Cada dia mais parece que quanto mais velho o diretor, mais ele entende de usar as inovações tecnológicas enquanto ferramentas narrativas. Longe de um exibicionismo (os efeitos são até estranhos na maior parte do tempo), aqui o Resnais só parece querer pegar a realidade e a mídia e dobrá-las até caber em seu bolso - e no de Orfeu e Eurídice também. Bom filme sobre um artista em crise e um irônico e melancólico encerramento para carreira do diretor.
É difícil eu me sentir assim com um filme, mas é incrível como esse aqui é todo errado. Parece uma coletânea de tudo de mau-gosto e de pouca criatividade que existe hoje nos blockbuster. Não é nem a personagem feminina totalmente sem sentido que parece saída da cabeça de um homem julgando o que é feminismo na década de 60, o problema é que todos os personagens são simplesmente ruins. Não sei como alguém planeja um filme tão grande como esse em que todos que habitam a trama são mesquinhos, sem expressões e convencidos - não é a toa que é um filme cínico pra caralho, o que, levando em conta o contexto dele (remake de um filme do caralho do Spielberg, que é dos diretores comerciais mais espirituosos que existe), é o plano pra um desastre completo. Parece até que isso aqui é pior que os destruction porn de super-herói, lá eles pelo menos não querem nos fazer acreditar como tal mundo é "mágico e lindo" antes de querer fazer ele se tornar em uma matança generalizada (que ele tem um prazer enorme de retratar). O comentário de como a natureza é cruel que, já no filme de 93 não era das coisas mais funcionais, aqui apela pra uma literalidade muito absurda - assim como toda a questão da "arma de guerra", que não tem local nenhum dentro da trama e mesmo assim o filme insiste nisso (nem vou falar no drama familiar, outro completo desastre). E no fim o filme ainda quer se passar por um Skull Island da vida, colocando a ação sem cérebro acima de tudo: uma pena que o Kong tinha plana consciência e amor por essa sua proposta, o que é o exato oposto desse Jurassic World.
Não chego a desgostar do filme, mas me pergunto até que ponto esse surrealismo pelo surrealismo é válido. Há inúmeros elementos interessantes aqui (a trilha, a claustrofobia, o noir), mas o filme os amontoa de uma forma um tanto quanto exibicionista e que não segue uma linha lógica - aí entenda-se que o filme não chega a desenvolver nem uma história propriamente dita, mas também não se torna uma experimentação estética ou de ritmo. Parece que, inclusive, a pretensa história impede as experimentações de funcionarem por si só, assim como as experimentações impedem a história de de fato existir. Não rolou pra mim, quem sabe numa revisão em que eu saiba melhor o que esperar.
Fico tentado a diminuir a nota devido a como o filme é vazio, moralmente falando. Ele se preocupa tanto em ser imparcial e só se importar com o retrato que está fazendo que ele acaba não colocando juízo de valor nenhum nas ações dos personagens, e daí tudo que a imagem, às vezes tão impressionante, tenta empurrar no telespectador só parece vazio. O que deveria ser sobre como a moral é flutuante, só parece querer adequar a moral a determinada ferramenta narrativa fácil que o filme quer usar pra justificar sua continuidade (a finalização do caso do Chester e o negócio da urina, principalmente). No fim, não sei como me sentir sobre aquela imagem tão linda do taxista do lado da árvore de Natal, não sei como me sentir sobre a prostituta escrota-mas-legal voltando pra casa triste, não sei como me sentir sobre as duas meninas brigando do nada. Mas o filme não se resume a isso, graças a deus.
Gosto de como a trama se constrói e acaba levando à cena do Donut Time, que é incrível. O Sean Baker sabe usar bem a proposta do iPhone e adéqua bem a textura com a Los Angeles ensolarada. Mas o grande acerto do filme é realmente suas atuações, principalmente das duas atrizes principais. Elas criam algo bem genuíno que faz um humanismo universal, que independe de um julgamento moral e quem sabe era o grande mote do filme todo, funcionar por boa parte do filme. Mas enfim, pena que esse humanismo só fica entre as duas - e ainda quer sumir entre elas em seu fim.
