A primeira coisa que eu pensei quando acabou o filme, foi curiosamente, no livro Dom Casmurro, de Machado de Assis ,verdadeira joia da literatura mundial, que através de uma estória simplória, deixou a resolução do enredo aberta para todo o sempre, o que acontece igualmente aqui nesse filme de roteiro excepcional. Assim como o menino narra no tribunal (muito boa atuação de Milo Machado Graner), quando não se tem certeza, você tem que descobri-la por si próprio, nem que tenha que a inventar.
PS- absolutamente genial a ideia de colocar a música "Pimp" (em uma exótica versão a base de tambor de aço) em volume absurdamente alto, enervando toda a cena. Imagina ouvir isso no Cinema.
Verdadeiro caldeirão (sem trocadilhos) de "O Senhor dos Aneis"; "Harry Potter"; "Indiana Jones" e quem diria "Um morto muito louco", extremamente competente na animação (como era de se esperar), mas com uma estória óbvia, cansativa, sem graça (não vingou nem o dragãozinho mascote pra vender pelúcias).
O grande furo no roteiro é que o mundo onde se passa, não precisava ser necessariamente constituído de figuras míticas, porque ao final tal situação foi completamente sub aproveitada no enredo.
Bobo, raso e irritante, essa desconstrução do personagem Cruella de Vil como uma vítima da sociedade, com seus amigos descolados e estereotipados até a medula e Emma Thompson atuando exatamente igual a Meryl Streep em "O Diabo Veste Prada".
Indicado à Cinco Oscars (Filme, Ator, Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado e Trilha Sonora), uma excelente crítica aos anos 2020 e ao neo-racismo travestido de benevolência, com diálogos fantásticos, já iniciando com essa sequência:
O professor interpretado por Jeffrey Wright (atuando com uma sutileza incrível), dissertando à sua classe de literatura sobre um livro cujo título contêm a palavra "Nigger", hoje altamente pejorativa. Uma aluna branca, extremamente "ofendida" questiona o professor, e esse explica que há de se olhar o livro dentro do seu contexto histórico, não com olhos contemporâneos, mas a aluna na continuidade de sua indignação, recebe do seu professor (que é negro): "Eu superei isso, você também vai conseguir"
Como agora eu tenho um considerável tempo livre e a benção de poder pagar alguns streamings, resolvi assistir aos filmes que concorreram aos Oscars, em todas as categorias, com apenas uma condição: assisti-los na íntegra.
Eis que chego aos indicados a Oscar de Maquiagem 2022, e a "Um Príncipe em Nova York 2", e confesso que não consegui assistir, creio que seja não apenas um dos piores filmes a já terem sido indicados a alguma premiação da Academia, como um dos piores filmes que assisti em toda a minha vida, com piadas infantis e absolutamente óbvias (antes de falarem eu já premeditava o que aconteceria em seguida); estereotipando pobres e negros no que há de pior, com Eddie Murphy fazendo as mesmas caretas de 40 anos atrás, mais no piloto automático no que atuando,,,,absolutamente terrível.
Provavelmente a mais adultas das animações da Pixar, em um roteiro fantástico que engloba Jazz, Livro Tibetano dos Mortos, platonismo....a concepção genial dos entes do pós-mundo, construídos em dimensões além das que podemos observar, aliado idem a um bom humor. Uma das melhores animações que assisti na minha vida.
O jovem Hitchcock, em uma trama até simplória, principalmente comparando ao que faria depois, mas mesmo assim, mostrando aqui e acolá seus temas prediletos: a loira ideal; o terror psicológico e o sarcasmo. A estória acaba se resolvendo rápido demais, e tem seu ponto fraco nisso, mas algumas tomadas são inusitadas para a época.
"Os brancos estão indo embora, perdidos em drogas e sodomia. Esse século é dos asiáticos, que Deus proteja os demais"
Eu mesmo só confio em retratos de um povo quando são realizados pelo próprio povo retratado, e aqui temos um retrato excelente sobre a India do Século XXI: rica, cheia de talentos e ambições, mas ainda profundamente imersa na corrupção, na violência, na gigantesca desigualdade social. Porém, eis que temos um heroi corajoso, alguém oriundo da miséria profunda que como um Sidarta Gautama, obtêm a sua iluminação, livrando-se da subserviência que tanto faz parte da cultura indiana e sem julgamentos morais anuncia: deixem-nos crescer que seremos a maior nação do mundo.
