A sinopse soa bela, quando em teoria. Na prática, nos traz um enredo pobre, que tinha tudo para ser incrível, e é de todo fraco e deveras maçante.
Há, decerto, uma questão latente na trama: desigualdade social. Em vários momentos do filme, do começo ao fim, me pego vendo perfeitamente a personificação da burguesia classe média em contraponto com a pobreza em sua essência. Um ponto pra se focar em demasia e dali arrancar o sumo perfeito pra uma boa dose de reflexão. Por isso me pego pensando que Lordello teve a faca e o queijo na mão, porém, não soube fazer uso de nada. Com raros momentos de uma deliciosa fotografia, Eles Voltam não me traz sensação além de um imenso vazio. Não consegui perceber que a protagonista Cris conseguiu arrancar qualquer lição (ou até mesmo um sentimento que seja) de toda a sua curta vivência com a pobreza. Vejo uma adolescente presunçosa e mesquinha, o mesmo que sinto em relação à seu irmão Peu, e ao resto de sua família. Se a intenção de Lordello era mostrar apenas a dura e congelada visão de uma sociedade burguesa, associada à indiferença que a mesma possui quanto à classe baixa, ele acertou em cheio. O filme é tão vazio e raso que me causou, em demasia, um desconforto fora do comum. Pensar que este filme foi eleito Melhor Filme me dá espasmos.
Eles Voltam não passa de uma extensão amarga de O Som ao Redor (outro filme que me soa desagradável aos sentidos).
Impossível começar a comentar sobre este filme sem antes destacar a delicada perfeição da atuação de nossa Binoche. Doce, decerto, porém, violenta. Visceral em seus movimentos cautelosos, quando em lágrimas que nos comovem, arrepiam os ossos. Creio que este filme tenha que ser visto como um sucessor de Camille Claudel, de Nuytten. Tendo em foco apenas o ano de 1915, obviamente, quando vemos apenas o lado sombrio de uma Camille pós Rodin, que sangramos em lástimas ao lembrarmos da inocência de uma artista Claudel. De uma figura ilustre sendo podada dentro de tal gaiola nauseante. O filme nos traz tais sensações. Claustrofobia e pânico dentro do ínfimo quarto, da mania de perseguição, do sofrimento inocente de Camille, que logo abarcam no oposto do imenso terreno que circunda o asilo. As cenas cortadas paralelamente entre a prisão e seu contraste na natureza vista da janela são, decerto, marcas de uma fotografia de tirar o fôlego. Duas coisas que realmente valem ressaltar neste filme: a esplêndida Binoche, e a fotografia. Principalmente na cena em que Camille senta-se na sala com mais outras duas loucas, e olha para a janela. O sol refletindo no tapete. O vaso de flores e a poltrona. Tudo mostrado delicadamente dentro de suas minúcias. E claro que as árvores e os morros fazem jus a tal lugar de beleza sublime. Senti-me dentro de uma quadro, apreciando tamanho jogo de cores focados na paleta cinza. No chacoalhar das árvores quase me senti dentro do filme de Renoir, que traz a mesma pegada na fotografia.
Lindo. É um filme lindo. Dumont merece reconhecimento no que diz respeito à sua linguagem cênica. Nos tira do chão e nos move à tela. Ele fala em torno dos gestos, das sombras e do sol encostando nas folhas. Esse olho marejado de Binoche também é nosso!
Nada muito incrível, porém a trama segue envolvente. Seja por sua atmosfera asiática que nos remete à sensação de aconchego, ou aos muitos goles de cerveja que nos dão vontade de encher a cara junto com o filme. Nossa Sunhi - também minha -, retrata a beleza na simplicidade e delicadeza. Típico de filmes orientais. Sunhi é bela não apenas por aspectos físicos (que são estonteantes, devo dizer), mas por todo o seu charme silencioso. A ênfase no fato de a mesma ser exageradamente reservada e ter sede de fuga só nos remete à tal necessidade de buscar cada vez mais um entendimento do que se passa dentro da cabeça da inocente Sunhi e seus ímpetos impulsivos. Por isso ela é digna de ser dita nossa. Minha, sua, e dos três personagens que percorrem a trama. Todos curiosos por desvendar e embarcar no mistério de Sunhi - o que acaba, eventualmente, ocasionando em paixão.
