Meu segundo filme mudo brasileiro e primeiro de Humberto Mauro. Não foi fácil ver um filme com mais de uma hora e meia totalmente mudo, embora eu goste do gênero, mas inclui uma trilha de Chopin que em certas cenas ficou bem legal. Quanto ao filme é um clássico, não é um drama como é classificado, mas um romance. Vale pelo registro da época, ortografia que por vezes me deixava um pouco confusa. Porém esperei bem mais. Humberto Mauro era o grande queridinho dos "exigentes" diretores do Cinema Novo e "Brasa dormida" é mais do mesmo, a Vera Cruz produziu filmes bem melhores e foi rejeitada pelos diretores deste movimento tão aclamado que criticava filmes meio hollywoodianos. Mas tudo bem, Humberto Mauro teve uma carreira vasta, incluindo como documentarista. Que venham outros filmes dele bem melhores para a minha lista.
Pesadão! Mas não deixa de ser uma ideia perfeita para um filme ficção-documentário. Os temas abordados nunca deixam de ser atuais desde que o Brasil foi saqueado.
Fatih Akin é um gênio de nossos tempos, pois poucos diretores conseguem ter no currículo filmes de gêneros diversos e ter qualidade, mas ele consegue. "O bar luva dourada" é o quarto filme que vejo dele, os que vi anteriormente são obras-primas, principalmente "Contra a parede", um dos melhores romances que já vi. Porém, este último dele não me agradou tanto, mesmo com ótima direção e roteiro. Talvez o fato de ser muito real tenha me incomodado, ainda mais por ser baseado em algo que ocorreu, justamente por isso acho que foi desnecessário demais ser tão violento. Não acho ruim fazerem filmes sobre psicopatas, embora seja de longe meu gênero preferido, mas as vítimas do filme existiram, isso me causou mais mal estar. Jonas Dassler dá um show de atuação, poucas vezes na vida consegui odiar tanto um personagem. E pensando em todo o enredo do filme, amei a construção do bar luva dourada. Já colei em vários bares pulguentos por aí, mas nada supera o bar do filme e seus frequentadores. A trilha é um encanto que consegue amenizar um pouco o clima. Não recomendo o filme para pessoas sensíveis demais.
O que falar desse filme? Vou tentar ser breve, embora seja difícil. Fui ver "Bacurau" sem grandes expectativas, afinal, não gostei muito de "Aquarius" e "O som ao redor". Logo não simpatizava tanto com Kleber Mendonça Filho, mas ainda bem que me enganei ou a parceria com Juliano Dornelles super deu certo. Aliás, ando notando que os melhores filmes brasileiros que tenho visto ultimamente possuem mais de um diretor, "Arábia", "No coração do mundo", "Piripkura", "Tinta bruta", "Café com canela" e outros que não estou recordando mostram isso. E que momento incrível nosso cinema está vivendo. Que continuem assim resistindo ,mesmo nestes tempos difíceis. Como filha de nordestinos, me senti super orgulhosa de minhas raízes. E "Bacurau" foi filmado no Rio Grande do Norte, terra do meu pai. A ideia de transformar o sertão num faroeste foi genial. A obra tem praticamente tudo que amo no cinema bom roteiro, fotografia, direção e, mais ainda, atores negros, amadores, nordestinos, homossexuais, realidade, anti-colonialismo, política, um filme do povo para o povo. Fórmulas que de fato faltaram nos filmes anteriores de Kleber Mendonça Filho. De fato, detesto boa parte dos filmes que retratam demais a burguesia, mesmo de forma crítica. Só não dei cinco estrelas pois acho que os diálogos dos vilões poderiam ter sido mais diretos, menos repetitivos e menos taxados. E alguns diálogos ficaram meio incompreensíveis, não sei se pela dicção de alguns atores ou algum problema de áudio. E gente, não comparem "Bacurau" com Glauber Rocha, o cara não dialogava com o povo e menos ainda com o sertão. E o representante do Oscar deve mesmo ser " A vida invisível" que nem estreou, mas com certeza terá mais chances. Se os velhinhos da academia ficaram apavorados com "Cidade de Deus" imagina "Bacurau". A indicação só deveria ter rolado como forma de protesto, mas nem precisa, Cannes já deu voz. Viva ao nosso cinema. Viva ao Nordeste. Viva ao nosso povo!
