma mulher lésbica que tem a vida mudada por um bebê lobisomem.
Crítica completa: www.goo.gl/Afdysb
Com Amor, Simon
4.0 1,2K Assista AgoraCom uma narrativa defeituosa que subestima seus próprios personagens, "Com Amor, Simon" é uma fita que pode até ajudar quem começa a discutir sobre sua própria homossexualidade. Apesar de ser uma história que merece ser feita, está gritantemente atrás em termos de importância e relevância de tantos outros longas LGBTQs. Teríamos uma história bem mais notável dentro do cinema gay e, talvez, dentro da Sétima Arte caso o protagonista fosse aquele colega de escola de Simon: subutilizado, negro, afeminado e que sofre preconceito constante. Ele, que põe a cara para bater todos os dias e se autoafirma mesmo com toda opressão, é a verdadeira revolução de "Com Amor, Simon".
Crítica completa: www.goo.gl/jQP1uV
Os Iniciados
3.6 47 Assista AgoraUm dos melhores e mais relevantes retratos da masculinidade tóxica que o cinema já viu, "Os Iniciados" é obra primordial para citarmos nossos próprios privilégios ao passo que notamos o quanto o machismo sufoca, o patriarcado ataca e nossa homofobia silencia. Esse "Moonlight" versão africana se diferencia da fatia gay no cinema ao trazer grande e valioso reforço cultural para compor suas situações, encurralando seus personagens, encarcerados em tradições opressoras que rendem discussões fortes, cruas e poderosas no ecrã.
Crítica completa: goo.gl/ndnsH3
Aos Teus Olhos
3.4 288 Assista Agora"Aos Teus Olhos" é um acerto atual que se utiliza de tratamento quase documental em sua ficção e supera os rótulos de "bem feito", "boas atuações" ou "ótima trilha sonora" pra entrar na esfera do debate, função seminal da Sétima Arte. Entrando no campo secular que é a discussão sobre o conceito de justiça, a produção retrata da maneira mais próxima possível o quanto as redes sociais podem estar deturpando esse conceito. No momento em que as opiniões das pessoas se tornam notícias e, consequentemente, verdades, estamos com legítimas armas em formato de smartphones.
Crítica completa: goo.gl/BqC3gY
Os Estranhos: Caçada Noturna
2.6 526 Assista AgoraProduto perfeito do cinema de terror fast-food, "Os Estranhos: Caçada Noturna" representa todo um mercado lucrativo de preguiça criativa que jamais deixará de ser produzido, visto o alto número de consumidores. Enquanto o primeiro explora melhor a ambientação em prol do suspense, "Caçada Noturna" não dá a mínima para a atmosfera e prefere cair de cabeça num gore fraquíssimo e sem propósito, excluindo toda a veia de comédia sádica dos vilões e abraçando os gritos das vítimas, cada vez mais imbecilóides. E olha que o original já era ruim.
Crítica completa: goo.gl/e9L21X