Eu virei líquida, meus órgãos e vísceras derretendo em forma de pasta, papa, gosma, esborrando em copos e corpos que já não me cabiam. Vibrei ao perceber que assim eu era livre, e segui saindo de dentro de mim, e entrando e voltando, nessa coisa de nunca me soltar, mas sempre me manter em completa sintonia com as minhas vontades. Zé Celso me explicou que não existe diferença - corpo e espírito fazem parte da mesma matéria. E o canto que a gente canta sai de dentro da alma, e nutre-se em organismo, para assim, em busca de evasão, cercar a contingência. Quem é de canto, canta. Quem é de grito, grita. Quem é choro, chora. Mas deixa sair, mas deixa quebrar. A gente se sente artista e até sai gritando EVOÉ, EVOÉ!, é cantiga de carnaval, é páscoa, ai meu deus, é são joão! Se sentir artista é se sentir firmemente e inevitavelmente ligado ao oceano da Arte que sempre joga as sementes no nosso cerne, e espera, pacientemente, que nossos corpos façam o trabalho de fecundá-las. Um dia cresce. Um dia brota. E vira broto, muda, sei lá, essa árvore imerge e dá fruto com gosto de sangue, porque é nosso. A gente se come como o bispo foi comido pelos canibais na praia de Cururipe. A gente é canibal, a gente come gente. Zé Celso, como bom antropófago, me comeu, me digeriu, e me vomitou numa dose poética tão iluminada, que o ronronar de seu estômago me toma num lirismo descabido. Ao se dar conta de seu potencial como pessoa, o ser-humano cria essa necessidade de devorar os outros e a si mesmo (ao passo em que permite que suas dores sejam desumanizadas e libertas com a capacidade de serem animalizadas), e a evasão acontece aquém vontades, desejos, é fluido, é fome. Comendo, acrescenta-se a si essa busca intensa pela quebra invisível e notória dos paradigmas estipulados por essa sociedade de fato cafona, arcaica, nojenta, essa fome de se eletrocutar e ser torturado, mas ainda assim, buscar em terra firme, esse sopro de vida em olhares humanos. A liberdade é cultivada em demasia como sentimento pequeno-burguês, e em sua essência, representa não O QUE SOU, mas O QUE NÃO SOU. É essa a liberdade que existe no vocabulário de Caetano Veloso e Gilberto Gil. É essa erradicação da bossa nova sendo cantarolada em sopro de ironia no suspense brilhante da Tropicália. A gente é vivo, porque a gente é revolução. EVOÉ!
Fica mais interessante se tu imagina o grupo do Kick Ass como militantes ativistas e o grupo do MotherFucker como o governo. A polícia sempre atirando pra todos os lados e nunca atingindo o que deve ser o verdadeiro alvo, o que acaba tornando-se seu aliado.
De forma crua mostra todas as necessidades humanas que devem ser buscadas no convívio em sociedade, sendo limitadas ao mundo da internet. Sexo, alguém para conversar, um pai ausente, alguém que te ouça. Num mundo onde todos são carentes, as dissonâncias marcam iminência, e assim, todos sentem-se sozinhos em seus próprios computadores. O paradoxo do século XXI.