Dos criadores de "não acredite nas notas baixas do Filmow". Adorei! Com a essência de "O castelo no céu" e "Princesa Mononoke" E jamais será o pior filme do Studio Ghibli, pelo estilo e enredo, um dos melhores <3
Como estou amando este momento do nosso cinema que, infelizmente, anda bastante ameaçado. Desde criança sempre achei a devoção protestante bem aterrorizante e mantenho tal opinião. E “Divino amor” figurou um pouco desse medo. Não é um filme fácil, tem um ritmo bem lento, mas a sua retórica é necessária e urgente para o Brasil de 2019. Lembro-me que quando li “Admirável mundo novo” de Aldous Huxley fiquei bem assustada, porém o que este filme e nossa realidade mostram são o reverso, e são bem mais assustadores.
Ao invés de uma sociedade pagã e anti-natalista, vemos o oposto ganhando força e vigor. Os detectores são um pesadelo de como o governo controla a vida social e sexual dos cidadãos por meio de dados genéticos. A romantização do casamento, maternidade são escancaradas, embora bastante contraditórias. O filme é meramente a contradição do cristão com “fé” que usa e abusa da tecnologia que é desenvolvida pela ciência que ele tanto ignora, da lágrima de órfãos que são usados para meio de superstição e pelo abandono de seres indefesos feito por meio de duas mulheres, uma que busca apenas pedigree e a outra que vive imersa no seu mundo. Por fim, a metáfora do Messias mais uma vez se encaixa. O nascimento num lugar religioso (fora de uma família tradicional) que certamente terá seus fieis mais uma vez recusando o divino amor. E, mais ainda, do quanto a maioria das religiões oprimem as mulheres.
A parte narrativa me incomodou. Deveriam ter permitido maior reflexão do público. Só vale pela nota “Quem nasce sem nome, cresce sem medo”. E, olha, fiquei bem triste com a baixa nota e divulgação deste filme. Merece mais reconhecimento e compreensão.
Não é dos melhores filmes de Almodóvar. Tem seu encanto e valor. A infância de Salvador Mallo foi o que mais me prendeu. E como foi prazeroso rever Leonardo Sbaraglia, ator belíssimo.
Resisti "Pulp fiction" por mais de dez anos, justamente por achar os fãs do filme e de Tarantino chatos. Mas a experiência valeu a pena. Grandes diálogos e atuações. O fato de o enredo não ser contado de forma linear é o mais incrível. A trilha sonora também é um charme a parte. A direção também é muito boa, embora eu tenha conseguido pegar dois erros bem grotescos, porém, o que Tarantino tem de bom diretor tem de mau ator, a pior atuação do filme sem dúvidas é dele. Entretanto, deve agradecer a "Pulp fiction" por ter influenciado tantos filmes que gosto, embora este não seja meu gênero preferido.
Filme interessante com um tema já bastante comentado. No entanto, as atuações são tão fortes e verdadeiras que "O que as pessoas vão dizer" torna-se único.
Não vi tanta coisa deste país que tanto estimam, a Noruega, e o pouco que vi não me empolgou tanto. O país em questão, cinematograficamente falando não chega aos pés de seus vizinhos Dinamarca, Suécia e Finlândia. Se o cinema mostra tanto o reflexo de um povo, os noruegueses pouco têm a mostrar ou dizer. Por vezes, tenho a impressão de que o cinema deles se resume apenas aos imigrantes e suas histórias sofridas. Isso ficou meio evidente na Mostra de Cinema Norueguês do CCBB-SP. Nada sobre os noruegueses, aparentemente um povo sem história e uma cultura que parece sem atrativos para ser ambientada no cinema. Quem conhecer bons filmes que mostrem mais a Noruega me indiquem, por favor.
O melhor filme nacional do ano até agora. E um dos melhores que já vi em geral. Perfeito nas atuações, roteiro, personagens bem construídos, abertura, direção (detalhista) e trilha sonora... e que trilha. Mano Brown certa vez disse que a periferia é um berço cultural eclético. "No coração do mundo" é um retrato claro e real de várias periferias do Brasil. Uma das maiores paixões deste filme são as personagens femininas, tão perfeitamente vividas por MC Carol, Barbara Colen, Kelly Crifer e Grace Passô que é sem dúvidas uma das melhores atrizes da atualidade. Entretanto, foi Ana que me tocou, não apenas por ser cobradora de ônibus, profissão na qual exerci também por três anos, mas por seu ar sonhador e sua forma de amar. Mais um filme mineiro espetacular. Que venham outros, mesmo nestes tempos de descaso com a nossa arte e povo.