PS- o maior símbolo desse filme que mostra que surge uma nova Índia é não haver nenhum número musical, tão arraigado no cinema indiano.
A produção caprichada e as estonteantes sequências de ação dignas da série que me levaram à nota 6,0, porque senão....filme longo (longo demais!!!) principalmente por fatores absolutamente descartáveis que teriam deixado o filme mais enxuto e mais divertido (que creio ser a única proposta da série), a terça parte que encerra a obra é tão dispendiosamente alongada que o gran finale não chega a causar espanto, porque você realmente só esperava que acabasse o mais rápido possível. Rami Malek como "Safin" é um dos piores (não no sentido da maldade, mas no sentido da má atuação mesmo) vilões que já vi em 007, tão caricato e clichê que irrita.
O Cinema Revolucionário Soviético então no seu auge, com suas técnicas de edição únicas, aliando a mensagem governamental à Arte, mas aqui em alguns momentos ele se torna bem moroso (característica do cinema soviético após a década de 60, principalmente em Tarkovsky). Diversas alegorias referentes a exploração capitalista e a magistral imagem final da força asiática (orgulho até hoje da Rússia) varrendo os inimigos.
Apesar de bastante criativo e saber falar sobre os temas (então) relevantes, não é engraçado, porque perdeu a surpresa e com isso a espontaneidade do primeiro filme, e a maioria das piadas é "uma boa piada, mas foi contada tantas vezes que perdeu a graça".
O tema é interessante, mostrando uma China Comunista que progride rumo ao anarco capitalismo, embora só indo aquele país pra saber se é verdade ou não. Infelizmente a execução da narrativa é lenta, com muitas imagens alongadas desnecessariamente, tornando o filme muito mais longo do que devia.
O esquema é o mesmo de quase todos os filmes de Keaton: o homem franzino e sensível, forasteiro em uma terra de gigantes mal-educados, que se apaixona pela mulher errada e salva a todos usando da inteligência. O genial dos filmes dele são as eletrizantes sequencias finais, com ideias mirabolantes e execuções perfeitas: era um verdadeiro gênio nesse quesito. (a cena da parede caindo sobre ele, exatamente no vão da janela, é uma das mais antológicas da História do Cinema)
Eu trabalho há bastante tempo com dependentes químico e (uau!) Amy Adams personifica uma dependência muito realista, com toda a deterioração física, psicológica e moral e Glenn Close absolutamente convincente (que atriz!!!). O quê da estória fica na direção frouxa e na pavorosa interpretação do ator Owen Asztalos, como o JD adolescente, além de um pathos que só será compreendido integralmente para quem seja do sul dos EUA.
Uau. Uau. Eu não sou nostalgista, mesmo tenho um pouco de aversão a isso, mas vendo esse show, que confesso que desconhecia por completo, e se apresentando ali, um a um, o que de melhor a música fez nos últimos 70, 80, 100 anos (cada artista que era anunciado me arrepiava tanto quanto a plateia daquele dia), me pergunto em que ponto e por quê, nós deixamos de cantar com as nossas próprias vozes, de sermos hábeis com os instrumentos musicais (Nina Simone ao piano é algo sobrenatural), de com uma energia explosiva levar o espectador ao clímax e à reflexão.
Obra Prima quase centenária, que encerra um dos maiores estudos já feitos sobre fotografia, enquadramento e principalmente, close-ups, registrando magistralmente a pilhéria dos juízes, a maldade dos guardas, o sofrimento de Joana. Absolutamente fantástico.
Gastaram toda a energia nos agoniantes minutos do parto (mais terríveis do que muito filme de suspense/terror), para então cair em uma história que simplesmente não sabe para onde vai. Shia LaBoeuf absolutamente canastrão (um ator nascido para o sucesso do Cinemão pipoca, mas alguém deve o ter convencido que era o melhor ator do mundo e aí a carreira declinou), e mesmo Vanessa Kirby fica desanimada. Péssima direção.