Um documentário lindo em sua essência, visceral em sua Arte. Intensa a forma como exibe as semelhanças entre ambas as culturas, que dentro de suas mazelas embarca num povo de uma energia contagiante, e isso nos dá uma sensação aquém física quando a música toca. Uma mistura de gente e de ritmos que se entrelaçam num só, à medida que o batuque do tambor ganha iminência, a baqueta na alfaia, a mão no pandeiro, os dedos no berimbau... Uma junção surreal de cores e danças que nos transmite à um mundo mágico. Uma lapada de cachaça, pólvora e limão pra três dias carnaval com o Caboclo de Lança, um espetáculo com Beth de Oxum, uma cubana que, sorridente, nos transfigura à realidade ardente de Cuba sem fugir da precária esfera social latente. Um documentário que todos devem assistir para assimilar as características mais intensas desse nosso povo Brasil, Pernambuco, Recife, Olinda, derramando em Cuba, e vice-versa. Um embalo crítico e envolvente sobre atmosferas sociais, religiosas, físicas e morais. A cultura da dança de um povo que se mistura com a religião, com o Candomblé, com a Ave Maria, com Oxum.
Quando o Ryu tira a foto polaroid da criança chorando, ela ainda está agarrada com a boneca e ele está segurando o colar. O choro é justamente por ele ter se negado a entregá-la. Após ele tirar a foto, ele troca o colar pela boneca. Ao pai da menina encontrar o "louco das pedras" usando o colar, ele reconhece por ver na foto a criança chorando usando o colar. Impossível esta foto ter existido daquela maneira, assim como é impossível aquele colar ser reconhecido pelo pai.
A angústia neste filme é bem presente, do início ao fim, com suas cenas lentas, que nos fazem sentir de forma mais realista a agonia presente entre essa relação doentia.
Um gângster que toca e canta Britney Spears no piano? Fala sério... E este é o mesmo cara que vai matar o inimigo com duas gurias de faculdade.
Roteiro super falhado, sem noção, completamente vago e desestimulante. Tornou-se uma obra altamente maçante que com suas cenas em maioria slow motion e sua repetição de frases me levou ao profundo tédio.
Principalmente se visto no cinema, este filme é a combinação perfeita para o deleite de nossos olhos. Esteticamente impecável, figurinos belíssimos, efeitos de extrema magnitude e paisagens, no mínimo, mágicas. Assim creio que deve ser visto levando em conta como uma versão alternativa em efeitos, e em enredo. Modificou-se por completo a personagem de Gatsby em relação à sua personalidade, e formas de agir, assim como também modificaram traços marcantes de Daisy que foram recolhidos tentando transpor uma personagem vítima de seu amante em termos psicológicos, e com isso, trazendo uma nova concepção à estória. Várias cenas foram modificadas, outras em exagero, e outras cortadas (algumas, inclusive, que achei de teor fundamental para a trama). Sei que a intenção é sim aumentar nos níveis estéticos e alguns até em formas de atuação, porém, achei que tornou-se desgastante em dados momentos, quando inventaram cenas que jamais fizeram parte no livro, seja implicitamente ou não.
Uma das cenas que achei um pecado terem modificado, foi a que o Tom encontra-se em princípio com sua amante Myrtle no apartamento de ambos, tendo Nick como companhia. Não há aquela sessão de orgias e drogas como enfiaram ali. Em nenhum momento há essa questão da sensualidade explícita em foco, muito menos de embriagados numa janela de Nova Iorque. Há exageros e há exageros. Não conseguiria me lembrar de todas, mas outra coisa que não achei cabível foi o Gatsby usar o tal anel no dedinho do início ao fim do filme. O anel é um presente que ele tenta dar à Daisy, mas esta, perante a recusa, coloca no único dedo do amante que serve o tal anel: o dedinho. E assim, num gesto de lembrança e amor, Jay prossegue com o uso do anel no dedo até o fim de sua vida. Uma cena que não existe no livro (que eu me lembre), porém há na versão de 1974, é o encontro de Daisy e Tom com Nick, enquanto seguram as malas indo embora para outra cidade, e Daisy age como se nada tivesse ocorrido de fato. Em tal cena deixa-se claro a superficialidade de Daisy sobre os sentimentos dos outros e de si mesma, e em como ela usa a máscara do dinheiro para suprir suas necessidades físicas ou psicológicas. Sinto que Carey Mulligan deixou a desejar em tal papel, e mesmo com a voz irritante de Mia Farrow, creio que ela captou mais verdadeiramente a essência da personagem. Confesso que até achei cabível ter colocado o Nick como um paciente terapêutico, porém, o fim, mesmo que emocionante, o senti incompleto. Faltou, decerto, o funeral de Gatsby com a chegada de seu pai e sua emoção ao encontrar as protuberâncias de seu filho em formas de mansão e dinheiro. Ali, em minha opinião, seria o ponto crucial sobre a verdadeira vida de Gatsby e em como ele era em sua essência. A única verdade sobre sua completa e imensa estória de farsas.