Meu Deus, que filme chato. Sem dúvidas o pior do ano e um dos piores de minha vida. Mesmo com os comentário negativos, embora tenha nota 3,2 (até alta) e 13 pessoas o favoritando, resolvi ver o filme. O trailer já prometia que o filme seria péssimo. O motivo que levou a vê-lo foi o fato de ser uma produção da LAFilm, escola na qual realizei um trabalho no cinema e que eu cogitava estudar, depois desse filme, tenho dúvidas. Fotografia ruim com planos que nada acrescentam, trilha sonora irritante, roteiro furado e repetitivo, personagens mal construídos, atuações ruins, se fosse para o teatro ou algum programa estilo "A praça é nossa" seria até aceitável, mas não para a proposta do filme. Beira ao amadorismo, embora eu já tenha visto filmes amadores bem melhores. Dei uma estrela, pois consegui ver o filme até o final, não sei como, aliás, o desfecho não é bom como alguns disseram abaixo, totalmente previsível e piegas. E ao menos não é um filme ambicioso, mas tinha potencial apenas para ser um curta, nada mais. E, lógico, a intenção era boa; gosto demasiadamente de filmes que contam histórias de pessoas simples, mas com "Alguém qualquer" não rolou. O curioso é que o filme recebeu alguns prêmios, ao mesmo tempo que isso diz muita coisa não diz nada.
Já vi uns 8 ou 9 filmes do Bergman. Como todo gênio teve um deslize e "Fanny e Alexander" foi o maior deslize de Bergman que vi até agora, embora tenha sido bastante premiado, pra mim não deu. É sem dúvidas o seu filme mais ambicioso, não apenas pelo tempo, mas pelos detalhes, figurino e o enredo. O roteiro é bom e por vezes confuso, faltou também ter personagens mais construídos. Os irmãos Isaac e Ismael prometeram bastante e ficaram devendo. Alguns personagens somem do nada. E daria para ter feito tudo certinho, afinal, Bergman teve três horas para isso. Confesso que não me interessei de ver a versão estendida, a primeira hora deste achei bastante cansativa, as outras duas horas fluem bem melhor. Mas ainda vale pelas atuações, direção de arte, figurino e fotografia.
Eu tinha tudo para gostar de "Seu nome". É um anime, é japonês, é mistico, é sobre morte, é sobre um evento astronômico, é um romance, mas, não gosto tanto assim de romances, talvez tenha sido este o ponto, uma linha de romance que não me amarra, emotivo demais. Sobretudo, eu poderia ter amado pelo filme ter retratado algo que eu gostaria de ter vivido.
Vivi uma situação na vida que eu gostaria muito de ter revertido. Se a viagem no tempo ou o tempo paralelo fossem reais, tudo teria sido diferente, talvez.
Criar expectativa é uma merda. Quase sempre tenho alguma decepção. Acho que esperei algo nível Studio Ghibli ou Satoshi Kon. Em aspectos técnicos o filme é lindo demais. Design, cores, parece um live action com fotografia e enquadramentos perfeitos. Mas não me pegou, faltou algo no roteiro, no romance, até meio clichê, pode ter faltado algo em mim. Queria ter gostado bastante, de verdade, mas enfim, não rolou.
Os filmes de animação que afloram longe, além da imaginação são meus preferidos. "O castelo no céu" ainda faz uma crítica ferrenha aos poderes que regem e destroem nosso mundo. E as cenas de altura me deixaram um pouco aflita. Mas, Laputa é de fato um sonho.
Belo filme que fala sobre amadurecimento. Achei bem criativa a criação da cidade europeia englobando várias épocas. Ao mesmo tempo que parece estarmos nos anos 80, época do filme, parece que estamos nos anos 10, 40, 50 ou 60. Jiji é uma graça.
E este mesmo personagem para mim enfatizou a questão de que Kiki cresceu. O fato dela falar com ele e depois não conseguir mais pode ser uma metáfora do fim da infância-adolescência para a vida e adulta e suas responsabilidades. Senti falta da presença da amiga pintora de Kiki nos créditos finais e de como ela finalizou seu belo quadro.
Resistir é um dom! "Uma noite de 12 anos" não conta e apenas homenageia os heróis do Uruguai, mas de toda América Latina que por anos viveu sob a mira da ditadura militar. É interessante como o filme não mostra apenas o protagonismo de Mujica, conhecido e respeitado em todo mundo, vai além mostrando a força de seus bravos companheiros. Foi notável ver que o autoritarismo estava bem acima dos soldados que, por muitas vezes nem sabiam a razão na qual tinham que fazer aquilo; fantoches do estado autoritário. A resistência se faz tão presente no filme que transborda além das fronteiras políticas, interfere em questão pessoais e singelas.
