Estamos constantemente sujeitos à uma ditadura das aparências, vivemos sempre em conflito sobre aquilo que pensamos ou desejamos e aquilo que a razão nos impõe. Muitas vezes o que desejamos não é lógico ou racional, e é nisso que o filme se alicerça, quando nos apresenta Sarah (Kate Winslet, excelente), uma mulher casada e insatisfeita com sua vida que se resume a cuidar da filha pequena e encontrar vizinhas no parque, todas com seus respectivos filhos, em conversas ácidas, pontuadas por comentários maldosos, até que conhece Brad (Patrick Wilson, também ótimo), bonito e também casado, é então que Sarah começa a viver o conflito mencionado, o desejo que se impõe sobre as convenções da sociedade.
SPOILERS A SEGUIR:
Ambos vivem casamentos desgastados e buscam não só o prazer sexual mas a companhia e o companheirismo, o interesse que parece não existir mais em seus respectivos parceiros e assim, contra a racionalidade, se arriscam nessa busca de emoções que dê algum sentido à suas monótonas vidas.
Há também outro personagem, Ronnie, pedófilo que não é capaz de se controlar, por quem sentimos repulsa e ao mesmo tempo pena, na magnífica interpretação de Jackie Earle Haley. Perseguido pelo ex-policial (Noah Emmerich), Ronnie reconhece que “não é uma boa pessoa”. Como não se emocionar na cena em que ao saber da morte da mãe, ele vai lavar a louça antes de ler o singelo bilhete deixado por ela antes de morrer. Com aquele gesto, entendemos que ele sente que estava irremediavelmente só e havia perdido a única pessoa que o amava, pois ela não estaria mais lá para fazer algo tão corriqueiro como lavar a louça. Apesar de seu comportamento repulsivo, me emocionei com sua dor quase palpável e sua trágica decisão mais adiante na narrativa.
No final, quando a fuga proposta por Brad para Sarah, que ela impulsivamente aceita, não dá certo, sabotada pelo próprio Brad que prefere andar de skate esquecendo da amante que esperava por ele, entendemos que Brad era um menino, um homem imaturo que por momentos buscou uma felicidade em um caso extraconjugal, mas se acovardou diante de uma decisão drástica que poderia mudar totalmente sua confortável vida. E Sarah, ao aceitar fugir, também demonstra uma imaturidade infantil, são ambos crianças pequenas (as “Little Children”, do título original). Há as crianças que são filhos dos protagonistas, mas o título não pode se referir à elas ou somente à elas, algo por demais óbvio para um filme tão cheio de significados.
A brilhante opção por usar um narrador deixa o desenvolvimento das situações mais ágeis, pois ele não só descreve os incidentes, mas faz um mergulho na mente dos personagens e nos revela seus sentimentos, aflições, dúvidas...
“Pecados íntimos” consegue criar uma ótima narrativa e não é fácil, porque o faz a partir de situações cotidianas gerando reflexões sobre o comportamento e as relações humanas e não há nada mais complicado do que a convivência entre pessoas, cada uma com suas particularidades e diferenças, o que por si só já é motivo para eternos conflitos.
Um enredo de casa mal assombrada com elementos de giallo nessa divertida co-produção ítalo-espanhola.
A abertura conta com um interminável racha entre um carro e uma moto numa estrada, uma inusitada forma de apresentar alguns dos personagens que farão parte da narrativa, quando todos se encontram na mansão que dá nome ao filme.
Há uma ótima atmosfera sombria, com a mansão próxima ao cemitério envolta em neblina, apesar de clichê, esta ambientação sempre funciona.
pois durante o filme inteiro somos levados a acreditar que existia realmente fantasmas na mansão, para descobrirmos que tudo era uma farsa arquitetada pelo marido da herdeira para enlouquecer a esposa e ficar com seu dinheiro. Sim, o clichê do marido culpado, mas não desconfiei disso, embora as lembranças de Elsa provavelmente influenciariam em algo futuramente, mas a trama estava tão voltada para o sobrenatural, que não deu para imaginar que seria algo mais mesquinho e terreno.
Uma abertura perturbadora, durante os créditos são mostradas cenas reais explícitas de uma tourada, o que achei de mau gosto mesmo porque não vi ligação com o resto da narrativa, mas eram outros tempos em que não havia consciência com proteção dos animais.
O enredo é bem desenvolvido, há uma esplêndida e assustadora sequência na estação de trens em que descobrimos sobre o trauma de Martha (Carrol Baker) em relação ao acidente que matou seus pais e provocou sua mudez. A atriz tem uma ótima atuação, na qual transmite sua angústia e pavor sem emitir uma palavra e
gera empatia com seu personagem, conseguindo cativar com sua aparente vulnerabilidade até a revelação, realmente inesperada, de que era ela a assassina. Desconfiei do médico, do tio, do padre, até da menina mas nem por um momento imaginei que Martha, sempre apavorada e acuada, fosse a culpada.
que a mulher e a filha de Emiliano não morreriam daquela maneira, que o acidente com a lona da piscina não faz sentido. É cinema, liguem um pouco a suspensão de descrença. É a forma como o roteiro deixou que Emiliano se sentisse muito culpado, um acidente corriqueiro que ele provocou e causou a morte da sua família o que justifica seu trauma e sua tentativa de suicídio.
O enredo é semelhante a "Invasion of the Body Snatchers" de 1956 que aqui no Brasil ganhou o título de "Vampiros de almas" sem a criatividade e a narrativa envolvente deste que se tornou um clássico da sci-fi da década de 50.
Os cérebros não são devorados como pode supor o título, mas sim dominados por essas criaturas porém enquanto em "Os devoradores de cérebro" fica claro quem é dominado pelos alienígenas, em "Vampiros de almas" criou-se a desconfiança entre os personagens e não sabíamos quem era o ser humano real e quem era a cópia, o que deixava a narrativa muito mais brilhante e tensa.
Para quem ficou procurando Spock, Leonard Nimoy (creditado como Leonard Nemoy), ele aparece nos minutos finais sob uma nuvem de fumaça e disfarçado com uma peruca, praticamente irreconhecível.
Uma premissa que não é inédita, a troca de corpos, mas é tão mal desenvolvido e arrastado que não gera interesse nem faz com que nos preocupemos com o destino de personagens tão sem carisma.