Eu vivo em uma cidade muito barulhenta, então as vezes fico pensando em lugares distantes onde você ouve aquele zumbido no ouvido conhecido como "o som do silêncio", Lunana seria com certeza um desses lugares, onde tudo passa devagar. Esteticamente e roteiristicamente lembra muito o filme iraniano "O Jarro" (e até mesmo outros de professores "indecisos"), mas aqui o tempo é completamente diferente, a cultura confucionista do extremo respeito e a resignação do budismo, deixa tudo sem demonstrações efusivas de emoção: sofre-se em silêncio como o silêncio das montanhas.
O enredo lembra muito "Blonde" (que viria no ano seguinte), mulheres que sofreram com mães negligentes (e até mesmo cruéis), com homens que as maltrataram a vida inteira e com o status quo governamental, e que buscaram alívio nos entorpecentes. Nesse aqui, como lá, o filme pertence inteiramente às suas protagonistas (Andra Day espetacular), e que idem poderiam ser um pouco mais enxutos.
Percebe-se claramente ser adaptação de peça teatral (e dirigida praticamente como tal), mas que nas telas não funciona tão bem. As discussões são repetitivas, atuações um pouco mecânicas (mais estereótipos do que encarnações das figuras originais, Muhammad Ali, que era um homem muito inteligente, no filme parece que só falava por chavões, além de que fizeram um Malcolm X muito irritante). Tem alguns bons diálogos mostrando as antagônicas visões sobre o movimento dos direitos civis negros da década de 60, mas deve funcionar melhor no teatro.
Não é porque um filme é mudo e preto/branco que imediatamente temos que colocá-lo como obra prima, não. As docas de NY é um filme quase ruim, pelo seu roteiro esparso, com sequencias absolutamente sem pé nem cabeça e resoluções idem, mas tem como destaque a apresentação de um ambiente sórdido e de um sujeito mais sórdido ainda que faz as vezes de heroí (o grandalhão Bill), com sua capa de couro brilhante que antecedia 30 anos ao estilo "selvagem" de Marlon Brando e a figura do 'amigo' fraco e invejoso que só quer ver tão mal quanto a si próprio.
PS- tenho visto vários filmes daquela época e me impressiona o quanto eles se cumprimentavam com beijos na boca (muitas vezes passando do simples "selinho") e isso até entre familiares.
O que sempre me atrai nos filmes italianos é a maneira de como contam as suas histórias em fascículos, pequenos pedaços de memória; idem como tratam com respeito os mais idosos, mas não em um sentido de deferência, mas sim de incluí-los com jovialidade no dia a dia das família (e quando digo jovialidade não quero dizer pessoas de 65 anos se portando como pessoas de 20, mas sim compartilhando os mesmos momentos)
O filme é irregular, mas é também um grande cartão de visitas de Napoles.
Muito interessante essa desmistificação do "American Way of Life", ainda mais que foi produzido nos chamados "Anos de Ouro", a década de 1920 (para muitos, o melhor período da civilização ocidental, sem guerras, com abundância material, oportunidades a todos e muita diversão), e mostra que afinal de contas, era um conto de fadas bem vendido. Aliás, é idem profético, no ano seguinte, a Crise de 1929 destruiria a vida de milhões de pessoas, acabando com a década dourada e trazendo o fascismo.
Anatomia de uma Queda
4.0 789 Assista AgoraA primeira coisa que eu pensei quando acabou o filme, foi curiosamente, no livro Dom Casmurro, de Machado de Assis ,verdadeira joia da literatura mundial, que através de uma estória simplória, deixou a resolução do enredo aberta para todo o sempre, o que acontece igualmente aqui nesse filme de roteiro excepcional. Assim como o menino narra no tribunal (muito boa atuação de Milo Machado Graner), quando não se tem certeza, você tem que descobri-la por si próprio, nem que tenha que a inventar.
PS- absolutamente genial a ideia de colocar a música "Pimp" (em uma exótica versão a base de tambor de aço) em volume absurdamente alto, enervando toda a cena. Imagina ouvir isso no Cinema.