Deveria ter visto este filme na infância, pois não despertou nada em mim. Sem ação e emoção, cansativo, poderia facilmente ser um curta. Em nada lembra a genialidade de "Alice no país das maravilhas" como alguns mencionaram. Mei é uma das personagens mais chatas que já vi. Só curti o gatobus. Então, mais uma vez fica explicito, todo gênio tem um filme bem mais ou menos ou ruim mesmo. Miyazaki dirigiu os incríveis "O castelo animado", "A viagem de Chihiro", "Vidas ao vento" e o filme que mais amo até agora do Studio Ghibli "Princesa Mononoke", porém dirigiu o filme mais fraco do mesmo estúdio "Meu amigo Totoro".
Lav Diaz é sem dúvidas um dos maiores cineastas da atualidade. É quase impossível não se envolver pelas suas obras-primas "Norte, o fim da história", "Do que vem antes" e "A mulher que se foi". O último vi no cinema, e me trouxe uma experiência bem agradável. Porém, a sensação que tive ao ver "Melancolia" e "Evolução de uma família filipina" foram similares. Não apenas o tempo peca, mas as narrativas em si. Pouco prenderam, pouco me envolveram e terminá-las foi um exercício complicado, entretanto acessível, só adiantando algumas cenas longuíssimas que pude finalizá-los. No fim, fica um vazio ao sentir que o diretor deveria ter aproveitado bem melhor o grande tempo que teve, mas os esforços compensam de alguma forma. Filmes medianos que para mim mostram que o diretor deveria se apegar ao menos é mais, ou seja, produzir filmes bem menores com 200 ou 300 minutos, mas bem construídos e aproveitados.
Uau! Cinema colombiano a cada dia mostra que veio para ficar! Ciro Guerra tem mostrado o quanto é bom desde sua obra-prima "O abraço da serpente". Agora em "Pássaros de verão", primeiro filme que dirigiu conjuntamente com sua esposa, Cristina Gallego, vemos um trabalho mais ambicioso, mas não alcança o grande feitio da joia anterior. Porém, as marcas estão lá; vida e rituais de povos indígenas colombianos, ganância, materialismo e a forte herança do colonialismo. Foi maravilhoso conhecer mais sobre os Wayuu, povos que eu conhecia apenas a tradição das bolsas de linho coloridas, por sinal, possuo uma.
O filme é um faroeste sul-americano em meio ao deserto litorâneo de Guajira, no norte da Colômbia. A desgraça de um povo começa pela ambiciosa proposta de um dote. A partir daí, vemos o narcotráfico e seus frutos que resultam em muito luxo, egoísmo, traição e mortes, mas desta vez, numa comunidade tradicional indígena. Amo o respeito no qual este diretor trata os povos nativos de seu país e o estrago que a cultura "branca" Ocidental traz a estes povos. A crítica ao capitalismo e como o mesmo afeta muitas vidas é perfeita. Bem, e no fim das contas os mestiços (alijunas) e o capitalismo acabam ganhando. Eles sempre vencem!
"Pássaros de verão" ficou entre os finalistas do Oscar representando a Colômbia, mas injustamente ficou de fora. E, infelizmente ainda, não foi exibido em nossos cinemas.
Brasa Dormida
3.4 9Meu segundo filme mudo brasileiro e primeiro de Humberto Mauro. Não foi fácil ver um filme com mais de uma hora e meia totalmente mudo, embora eu goste do gênero, mas inclui uma trilha de Chopin que em certas cenas ficou bem legal.
Quanto ao filme é um clássico, não é um drama como é classificado, mas um romance. Vale pelo registro da época, ortografia que por vezes me deixava um pouco confusa. Porém esperei bem mais. Humberto Mauro era o grande queridinho dos "exigentes" diretores do Cinema Novo e "Brasa dormida" é mais do mesmo, a Vera Cruz produziu filmes bem melhores e foi rejeitada pelos diretores deste movimento tão aclamado que criticava filmes meio hollywoodianos. Mas tudo bem, Humberto Mauro teve uma carreira vasta, incluindo como documentarista. Que venham outros filmes dele bem melhores para a minha lista.
Quanto Vale ou É por Quilo?
4.0 253Pesadão! Mas não deixa de ser uma ideia perfeita para um filme ficção-documentário. Os temas abordados nunca deixam de ser atuais desde que o Brasil foi saqueado.