De todo modo, para quem não tem informação prévia sobre a estória, o filme é esplêndido e supre as qualidades necessárias para um filme de sucesso. Mas levando como filme baseado na obra de Fitzgerald, deixa a desejar em vários aspectos.
Adaptação mais fiel ao livro, em minha opinião. Temos uma Ana insegura e totalitária de seus pesares dentro das lamúrias causadas pelo poder de uma paixão que ela jamais pensou ser capaz de adquirir. Atuações impecáveis; sentimos a emoção de cada cena, e não há superficialidade nos atores, com exceção de Vasili Lanovoy, que achei um pouco forçado e sem química com a protagonista. De todo modo, Tatyana dá um show mesmo que solo, nesse adorável espetáculo de expressões jogadas ao público com uma dramaticidade de todo única. O jogo de cenas em que a câmera posiciona-se com movimentos bruscos outrora lentos nos ocasiona uma série de desconfortos próprios do contexto no qual se adquire. Nos faz sentir na pele, diferente de outras adaptações, a real sensação da trama, abordando assim, uma maior quantidade de fatos que são ignorados em outros remakes. O rosto de Tatyana no momento do suicídio de sua personagem nos transfigura a tal realidade que gela nossos ossos. Uma obra de arte.
Esteticamente impecável. Cenário, figurino e atuações brilhantes, que me deixaram extasiada.
O problema é que já assisti esta versão tendo lido o livro e assistido todas as versões anteriores, então, dentro do limite que ele se propõe, espero sempre minhas partes preferidas que nunca chegam. Algumas partes que julguei necessárias foram engolidas, e outras acrescentadas. De todo modo, minha personagem preferida sempre será o Liêvin, e no livro ele até ganha um maior destaque que até a própria Ana. Esperei, assim como até em outras versões do filme, Liêvin ganhar mais parte da estória, coisa que não aconteceu. Foi bem fixo na Ana, sendo retiradas bastante cenas em que ele deveria aparecer; mas me satisfaria mais se desse foco às questões sociais e morais sobre o amor que são discutidas na solidão da aldeia de Liêvin.
Também achei errada a escolha de Aaron Johnson como Vronsky. Ele não me convenceu como acho que deveria.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 430 Assista AgoraO sertão vai virar mar, e o mar virar sertão.
Eles Voltam
3.2 76A sinopse soa bela, quando em teoria. Na prática, nos traz um enredo pobre, que tinha tudo para ser incrível, e é de todo fraco e deveras maçante.
Há, decerto, uma questão latente na trama: desigualdade social. Em vários momentos do filme, do começo ao fim, me pego vendo perfeitamente a personificação da burguesia classe média em contraponto com a pobreza em sua essência. Um ponto pra se focar em demasia e dali arrancar o sumo perfeito pra uma boa dose de reflexão. Por isso me pego pensando que Lordello teve a faca e o queijo na mão, porém, não soube fazer uso de nada. Com raros momentos de uma deliciosa fotografia, Eles Voltam não me traz sensação além de um imenso vazio. Não consegui perceber que a protagonista Cris conseguiu arrancar qualquer lição (ou até mesmo um sentimento que seja) de toda a sua curta vivência com a pobreza. Vejo uma adolescente presunçosa e mesquinha, o mesmo que sinto em relação à seu irmão Peu, e ao resto de sua família.