O Wes Craven parece que transformava todo e qualquer filme dele em suspense suburbano né, e isso é maravilhoso. Tem toda uma ideia pós-11/9, mas o filme parece falar mesmo é com um empoderamento feminino/uma superação de trauma individual (que aí sim poderia levar ao coletivo). Craven constrói a relação entre a McAdams e o Cillian Murphy como algo abusivo e, ao mesmo passo que transforma o Murphy em um ótimo vilão, apresenta e da força à McAdams - tudo por meio de um suspense impecável e de umas alegorias ótimas (vou rir para sempre da protagonista feminina tirar a voz do vilão homem perto do fim do filme). Inacreditável a força que um bom diretor dá a uma historinha boba dessas.
A fragmentação hipnotizante para falar de uma comunidade e suas relações - e de onde e por que elas falham. Quem sabe a abstração vá longe demais e pareça não dizer nada em momentos, mas ao fim o filme atinge algumas imagens extremamente fortes e inventivas, tanto no parâmetro sentimental, quanto no político/crítico, além de uma beleza e inovação que permeia o filme inteiro. Em tempo, ele tem as imagens anti-capitalistas mais poderosas que já vi. There is no justice, just us.
Que coisa linda como o filme consegue se achar, mesmo em meio a tanta bagunça, quando se aproxima de seu final. Na verdade tudo se resume ao pessimismo que o Sokurov tem em relação a tudo que mostra em tela. Não existe humanismo sem guerra - a história se constrói em cima do poder e a arte se constrói em cima da história. Essas coisas se misturam e se confundem o tempo todo, mas a conexão é inegável. No fim, a história do museu e da arte como um todo se encontra no Napoleão megalomaníaco (que se senta ao lado do ideal revolucionário observando a Monalisa na melhor cena do filme), não nos dois grandes heróis do filme.
O sentimento do início, meio, fim e da inexistência de um romance contado por meio das luzes e da performance. Da pra dizer até que é um filme que renega muito seu texto, mesmo sendo tão verborrágico: poderia se substituir as diálogos e as histórias que são contadas por qualquer outra coisa e ainda sim atingir o mesmo impacto. Frases soltas e ideias abstratas são apenas outro veículo que o filme usa pra atingir aquilo que a imagem propõe: a melancolia e a solidão, a dor e a felicidade e o inevitável fim.
"So you went from capitalist to naturalist in just 4 years" Uma pena que o resto do filme se resume em um Spielberg desinteressado tentando fingir interesse - o que transforma um filme que, em outras mãos, seria um desastre completo em algo que é apenas sem atrativos e chato.
O filme como realidade e a realidade como história, e isso implica na história como mera representação - ou quem sabe mera arte. Se isso é crítica ou exaltação, exibicionismo formal ou revisionismo histórico, eu realmente não sei, vai ver nem o próprio Sokurov sabia, mas é um filme impressionante demais, seja tecnicamente, seja na vida que ele dá ao espaço físico, às obras de arte e, por fim, ao indivíduo, o centro disso tudo.
Gosto da sensibilidade plástica (principalmente do uso do CGI), das questões da natureza e também da escalação e a consciência que o filme tem do que ele realmente é, mas ele poderia ser menos bagunçado. O personagem do Richard Attenborough começa o filme super interessante, um megalomaníaco depressivo e imaginativo (assim como o próprio Spielberg), mas logo se perde num pseudo-drama familiar bobo que chega a uma conclusão bem fraquinha e sem expressão - assim como todo o simbolismo para o cinema também, é triste um filme que conta com uma cena tão boa quanto aquela do jantar em meio às telas acabar de uma forma tão sem sal e boba. E isso acaba valendo pra quase tudo dentro do filme. Da até pra dizer que pra cada cena bonita e interessante, também há uma coisa fácil e bobinha. Mas de qualquer jeito o Spielberg sabe manter a trama interessante e criar bons momentos de tensão, mesmo com o andamento estranho do filme (o perigo só existe quando é conveniente), então é um filme bem divertido em geral.
Rob Zombie não soube fazer um slasher usual no seu primeiro Halloween, daí ele vai lá e cria um slasher completamente próprio na sua sequência. Gore remetendo ao Chainsaw Massacre, a iconografia dos anos 80, ironia/crítica dos Screams, mas no fim o filme conta com uma abordagem dramática tão forte e impressionante que faz até os elementos mais imaginativos funcionarem bem demais.