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
3.9 662 Assista AgoraVerdadeiro caldeirão (sem trocadilhos) de "O Senhor dos Aneis"; "Harry Potter"; "Indiana Jones" e quem diria "Um morto muito louco", extremamente competente na animação (como era de se esperar), mas com uma estória óbvia, cansativa, sem graça (não vingou nem o dragãozinho mascote pra vender pelúcias).
O grande furo no roteiro é que o mundo onde se passa, não precisava ser necessariamente constituído de figuras míticas, porque ao final tal situação foi completamente sub aproveitada no enredo.
Cruella
4.0 1,4K Assista AgoraBobo, raso e irritante, essa desconstrução do personagem Cruella de Vil como uma vítima da sociedade, com seus amigos descolados e estereotipados até a medula e Emma Thompson atuando exatamente igual a Meryl Streep em "O Diabo Veste Prada".
Ficção Americana
3.8 365 Assista AgoraIndicado à Cinco Oscars (Filme, Ator, Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado e Trilha Sonora), uma excelente crítica aos anos 2020 e ao neo-racismo travestido de benevolência, com diálogos fantásticos, já iniciando com essa sequência:
O professor interpretado por Jeffrey Wright (atuando com uma sutileza incrível), dissertando à sua classe de literatura sobre um livro cujo título contêm a palavra "Nigger", hoje altamente pejorativa. Uma aluna branca, extremamente "ofendida" questiona o professor, e esse explica que há de se olhar o livro dentro do seu contexto histórico, não com olhos contemporâneos, mas a aluna na continuidade de sua indignação, recebe do seu professor (que é negro): "Eu superei isso, você também vai conseguir"
Um Príncipe em Nova York 2
2.8 459 Assista AgoraComo agora eu tenho um considerável tempo livre e a benção de poder pagar alguns streamings, resolvi assistir aos filmes que concorreram aos Oscars, em todas as categorias, com apenas uma condição: assisti-los na íntegra.
Eis que chego aos indicados a Oscar de Maquiagem 2022, e a "Um Príncipe em Nova York 2", e confesso que não consegui assistir, creio que seja não apenas um dos piores filmes a já terem sido indicados a alguma premiação da Academia, como um dos piores filmes que assisti em toda a minha vida, com piadas infantis e absolutamente óbvias (antes de falarem eu já premeditava o que aconteceria em seguida); estereotipando pobres e negros no que há de pior, com Eddie Murphy fazendo as mesmas caretas de 40 anos atrás, mais no piloto automático no que atuando,,,,absolutamente terrível.
Nota: 0,5
Soul
4.3 1,4KProvavelmente a mais adultas das animações da Pixar, em um roteiro fantástico que engloba Jazz, Livro Tibetano dos Mortos, platonismo....a concepção genial dos entes do pós-mundo, construídos em dimensões além das que podemos observar, aliado idem a um bom humor. Uma das melhores animações que assisti na minha vida.
Chantagem e Confissão
3.7 59 Assista AgoraO jovem Hitchcock, em uma trama até simplória, principalmente comparando ao que faria depois, mas mesmo assim, mostrando aqui e acolá seus temas prediletos: a loira ideal; o terror psicológico e o sarcasmo. A estória acaba se resolvendo rápido demais, e tem seu ponto fraco nisso, mas algumas tomadas são inusitadas para a época.
O Tigre Branco
3.8 403 Assista Agora"Os brancos estão indo embora, perdidos em drogas e sodomia. Esse século é dos asiáticos, que Deus proteja os demais"
Eu mesmo só confio em retratos de um povo quando são realizados pelo próprio povo retratado, e aqui temos um retrato excelente sobre a India do Século XXI: rica, cheia de talentos e ambições, mas ainda profundamente imersa na corrupção, na violência, na gigantesca desigualdade social. Porém, eis que temos um heroi corajoso, alguém oriundo da miséria profunda que como um Sidarta Gautama, obtêm a sua iluminação, livrando-se da subserviência que tanto faz parte da cultura indiana e sem julgamentos morais anuncia: deixem-nos crescer que seremos a maior nação do mundo.
PS- o maior símbolo desse filme que mostra que surge uma nova Índia é não haver nenhum número musical, tão arraigado no cinema indiano.