O Bar Luva Dourada
3.6 340Fatih Akin é um gênio de nossos tempos, pois poucos diretores conseguem ter no currículo filmes de gêneros diversos e ter qualidade, mas ele consegue. "O bar luva dourada" é o quarto filme que vejo dele, os que vi anteriormente são obras-primas, principalmente "Contra a parede", um dos melhores romances que já vi. Porém, este último dele não me agradou tanto, mesmo com ótima direção e roteiro. Talvez o fato de ser muito real tenha me incomodado, ainda mais por ser baseado em algo que ocorreu, justamente por isso acho que foi desnecessário demais ser tão violento. Não acho ruim fazerem filmes sobre psicopatas, embora seja de longe meu gênero preferido, mas as vítimas do filme existiram, isso me causou mais mal estar. Jonas Dassler dá um show de atuação, poucas vezes na vida consegui odiar tanto um personagem. E pensando em todo o enredo do filme, amei a construção do bar luva dourada. Já colei em vários bares pulguentos por aí, mas nada supera o bar do filme e seus frequentadores. A trilha é um encanto que consegue amenizar um pouco o clima. Não recomendo o filme para pessoas sensíveis demais.
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraE Silvero Pereira? Atorzão da porra. Já não sei se acho Irhandir Santos o maior e melhor da atualidade.
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraO que falar desse filme? Vou tentar ser breve, embora seja difícil.
Fui ver "Bacurau" sem grandes expectativas, afinal, não gostei muito de "Aquarius" e "O som ao redor". Logo não simpatizava tanto com Kleber Mendonça Filho, mas ainda bem que me enganei ou a parceria com Juliano Dornelles super deu certo. Aliás, ando notando que os melhores filmes brasileiros que tenho visto ultimamente possuem mais de um diretor, "Arábia", "No coração do mundo", "Piripkura", "Tinta bruta", "Café com canela" e outros que não estou recordando mostram isso. E que momento incrível nosso cinema está vivendo. Que continuem assim resistindo ,mesmo nestes tempos difíceis.
Como filha de nordestinos, me senti super orgulhosa de minhas raízes. E "Bacurau" foi filmado no Rio Grande do Norte, terra do meu pai. A ideia de transformar o sertão num faroeste foi genial. A obra tem praticamente tudo que amo no cinema bom roteiro, fotografia, direção e, mais ainda, atores negros, amadores, nordestinos, homossexuais, realidade, anti-colonialismo, política, um filme do povo para o povo. Fórmulas que de fato faltaram nos filmes anteriores de Kleber Mendonça Filho. De fato, detesto boa parte dos filmes que retratam demais a burguesia, mesmo de forma crítica.
Só não dei cinco estrelas pois acho que os diálogos dos vilões poderiam ter sido mais diretos, menos repetitivos e menos taxados. E alguns diálogos ficaram meio incompreensíveis, não sei se pela dicção de alguns atores ou algum problema de áudio.
E gente, não comparem "Bacurau" com Glauber Rocha, o cara não dialogava com o povo e menos ainda com o sertão. E o representante do Oscar deve mesmo ser " A vida invisível" que nem estreou, mas com certeza terá mais chances. Se os velhinhos da academia ficaram apavorados com "Cidade de Deus" imagina "Bacurau". A indicação só deveria ter rolado como forma de protesto, mas nem precisa, Cannes já deu voz.
Viva ao nosso cinema. Viva ao Nordeste. Viva ao nosso povo!
Contos de Terramar
3.5 172 Assista AgoraDos criadores de "não acredite nas notas baixas do Filmow". Adorei!
Com a essência de "O castelo no céu" e "Princesa Mononoke"
E jamais será o pior filme do Studio Ghibli, pelo estilo e enredo, um dos melhores <3
Divino Amor
3.3 240Como estou amando este momento do nosso cinema que, infelizmente, anda bastante ameaçado.
Desde criança sempre achei a devoção protestante bem aterrorizante e mantenho tal opinião. E “Divino amor” figurou um pouco desse medo. Não é um filme fácil, tem um ritmo bem lento, mas a sua retórica é necessária e urgente para o Brasil de 2019. Lembro-me que quando li “Admirável mundo novo” de Aldous Huxley fiquei bem assustada, porém o que este filme e nossa realidade mostram são o reverso, e são bem mais assustadores.