Se a intenção de Lordello era mostrar apenas a dura e congelada visão de uma sociedade burguesa, associada à indiferença que a mesma possui quanto à classe baixa, ele acertou em cheio. O filme é tão vazio e raso que me causou, em demasia, um desconforto fora do comum. Pensar que este filme foi eleito Melhor Filme me dá espasmos.
Eles Voltam não passa de uma extensão amarga de O Som ao Redor (outro filme que me soa desagradável aos sentidos).
Amores Imaginários
3.8 1,5Knicolas seu escroto
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista Agorareassistir essa belezinha no telão do cinema só reacende meu respeito por kubrick
As Aventuras de Mark Twain
4.2 67Genialmente encantador.
Amores Expressos
4.2 357 Assista AgoraFaye <3
Camille Claudel, 1915
3.7 144Binoche é fabulosa!
Impossível começar a comentar sobre este filme sem antes destacar a delicada perfeição da atuação de nossa Binoche. Doce, decerto, porém, violenta. Visceral em seus movimentos cautelosos, quando em lágrimas que nos comovem, arrepiam os ossos.
Creio que este filme tenha que ser visto como um sucessor de Camille Claudel, de Nuytten. Tendo em foco apenas o ano de 1915, obviamente, quando vemos apenas o lado sombrio de uma Camille pós Rodin, que sangramos em lástimas ao lembrarmos da inocência de uma artista Claudel. De uma figura ilustre sendo podada dentro de tal gaiola nauseante. O filme nos traz tais sensações. Claustrofobia e pânico dentro do ínfimo quarto, da mania de perseguição, do sofrimento inocente de Camille, que logo abarcam no oposto do imenso terreno que circunda o asilo. As cenas cortadas paralelamente entre a prisão e seu contraste na natureza vista da janela são, decerto, marcas de uma fotografia de tirar o fôlego.
Duas coisas que realmente valem ressaltar neste filme: a esplêndida Binoche, e a fotografia. Principalmente na cena em que Camille senta-se na sala com mais outras duas loucas, e olha para a janela. O sol refletindo no tapete. O vaso de flores e a poltrona. Tudo mostrado delicadamente dentro de suas minúcias.
E claro que as árvores e os morros fazem jus a tal lugar de beleza sublime. Senti-me dentro de uma quadro, apreciando tamanho jogo de cores focados na paleta cinza. No chacoalhar das árvores quase me senti dentro do filme de Renoir, que traz a mesma pegada na fotografia.
Lindo. É um filme lindo. Dumont merece reconhecimento no que diz respeito à sua linguagem cênica. Nos tira do chão e nos move à tela. Ele fala em torno dos gestos, das sombras e do sol encostando nas folhas. Esse olho marejado de Binoche também é nosso!
Nossa Sunhi
3.5 13Nada muito incrível, porém a trama segue envolvente. Seja por sua atmosfera asiática que nos remete à sensação de aconchego, ou aos muitos goles de cerveja que nos dão vontade de encher a cara junto com o filme.
Nossa Sunhi - também minha -, retrata a beleza na simplicidade e delicadeza. Típico de filmes orientais. Sunhi é bela não apenas por aspectos físicos (que são estonteantes, devo dizer), mas por todo o seu charme silencioso. A ênfase no fato de a mesma ser exageradamente reservada e ter sede de fuga só nos remete à tal necessidade de buscar cada vez mais um entendimento do que se passa dentro da cabeça da inocente Sunhi e seus ímpetos impulsivos. Por isso ela é digna de ser dita nossa. Minha, sua, e dos três personagens que percorrem a trama. Todos curiosos por desvendar e embarcar no mistério de Sunhi - o que acaba, eventualmente, ocasionando em paixão.
Ponto Final: Match Point
3.9 1,4K Assista AgoraHá! Woody Allen é um gênio!