Muitos comentando que é uma cópia de "Glass Onion". Não, na verdade a premissa é a mesma de "O caso dos dez negrinhos" (rebatizado de "E não sobrou nenhum"), obra de Agatha Christie, publicada em 1939 que foi a inspiração de "Glass Onion". A protagonista que faz às vezes da Miss Marple ou de Hercule Poirot, tem até o nome de Agatha.
O problema é que o filme, que começa com um tom de mistério investigativo depois envereda por uma linha satírica, deixando tudo num meio termo nem comédia e nem policial, e a partir do momento que as revelações são feitas, o tom se torna ainda mais farsesco.
Além disso, o elenco tem atuações de medianas para ruins, o que contribui para que a narrativa se torne ainda mais inconsistente e pouco envolvente.
O título nacional é uma bobagem, porque não a tradução literal "Convite para um assassinato"?
A escritora inglesa, rainha do mistério, certamente não aprovaria a trama protagonizada pela sua xará Agatha.
Assisti depois de ter visto "Olhos sem rosto" de 1960 e é difícil evitar a comparação já que o fime francês é praticamente a produção definitiva sobre o quase sub-gênero "filmes de transplante facial".
Klaus Kinski, com sua cara de maníaco, tem uma performance até contida o que aparenta ser mais um certo desinteresse em atuar, do que propriamente uma opção de atuação.
Uma ambientação criativa o laboratório do Prof. Nijinski (Kinski) com seus tubos borbulhantes naquele tom exagerado e fake de vermelho sangue e as cenas de cirurgia, que embora excessiva e desnecessarimanente longas, tem efeitos impressionantes.
Uma cena de sexo inútil e apelativa entre várias cenas desnecessárias e Kinski com uma sequência final constrangedora em que agoniza enquanto declama um monólogo interminável.
Infelizmente o belíssimo e poético "Olhos sem rosto" pode ter sido a inspiração de um filme ruim como esse.
Para quem já leu o livro de Patrick Süskind e viu o belíssimo filme de 2006, que é bem mais fiel à obra literária, assistir esse "O perfumista" é bem decepcionante.
Este filme é apenas baseado na obra de Süskind e infinitamente inferior ao filme de 2006, nem tem os mesmos personagens, nem se passa na mesma época. Tem uma boa produção, bela fotografia, atuações medianas mas se perde com tantas idas e vindas na narrativa, tanto que o final apoteótico do livro é apresentado bem antes do final e com outro personagem.
Tenta manter a "essência" da obra, sem querer fazer trocadilho, já que perfumes são feitos de essências, que é captar o sentido do olfato no espectador através do visual, e de certa forma até alcança o objetivo, mas sem a profundidade, atração e impacto da adaptação anterior.
Gérard Depardieu dá vida ao Inspetor Maigret, o famoso personagem criado por Georges Simenon.
A trama é um tanto arrastada, não desperta tanto interesse, mas o filme tem uma bela direção de arte com boa recriação de época e Depardieu também tem boa interpretação, com seu Maigret já envelhecido e amargurado.
Produção da Hammer com direção de Terence Fisher, a produtora famosa por seus filmes de terror, assim como o diretor que tem em seu currículo vários filmes desse gênero, fazem esta incursão pelo chamado Noir, e é uma tentativa não muito feliz.
A premissa, embora clichê, é instigante. Um milionário (William Sylvester) após sofrer um acidente numa viagem a Portugal e ficar quatro anos sem memória, volta para casa obviamente querendo vingança, já que desconfia que um dos três amigos que o acompanhavam na viagem tentou matá-lo, desconfiando também da participação da esposa (Paulette Goddard).
Não sei se a experiência de Fisher quase que exclusivamente concentrada em filmes de terror tenha influenciado, mas a trama resulta enfadonha, com muitos diálogos e pouco interessante, além de seu final previsível. Não se traduz na tela uma trama que poderia ser bem mais envolvente.
o assassino ser justamente o narrador da história é um artifício recorrente em obras de ficção. No final, é o garoto que acaba trabalhando em sua própria defesa, se recusando a falar e soltando a bomba no momento certo, apesar de que era uma mentira estratégica, livrando a si mesmo e a mãe, que a princípio ele acreditava ter matado o pai, para depois entender que tinha sido o amante, agora seu advogado.
A trama prende a atenção, as atuações são razoáveis, já que Keanu Reeves não é reconhecido por ser exatamente um grande ator, e dá para constatar que Renée Zellweger está irreconhecível depois de tantas intervenções estéticas.
A atmosfera é onírica, porém mais do que um sonho, remete a um pesadelo, opressiva e sufocante.
Certamente é um filme à frente de seu tempo, com inovações de narrativa e enquadramento de câmeras. É claro que para quem assistiu aos filmes posteriores, que podem ter sido influenciados por este, não foi difícil perceber
que a protagonista Mary Henry estava morta desde o acidente na cena incial. O que gera dúvidas é porque alguns personagens a viam e interagiam com ela, como a dona da pensão, o médico, o padre e o outro hospéde. Estariam todos também mortos? Mas se assim fosse, o que explica a cena que antecede a revelação que Mary estava entre os corpos dentro do carro,e mostra o padre e o médico encontrando marcas na areia em frente ao parque abandonado e supostamente procurando por Mary. Ali ambos pareciam bem vivos. Algumas análises que li afirmarm que essa "interação" de Mary com os vivos não passaria de uma alucinação de sua mente que se recusava a aceitar que estava morta e ela não se comunicou com ninguém em momento nenhum.
Não existe aqui uma dedução lógica, é um filme que desperta sentimentos de medo e angústia, e trata-se mais de um mergulho na mente perturbada da protagonista do que uma narrativa coerente e linear.
Sem dúvida é um excelente exemplo de um grande filme feito com um orçamento mínimo. Cenas hipnóticas, que mostram o tormento da protagonista do que seriam alucinações, fugas da realidade, mas qual é a realidade? Dizem que o pesadelo começa quando você acorda. Mary Henry descobre isso da forma mais perturbadora possível.
O título nacional poderia ter optado pela tradução literal do título em inglês "O ladrão de corpos", pois estaria dando destaque a John Gray (Boris Karloff), o personagem que é a alma do filme.
a cantora de rua, cuja melodiosa voz some na escuridão, quando percebemos que Gray a havia silenciado e a formidável cena de encerramento, quando Wolfe vê a imagem de Gray no corpo que havia acabado de retirar de uma cova e apavorado acaba sofrendo o acidente fatal. As cenas da carruagem descontrolada e do "fantasma" de Gray agarrando Wolfe são realmente apavorantes.