É um filme sobre contenções e explosões, muito provavelmente porque é um filme sobre stress pós-traumático, no fim de tudo. Todos os personagens ruins e mal-desenvolvidos do primeiro filme voltam com uma força absurda aqui - demonstrando bem como o Zombie realmente sabe trazer o implícito pra dentro da trama e fazer ele ter uma força grande -, mas é a atmosfera fatalista e melancólica que realmente chama a atenção. Os slashers usuais tem uma ideia de, desde o primeiro minuto de duração, o espectador saber que logo todo mundo começará a morrer e daí a trama se desenvolver, e Zombie pega isso emprestado mas colocando uma carga completamente contrária à matança sem sentido do slasher: o que importa, aqui, é o sentimento, é o medo, é o real desespero. Myers se trata de uma criança de 2 metros de altura que nunca teve a chance de ser algo além daquilo. Laurie é uma adolescente comum que tem sua vida completamente destruída sem motivo aparente nenhum (e, pior, mais tarde ela descobre o horrível motivo). Loomis é um médico genial que sucumbe a uma ganância imensa e ao absurdo midiático. É tudo internalizado por seus personagens e acaba sendo misturado pelo medo da volta de Myers - que é o que acontece com o telespectador também, que espera a matança, mas espera também a externalização de tudo isso. Zombie encaixa o trágico e a tristeza de tudo isso na estrutura clichê, mas, ao fazer isso, meio que subverte todo o objetivo desse estrutura. Não é sobre descartabilidade e mesquinharia, é sobre dor (psicológica) e consciência, sobre o passado sempre presente e sobre o quão triste é a imutabilidade de tudo isso.
Filmaço sobre correr, correr, correr, mas não conseguir escapar - seja do passado, de sua consciência ou mesmo do Michael Myers.
Tourneur encontra, entre as sombras e a luz, tanto os mais simples e clássicos sentimentos, quanto um misticismo tropical único e intrigante. Uma história de amor que vira uma história mística e uma história mística que vira uma história política: nos enquadramentos de Tourneur tudo isso não aparenta estar, por fim, tão distante quanto parece.
Cartoon sobre a cíclica sociedade de hierarquias completamente imaginárias e falsas, mas também sobre odiar ser um adolescente. O mundo realmente não merecia a Winona Ryder dessa época.
Não sei porque tanto chororo em relação a um remake de um filme que teve umas 37 continuações e que aqui é tratado com tanto respeito - ao mesmo tempo que se preocupa em se afastar dele e criar algo novo. Os primeiros 30, 40 minutos do filme são realmente memoráveis em relação a isso, o Rob Zombie tem bastante habilidade pra se expressar por meio da imagem e trabalha muito bem com o implícito e com uma ironia bem peculiar (que é o que remete ao filme do Carpenter). O problema realmente é que ele não soube fazer o slasher que era necessário para manter o nível do filme: as personagens são completamente desinteressantes e a morte delas não tem força nenhuma, a iconografia do Mike Myers é bem fraca, mesmo com o Zombie criando imagens interessantes volta e meia, e ele simplesmente não tem um andamento interessante. Parece que o filme se nega um pouco de seguir aquela estruturazinha pronta e, assim com o que acontece com a negação de imitar grandes momentos do filme original, quando ele opta por utilizar essas coisas, só não funciona tão bem.
Gênero que respira, se interessa e se expande a cada momento. Um filme sobre sequestro melhor do que 10 Cloverfield Lane, mas, acima de tudo, um filme sobre trauma melhor que Room.
Vocês Ainda Não Viram Nada!
3.6 28Cada dia mais parece que quanto mais velho o diretor, mais ele entende de usar as inovações tecnológicas enquanto ferramentas narrativas. Longe de um exibicionismo (os efeitos são até estranhos na maior parte do tempo), aqui o Resnais só parece querer pegar a realidade e a mídia e dobrá-las até caber em seu bolso - e no de Orfeu e Eurídice também. Bom filme sobre um artista em crise e um irônico e melancólico encerramento para carreira do diretor.
Bubble - Uma Nova Experiência
3.2 18Obra-prima sobre os eleitores de Trump 10 anos adiantada.
Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros
3.6 3,0K Assista AgoraÉ difícil eu me sentir assim com um filme, mas é incrível como esse aqui é todo errado. Parece uma coletânea de tudo de mau-gosto e de pouca criatividade que existe hoje nos blockbuster. Não é nem a personagem feminina totalmente sem sentido que parece saída da cabeça de um homem julgando o que é feminismo na década de 60, o problema é que todos os personagens são simplesmente ruins. Não sei como alguém planeja um filme tão grande como esse em que todos que habitam a trama são mesquinhos, sem expressões e convencidos - não é a toa que é um filme cínico pra caralho, o que, levando em conta o contexto dele (remake de um filme do caralho do Spielberg, que é dos diretores comerciais mais espirituosos que existe), é o plano pra um desastre completo. Parece até que isso aqui é pior que os destruction porn de super-herói, lá eles pelo menos não querem nos fazer acreditar como tal mundo é "mágico e lindo" antes de querer fazer ele se tornar em uma matança generalizada (que ele tem um prazer enorme de retratar). O comentário de como a natureza é cruel que, já no filme de 93 não era das coisas mais funcionais, aqui apela pra uma literalidade muito absurda - assim como toda a questão da "arma de guerra", que não tem local nenhum dentro da trama e mesmo assim o filme insiste nisso (nem vou falar no drama familiar, outro completo desastre). E no fim o filme ainda quer se passar por um Skull Island da vida, colocando a ação sem cérebro acima de tudo: uma pena que o Kong tinha plana consciência e amor por essa sua proposta, o que é o exato oposto desse Jurassic World.
Estrada Perdida
4.1 469 Assista AgoraNão chego a desgostar do filme, mas me pergunto até que ponto esse surrealismo pelo surrealismo é válido. Há inúmeros elementos interessantes aqui (a trilha, a claustrofobia, o noir), mas o filme os amontoa de uma forma um tanto quanto exibicionista e que não segue uma linha lógica - aí entenda-se que o filme não chega a desenvolver nem uma história propriamente dita, mas também não se torna uma experimentação estética ou de ritmo. Parece que, inclusive, a pretensa história impede as experimentações de funcionarem por si só, assim como as experimentações impedem a história de de fato existir. Não rolou pra mim, quem sabe numa revisão em que eu saiba melhor o que esperar.
Elegia de uma Viagem
4.3 10No auge de sua imutabilidade, a arte ainda sim é o maior complemento à experiência humana que existe.
Tangerina
4.0 278 Assista AgoraFico tentado a diminuir a nota devido a como o filme é vazio, moralmente falando. Ele se preocupa tanto em ser imparcial e só se importar com o retrato que está fazendo que ele acaba não colocando juízo de valor nenhum nas ações dos personagens, e daí tudo que a imagem, às vezes tão impressionante, tenta empurrar no telespectador só parece vazio. O que deveria ser sobre como a moral é flutuante, só parece querer adequar a moral a determinada ferramenta narrativa fácil que o filme quer usar pra justificar sua continuidade (a finalização do caso do Chester e o negócio da urina, principalmente). No fim, não sei como me sentir sobre aquela imagem tão linda do taxista do lado da árvore de Natal, não sei como me sentir sobre a prostituta escrota-mas-legal voltando pra casa triste, não sei como me sentir sobre as duas meninas brigando do nada. Mas o filme não se resume a isso, graças a deus.
Gosto de como a trama se constrói e acaba levando à cena do Donut Time, que é incrível. O Sean Baker sabe usar bem a proposta do iPhone e adéqua bem a textura com a Los Angeles ensolarada. Mas o grande acerto do filme é realmente suas atuações, principalmente das duas atrizes principais. Elas criam algo bem genuíno que faz um humanismo universal, que independe de um julgamento moral e quem sabe era o grande mote do filme todo, funcionar por boa parte do filme. Mas enfim, pena que esse humanismo só fica entre as duas - e ainda quer sumir entre elas em seu fim.
Vôo Noturno
3.3 587 Assista AgoraO Wes Craven parece que transformava todo e qualquer filme dele em suspense suburbano né, e isso é maravilhoso. Tem toda uma ideia pós-11/9, mas o filme parece falar mesmo é com um empoderamento feminino/uma superação de trauma individual (que aí sim poderia levar ao coletivo). Craven constrói a relação entre a McAdams e o Cillian Murphy como algo abusivo e, ao mesmo passo que transforma o Murphy em um ótimo vilão, apresenta e da força à McAdams - tudo por meio de um suspense impecável e de umas alegorias ótimas (vou rir para sempre da protagonista feminina tirar a voz do vilão homem perto do fim do filme). Inacreditável a força que um bom diretor dá a uma historinha boba dessas.