Notável a influência da obra Crime e Castigo, de Dostoiévski, na trama.
Sim, Chris é um cara de sorte.
Casablanca
4.3 1,0K Assista AgoraIngrid Bergman é sensacional!
Indubitavelmente, esse é um dos melhores filme da história do cinema. Meu coração ainda tá na mão depois desse final.
Evoé! Retrato de um Antropófago
4.3 24Eu virei líquida, meus órgãos e vísceras derretendo em forma de pasta, papa, gosma, esborrando em copos e corpos que já não me cabiam. Vibrei ao perceber que assim eu era livre, e segui saindo de dentro de mim, e entrando e voltando, nessa coisa de nunca me soltar, mas sempre me manter em completa sintonia com as minhas vontades. Zé Celso me explicou que não existe diferença - corpo e espírito fazem parte da mesma matéria. E o canto que a gente canta sai de dentro da alma, e nutre-se em organismo, para assim, em busca de evasão, cercar a contingência. Quem é de canto, canta. Quem é de grito, grita. Quem é choro, chora. Mas deixa sair, mas deixa quebrar. A gente se sente artista e até sai gritando EVOÉ, EVOÉ!, é cantiga de carnaval, é páscoa, ai meu deus, é são joão! Se sentir artista é se sentir firmemente e inevitavelmente ligado ao oceano da Arte que sempre joga as sementes no nosso cerne, e espera, pacientemente, que nossos corpos façam o trabalho de fecundá-las. Um dia cresce. Um dia brota. E vira broto, muda, sei lá, essa árvore imerge e dá fruto com gosto de sangue, porque é nosso. A gente se come como o bispo foi comido pelos canibais na praia de Cururipe. A gente é canibal, a gente come gente.
Zé Celso, como bom antropófago, me comeu, me digeriu, e me vomitou numa dose poética tão iluminada, que o ronronar de seu estômago me toma num lirismo descabido. Ao se dar conta de seu potencial como pessoa, o ser-humano cria essa necessidade de devorar os outros e a si mesmo (ao passo em que permite que suas dores sejam desumanizadas e libertas com a capacidade de serem animalizadas), e a evasão acontece aquém vontades, desejos, é fluido, é fome. Comendo, acrescenta-se a si essa busca intensa pela quebra invisível e notória dos paradigmas estipulados por essa sociedade de fato cafona, arcaica, nojenta, essa fome de se eletrocutar e ser torturado, mas ainda assim, buscar em terra firme, esse sopro de vida em olhares humanos. A liberdade é cultivada em demasia como sentimento pequeno-burguês, e em sua essência, representa não O QUE SOU, mas O QUE NÃO SOU. É essa a liberdade que existe no vocabulário de Caetano Veloso e Gilberto Gil. É essa erradicação da bossa nova sendo cantarolada em sopro de ironia no suspense brilhante da Tropicália. A gente é vivo, porque a gente é revolução. EVOÉ!
Amarelo Manga
3.8 543 Assista AgoraO pudor é a forma mais inteligente de perversão.
Shun Li e o Poeta
4.2 7Me quebrou as pernas.
Kick-Ass 2
3.6 1,8K Assista AgoraFofo.
Fica mais interessante se tu imagina o grupo do Kick Ass como militantes ativistas e o grupo do MotherFucker como o governo. A polícia sempre atirando pra todos os lados e nunca atingindo o que deve ser o verdadeiro alvo, o que acaba tornando-se seu aliado.
Os Desconectados
3.9 441 Assista AgoraDe forma crua mostra todas as necessidades humanas que devem ser buscadas no convívio em sociedade, sendo limitadas ao mundo da internet. Sexo, alguém para conversar, um pai ausente, alguém que te ouça. Num mundo onde todos são carentes, as dissonâncias marcam iminência, e assim, todos sentem-se sozinhos em seus próprios computadores. O paradoxo do século XXI.
Toca fundo na alma.
O Pesadelo de uma Mãe
2.7 73 Assista AgoraDesnecessário.