Enquanto Karloff domina o filme, Bela Lugosi tem uma participação pequena como um empregado da casa do Dr. Wolfe, mas vale destacar a ótima e única cena em que ambos contracenam. Uma cena tenebrosa com os rostos dos dois ícones do cinema envoltos na penumbra, numa crescente tensão até seu desfecho chocante.
O filme é baseado num conto de Robert Louis Stevenson (O médico e o monstro), que por sua vez foi inspirado na história verídica de Burke e Hare, dois ladrões de corpos que assassinaram pessoas em 1827 para venderem seus corpos para escola de medicina. A trama do filme tem lugar em 1831 e no lugar da dupla de assassinos, temos o cruel Gray.
A atuação de Karloff é soberba e hipnótica, sua expressão corporal e linguagem evocam o que há de pior no ser humano, mas ao mesmo tempo é capaz do oposto, um momento de ternura e carinho com a criança cadeirante na cena inicial da narrativa. O resto do elenco tem ótimas atuações, especialmente Henry Daniell (Dr. Wolfe) como o atormentado médico, a quem Gray tortura e chantageia. Se para os outros Wolfe passa uma imagem de arrogância e confiança. diante de Gray ele se torna inseguro e amedrontado.
O dilema do ambicioso médico, que aceita pagar por cadáveres mesmo depois que sabe que estes eram vítimas de assassinato, também rende boas discussões com seu assistente Donald (Russel Wade). Enquanto Donald a princípio acha absurdo comprar corpos, quando conhece a menina deficiente e sua bela mãe, e que a cura da menina passaria por uma cirurgia experimental, passa a considerar que a dissecação de corpos não é algo tão horrível. Temos então uma interessante discussão sobre ética médica, até hoje um tema polêmico e controverso.
A atmosfera sinistra e macabra é a ambientação perfeita para a trama, como o Dr, Wolfe disseca os corpos, a trama brilhantemente contada disseca o lado sombrio da existência e mostra o horror no que a palavra tem de mais terrível, o horror da alma humana.
Tem um atmosfera onírica, e o protagonista Johnny (um muito jovem Dennis Hopper) parece o tempo todo meio perdido nesse clima de sonho.
O mito da sereia já é encantador e Linda Lawson (Mora) com sua beleza exótica personifica essa crença num ser misterioso, que vem das profundezas do mar para seduzir os homens.
me pareceu bem confuso. O Capitão Murdock confessa na delegacia, num longo discurso, que Mora não era uma sereia mas acreditava que fosse, e a essa altura já acreditávamos na fantasia sugerida desde o início do filme, a existência da criatura mitológica e que Mora seria realmente essa criatura. Como Mora morreu? se ela ficou embaixo d'água teria morrido afogada, já que não era uma sereia? como o Capitão Murdock recuperou seu corpo? Parece que Johnny atira no Capitão para depois ele aparecer ileso confessando na delegacia?
O fato de sugerir uma fantasia e partir para um desfecho "explicado" e lógico demais, decepciona mas a trama é instigante, em um preto e branco que reforça a atmosfera hipnótica, apesar do ritmo lento. É mais um drama romântico do que terror.
“Os outros” é um filme fascinante, porque ultrapassa em muito o velho e surrado tema de casa mal assombrada, abarcando toda uma gama de situações, personagens e sentimentos que se equilibram de uma forma tão perfeita que é impossível não se envolver em sua narrativa da primeira a última cena.
Seu plot twist final é brilhante, mas a qualidade do filme não está só concentrada na sua reviravolta, até chegar ao desfecho, existe um conjunto de cenas que vai encadeando uma narrativa absolutamente envolvente que não se vale de sustos fáceis, os chamados “jumpscares”, embora eles também estão presentes, mas sim de insinuações que devem ser interpretadas e que, claro dão pistas, até seu final, que podem ou não ser captadas pelo espectador.
SPOILERS A SEGUIR (se alguém ainda não tiver assistido)
Eu costumo dizer que o final é o oposto do também maravilhoso “O sexto sentido”, produzido dois anos antes. Enquanto no filme de M. Night Shyamalan, o garoto “vivo” vê os mortos, em “Os outros” são os mortos que vêem os “vivos”, ou seja, até quase o encerramento, acreditamos que Grace, seus filhos e os empregados são assombrados por fantasmas presentes na mansão gótica, quando na verdade, são eles os espíritos que assombram os moradores e conseguem expulsá-los da casa. “Ninguém vai nos fazer sair desta casa” diz Grace (Nicole Kidman) na fabulosa cena final e pobre dos próximos moradores, pois ela estava disposta a nunca deixar a residência.
Grace ao final entende que está morta, mas como explica Mrs. Mills (Fionnula Flanagan, também excelente), a cada nova chegada de moradores parece esquecer novamente, como se o trauma de ter matado a si e aos filhos, apague de sua memória e ela precise reviver tudo num círculo interminável. Quando sua filha pergunta onde fica o limbo, ela diz não saber. Somos levados para o âmago da depressão e do desespero no qual Grace estava mergulhada que a fez “reviver” a si mesma e aos filhos como apagando o ato horrível que acabara de cometer e ficando eternamente perdida numa espécie de purgatório mental da negação.
Confesso que quando Grace encontra o marido, já entendi que ele havia morrido na guerra e que ela estava vendo o espírito dele, mas até a revelação final, não havia suspeitado que ela também já estava morta e os verdadeiros fantasmas eram aqueles que acreditávamos serem os vivos. Assisti este filme na época do lançamento e o revi para esta nova resenha, mas não sei se teria adivinhado seu final mesmo hoje, tal a sutileza com que a narrativa é desenvolvida. Passamos o filme inteiro achando que “os outros” eram os mortos, mas na verdade eram os vivos assombrados pelo mortos que pensávamos que eram os vivos! Louco e genial!
Durante a narrativa, somos apresentados a uma sucessão de cenas assustadoras como a da sessão espírita, dos empregados caminhando ameaçadoramente pelo gramado ou as fotos das pessoas mortas, o que hoje pode parecer mórbido, era um costume da época vitoriana como forma de homenagear os parentes falecidos.