88:88
3.2 1A fragmentação hipnotizante para falar de uma comunidade e suas relações - e de onde e por que elas falham. Quem sabe a abstração vá longe demais e pareça não dizer nada em momentos, mas ao fim o filme atinge algumas imagens extremamente fortes e inventivas, tanto no parâmetro sentimental, quanto no político/crítico, além de uma beleza e inovação que permeia o filme inteiro. Em tempo, ele tem as imagens anti-capitalistas mais poderosas que já vi. There is no justice, just us.
Francofonia – Louvre Sob Ocupação
3.7 37 Assista AgoraQue coisa linda como o filme consegue se achar, mesmo em meio a tanta bagunça, quando se aproxima de seu final. Na verdade tudo se resume ao pessimismo que o Sokurov tem em relação a tudo que mostra em tela. Não existe humanismo sem guerra - a história se constrói em cima do poder e a arte se constrói em cima da história. Essas coisas se misturam e se confundem o tempo todo, mas a conexão é inegável. No fim, a história do museu e da arte como um todo se encontra no Napoleão megalomaníaco (que se senta ao lado do ideal revolucionário observando a Monalisa na melhor cena do filme), não nos dois grandes heróis do filme.
Garoto
3.2 16Dos melhores filmes nacionais sobre relacionamentos e sobre geografia. Realmente, o mistério do amor é ainda maior que o mistério da morte.
Noites Brancas no Píer
3.3 6O sentimento do início, meio, fim e da inexistência de um romance contado por meio das luzes e da performance. Da pra dizer até que é um filme que renega muito seu texto, mesmo sendo tão verborrágico: poderia se substituir as diálogos e as histórias que são contadas por qualquer outra coisa e ainda sim atingir o mesmo impacto. Frases soltas e ideias abstratas são apenas outro veículo que o filme usa pra atingir aquilo que a imagem propõe: a melancolia e a solidão, a dor e a felicidade e o inevitável fim.
O Mundo Perdido: Jurassic Park
3.5 612 Assista Agora"So you went from capitalist to naturalist in just 4 years"
Uma pena que o resto do filme se resume em um Spielberg desinteressado tentando fingir interesse - o que transforma um filme que, em outras mãos, seria um desastre completo em algo que é apenas sem atrativos e chato.
A Hora do Pesadelo 2: A Vingança de Freddy
3.1 478 Assista AgoraNo mundo de adolescentes se descobrindo, o maior medo é realmente seus piores pesadelos se tornarem físicos.
Arca Russa
4.0 183O filme como realidade e a realidade como história, e isso implica na história como mera representação - ou quem sabe mera arte. Se isso é crítica ou exaltação, exibicionismo formal ou revisionismo histórico, eu realmente não sei, vai ver nem o próprio Sokurov sabia, mas é um filme impressionante demais, seja tecnicamente, seja na vida que ele dá ao espaço físico, às obras de arte e, por fim, ao indivíduo, o centro disso tudo.
Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros
3.9 1,7K Assista AgoraGosto da sensibilidade plástica (principalmente do uso do CGI), das questões da natureza e também da escalação e a consciência que o filme tem do que ele realmente é, mas ele poderia ser menos bagunçado. O personagem do Richard Attenborough começa o filme super interessante, um megalomaníaco depressivo e imaginativo (assim como o próprio Spielberg), mas logo se perde num pseudo-drama familiar bobo que chega a uma conclusão bem fraquinha e sem expressão - assim como todo o simbolismo para o cinema também, é triste um filme que conta com uma cena tão boa quanto aquela do jantar em meio às telas acabar de uma forma tão sem sal e boba. E isso acaba valendo pra quase tudo dentro do filme. Da até pra dizer que pra cada cena bonita e interessante, também há uma coisa fácil e bobinha. Mas de qualquer jeito o Spielberg sabe manter a trama interessante e criar bons momentos de tensão, mesmo com o andamento estranho do filme (o perigo só existe quando é conveniente), então é um filme bem divertido em geral.
Halloween 2
2.6 680 Assista AgoraRob Zombie não soube fazer um slasher usual no seu primeiro Halloween, daí ele vai lá e cria um slasher completamente próprio na sua sequência. Gore remetendo ao Chainsaw Massacre, a iconografia dos anos 80, ironia/crítica dos Screams, mas no fim o filme conta com uma abordagem dramática tão forte e impressionante que faz até os elementos mais imaginativos funcionarem bem demais.