Ao invés de uma sociedade pagã e anti-natalista, vemos o oposto ganhando força e vigor. Os detectores são um pesadelo de como o governo controla a vida social e sexual dos cidadãos por meio de dados genéticos. A romantização do casamento, maternidade são escancaradas, embora bastante contraditórias. O filme é meramente a contradição do cristão com “fé” que usa e abusa da tecnologia que é desenvolvida pela ciência que ele tanto ignora, da lágrima de órfãos que são usados para meio de superstição e pelo abandono de seres indefesos feito por meio de duas mulheres, uma que busca apenas pedigree e a outra que vive imersa no seu mundo. Por fim, a metáfora do Messias mais uma vez se encaixa. O nascimento num lugar religioso (fora de uma família tradicional) que certamente terá seus fieis mais uma vez recusando o divino amor. E, mais ainda, do quanto a maioria das religiões oprimem as mulheres.
A parte narrativa me incomodou. Deveriam ter permitido maior reflexão do público. Só vale pela nota “Quem nasce sem nome, cresce sem medo”. E, olha, fiquei bem triste com a baixa nota e divulgação deste filme. Merece mais reconhecimento e compreensão.
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraNão é dos melhores filmes de Almodóvar. Tem seu encanto e valor. A infância de Salvador Mallo foi o que mais me prendeu. E como foi prazeroso rever Leonardo Sbaraglia, ator belíssimo.
Pulp Fiction: Tempo de Violência
4.4 3,7K Assista AgoraResisti "Pulp fiction" por mais de dez anos, justamente por achar os fãs do filme e de Tarantino chatos. Mas a experiência valeu a pena. Grandes diálogos e atuações. O fato de o enredo não ser contado de forma linear é o mais incrível. A trilha sonora também é um charme a parte. A direção também é muito boa, embora eu tenha conseguido pegar dois erros bem grotescos, porém, o que Tarantino tem de bom diretor tem de mau ator, a pior atuação do filme sem dúvidas é dele. Entretanto, deve agradecer a "Pulp fiction" por ter influenciado tantos filmes que gosto, embora este não seja meu gênero preferido.
O Que As Pessoas Vão Dizer
4.0 44Filme interessante com um tema já bastante comentado. No entanto, as atuações são tão fortes e verdadeiras que "O que as pessoas vão dizer" torna-se único.
Não vi tanta coisa deste país que tanto estimam, a Noruega, e o pouco que vi não me empolgou tanto. O país em questão, cinematograficamente falando não chega aos pés de seus vizinhos Dinamarca, Suécia e Finlândia. Se o cinema mostra tanto o reflexo de um povo, os noruegueses pouco têm a mostrar ou dizer. Por vezes, tenho a impressão de que o cinema deles se resume apenas aos imigrantes e suas histórias sofridas. Isso ficou meio evidente na Mostra de Cinema Norueguês do CCBB-SP. Nada sobre os noruegueses, aparentemente um povo sem história e uma cultura que parece sem atrativos para ser ambientada no cinema. Quem conhecer bons filmes que mostrem mais a Noruega me indiquem, por favor.
A Hora do Lobo
4.2 308Acho que não entendi muita coisa, apenas uma forte influência de Buñuel, desde o surrealismo a crítica à burguesia.
No Coração do Mundo
3.9 62 Assista AgoraO melhor filme nacional do ano até agora. E um dos melhores que já vi em geral.
Perfeito nas atuações, roteiro, personagens bem construídos, abertura, direção (detalhista) e trilha sonora... e que trilha. Mano Brown certa vez disse que a periferia é um berço cultural eclético. "No coração do mundo" é um retrato claro e real de várias periferias do Brasil.
Uma das maiores paixões deste filme são as personagens femininas, tão perfeitamente vividas por MC Carol, Barbara Colen, Kelly Crifer e Grace Passô que é sem dúvidas uma das melhores atrizes da atualidade. Entretanto, foi Ana que me tocou, não apenas por ser cobradora de ônibus, profissão na qual exerci também por três anos, mas por seu ar sonhador e sua forma de amar.
Mais um filme mineiro espetacular. Que venham outros, mesmo nestes tempos de descaso com a nossa arte e povo.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraQuantas metáforas num filme só. Quanta ousadia e provocação, a reflexão já começa no título. Incrível!
A guerra de classes
O retrato fiel do nepotismo
O conflito das duas Coreias
Alguém abaixo falou de Oscar. Quem precisa de Oscar quando se tem o maior prêmio do cinema, a Palma de Ouro. Prêmio mais do que merecido!