O elenco liderado por Nicole Kidman, em uma performance arrebatadora, é magnífico. As duas crianças Alakina Mann e James Bentley, mostraram muito talento com atuações perfeitas apesar de pouca idade, e descobri que não seguiram carreira, tendo participado de outras poucas produções.
A ambientação climática e eficiente que mergulha o filme em sombras, cria a atmosfera tensa, sinistra e claustrofóbica que o filme exige. Uma obra prima do suspense, um clássico moderno.
É praticamente uma peça de teatro filmada, e com exceção das cenas inciais e alguns flashbacks, toda a ação acontece, muito apropriadamente, no palco de um teatro.
Para quem gosta de mistérios estilo Agatha Christie com o inevitável "quem matou?", o filme é uma diversão deliciosa e com ótimo elenco.
é bem criativa e inesperada, assim como quando descobrimos que todos ali estavam a serviço do dramaturgo noivo da vítima para desmascarar o assassino, o único ali que não pertencia ao círculo de amigos do dramaturgo que idealizou toda a encenação. Mas em momento algum desconfiei que seria ele, o falso policial e ator desempregado.
O filme funciona graças a ótima performance de Boris Karloff, que sem nenhum efeito de maquiagem consegue assustar apenas contorcendo o rosto e segundo li, tirando a dentadura.
A trama é bem desenvolvida, embora só comece a ficar envolvente depois de quase 40 minutos de projeção, até então a narrativa era lenta e não muito atraente.
Há também um inesperado plot twist quando é revelado que Rankin (Karloff) não só estava possuído pelo espírito do verdadeiro assassino que ele tanto buscava, como era ele o próprio assassino que fugiu de um hospital psiquiátrico vinte anos antes, ajudado pela enfermeira que agora era sua esposa.
a identidade do assassino é revelada quando Joey (Cameron Mitchell) chama a atenção para os músculos de Laverne (Brancroft), o que já nos indica que ela teria força para cometer os crimes.
porque mataram o gorila??? Ele não havia sido o autor dos crimes, a mulher já estava em segurança mas a polícia não hesita em mandar bala para cima do pobre animal. É claro que o final reflete a sociedade da época, em que a preocupação com a vida dos animais simplesmente não existia
Caso verídico em filme de 1985, cuja história, infelizmente, vem se repetindo no mundo inteiro em todas as classes sociais, antes e depois desta produção.
Valorizado pelo elenco, com ótimos atores como Candice Bergen, Jürgen Prochnow e Hector Elizondo.
A trama é bem conduzida, e é angustiante assistir porque já imaginamos o seu final.
Um terror genérico que mistura "O bebê de Rosemary" e "O exorcista" com roteiro desconexo e atuações medianas.
O que começa como uma história de amor, acaba virando um filme de possessão demoníaca com uma mudança abrupta no roteiro e inclusão de personagens de forma forçada.
SPOILERS A SEGUIR:
Andy de repente vê uma notícia no jornal com símbolos que vira na igreja onde o Padre Wheatley supostamente se suicidou (que perigo o padre representava para ter que morrer?), assim ele vai até a criança e descobre que a mãe dela é sua ex-namorada. A criança também está possuída pelo demônio e do nada, também aparece outro padre, que pratica um ritual de exorcismo. Estas cenas parecem pertencer a um filme completamente diferente do que estava sendo apresentado até então.
O que isso tudo tem a ver com o romance entre Andy e Jessica, a moça que estava prometida ao demônio? Segundo os roteiristas para unir Andy e sua ex-namorada e separá-lo de Jessica, pois era mais fácil do que simplesmente matá-lo?? A partir do momento que o exorcismo é bem sucedido, a tentativa de usar a ex-namorada falha. Se a menina continuasse possuída teria dado certo para aproximar do casal?? Realmente não vejo sentido algum.
Sem falar que o mocinho termina sem reencontrar a amada, num final aberto e sem sequer confrontar em uma única cena o vilão da história, Mr. Rimmin, que também não descobrimos afinal que poderes tinha para ser escolhido como "pai" da noiva do capeta e fazer gatos enfurecidos matar uma de suas colaboradoras.
A primeira história tem boa ambientação e cenas aterrorirzantes mas sua premissa não se se sustenta e é preciso ligar a suspensão de descrença para poder embarcar já que como é possível que a esposa, que fingiu estar morta, soubesse que o marido daria uma arma para a amante, que esta atiraria e mataria seu marido e que depois bateria a cabeça e morreria para que seu plano de vingança pudesse dar certo?
A segunda história é excelente, mórbida, macabra, claustrofóbica, angustiante e ainda nos apresenta teorias filosóficas sobre sonho e realidade. Com boa performance de sua dupla de protagonistas. O final parece deixar claro que tudo foi um sonho, pois a parede da gaveta onde o caixão da mulher foi emparedado aparece intacta no dia seguinte, mas ao mesmo tempo deixa espaço para a ambiguidade já que o protagonista duvida que esteja acordado. "Qual a diferença entre viver e sonhar? O pesadelo começa quando acordamos"
Pecados Íntimos
3.8 569 Assista AgoraEstamos constantemente sujeitos à uma ditadura das aparências, vivemos sempre em conflito sobre aquilo que pensamos ou desejamos e aquilo que a razão nos impõe. Muitas vezes o que desejamos não é lógico ou racional, e é nisso que o filme se alicerça, quando nos apresenta Sarah (Kate Winslet, excelente), uma mulher casada e insatisfeita com sua vida que se resume a cuidar da filha pequena e encontrar vizinhas no parque, todas com seus respectivos filhos, em conversas ácidas, pontuadas por comentários maldosos, até que conhece Brad (Patrick Wilson, também ótimo), bonito e também casado, é então que Sarah começa a viver o conflito mencionado, o desejo que se impõe sobre as convenções da sociedade.
SPOILERS A SEGUIR:
Ambos vivem casamentos desgastados e buscam não só o prazer sexual mas a companhia e o companheirismo, o interesse que parece não existir mais em seus respectivos parceiros e assim, contra a racionalidade, se arriscam nessa busca de emoções que dê algum sentido à suas monótonas vidas.