É um filme sobre contenções e explosões, muito provavelmente porque é um filme sobre stress pós-traumático, no fim de tudo. Todos os personagens ruins e mal-desenvolvidos do primeiro filme voltam com uma força absurda aqui - demonstrando bem como o Zombie realmente sabe trazer o implícito pra dentro da trama e fazer ele ter uma força grande -, mas é a atmosfera fatalista e melancólica que realmente chama a atenção. Os slashers usuais tem uma ideia de, desde o primeiro minuto de duração, o espectador saber que logo todo mundo começará a morrer e daí a trama se desenvolver, e Zombie pega isso emprestado mas colocando uma carga completamente contrária à matança sem sentido do slasher: o que importa, aqui, é o sentimento, é o medo, é o real desespero. Myers se trata de uma criança de 2 metros de altura que nunca teve a chance de ser algo além daquilo. Laurie é uma adolescente comum que tem sua vida completamente destruída sem motivo aparente nenhum (e, pior, mais tarde ela descobre o horrível motivo). Loomis é um médico genial que sucumbe a uma ganância imensa e ao absurdo midiático. É tudo internalizado por seus personagens e acaba sendo misturado pelo medo da volta de Myers - que é o que acontece com o telespectador também, que espera a matança, mas espera também a externalização de tudo isso. Zombie encaixa o trágico e a tristeza de tudo isso na estrutura clichê, mas, ao fazer isso, meio que subverte todo o objetivo desse estrutura. Não é sobre descartabilidade e mesquinharia, é sobre dor (psicológica) e consciência, sobre o passado sempre presente e sobre o quão triste é a imutabilidade de tudo isso.
Filmaço sobre correr, correr, correr, mas não conseguir escapar - seja do passado, de sua consciência ou mesmo do Michael Myers.
Estrada para Lugar Nenhum
3.8 97Não me lembrava desse episódio de Malhação.
No Silêncio da Noite
4.1 79 Assista AgoraFilme/romance/personagem/vida que se implode.
A Morta-Viva
3.8 64Tourneur encontra, entre as sombras e a luz, tanto os mais simples e clássicos sentimentos, quanto um misticismo tropical único e intrigante. Uma história de amor que vira uma história mística e uma história mística que vira uma história política: nos enquadramentos de Tourneur tudo isso não aparenta estar, por fim, tão distante quanto parece.
A Hora do Pesadelo
3.8 1,2K Assista AgoraMorality sucks.
Atração Mortal
3.7 318 Assista AgoraCartoon sobre a cíclica sociedade de hierarquias completamente imaginárias e falsas, mas também sobre odiar ser um adolescente. O mundo realmente não merecia a Winona Ryder dessa época.
Halloween: O Início
3.2 861 Assista AgoraNão sei porque tanto chororo em relação a um remake de um filme que teve umas 37 continuações e que aqui é tratado com tanto respeito - ao mesmo tempo que se preocupa em se afastar dele e criar algo novo. Os primeiros 30, 40 minutos do filme são realmente memoráveis em relação a isso, o Rob Zombie tem bastante habilidade pra se expressar por meio da imagem e trabalha muito bem com o implícito e com uma ironia bem peculiar (que é o que remete ao filme do Carpenter). O problema realmente é que ele não soube fazer o slasher que era necessário para manter o nível do filme: as personagens são completamente desinteressantes e a morte delas não tem força nenhuma, a iconografia do Mike Myers é bem fraca, mesmo com o Zombie criando imagens interessantes volta e meia, e ele simplesmente não tem um andamento interessante. Parece que o filme se nega um pouco de seguir aquela estruturazinha pronta e, assim com o que acontece com a negação de imitar grandes momentos do filme original, quando ele opta por utilizar essas coisas, só não funciona tão bem.
Brainscan: O Jogo Mortal
3.2 54Pequena bobajada bagunçada e divertida sobre a importância de filmes de terror em nossas vidas.
Fragmentado
3.9 3,0K Assista AgoraGênero que respira, se interessa e se expande a cada momento. Um filme sobre sequestro melhor do que 10 Cloverfield Lane, mas, acima de tudo, um filme sobre trauma melhor que Room.