Alguém Qualquer
3.1 26Meu Deus, que filme chato. Sem dúvidas o pior do ano e um dos piores de minha vida.
Mesmo com os comentário negativos, embora tenha nota 3,2 (até alta) e 13 pessoas o favoritando, resolvi ver o filme. O trailer já prometia que o filme seria péssimo. O motivo que levou a vê-lo foi o fato de ser uma produção da LAFilm, escola na qual realizei um trabalho no cinema e que eu cogitava estudar, depois desse filme, tenho dúvidas.
Fotografia ruim com planos que nada acrescentam, trilha sonora irritante, roteiro furado e repetitivo, personagens mal construídos, atuações ruins, se fosse para o teatro ou algum programa estilo "A praça é nossa" seria até aceitável, mas não para a proposta do filme. Beira ao amadorismo, embora eu já tenha visto filmes amadores bem melhores.
Dei uma estrela, pois consegui ver o filme até o final, não sei como, aliás, o desfecho não é bom como alguns disseram abaixo, totalmente previsível e piegas. E ao menos não é um filme ambicioso, mas tinha potencial apenas para ser um curta, nada mais. E, lógico, a intenção era boa; gosto demasiadamente de filmes que contam histórias de pessoas simples, mas com "Alguém qualquer" não rolou.
O curioso é que o filme recebeu alguns prêmios, ao mesmo tempo que isso diz muita coisa não diz nada.
Fanny e Alexander
4.3 215Já vi uns 8 ou 9 filmes do Bergman. Como todo gênio teve um deslize e "Fanny e Alexander" foi o maior deslize de Bergman que vi até agora, embora tenha sido bastante premiado, pra mim não deu. É sem dúvidas o seu filme mais ambicioso, não apenas pelo tempo, mas pelos detalhes, figurino e o enredo. O roteiro é bom e por vezes confuso, faltou também ter personagens mais construídos. Os irmãos Isaac e Ismael prometeram bastante e ficaram devendo. Alguns personagens somem do nada. E daria para ter feito tudo certinho, afinal, Bergman teve três horas para isso. Confesso que não me interessei de ver a versão estendida, a primeira hora deste achei bastante cansativa, as outras duas horas fluem bem melhor. Mas ainda vale pelas atuações, direção de arte, figurino e fotografia.
Seu Nome
4.5 1,4K Assista AgoraEu tinha tudo para gostar de "Seu nome". É um anime, é japonês, é mistico, é sobre morte, é sobre um evento astronômico, é um romance, mas, não gosto tanto assim de romances, talvez tenha sido este o ponto, uma linha de romance que não me amarra, emotivo demais. Sobretudo, eu poderia ter amado pelo filme ter retratado algo que eu gostaria de ter vivido.
Vivi uma situação na vida que eu gostaria muito de ter revertido. Se a viagem no tempo ou o tempo paralelo fossem reais, tudo teria sido diferente, talvez.
Criar expectativa é uma merda. Quase sempre tenho alguma decepção. Acho que esperei algo nível Studio Ghibli ou Satoshi Kon.
Em aspectos técnicos o filme é lindo demais. Design, cores, parece um live action com fotografia e enquadramentos perfeitos. Mas não me pegou, faltou algo no roteiro, no romance, até meio clichê, pode ter faltado algo em mim. Queria ter gostado bastante, de verdade, mas enfim, não rolou.
O Castelo no Céu
4.2 326 Assista AgoraOs filmes de animação que afloram longe, além da imaginação são meus preferidos. "O castelo no céu" ainda faz uma crítica ferrenha aos poderes que regem e destroem nosso mundo. E as cenas de altura me deixaram um pouco aflita. Mas, Laputa é de fato um sonho.
O Serviço de Entregas da Kiki
4.3 773 Assista AgoraBelo filme que fala sobre amadurecimento. Achei bem criativa a criação da cidade europeia englobando várias épocas. Ao mesmo tempo que parece estarmos nos anos 80, época do filme, parece que estamos nos anos 10, 40, 50 ou 60.
Jiji é uma graça.
E este mesmo personagem para mim enfatizou a questão de que Kiki cresceu. O fato dela falar com ele e depois não conseguir mais pode ser uma metáfora do fim da infância-adolescência para a vida e adulta e suas responsabilidades. Senti falta da presença da amiga pintora de Kiki nos créditos finais e de como ela finalizou seu belo quadro.
As Memórias de Marnie
4.3 668 Assista AgoraFilme bem lindinho, mas o que fez eu chorar mesmo foi a trilha sonora. Lindíssima!