Há também outro personagem, Ronnie, pedófilo que não é capaz de se controlar, por quem sentimos repulsa e ao mesmo tempo pena, na magnífica interpretação de Jackie Earle Haley. Perseguido pelo ex-policial (Noah Emmerich), Ronnie reconhece que “não é uma boa pessoa”. Como não se emocionar na cena em que ao saber da morte da mãe, ele vai lavar a louça antes de ler o singelo bilhete deixado por ela antes de morrer. Com aquele gesto, entendemos que ele sente que estava irremediavelmente só e havia perdido a única pessoa que o amava, pois ela não estaria mais lá para fazer algo tão corriqueiro como lavar a louça. Apesar de seu comportamento repulsivo, me emocionei com sua dor quase palpável e sua trágica decisão mais adiante na narrativa.
No final, quando a fuga proposta por Brad para Sarah, que ela impulsivamente aceita, não dá certo, sabotada pelo próprio Brad que prefere andar de skate esquecendo da amante que esperava por ele, entendemos que Brad era um menino, um homem imaturo que por momentos buscou uma felicidade em um caso extraconjugal, mas se acovardou diante de uma decisão drástica que poderia mudar totalmente sua confortável vida. E Sarah, ao aceitar fugir, também demonstra uma imaturidade infantil, são ambos crianças pequenas (as “Little Children”, do título original). Há as crianças que são filhos dos protagonistas, mas o título não pode se referir à elas ou somente à elas, algo por demais óbvio para um filme tão cheio de significados.
A brilhante opção por usar um narrador deixa o desenvolvimento das situações mais ágeis, pois ele não só descreve os incidentes, mas faz um mergulho na mente dos personagens e nos revela seus sentimentos, aflições, dúvidas...
“Pecados íntimos” consegue criar uma ótima narrativa e não é fácil, porque o faz a partir de situações cotidianas gerando reflexões sobre o comportamento e as relações humanas e não há nada mais complicado do que a convivência entre pessoas, cada uma com suas particularidades e diferenças, o que por si só já é motivo para eternos conflitos.
Murder Mansion
3.3 5Um enredo de casa mal assombrada com elementos de giallo nessa divertida co-produção ítalo-espanhola.
A abertura conta com um interminável racha entre um carro e uma moto numa estrada, uma inusitada forma de apresentar alguns dos personagens que farão parte da narrativa, quando todos se encontram na mansão que dá nome ao filme.
Há uma ótima atmosfera sombria, com a mansão próxima ao cemitério envolta em neblina, apesar de clichê, esta ambientação sempre funciona.
O final surpreende
pois durante o filme inteiro somos levados a acreditar que existia realmente fantasmas na mansão, para descobrirmos que tudo era uma farsa arquitetada pelo marido da herdeira para enlouquecer a esposa e ficar com seu dinheiro. Sim, o clichê do marido culpado, mas não desconfiei disso, embora as lembranças de Elsa provavelmente influenciariam em algo futuramente, mas a trama estava tão voltada para o sobrenatural, que não deu para imaginar que seria algo mais mesquinho e terreno.
A Lâmina de Aço
3.4 15Uma abertura perturbadora, durante os créditos são mostradas cenas reais explícitas de uma tourada, o que achei de mau gosto mesmo porque não vi ligação com o resto da narrativa, mas eram outros tempos em que não havia consciência com proteção dos animais.
O enredo é bem desenvolvido, há uma esplêndida e assustadora sequência na estação de trens em que descobrimos sobre o trauma de Martha (Carrol Baker) em relação ao acidente que matou seus pais e provocou sua mudez. A atriz tem uma ótima atuação, na qual transmite sua angústia e pavor sem emitir uma palavra e
gera empatia com seu personagem, conseguindo cativar com sua aparente vulnerabilidade até a revelação, realmente inesperada, de que era ela a assassina. Desconfiei do médico, do tio, do padre, até da menina mas nem por um momento imaginei que Martha, sempre apavorada e acuada, fosse a culpada.
Os Habitantes
2.5 25 Assista AgoraBom suspense vindo do México com atmosfera sombria e plot twist razoavelmente inesperado.
Estão questionando
que a mulher e a filha de Emiliano não morreriam daquela maneira, que o acidente com a lona da piscina não faz sentido. É cinema, liguem um pouco a suspensão de descrença. É a forma como o roteiro deixou que Emiliano se sentisse muito culpado, um acidente corriqueiro que ele provocou e causou a morte da sua família o que justifica seu trauma e sua tentativa de suicídio.
Os Devoradores de Cérebro
2.8 8O enredo é semelhante a "Invasion of the Body Snatchers" de 1956 que aqui no Brasil ganhou o título de "Vampiros de almas" sem a criatividade e a narrativa envolvente deste que se tornou um clássico da sci-fi da década de 50.
Os cérebros não são devorados como pode supor o título, mas sim dominados por essas criaturas porém enquanto em "Os devoradores de cérebro" fica claro quem é dominado pelos alienígenas, em "Vampiros de almas" criou-se a desconfiança entre os personagens e não sabíamos quem era o ser humano real e quem era a cópia, o que deixava a narrativa muito mais brilhante e tensa.
Para quem ficou procurando Spock, Leonard Nimoy (creditado como Leonard Nemoy), ele aparece nos minutos finais sob uma nuvem de fumaça e disfarçado com uma peruca, praticamente irreconhecível.
O Segredo
3.1 85 Assista AgoraUma premissa que não é inédita, a troca de corpos, mas é tão mal desenvolvido e arrastado que não gera interesse nem faz com que nos preocupemos com o destino de personagens tão sem carisma.
A filha era chata como filha e mais chata ainda quando fica "possuída" pela mãe.
Mate-me, se puder
2.3 17 Assista AgoraMuitos comentando que é uma cópia de "Glass Onion". Não, na verdade a premissa é a mesma de "O caso dos dez negrinhos" (rebatizado de "E não sobrou nenhum"), obra de Agatha Christie, publicada em 1939 que foi a inspiração de "Glass Onion". A protagonista que faz às vezes da Miss Marple ou de Hercule Poirot, tem até o nome de Agatha.
O problema é que o filme, que começa com um tom de mistério investigativo depois envereda por uma linha satírica, deixando tudo num meio termo nem comédia e nem policial, e a partir do momento que as revelações são feitas, o tom se torna ainda mais farsesco.
Além disso, o elenco tem atuações de medianas para ruins, o que contribui para que a narrativa se torne ainda mais inconsistente e pouco envolvente.