Pernamcubanos
4.3 8Um documentário lindo em sua essência, visceral em sua Arte.
Intensa a forma como exibe as semelhanças entre ambas as culturas, que dentro de suas mazelas embarca num povo de uma energia contagiante, e isso nos dá uma sensação aquém física quando a música toca. Uma mistura de gente e de ritmos que se entrelaçam num só, à medida que o batuque do tambor ganha iminência, a baqueta na alfaia, a mão no pandeiro, os dedos no berimbau... Uma junção surreal de cores e danças que nos transmite à um mundo mágico. Uma lapada de cachaça, pólvora e limão pra três dias carnaval com o Caboclo de Lança, um espetáculo com Beth de Oxum, uma cubana que, sorridente, nos transfigura à realidade ardente de Cuba sem fugir da precária esfera social latente.
Um documentário que todos devem assistir para assimilar as características mais intensas desse nosso povo Brasil, Pernambuco, Recife, Olinda, derramando em Cuba, e vice-versa. Um embalo crítico e envolvente sobre atmosferas sociais, religiosas, físicas e morais. A cultura da dança de um povo que se mistura com a religião, com o Candomblé, com a Ave Maria, com Oxum.
Parabéns à Nilton Pereira.
Nunca Fui Beijada
3.2 574 Assista AgoraUma gracinha!
Mr. Vingança
4.0 408Eu não entendi uma coisa:
Quando o Ryu tira a foto polaroid da criança chorando, ela ainda está agarrada com a boneca e ele está segurando o colar. O choro é justamente por ele ter se negado a entregá-la. Após ele tirar a foto, ele troca o colar pela boneca.
Ao pai da menina encontrar o "louco das pedras" usando o colar, ele reconhece por ver na foto a criança chorando usando o colar. Impossível esta foto ter existido daquela maneira, assim como é impossível aquele colar ser reconhecido pelo pai.
Michael
3.5 194A angústia neste filme é bem presente, do início ao fim, com suas cenas lentas, que nos fazem sentir de forma mais realista a agonia presente entre essa relação doentia.
Me lembrou bastante Kynodontas.
Spring Breakers: Garotas Perigosas
2.4 2,0K Assista AgoraNossa, que filme ruim.
Um gângster que toca e canta Britney Spears no piano? Fala sério...
E este é o mesmo cara que vai matar o inimigo com duas gurias de faculdade.
Roteiro super falhado, sem noção, completamente vago e desestimulante. Tornou-se uma obra altamente maçante que com suas cenas em maioria slow motion e sua repetição de frases me levou ao profundo tédio.
Horrível.
O Grande Gatsby
3.9 2,7K Assista AgoraPrincipalmente se visto no cinema, este filme é a combinação perfeita para o deleite de nossos olhos. Esteticamente impecável, figurinos belíssimos, efeitos de extrema magnitude e paisagens, no mínimo, mágicas.
Assim creio que deve ser visto levando em conta como uma versão alternativa em efeitos, e em enredo. Modificou-se por completo a personagem de Gatsby em relação à sua personalidade, e formas de agir, assim como também modificaram traços marcantes de Daisy que foram recolhidos tentando transpor uma personagem vítima de seu amante em termos psicológicos, e com isso, trazendo uma nova concepção à estória. Várias cenas foram modificadas, outras em exagero, e outras cortadas (algumas, inclusive, que achei de teor fundamental para a trama). Sei que a intenção é sim aumentar nos níveis estéticos e alguns até em formas de atuação, porém, achei que tornou-se desgastante em dados momentos, quando inventaram cenas que jamais fizeram parte no livro, seja implicitamente ou não.
Uma das cenas que achei um pecado terem modificado, foi a que o Tom encontra-se em princípio com sua amante Myrtle no apartamento de ambos, tendo Nick como companhia. Não há aquela sessão de orgias e drogas como enfiaram ali. Em nenhum momento há essa questão da sensualidade explícita em foco, muito menos de embriagados numa janela de Nova Iorque. Há exageros e há exageros.