A Noite de 12 Anos
4.3 302 Assista AgoraResistir é um dom!
"Uma noite de 12 anos" não conta e apenas homenageia os heróis do Uruguai, mas de toda América Latina que por anos viveu sob a mira da ditadura militar. É interessante como o filme não mostra apenas o protagonismo de Mujica, conhecido e respeitado em todo mundo, vai além mostrando a força de seus bravos companheiros. Foi notável ver que o autoritarismo estava bem acima dos soldados que, por muitas vezes nem sabiam a razão na qual tinham que fazer aquilo; fantoches do estado autoritário.
A resistência se faz tão presente no filme que transborda além das fronteiras políticas, interfere em questão pessoais e singelas.
As palavras da médica mostram bem isso.
Por fim, a questão que fica é:
Quanto vale a liberdade?
Meu Amigo Totoro
4.3 1,3K Assista AgoraDeveria ter visto este filme na infância, pois não despertou nada em mim. Sem ação e emoção, cansativo, poderia facilmente ser um curta. Em nada lembra a genialidade de "Alice no país das maravilhas" como alguns mencionaram.
Mei é uma das personagens mais chatas que já vi. Só curti o gatobus.
Então, mais uma vez fica explicito, todo gênio tem um filme bem mais ou menos ou ruim mesmo. Miyazaki dirigiu os incríveis "O castelo animado", "A viagem de Chihiro", "Vidas ao vento" e o filme que mais amo até agora do Studio Ghibli "Princesa Mononoke", porém dirigiu o filme mais fraco do mesmo estúdio "Meu amigo Totoro".
Evolução de uma Família Filipina
4.5 5 Assista AgoraLav Diaz é sem dúvidas um dos maiores cineastas da atualidade. É quase impossível não se envolver pelas suas obras-primas "Norte, o fim da história", "Do que vem antes" e "A mulher que se foi". O último vi no cinema, e me trouxe uma experiência bem agradável. Porém, a sensação que tive ao ver "Melancolia" e "Evolução de uma família filipina" foram similares. Não apenas o tempo peca, mas as narrativas em si. Pouco prenderam, pouco me envolveram e terminá-las foi um exercício complicado, entretanto acessível, só adiantando algumas cenas longuíssimas que pude finalizá-los. No fim, fica um vazio ao sentir que o diretor deveria ter aproveitado bem melhor o grande tempo que teve, mas os esforços compensam de alguma forma. Filmes medianos que para mim mostram que o diretor deveria se apegar ao menos é mais, ou seja, produzir filmes bem menores com 200 ou 300 minutos, mas bem construídos e aproveitados.
Pássaros de Verão
4.0 77Uau! Cinema colombiano a cada dia mostra que veio para ficar!
Ciro Guerra tem mostrado o quanto é bom desde sua obra-prima "O abraço da serpente". Agora em "Pássaros de verão", primeiro filme que dirigiu conjuntamente com sua esposa, Cristina Gallego, vemos um trabalho mais ambicioso, mas não alcança o grande feitio da joia anterior. Porém, as marcas estão lá; vida e rituais de povos indígenas colombianos, ganância, materialismo e a forte herança do colonialismo. Foi maravilhoso conhecer mais sobre os Wayuu, povos que eu conhecia apenas a tradição das bolsas de linho coloridas, por sinal, possuo uma.
O filme é um faroeste sul-americano em meio ao deserto litorâneo de Guajira, no norte da Colômbia. A desgraça de um povo começa pela ambiciosa proposta de um dote. A partir daí, vemos o narcotráfico e seus frutos que resultam em muito luxo, egoísmo, traição e mortes, mas desta vez, numa comunidade tradicional indígena. Amo o respeito no qual este diretor trata os povos nativos de seu país e o estrago que a cultura "branca" Ocidental traz a estes povos. A crítica ao capitalismo e como o mesmo afeta muitas vidas é perfeita. Bem, e no fim das contas os mestiços (alijunas) e o capitalismo acabam ganhando. Eles sempre vencem!
"Pássaros de verão" ficou entre os finalistas do Oscar representando a Colômbia, mas injustamente ficou de fora. E, infelizmente ainda, não foi exibido em nossos cinemas.
Exílios
3.8 40Lubna Azabal novinha e encantadora. Mais um grande filme com a fórmula cultural e musical de Gatlif.
Aquela cena do que me parece uma espécie de ritual sufi é sensorial e libertadora. Quase entrei em transe também. Incrível!