O título nacional é uma bobagem, porque não a tradução literal "Convite para um assassinato"?
A escritora inglesa, rainha do mistério, certamente não aprovaria a trama protagonizada pela sua xará Agatha.
Evil Face
2.8 5Assisti depois de ter visto "Olhos sem rosto" de 1960 e é difícil evitar a comparação já que o fime francês é praticamente a produção definitiva sobre o quase sub-gênero "filmes de transplante facial".
Klaus Kinski, com sua cara de maníaco, tem uma performance até contida o que aparenta ser mais um certo desinteresse em atuar, do que propriamente uma opção de atuação.
Uma ambientação criativa o laboratório do Prof. Nijinski (Kinski) com seus tubos borbulhantes naquele tom exagerado e fake de vermelho sangue e as cenas de cirurgia, que embora excessiva e desnecessarimanente longas, tem efeitos impressionantes.
Uma cena de sexo inútil e apelativa entre várias cenas desnecessárias e Kinski com uma sequência final constrangedora em que agoniza enquanto declama um monólogo interminável.
Infelizmente o belíssimo e poético "Olhos sem rosto" pode ter sido a inspiração de um filme ruim como esse.
O Perfumista
1.8 30Para quem já leu o livro de Patrick Süskind e viu o belíssimo filme de 2006, que é bem mais fiel à obra literária, assistir esse "O perfumista" é bem decepcionante.
Este filme é apenas baseado na obra de Süskind e infinitamente inferior ao filme de 2006, nem tem os mesmos personagens, nem se passa na mesma época. Tem uma boa produção, bela fotografia, atuações medianas mas se perde com tantas idas e vindas na narrativa, tanto que o final apoteótico do livro é apresentado bem antes do final e com outro personagem.
Tenta manter a "essência" da obra, sem querer fazer trocadilho, já que perfumes são feitos de essências, que é captar o sentido do olfato no espectador através do visual, e de certa forma até alcança o objetivo, mas sem a profundidade, atração e impacto da adaptação anterior.
Maigret e a Jovem Morta
2.8 17 Assista AgoraGérard Depardieu dá vida ao Inspetor Maigret, o famoso personagem criado por Georges Simenon.
A trama é um tanto arrastada, não desperta tanto interesse, mas o filme tem uma bela direção de arte com boa recriação de época e Depardieu também tem boa interpretação, com seu Maigret já envelhecido e amargurado.
Os Quatro Profanos
3.3 6Produção da Hammer com direção de Terence Fisher, a produtora famosa por seus filmes de terror, assim como o diretor que tem em seu currículo vários filmes desse gênero, fazem esta incursão pelo chamado Noir, e é uma tentativa não muito feliz.
A premissa, embora clichê, é instigante. Um milionário (William Sylvester) após sofrer um acidente numa viagem a Portugal e ficar quatro anos sem memória, volta para casa obviamente querendo vingança, já que desconfia que um dos três amigos que o acompanhavam na viagem tentou matá-lo, desconfiando também da participação da esposa (Paulette Goddard).
Não sei se a experiência de Fisher quase que exclusivamente concentrada em filmes de terror tenha influenciado, mas a trama resulta enfadonha, com muitos diálogos e pouco interessante, além de seu final previsível. Não se traduz na tela uma trama que poderia ser bem mais envolvente.
Versões de um Crime
3.2 410 Assista AgoraO típico "filme de tribunal", com quase toda a ação baseada em depoimentos dados durante o julgamento.
Há um plot twist, que muitos disseram ser bem previsível, não achei assim tão previsível embora
o assassino ser justamente o narrador da história é um artifício recorrente em obras de ficção.
No final, é o garoto que acaba trabalhando em sua própria defesa, se recusando a falar e soltando a bomba no momento certo, apesar de que era uma mentira estratégica, livrando a si mesmo e a mãe, que a princípio ele acreditava ter matado o pai, para depois entender que tinha sido o amante, agora seu advogado.
A trama prende a atenção, as atuações são razoáveis, já que Keanu Reeves não é reconhecido por ser exatamente um grande ator, e dá para constatar que Renée Zellweger está irreconhecível depois de tantas intervenções estéticas.
O Parque Macabro
3.8 142 Assista AgoraA atmosfera é onírica, porém mais do que um sonho, remete a um pesadelo, opressiva e sufocante.
Certamente é um filme à frente de seu tempo, com inovações de narrativa e enquadramento de câmeras. É claro que para quem assistiu aos filmes posteriores, que podem ter sido influenciados por este, não foi difícil perceber
que a protagonista Mary Henry estava morta desde o acidente na cena incial. O que gera dúvidas é porque alguns personagens a viam e interagiam com ela, como a dona da pensão, o médico, o padre e o outro hospéde. Estariam todos também mortos?
Mas se assim fosse, o que explica a cena que antecede a revelação que Mary estava entre os corpos dentro do carro,e mostra o padre e o médico encontrando marcas na areia em frente ao parque abandonado e supostamente procurando por Mary. Ali ambos pareciam bem vivos.
Algumas análises que li afirmarm que essa "interação" de Mary com os vivos não passaria de uma alucinação de sua mente que se recusava a aceitar que estava morta e ela não se comunicou com ninguém em momento nenhum.
Não existe aqui uma dedução lógica, é um filme que desperta sentimentos de medo e angústia, e trata-se mais de um mergulho na mente perturbada da protagonista do que uma narrativa coerente e linear.
Sem dúvida é um excelente exemplo de um grande filme feito com um orçamento mínimo. Cenas hipnóticas, que mostram o tormento da protagonista do que seriam alucinações, fugas da realidade, mas qual é a realidade? Dizem que o pesadelo começa quando você acorda. Mary Henry descobre isso da forma mais perturbadora possível.
O Túmulo Vazio
3.7 49 Assista AgoraO título nacional poderia ter optado pela tradução literal do título em inglês "O ladrão de corpos", pois estaria dando destaque a John Gray (Boris Karloff), o personagem que é a alma do filme.
Há cenas impactantes como
a cantora de rua, cuja melodiosa voz some na escuridão, quando percebemos que Gray a havia silenciado e a formidável cena de encerramento, quando Wolfe vê a imagem de Gray no corpo que havia acabado de retirar de uma cova e apavorado acaba sofrendo o acidente fatal. As cenas da carruagem descontrolada e do "fantasma" de Gray agarrando Wolfe são realmente apavorantes.