007: Sem Tempo para Morrer
3.6 564 Assista AgoraA produção caprichada e as estonteantes sequências de ação dignas da série que me levaram à nota 6,0, porque senão....filme longo (longo demais!!!) principalmente por fatores absolutamente descartáveis que teriam deixado o filme mais enxuto e mais divertido (que creio ser a única proposta da série), a terça parte que encerra a obra é tão dispendiosamente alongada que o gran finale não chega a causar espanto, porque você realmente só esperava que acabasse o mais rápido possível.
Rami Malek como "Safin" é um dos piores (não no sentido da maldade, mas no sentido da má atuação mesmo) vilões que já vi em 007, tão caricato e clichê que irrita.
Tempestade Sobre a Ásia
3.7 12O Cinema Revolucionário Soviético então no seu auge, com suas técnicas de edição únicas, aliando a mensagem governamental à Arte, mas aqui em alguns momentos ele se torna bem moroso (característica do cinema soviético após a década de 60, principalmente em Tarkovsky). Diversas alegorias referentes a exploração capitalista e a magistral imagem final da força asiática (orgulho até hoje da Rússia) varrendo os inimigos.
Borat: Fita de Cinema Seguinte
3.6 551 Assista AgoraApesar de bastante criativo e saber falar sobre os temas (então) relevantes, não é engraçado, porque perdeu a surpresa e com isso a espontaneidade do primeiro filme, e a maioria das piadas é "uma boa piada, mas foi contada tantas vezes que perdeu a graça".
Ascensão
3.3 34 Assista AgoraO tema é interessante, mostrando uma China Comunista que progride rumo ao anarco capitalismo, embora só indo aquele país pra saber se é verdade ou não. Infelizmente a execução da narrativa é lenta, com muitas imagens alongadas desnecessariamente, tornando o filme muito mais longo do que devia.
Marinheiro de Encomenda
4.2 42 Assista AgoraO esquema é o mesmo de quase todos os filmes de Keaton: o homem franzino e sensível, forasteiro em uma terra de gigantes mal-educados, que se apaixona pela mulher errada e salva a todos usando da inteligência. O genial dos filmes dele são as eletrizantes sequencias finais, com ideias mirabolantes e execuções perfeitas: era um verdadeiro gênio nesse quesito. (a cena da parede caindo sobre ele, exatamente no vão da janela, é uma das mais antológicas da História do Cinema)
Era Uma Vez um Sonho
3.5 448 Assista AgoraEu trabalho há bastante tempo com dependentes químico e (uau!) Amy Adams personifica uma dependência muito realista, com toda a deterioração física, psicológica e moral e Glenn Close absolutamente convincente (que atriz!!!). O quê da estória fica na direção frouxa e na pavorosa interpretação do ator Owen Asztalos, como o JD adolescente, além de um pathos que só será compreendido integralmente para quem seja do sul dos EUA.
Summer of Soul (...ou, Quando A Revolução Não Pôde Ser …
4.3 61 Assista AgoraUau. Uau. Eu não sou nostalgista, mesmo tenho um pouco de aversão a isso, mas vendo esse show, que confesso que desconhecia por completo, e se apresentando ali, um a um, o que de melhor a música fez nos últimos 70, 80, 100 anos (cada artista que era anunciado me arrepiava tanto quanto a plateia daquele dia), me pergunto em que ponto e por quê, nós deixamos de cantar com as nossas próprias vozes, de sermos hábeis com os instrumentos musicais (Nina Simone ao piano é algo sobrenatural), de com uma energia explosiva levar o espectador ao clímax e à reflexão.
Que pena.
A Paixão de Joana d'Arc
4.5 229 Assista AgoraObra Prima quase centenária, que encerra um dos maiores estudos já feitos sobre fotografia, enquadramento e principalmente, close-ups, registrando magistralmente a pilhéria dos juízes, a maldade dos guardas, o sofrimento de Joana. Absolutamente fantástico.