Não conseguiria me lembrar de todas, mas outra coisa que não achei cabível foi o Gatsby usar o tal anel no dedinho do início ao fim do filme. O anel é um presente que ele tenta dar à Daisy, mas esta, perante a recusa, coloca no único dedo do amante que serve o tal anel: o dedinho. E assim, num gesto de lembrança e amor, Jay prossegue com o uso do anel no dedo até o fim de sua vida.
Uma cena que não existe no livro (que eu me lembre), porém há na versão de 1974, é o encontro de Daisy e Tom com Nick, enquanto seguram as malas indo embora para outra cidade, e Daisy age como se nada tivesse ocorrido de fato. Em tal cena deixa-se claro a superficialidade de Daisy sobre os sentimentos dos outros e de si mesma, e em como ela usa a máscara do dinheiro para suprir suas necessidades físicas ou psicológicas. Sinto que Carey Mulligan deixou a desejar em tal papel, e mesmo com a voz irritante de Mia Farrow, creio que ela captou mais verdadeiramente a essência da personagem.
Confesso que até achei cabível ter colocado o Nick como um paciente terapêutico, porém, o fim, mesmo que emocionante, o senti incompleto. Faltou, decerto, o funeral de Gatsby com a chegada de seu pai e sua emoção ao encontrar as protuberâncias de seu filho em formas de mansão e dinheiro. Ali, em minha opinião, seria o ponto crucial sobre a verdadeira vida de Gatsby e em como ele era em sua essência. A única verdade sobre sua completa e imensa estória de farsas.
De todo modo, para quem não tem informação prévia sobre a estória, o filme é esplêndido e supre as qualidades necessárias para um filme de sucesso. Mas levando como filme baseado na obra de Fitzgerald, deixa a desejar em vários aspectos.
Anna Karenina
4.0 15Adaptação mais fiel ao livro, em minha opinião. Temos uma Ana insegura e totalitária de seus pesares dentro das lamúrias causadas pelo poder de uma paixão que ela jamais pensou ser capaz de adquirir. Atuações impecáveis; sentimos a emoção de cada cena, e não há superficialidade nos atores, com exceção de Vasili Lanovoy, que achei um pouco forçado e sem química com a protagonista. De todo modo, Tatyana dá um show mesmo que solo, nesse adorável espetáculo de expressões jogadas ao público com uma dramaticidade de todo única. O jogo de cenas em que a câmera posiciona-se com movimentos bruscos outrora lentos nos ocasiona uma série de desconfortos próprios do contexto no qual se adquire. Nos faz sentir na pele, diferente de outras adaptações, a real sensação da trama, abordando assim, uma maior quantidade de fatos que são ignorados em outros remakes. O rosto de Tatyana no momento do suicídio de sua personagem nos transfigura a tal realidade que gela nossos ossos. Uma obra de arte.
Anna Karenina
3.7 1,2K Assista AgoraEsteticamente impecável. Cenário, figurino e atuações brilhantes, que me deixaram extasiada.
O problema é que já assisti esta versão tendo lido o livro e assistido todas as versões anteriores, então, dentro do limite que ele se propõe, espero sempre minhas partes preferidas que nunca chegam. Algumas partes que julguei necessárias foram engolidas, e outras acrescentadas. De todo modo, minha personagem preferida sempre será o Liêvin, e no livro ele até ganha um maior destaque que até a própria Ana. Esperei, assim como até em outras versões do filme, Liêvin ganhar mais parte da estória, coisa que não aconteceu. Foi bem fixo na Ana, sendo retiradas bastante cenas em que ele deveria aparecer; mas me satisfaria mais se desse foco às questões sociais e morais sobre o amor que são discutidas na solidão da aldeia de Liêvin.
Também achei errada a escolha de Aaron Johnson como Vronsky. Ele não me convenceu como acho que deveria.