Enquanto Karloff domina o filme, Bela Lugosi tem uma participação pequena como um empregado da casa do Dr. Wolfe, mas vale destacar a ótima e única cena em que ambos contracenam. Uma cena tenebrosa com os rostos dos dois ícones do cinema envoltos na penumbra, numa crescente tensão até seu desfecho chocante.
O filme é baseado num conto de Robert Louis Stevenson (O médico e o monstro), que por sua vez foi inspirado na história verídica de Burke e Hare, dois ladrões de corpos que assassinaram pessoas em 1827 para venderem seus corpos para escola de medicina. A trama do filme tem lugar em 1831 e no lugar da dupla de assassinos, temos o cruel Gray.
A atuação de Karloff é soberba e hipnótica, sua expressão corporal e linguagem evocam o que há de pior no ser humano, mas ao mesmo tempo é capaz do oposto, um momento de ternura e carinho com a criança cadeirante na cena inicial da narrativa.
O resto do elenco tem ótimas atuações, especialmente Henry Daniell (Dr. Wolfe) como o atormentado médico, a quem Gray tortura e chantageia. Se para os outros Wolfe passa uma imagem de arrogância e confiança. diante de Gray ele se torna inseguro e amedrontado.
O dilema do ambicioso médico, que aceita pagar por cadáveres mesmo depois que sabe que estes eram vítimas de assassinato, também rende boas discussões com seu assistente Donald (Russel Wade). Enquanto Donald a princípio acha absurdo comprar corpos, quando conhece a menina deficiente e sua bela mãe, e que a cura da menina passaria por uma cirurgia experimental, passa a considerar que a dissecação de corpos não é algo tão horrível. Temos então uma interessante discussão sobre ética médica, até hoje um tema polêmico e controverso.
A atmosfera sinistra e macabra é a ambientação perfeita para a trama, como o Dr, Wolfe disseca os corpos, a trama brilhantemente contada disseca o lado sombrio da existência e mostra o horror no que a palavra tem de mais terrível, o horror da alma humana.
A Noite do Terror
3.4 21 Assista AgoraTem um atmosfera onírica, e o protagonista Johnny (um muito jovem Dennis Hopper) parece o tempo todo meio perdido nesse clima de sonho.
O mito da sereia já é encantador e Linda Lawson (Mora) com sua beleza exótica personifica essa crença num ser misterioso, que vem das profundezas do mar para seduzir os homens.
O final
me pareceu bem confuso. O Capitão Murdock confessa na delegacia, num longo discurso, que Mora não era uma sereia mas acreditava que fosse, e a essa altura já acreditávamos na fantasia sugerida desde o início do filme, a existência da criatura mitológica e que Mora seria realmente essa criatura.
Como Mora morreu? se ela ficou embaixo d'água teria morrido afogada, já que não era uma sereia? como o Capitão Murdock recuperou seu corpo? Parece que Johnny atira no Capitão para depois ele aparecer ileso confessando na delegacia?
O fato de sugerir uma fantasia e partir para um desfecho "explicado" e lógico demais, decepciona mas a trama é instigante, em um preto e branco que reforça a atmosfera hipnótica, apesar do ritmo lento. É mais um drama romântico do que terror.
Os Outros
4.1 2,5K Assista Agora“Os outros” é um filme fascinante, porque ultrapassa em muito o velho e surrado tema de casa mal assombrada, abarcando toda uma gama de situações, personagens e sentimentos que se equilibram de uma forma tão perfeita que é impossível não se envolver em sua narrativa da primeira a última cena.
Seu plot twist final é brilhante, mas a qualidade do filme não está só concentrada na sua reviravolta, até chegar ao desfecho, existe um conjunto de cenas que vai encadeando uma narrativa absolutamente envolvente que não se vale de sustos fáceis, os chamados “jumpscares”, embora eles também estão presentes, mas sim de insinuações que devem ser interpretadas e que, claro dão pistas, até seu final, que podem ou não ser captadas pelo espectador.
SPOILERS A SEGUIR (se alguém ainda não tiver assistido)
Eu costumo dizer que o final é o oposto do também maravilhoso “O sexto sentido”, produzido dois anos antes. Enquanto no filme de M. Night Shyamalan, o garoto “vivo” vê os mortos, em “Os outros” são os mortos que vêem os “vivos”, ou seja, até quase o encerramento, acreditamos que Grace, seus filhos e os empregados são assombrados por fantasmas presentes na mansão gótica, quando na verdade, são eles os espíritos que assombram os moradores e conseguem expulsá-los da casa.
“Ninguém vai nos fazer sair desta casa” diz Grace (Nicole Kidman) na fabulosa cena final e pobre dos próximos moradores, pois ela estava disposta a nunca deixar a residência.
Grace ao final entende que está morta, mas como explica Mrs. Mills (Fionnula Flanagan, também excelente), a cada nova chegada de moradores parece esquecer novamente, como se o trauma de ter matado a si e aos filhos, apague de sua memória e ela precise reviver tudo num círculo interminável. Quando sua filha pergunta onde fica o limbo, ela diz não saber. Somos levados para o âmago da depressão e do desespero no qual Grace estava mergulhada que a fez “reviver” a si mesma e aos filhos como apagando o ato horrível que acabara de cometer e ficando eternamente perdida numa espécie de purgatório mental da negação.
Confesso que quando Grace encontra o marido, já entendi que ele havia morrido na guerra e que ela estava vendo o espírito dele, mas até a revelação final, não havia suspeitado que ela também já estava morta e os verdadeiros fantasmas eram aqueles que acreditávamos serem os vivos. Assisti este filme na época do lançamento e o revi para esta nova resenha, mas não sei se teria adivinhado seu final mesmo hoje, tal a sutileza com que a narrativa é desenvolvida.
Passamos o filme inteiro achando que “os outros” eram os mortos, mas na verdade eram os vivos assombrados pelo mortos que pensávamos que eram os vivos! Louco e genial!
Durante a narrativa, somos apresentados a uma sucessão de cenas assustadoras como a da sessão espírita, dos empregados caminhando ameaçadoramente pelo gramado ou as fotos das pessoas mortas, o que hoje pode parecer mórbido, era um costume da época vitoriana como forma de homenagear os parentes falecidos.