Pedaços De Uma Mulher
3.8 544 Assista AgoraGastaram toda a energia nos agoniantes minutos do parto (mais terríveis do que muito filme de suspense/terror), para então cair em uma história que simplesmente não sabe para onde vai. Shia LaBoeuf absolutamente canastrão (um ator nascido para o sucesso do Cinemão pipoca, mas alguém deve o ter convencido que era o melhor ator do mundo e aí a carreira declinou), e mesmo Vanessa Kirby fica desanimada. Péssima direção.
A Felicidade das Pequenas Coisas
4.0 96 Assista AgoraEu vivo em uma cidade muito barulhenta, então as vezes fico pensando em lugares distantes onde você ouve aquele zumbido no ouvido conhecido como "o som do silêncio", Lunana seria com certeza um desses lugares, onde tudo passa devagar.
Esteticamente e roteiristicamente lembra muito o filme iraniano "O Jarro" (e até mesmo outros de professores "indecisos"), mas aqui o tempo é completamente diferente, a cultura confucionista do extremo respeito e a resignação do budismo, deixa tudo sem demonstrações efusivas de emoção: sofre-se em silêncio como o silêncio das montanhas.
Estados Unidos Vs Billie Holiday
3.3 150 Assista AgoraO enredo lembra muito "Blonde" (que viria no ano seguinte), mulheres que sofreram com mães negligentes (e até mesmo cruéis), com homens que as maltrataram a vida inteira e com o status quo governamental, e que buscaram alívio nos entorpecentes. Nesse aqui, como lá, o filme pertence inteiramente às suas protagonistas (Andra Day espetacular), e que idem poderiam ser um pouco mais enxutos.
Uma Noite em Miami...
3.7 189 Assista AgoraPercebe-se claramente ser adaptação de peça teatral (e dirigida praticamente como tal), mas que nas telas não funciona tão bem. As discussões são repetitivas, atuações um pouco mecânicas (mais estereótipos do que encarnações das figuras originais, Muhammad Ali, que era um homem muito inteligente, no filme parece que só falava por chavões, além de que fizeram um Malcolm X muito irritante). Tem alguns bons diálogos mostrando as antagônicas visões sobre o movimento dos direitos civis negros da década de 60, mas deve funcionar melhor no teatro.
Docas de Nova York
3.8 20Não é porque um filme é mudo e preto/branco que imediatamente temos que colocá-lo como obra prima, não. As docas de NY é um filme quase ruim, pelo seu roteiro esparso, com sequencias absolutamente sem pé nem cabeça e resoluções idem, mas tem como destaque a apresentação de um ambiente sórdido e de um sujeito mais sórdido ainda que faz as vezes de heroí (o grandalhão Bill), com sua capa de couro brilhante que antecedia 30 anos ao estilo "selvagem" de Marlon Brando e a figura do 'amigo' fraco e invejoso que só quer ver tão mal quanto a si próprio.
PS- tenho visto vários filmes daquela época e me impressiona o quanto eles se cumprimentavam com beijos na boca (muitas vezes passando do simples "selinho") e isso até entre familiares.
A Mão de Deus
3.6 190O que sempre me atrai nos filmes italianos é a maneira de como contam as suas histórias em fascículos, pequenos pedaços de memória; idem como tratam com respeito os mais idosos, mas não em um sentido de deferência, mas sim de incluí-los com jovialidade no dia a dia das família (e quando digo jovialidade não quero dizer pessoas de 65 anos se portando como pessoas de 20, mas sim compartilhando os mesmos momentos)
O filme é irregular, mas é também um grande cartão de visitas de Napoles.
A Voz Suprema do Blues
3.5 539 Assista AgoraOs diálogos no porão são sensacionais e Boseman, que já se sabia terminal, coloca no seu discurso contra Deus uma emoção absolutamente genuína.
A Turba
4.3 24Muito interessante essa desmistificação do "American Way of Life", ainda mais que foi produzido nos chamados "Anos de Ouro", a década de 1920 (para muitos, o melhor período da civilização ocidental, sem guerras, com abundância material, oportunidades a todos e muita diversão), e mostra que afinal de contas, era um conto de fadas bem vendido. Aliás, é idem profético, no ano seguinte, a Crise de 1929 destruiria a vida de milhões de pessoas, acabando com a década dourada e trazendo o fascismo.