O elenco liderado por Nicole Kidman, em uma performance arrebatadora, é magnífico. As duas crianças Alakina Mann e James Bentley, mostraram muito talento com atuações perfeitas apesar de pouca idade, e descobri que não seguiram carreira, tendo participado de outras poucas produções.
A ambientação climática e eficiente que mergulha o filme em sombras, cria a atmosfera tensa, sinistra e claustrofóbica que o filme exige. Uma obra prima do suspense, um clássico moderno.
Roteiro Para Um Assassinato
2.8 2É praticamente uma peça de teatro filmada, e com exceção das cenas inciais e alguns flashbacks, toda a ação acontece, muito apropriadamente, no palco de um teatro.
Para quem gosta de mistérios estilo Agatha Christie com o inevitável "quem matou?", o filme é uma diversão deliciosa e com ótimo elenco.
A revelação da identidade do assassino
é bem criativa e inesperada, assim como quando descobrimos que todos ali estavam a serviço do dramaturgo noivo da vítima para desmascarar o assassino, o único ali que não pertencia ao círculo de amigos do dramaturgo que idealizou toda a encenação. Mas em momento algum desconfiei que seria ele, o falso policial e ator desempregado.
O Círculo do Diabo
3.3 7 Assista AgoraUm enredo que envolve vodu, com o protagonista dividido entre a loira sedutora e a namoradinha ingênua.
Elencio desconhecido mas eficiente e ritmo ágil
As bonecas vodu estilo Barbie e Ken, são bem engraçadinhas..
O Estrangulador Assombrado
3.4 5O filme funciona graças a ótima performance de Boris Karloff, que sem nenhum efeito de maquiagem consegue assustar apenas contorcendo o rosto e segundo li, tirando a dentadura.
A trama é bem desenvolvida, embora só comece a ficar envolvente depois de quase 40 minutos de projeção, até então a narrativa era lenta e não muito atraente.
Há também um inesperado plot twist quando é revelado que Rankin (Karloff) não só estava possuído pelo espírito do verdadeiro assassino que ele tanto buscava, como era ele o próprio assassino que fugiu de um hospital psiquiátrico vinte anos antes, ajudado pela enfermeira que agora era sua esposa.
A Besta Negra
3.4 3 Assista AgoraAnne Bancroft no papel de uma trapezista e "femme fatale" que seduz homens enquanto assassinatos começam a ocorrer no circo.
O enredo policial é bem conduzido embora
a identidade do assassino é revelada quando Joey (Cameron Mitchell) chama a atenção para os músculos de Laverne (Brancroft), o que já nos indica que ela teria força para cometer os crimes.
Há uma cena final estilo "King Kong" quando
o gorila sobe em uma montanha russa carregando a mocinha, nessa altura vilã, pois já sabemos que era ela a assassina.
A pergunta que não quer calar
porque mataram o gorila??? Ele não havia sido o autor dos crimes, a mulher já estava em segurança mas a polícia não hesita em mandar bala para cima do pobre animal. É claro que o final reflete a sociedade da época, em que a preocupação com a vida dos animais simplesmente não existia
Crime ou Loucura
3.4 7Caso verídico em filme de 1985, cuja história, infelizmente, vem se repetindo no mundo inteiro em todas as classes sociais, antes e depois desta produção.
Valorizado pelo elenco, com ótimos atores como Candice Bergen, Jürgen Prochnow e Hector Elizondo.
A trama é bem conduzida, e é angustiante assistir porque já imaginamos o seu final.
O Bem Contra o Mal
2.4 10Um terror genérico que mistura "O bebê de Rosemary" e "O exorcista" com roteiro desconexo e atuações medianas.
O que começa como uma história de amor, acaba virando um filme de possessão demoníaca com uma mudança abrupta no roteiro e inclusão de personagens de forma forçada.
SPOILERS A SEGUIR:
Andy de repente vê uma notícia no jornal com símbolos que vira na igreja onde o Padre Wheatley supostamente se suicidou (que perigo o padre representava para ter que morrer?), assim ele vai até a criança e descobre que a mãe dela é sua ex-namorada. A criança também está possuída pelo demônio e do nada, também aparece outro padre, que pratica um ritual de exorcismo.
Estas cenas parecem pertencer a um filme completamente diferente do que estava sendo apresentado até então.
O que isso tudo tem a ver com o romance entre Andy e Jessica, a moça que estava prometida ao demônio? Segundo os roteiristas para unir Andy e sua ex-namorada e separá-lo de Jessica, pois era mais fácil do que simplesmente matá-lo?? A partir do momento que o exorcismo é bem sucedido, a tentativa de usar a ex-namorada falha. Se a menina continuasse possuída teria dado certo para aproximar do casal?? Realmente não vejo sentido algum.
Sem falar que o mocinho termina sem reencontrar a amada, num final aberto e sem sequer confrontar em uma única cena o vilão da história, Mr. Rimmin, que também não descobrimos afinal que poderes tinha para ser escolhido como "pai" da noiva do capeta e fazer gatos enfurecidos matar uma de suas colaboradoras.
The Hideous Sun Demon
2.2 3 Assista AgoraFicção científica dos anos 50 que reflete a paranoia atômica da época.
Por tratar-se de uma produção de baixíssimo orçamento, mesmo para os padrões da época, o visual do monstro é bem simplório.
Vale pela curiosidade.
Cem Gritos de Terror
3.6 5Terror mexicano composto por duas narrativas.
SPOILERS:
A primeira história tem boa ambientação e cenas aterrorirzantes mas sua premissa não se se sustenta e é preciso ligar a suspensão de descrença para poder embarcar já que
como é possível que a esposa, que fingiu estar morta, soubesse que o marido daria uma arma para a amante, que esta atiraria e mataria seu marido e que depois bateria a cabeça e morreria para que seu plano de vingança pudesse dar certo?
A segunda história é excelente, mórbida, macabra, claustrofóbica, angustiante e ainda nos apresenta teorias filosóficas sobre sonho e realidade. Com boa performance de sua dupla de protagonistas. O final parece deixar claro que tudo foi um sonho, pois a parede da gaveta onde o caixão da mulher foi emparedado aparece intacta no dia seguinte, mas ao mesmo tempo deixa espaço para a ambiguidade já que o protagonista duvida que esteja acordado.
"Qual a diferença entre viver e sonhar?
O pesadelo começa quando acordamos"
Uma pequena joia perdida.